Password. Silvano nega ter dado senha para registo de falsa presença

26-05-2020
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O registo de presenças em plenário na Assembleia da República é feito através de uma senha, pessoal e intransmissível, atribuída a cada deputado. É possível registar a presença por terceiros? É. Segundo o parlamento terá sido isso que aconteceu no passado dia 18 de outubro com a password do secretário-geral do PSD, que se encontrava ausente, em trabalho político pelo partido.

Ontem, o secretário-geral do PSD acrescentou mais polémica ao caso das suas presenças, noticiadas pelo “Expresso”. “Não registei a minha presença, não mandei registar, não auferi qualquer vantagem monetária”, declarou aos jornalistas no parlamento, numa intervenção sem direito a perguntas. O deputado acabou por entrar ao ataque, garantindo que vai pedir ao Ministério Público que abra um “processo de averiguações”, depois de se ter recusado a explicar, durante quatro dias, como é que alguém tinha registado a sua presença nos plenários de 18 e 24 de outubro, quando estava longe, a quilómetros de distância de Lisboa, em Vila Real e Santarém, respetivamente. Afinal, José Silvano diz que não deu a password a ninguém, abrindo uma nova polémica. Também disse estar “convencido que nenhum outro deputado o terá feito”, ou seja, terá alguma vez partilhado a sua password com alguém, “mesmo quando no exercício de funções executivas de cargos partidários ao longo de anos”. Ou seja, lançou mais dúvidas sobre quem o terá registado como presente no sistema que custou cerca de 100 mil euros em janeiro de 2003.

Na sua intervenção, José Silvano prometeu que será o próprio a reclamar que a Procuradoria-Geral da República “abra efetivamente um processo de averiguações”, até porque é “um homem honrado com mais de 30 anos de vida pública” e nunca ninguém lhe apontou “qualquer irregularidade”.

As declarações de Silvano surpreenderam alguns deputados do PSD, uma vez que, a hipótese de sair do cargo chegou a ser apontada ontem de manhã, apurou o i. “Sei que está muito em baixo com esta situação”, confidenciou um deputado social-democrata antes de ouvir o seu colega de bancada fazer o discurso de defesa da honra.

O presidente do PSD, por seu turno, não quis falar sobre as diligências do MP sobre o caso, a partir de Helsínquia, e respondeu aos jornalistas em alemão, uma língua que conhece bem: “Ich weiss nicht was sie sagen. [Não sei do que estão a falar].”

O registo de presenças em plenário já foi um mero livro de ponto que ainda resiste. “No passado era mais fácil alguém registar-se, porque podia sempre dizer à mesa [do parlamento] que se tinha esquecido de assinar e depois assinar”, explicou ao i um antigo deputado, assegurando ainda que alguns ex-colegas registavam a presença por terceiros, sem querer adiantar quais. O assunto irrita alguns parlamentares, que preferem nem ouvir falar do registo de passwords. “É injusto” ou “isso até me ofende”, confidenciam ao i, insistindo que mesmo que exista um ou outro exemplo, não se pode criar “um anátema sobre os restantes 229 ou 228 deputados. “Quem deve explicações é José Silvano”, atirou ao i um deputado do CDS, indignado.

Encontrar deputados ou ex-deputados que queiram falar do assunto não é tarefa fácil. Guilherme Silva, antigo vice-presidente do parlamento e ex-dirigente do PSD, estranha a polémica: “Não tenho memória desse tipo de procedimento e até estava convencido de que a informática tinha evoluído o suficiente para esse acesso estar bloqueado relativamente ao computador do deputado”, disse ao i.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, garante que o caso de Silvano não é o único exemplo de falsas presenças em plenário. “Em primeiro lugar, acho que se trata de um bom exemplo de hipocrisia nacional, porque tanto quanto possa saber, não foi o único, não é o único, provavelmente não será o único, No caso do PSD, isso só assume uma maior relevância por via do banho de ética que o presidente do partido quis impor. Aqui fica demonstrado que o banho de ética é afinal uma banhada de ética, mas não deixa de estar envolvido na hipocrisia nacional”. O autarca, contudo, não aponta nomes.

O presidente da Associação Transparência e Integridade, João Paulo Batalha, considerou também que os “vícios de José Silvano são os vícios do parlamento”, citado pela Antena 1. Já o Presidente da República, interpelado no encerramento da Web Summit, preferiu não comentar: “Não queria neste momento avançar nenhum comentário que pudesse ser associado a casos concretos. Apenas digo que é fundamental que as pessoas percebam que essa imagem que por vezes existe na juventude, muito negativa, de alguma política associada de forma geral aos políticos, tem um exemplo exatamente oposto que é a política de refugiados, de asilo, de migrações, que é nacional, consensual, que é isenta, que é honesta e transparente e respeitada em todo o mundo.”

