Não é um blogue!: Análise autárquicas 2005: os números de Caminha

23-06-2020
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As eleições autárquicas de 2005 realizadas no concelho de Caminha ficaram marcadas por quatro factos: 1) Júlia Paula ter conseguido conquistar a maioria absoluta na segunda vez que se candidatou à presidência da Câmara; 2) O desastre eleitoral da CDU; 3) O desconhecido Amílcar Lousa ter conquistado mais eleitores do que há quatro anos o presidente da concelhia socialista; 4) A mudança de duas Juntas de Freguesia do PSD para o PS e de uma outra em sentido contrário.

1) Após um primeiro mandato, a independente Júlia Paula Costa decide recandidatar-se à presidência da Câmara de Caminha, novamente apoiada pelos sociais-democratas, e obtém maioria absoluta - 50,40% -, subindo 3,60% em relação à votação alcançada nas autárquicas de 2001. Uma vitória conquistada graças aos votos de Vila Praia de Âncora onde a lista encabeçada pela candidata social-democrata arrecadou mais 749 votos que o Partido Socialista. Apesar de ter perdido eleitorado no vale do Coura- em 2001 Seixas e Lanhelas votaram PSD para a Câmara- , o vale do Âncora voltou a confirmar, por uma clara maioria, o seu apoio a Júlia Paula. A excepção foi a freguesia de Âncora onde, apesar de ter vencido a Junta, o PSD perdeu, na votação para a Câmara, para o PS, ao contrário do que aconteceu há quatro anos. