Opinião: Deputados Faltosos? Data Science ao serviço do Cidadão

26-03-2020
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Por Manuel Dias (*)

José Silvano não está sozinho. Afinal, quem mais falta no Parlamento?

Numa semana em que o Web Summit trouxe a Inteligência Artificial, o Blockchain e os Robots Inteligentes para o palco principal, interessa perceber como podemos colocar todas estas tecnologias ao serviço dos cidadãos e em prol de uma sociedade melhor. Como adepto incondicional de Analytics e Data Science, não foi difícil associar este hype tecnológico que vivemos com outro tema da atualidade - a partilha de passwords entre alguns deputados como confirmou a deputada Emília Cerqueira, para “picar o ponto” do seu colega de trabalho, o deputado e secretário-geral do PSD José Silvano.

Antes de mais importa deixar claro que este artigo não pretende efetuar qualquer juízo de valor sobre o funcionamento do Parlamento nem da classe política em geral, mas sim alertar para a importância da disponibilização de informação aberta, com qualidade e atualizada por forma a garantir uma maior transparência das instituições e do Estado.

Assim, tendo em conta as diversas iniciativas de open data que se multiplicam por várias instituições, este trabalho consistiu na recolha e tratamento de dados sobre a atividade parlamentar, com base na secção de dados abertos do Parlamento português, e em particular na assiduidade dos deputados às sessões plenárias do Parlamento desta legislatura que se iniciou em 2015.

Recorrendo ao Microsoft Power BI para toda a engenharia de dados e para a componenete de reporting, foi efetivamente possível efectuar uma análise mais avançada. O resultado final pode ser obtido acedendo a este dashboard aberto ao público, interativo e que permite a análise em diversas dimensões, nomeadamente:

Análise global sobre o número de faltas ocorridas durante esta legislatura;

Evolução temporal dos diversos indicadores de assiduidade dos partidos e deputados;

Análise de assiduidade por círculo eleitoral e por deputado;

Análise de assiduidade por tipo de faltas.

As principais conclusões

Há várias conclusões a retirar e estão detalhadas nos vários relatórios publicados, no entanto talvez valha a pena realçar alguns indicadores-chave:

Num total de 324 sessões plenárias, houve 4.576 faltas, média acima dos 6%!

Média de 15 faltas por deputado, com PSD a liderar;

PSD e PAN apresentam o maior racio de faltas por deputado, acima de 18;

Março é o mês com maior percentagem de faltas;

Aumento gradual do número de faltas ao longo desta legislatura.

Mais do que os resultados obtidos, esta análise demonstra o quão importante é ter informação atualizada, com qualidade e acessível a todos nós. Só assim poderemos assegurar opiniões fundamentadas e contribuir para uma maior transparência das instituições para com os cidadãos.

Nota: O artigo foi publicado a 19 de novembro no perfil de LinkedIn de Manuel Dias

(*) Manuel Dias é colaborador da Microsoft Portugal mas os seus posts no LinkedIn refletem as opiniões pessoais.

Por Manuel Dias (*)

José Silvano não está sozinho. Afinal, quem mais falta no Parlamento?

Numa semana em que o Web Summit trouxe a Inteligência Artificial, o Blockchain e os Robots Inteligentes para o palco principal, interessa perceber como podemos colocar todas estas tecnologias ao serviço dos cidadãos e em prol de uma sociedade melhor. Como adepto incondicional de Analytics e Data Science, não foi difícil associar este hype tecnológico que vivemos com outro tema da atualidade - a partilha de passwords entre alguns deputados como confirmou a deputada Emília Cerqueira, para “picar o ponto” do seu colega de trabalho, o deputado e secretário-geral do PSD José Silvano.

Antes de mais importa deixar claro que este artigo não pretende efetuar qualquer juízo de valor sobre o funcionamento do Parlamento nem da classe política em geral, mas sim alertar para a importância da disponibilização de informação aberta, com qualidade e atualizada por forma a garantir uma maior transparência das instituições e do Estado.

Assim, tendo em conta as diversas iniciativas de open data que se multiplicam por várias instituições, este trabalho consistiu na recolha e tratamento de dados sobre a atividade parlamentar, com base na secção de dados abertos do Parlamento português, e em particular na assiduidade dos deputados às sessões plenárias do Parlamento desta legislatura que se iniciou em 2015.

Recorrendo ao Microsoft Power BI para toda a engenharia de dados e para a componenete de reporting, foi efetivamente possível efectuar uma análise mais avançada. O resultado final pode ser obtido acedendo a este dashboard aberto ao público, interativo e que permite a análise em diversas dimensões, nomeadamente:

Análise global sobre o número de faltas ocorridas durante esta legislatura;

Evolução temporal dos diversos indicadores de assiduidade dos partidos e deputados;

Análise de assiduidade por círculo eleitoral e por deputado;

Análise de assiduidade por tipo de faltas.

As principais conclusões

Há várias conclusões a retirar e estão detalhadas nos vários relatórios publicados, no entanto talvez valha a pena realçar alguns indicadores-chave:

Num total de 324 sessões plenárias, houve 4.576 faltas, média acima dos 6%!

Média de 15 faltas por deputado, com PSD a liderar;

PSD e PAN apresentam o maior racio de faltas por deputado, acima de 18;

Março é o mês com maior percentagem de faltas;

Aumento gradual do número de faltas ao longo desta legislatura.

Mais do que os resultados obtidos, esta análise demonstra o quão importante é ter informação atualizada, com qualidade e acessível a todos nós. Só assim poderemos assegurar opiniões fundamentadas e contribuir para uma maior transparência das instituições para com os cidadãos.

Nota: O artigo foi publicado a 19 de novembro no perfil de LinkedIn de Manuel Dias

(*) Manuel Dias é colaborador da Microsoft Portugal mas os seus posts no LinkedIn refletem as opiniões pessoais.

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