O registo de presenças em plenário na Assembleia da República é feito através de uma senha, pessoal e intransmissível, atribuída a cada deputado. É possível registar a presença por terceiros? É. Segundo o parlamento terá sido isso que aconteceu no passado dia 18 de outubro com a password do secretário-geral do PSD, que se encontrava ausente, em trabalho político pelo partido.

Ontem, o secretário-geral do PSD acrescentou mais polémica ao caso das suas presenças, noticiadas pelo “Expresso”. “Não registei a minha presença, não mandei registar, não auferi qualquer vantagem monetária”, declarou aos jornalistas no parlamento, numa intervenção sem direito a perguntas. O deputado acabou por entrar ao ataque, garantindo que vai pedir ao Ministério Público que abra um “processo de averiguações”, depois de se ter recusado a explicar, durante quatro dias, como é que alguém tinha registado a sua presença nos plenários de 18 e 24 de outubro, quando estava longe, a quilómetros de distância de Lisboa, em Vila Real e Santarém, respetivamente. Afinal, José Silvano diz que não deu a password a ninguém, abrindo uma nova polémica. Também disse estar “convencido que nenhum outro deputado o terá feito”, ou seja, terá alguma vez partilhado a sua password com alguém, “mesmo quando no exercício de funções executivas de cargos partidários ao longo de anos”. Ou seja, lançou mais dúvidas sobre quem o terá registado como presente no sistema que custou cerca de 100 mil euros em janeiro de 2003.

Na sua intervenção, José Silvano prometeu que será o próprio a reclamar que a Procuradoria-Geral da República “abra efetivamente um processo de averiguações”, até porque é “um homem honrado com mais de 30 anos de vida pública” e nunca ninguém lhe apontou “qualquer irregularidade”.

As declarações de Silvano surpreenderam alguns deputados do PSD, uma vez que, a hipótese de sair do cargo chegou a ser apontada ontem de manhã, apurou o i. “Sei que está muito em baixo com esta situação”, confidenciou um deputado social-democrata antes de ouvir o seu colega de bancada fazer o discurso de defesa da honra.

O presidente do PSD, por seu turno, não quis falar sobre as diligências do MP sobre o caso, a partir de Helsínquia, e respondeu aos jornalistas em alemão, uma língua que conhece bem: “Ich weiss nicht was sie sagen. [Não sei do que estão a falar].”

O registo de presenças em plenário já foi um mero livro de ponto que ainda resiste. “No passado era mais fácil alguém registar-se, porque podia sempre dizer à mesa [do parlamento] que se tinha esquecido de assinar e depois assinar”, explicou ao i um antigo deputado, assegurando ainda que alguns ex-colegas registavam a presença por terceiros, sem querer adiantar quais. O assunto irrita alguns parlamentares, que preferem nem ouvir falar do registo de passwords. “É injusto” ou “isso até me ofende”, confidenciam ao i, insistindo que mesmo que exista um ou outro exemplo, não se pode criar “um anátema sobre os restantes 229 ou 228 deputados. “Quem deve explicações é José Silvano”, atirou ao i um deputado do CDS, indignado.

Encontrar deputados ou ex-deputados que queiram falar do assunto não é tarefa fácil. Guilherme Silva, antigo vice-presidente do parlamento e ex-dirigente do PSD, estranha a polémica: “Não tenho memória desse tipo de procedimento e até estava convencido de que a informática tinha evoluído o suficiente para esse acesso estar bloqueado relativamente ao computador do deputado”, disse ao i.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, garante que o caso de Silvano não é o único exemplo de falsas presenças em plenário. “Em primeiro lugar, acho que se trata de um bom exemplo de hipocrisia nacional, porque tanto quanto possa saber, não foi o único, não é o único, provavelmente não será o único, No caso do PSD, isso só assume uma maior relevância por via do banho de ética que o presidente do partido quis impor. Aqui fica demonstrado que o banho de ética é afinal uma banhada de ética, mas não deixa de estar envolvido na hipocrisia nacional”. O autarca, contudo, não aponta nomes.

O presidente da Associação Transparência e Integridade, João Paulo Batalha, considerou também que os “vícios de José Silvano são os vícios do parlamento”, citado pela Antena 1. Já o Presidente da República, interpelado no encerramento da Web Summit, preferiu não comentar: “Não queria neste momento avançar nenhum comentário que pudesse ser associado a casos concretos. Apenas digo que é fundamental que as pessoas percebam que essa imagem que por vezes existe na juventude, muito negativa, de alguma política associada de forma geral aos políticos, tem um exemplo exatamente oposto que é a política de refugiados, de asilo, de migrações, que é nacional, consensual, que é isenta, que é honesta e transparente e respeitada em todo o mundo.”

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