26-08-2020
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O Conselho Fiscal da Santa Casa local para este quadriénio (2017-2020) integrava um antigo ministro da Defesa do PS no tempo de António Guterres, Júlio Castro Caldas (que morreu a 4 de janeiro), mas era uma figura vista como pluripartidária (uma vez que na I e II legislaturas foi eleito deputado nas listas do PSD) ou mesmo apartidária (já que foi também bastonário da Ordem dos Advogados). Mas o número dois do Conselho Fiscal da Santa Casa da Misericórdia é Hélder Barros, presidente da concelhia do PSD de Arcos de Valdevez e vice-presidente da autarquia. No mesmo órgão tem a companhia do presidente da junta de freguesia de Guilhadeses e Santar, eleito pelas listas do PSD, Eugénio Fernandes.

Há diferenças para a geometria partidária de Reguengos e do distrito de Évora. Desde logo porque a “teia” partidária socialista ia até ao Centro Distrital da Segurança Social e à ARS do Alentejo. Mas quando era o PSD que estava no poder, a configuração no distrito de Viana do Castelo também não andava longe da atual “teia” socialista. É que o presidente da ARS Norte durante o governo de coligação era Álvaro Santos Almeida, que mesmo sendo independente era próximo do PSD (foi mais tarde candidato à câmara do Porto e atualmente é deputado). O então presidente do Centro Distrital da Segurança Social era Paulo Órfão, militante do PSD, que quando o governo mudou para o PS foi demitido e teve de enfrentar um processo disciplinar.

Ponte de Lima: Santa Casa liderada por fundador do PSD local

E se Rui Rio visitou uma Santa Casa da Misericórdia “laranja” em Arcos de Valdevez, seguiu depois para outra Santa Casa da Misericórdia do distrito de Viana do Castelo não menos “alaranjada”: a de Ponte de Lima. O provedor da instituição é Alípio de Matos , um histórico social-democrata a nível local que ajudou a fundar o PSD em Ponte de Lima em 1974. Alípio de Matos ocupou também diversos cargos como eleito do partido, que vão desde presidente da assembleia de freguesia de Arcozelo até vereador da câmara municipal de Ponte de Lima, passando pela Assembleia Municipal, onde esteve durante vários anos.

O que disse Rui Rio durante a visita (e as indiretas a Costa) ↓ Mostrar ↑ Esconder Rui Rio justificou a ida a estes dois lares com o argumento de que pretende que aquilo que “correu muito mal em Reguengos (…) sirva para, pelo menos, dar uma maior visibilidade aos lares e acima de tudo àquilo que são as carências que têm”. O presidente do PSD diz que ouviu “muitas ideias que são francamente aproveitáveis, que são relativamente simples e que melhoram o trabalho que as IPSS têm feito e salvaguardam ainda melhor a saúde dos utentes”. E deu um exemplo:”Em vez de serem os utentes a deslocarem-se ao centro de saúde, realmente é mais prático os médicos dos centros de saúde deslocarem-se onde há dezenas e dezenas de utentes.” Esta medida, acrescenta, “parece eficaz”, mas depende de um “melhor entrosamento entre Ministério da Segurança Social e Ministério da Saúde. Rui Rio disse ainda, numa crítica velada ao governo, que “não devia haver confusão” sobre o que se passou no lar de Reguengos e que “não há ninguém no país que tenha percebido o que se passou e de quem é a responsabilidade.” Relativamente ao relatório dos médicos, que o primeiro-ministro desconsiderou, Rui Rio destaca que” pode não ser oficial, mas é um relatório de que tomámos conhecimento e devemos atender a isso”. Sobre o vídeo de uma gravação em off onde que o primeiro-ministro chama “cobardes” aos médicos que se terão recusado a prestar serviços de saúde no lar de Reguengos de Monsaraz, Rui Rio não quis fazer qualquer comentário: “Há princípios éticos que eu não passo e não comento, pura e simplesmente”. Mas, além de valorizar o relatório da Ordem dos Médicos — ao contrário do que fez o primeiro-ministro –, o líder da oposição fez ainda um elogio aos profissionais de saúde e lembrou que a “sociedade agradeceu-lhes há dois meses”, mas “tem de estar continuamente grata”. Isto, acrescentou Rui Rio, “independentemente de ter havido um ou outro [médico] que não tenha cumprido o seu papel”.

O secretário da Mesa da Santa Casa local, Adelino Barros de Morais também foi deputado municipal do PSD em Ponte de Lima entre 2005 e 2009. No mesmo órgão tem a companhia de Ricardo Salgado Vieira, que é atualmente deputado municipal do PSD e presidente da Mesa de Assembleia de secção do PSD de Ponte de Lima.

E Ponte de Lima é um concelho que sempre foi CDS. Na história da política portuguesa, o município é várias vezes associado ao chamado “Orçamento do Queijo Limiano”, quando o então deputado e ex-autarca Daniel Campelo deu o seu voto favorável ao orçamento do governo de António Guterres contra a vontade da direção nacional do CDS, exigindo em troca melhores condições para a região. Não é por isso de estranhar que, embora em menor número do que o PSD, haja membros do CDS na Santa Casa local. Na Mesa Administrativa está Manuel Lima Cerqueira e na Assembleia Geral João Costa de Távora, antigo deputado municipal pelo CDS.

O Conselho Fiscal da Santa Casa local para este quadriénio (2017-2020) integrava um antigo ministro da Defesa do PS no tempo de António Guterres, Júlio Castro Caldas (que morreu a 4 de janeiro), mas era uma figura vista como pluripartidária (uma vez que na I e II legislaturas foi eleito deputado nas listas do PSD) ou mesmo apartidária (já que foi também bastonário da Ordem dos Advogados). Mas o número dois do Conselho Fiscal da Santa Casa da Misericórdia é Hélder Barros, presidente da concelhia do PSD de Arcos de Valdevez e vice-presidente da autarquia. No mesmo órgão tem a companhia do presidente da junta de freguesia de Guilhadeses e Santar, eleito pelas listas do PSD, Eugénio Fernandes.

Há diferenças para a geometria partidária de Reguengos e do distrito de Évora. Desde logo porque a “teia” partidária socialista ia até ao Centro Distrital da Segurança Social e à ARS do Alentejo. Mas quando era o PSD que estava no poder, a configuração no distrito de Viana do Castelo também não andava longe da atual “teia” socialista. É que o presidente da ARS Norte durante o governo de coligação era Álvaro Santos Almeida, que mesmo sendo independente era próximo do PSD (foi mais tarde candidato à câmara do Porto e atualmente é deputado). O então presidente do Centro Distrital da Segurança Social era Paulo Órfão, militante do PSD, que quando o governo mudou para o PS foi demitido e teve de enfrentar um processo disciplinar.

Ponte de Lima: Santa Casa liderada por fundador do PSD local

E se Rui Rio visitou uma Santa Casa da Misericórdia “laranja” em Arcos de Valdevez, seguiu depois para outra Santa Casa da Misericórdia do distrito de Viana do Castelo não menos “alaranjada”: a de Ponte de Lima. O provedor da instituição é Alípio de Matos , um histórico social-democrata a nível local que ajudou a fundar o PSD em Ponte de Lima em 1974. Alípio de Matos ocupou também diversos cargos como eleito do partido, que vão desde presidente da assembleia de freguesia de Arcozelo até vereador da câmara municipal de Ponte de Lima, passando pela Assembleia Municipal, onde esteve durante vários anos.

O que disse Rui Rio durante a visita (e as indiretas a Costa) ↓ Mostrar ↑ Esconder Rui Rio justificou a ida a estes dois lares com o argumento de que pretende que aquilo que “correu muito mal em Reguengos (…) sirva para, pelo menos, dar uma maior visibilidade aos lares e acima de tudo àquilo que são as carências que têm”. O presidente do PSD diz que ouviu “muitas ideias que são francamente aproveitáveis, que são relativamente simples e que melhoram o trabalho que as IPSS têm feito e salvaguardam ainda melhor a saúde dos utentes”. E deu um exemplo:”Em vez de serem os utentes a deslocarem-se ao centro de saúde, realmente é mais prático os médicos dos centros de saúde deslocarem-se onde há dezenas e dezenas de utentes.” Esta medida, acrescenta, “parece eficaz”, mas depende de um “melhor entrosamento entre Ministério da Segurança Social e Ministério da Saúde. Rui Rio disse ainda, numa crítica velada ao governo, que “não devia haver confusão” sobre o que se passou no lar de Reguengos e que “não há ninguém no país que tenha percebido o que se passou e de quem é a responsabilidade.” Relativamente ao relatório dos médicos, que o primeiro-ministro desconsiderou, Rui Rio destaca que” pode não ser oficial, mas é um relatório de que tomámos conhecimento e devemos atender a isso”. Sobre o vídeo de uma gravação em off onde que o primeiro-ministro chama “cobardes” aos médicos que se terão recusado a prestar serviços de saúde no lar de Reguengos de Monsaraz, Rui Rio não quis fazer qualquer comentário: “Há princípios éticos que eu não passo e não comento, pura e simplesmente”. Mas, além de valorizar o relatório da Ordem dos Médicos — ao contrário do que fez o primeiro-ministro –, o líder da oposição fez ainda um elogio aos profissionais de saúde e lembrou que a “sociedade agradeceu-lhes há dois meses”, mas “tem de estar continuamente grata”. Isto, acrescentou Rui Rio, “independentemente de ter havido um ou outro [médico] que não tenha cumprido o seu papel”.

O secretário da Mesa da Santa Casa local, Adelino Barros de Morais também foi deputado municipal do PSD em Ponte de Lima entre 2005 e 2009. No mesmo órgão tem a companhia de Ricardo Salgado Vieira, que é atualmente deputado municipal do PSD e presidente da Mesa de Assembleia de secção do PSD de Ponte de Lima.

E Ponte de Lima é um concelho que sempre foi CDS. Na história da política portuguesa, o município é várias vezes associado ao chamado “Orçamento do Queijo Limiano”, quando o então deputado e ex-autarca Daniel Campelo deu o seu voto favorável ao orçamento do governo de António Guterres contra a vontade da direção nacional do CDS, exigindo em troca melhores condições para a região. Não é por isso de estranhar que, embora em menor número do que o PSD, haja membros do CDS na Santa Casa local. Na Mesa Administrativa está Manuel Lima Cerqueira e na Assembleia Geral João Costa de Távora, antigo deputado municipal pelo CDS.

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