Covid-19. Deputados do PSD desobedeceram: “Acha que eu podia ter feito isto se não tivesse avisado as pessoas?”

30-03-2020
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"O que é grave não é terem desobedecido à conferência de líderes e às [minhas] indicações. O que é grave é um deputado não cumprir o que estamos a pedir que o próprio povo português cumpra." Inédito. Nunca um líder partidário se tinha retirado do plenário em protesto contra o comportamento da sua própria bancada. Rui Rio abandonou o hemiciclo durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro depois de uma picardia entre o deputado Batista Leite e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. No fim do plenário fez mais críticas aos seus próprios correlegionários: "Eu tenho de dar o exemplo aos meus deputados: se não saem eles saio eu".

Tudo começou quando o deputado social-democrata Ricardo Batista Leite confrontava António Costa, enquanto Rio se resguardava na bancada - criticando o facto de o Parlamento não estar a funcionar em mínimos, só com a comissão permanente. Mas Ferro Rodrigues fez questão de intervir para responder ao deputado e dizer que os portugueses que continua a trabalhar não compreenderiam que os representantes do povo fossem para casa. E então fez o reparo que desencadeou a reação intempestiva de Rio: estavam 36 sociais-democratas sentados nos seus lugares, quando era suposto estarem apenas 18 (a bancada do PS também tinha mais deputados, mas no PCP estavam todos menos Jerónimo que só foi ao hemiciclo fazer a intervenção, uma vez que pertence ao grupo de risco).

O facto de o dobro dos deputados ter aparecido no hemiciclo não terá sido por falta de aviso. "Acha que eu podia fazer uma coisa destas se não tivesse avisado as pessoas?", respondeu Rio nos Passos Perdidos no fim do debate. De acordo com um e-mail a que os jornalistas tiveram acesso, datado da noite passada, Rui Rio informou todo o seu grupo parlamentar de que, para cumprir as novas regras que ditam que só um quinto dos deputados pode estar presente em cada sessão plenário, só quereria no quinzenal desta terça-feira - e a "todo o momento" - um grupo de 16 deputados (o quórum mínimo).

Isto não queria dizer que os deputados não devessem estar no Parlamento, uma vez que deveriam assinar as suas presenças e até estar disponíveis para substituir colegas que tivessem de se ausentar. Mas deveriam manter-se fora da sala do plenário, para garantir "o necessário espaçamento social" entre os presentes.

Conforme foi explicado ao Expresso, os 16 nomes tinham sido escolhidos tendo por base o critério da representação da liderança da bancada, do partido e da Mesa da Assembleia. Na lista, estavam incluídos os nomes de Rui Rio, do responsável para a Saúde Batista Leite, o secretário-geral José Silvano, ou os vices da bancada Adão Silva, Carlos Peixoto ou André Coelho Lima.

Acontece que na prática estiveram, desde o início da sessão, muito mais do que esses 16 deputados - mais vinte, segundo as contas de Ferro Rodrigues. Desde o momento em que Rui Rio saiu, já foram abandonando a bancada os que estavam a mais.

No entanto, Rui Rio também fez questão de frisar que o problema reside primeiramente no facto de a Assembleia não ter decidido, como o PSD defendia, funcionar apenas através da Comissão Permanente durante estes tempos de exceção. "A maioria está errada", concluía, há momentos, o deputado Ricardo Batista Leite, lamentando a decisão.

"O que é grave não é terem desobedecido à conferência de líderes e às [minhas] indicações. O que é grave é um deputado não cumprir o que estamos a pedir que o próprio povo português cumpra." Inédito. Nunca um líder partidário se tinha retirado do plenário em protesto contra o comportamento da sua própria bancada. Rui Rio abandonou o hemiciclo durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro depois de uma picardia entre o deputado Batista Leite e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. No fim do plenário fez mais críticas aos seus próprios correlegionários: "Eu tenho de dar o exemplo aos meus deputados: se não saem eles saio eu".

Tudo começou quando o deputado social-democrata Ricardo Batista Leite confrontava António Costa, enquanto Rio se resguardava na bancada - criticando o facto de o Parlamento não estar a funcionar em mínimos, só com a comissão permanente. Mas Ferro Rodrigues fez questão de intervir para responder ao deputado e dizer que os portugueses que continua a trabalhar não compreenderiam que os representantes do povo fossem para casa. E então fez o reparo que desencadeou a reação intempestiva de Rio: estavam 36 sociais-democratas sentados nos seus lugares, quando era suposto estarem apenas 18 (a bancada do PS também tinha mais deputados, mas no PCP estavam todos menos Jerónimo que só foi ao hemiciclo fazer a intervenção, uma vez que pertence ao grupo de risco).

O facto de o dobro dos deputados ter aparecido no hemiciclo não terá sido por falta de aviso. "Acha que eu podia fazer uma coisa destas se não tivesse avisado as pessoas?", respondeu Rio nos Passos Perdidos no fim do debate. De acordo com um e-mail a que os jornalistas tiveram acesso, datado da noite passada, Rui Rio informou todo o seu grupo parlamentar de que, para cumprir as novas regras que ditam que só um quinto dos deputados pode estar presente em cada sessão plenário, só quereria no quinzenal desta terça-feira - e a "todo o momento" - um grupo de 16 deputados (o quórum mínimo).

Isto não queria dizer que os deputados não devessem estar no Parlamento, uma vez que deveriam assinar as suas presenças e até estar disponíveis para substituir colegas que tivessem de se ausentar. Mas deveriam manter-se fora da sala do plenário, para garantir "o necessário espaçamento social" entre os presentes.

Conforme foi explicado ao Expresso, os 16 nomes tinham sido escolhidos tendo por base o critério da representação da liderança da bancada, do partido e da Mesa da Assembleia. Na lista, estavam incluídos os nomes de Rui Rio, do responsável para a Saúde Batista Leite, o secretário-geral José Silvano, ou os vices da bancada Adão Silva, Carlos Peixoto ou André Coelho Lima.

Acontece que na prática estiveram, desde o início da sessão, muito mais do que esses 16 deputados - mais vinte, segundo as contas de Ferro Rodrigues. Desde o momento em que Rui Rio saiu, já foram abandonando a bancada os que estavam a mais.

No entanto, Rui Rio também fez questão de frisar que o problema reside primeiramente no facto de a Assembleia não ter decidido, como o PSD defendia, funcionar apenas através da Comissão Permanente durante estes tempos de exceção. "A maioria está errada", concluía, há momentos, o deputado Ricardo Batista Leite, lamentando a decisão.

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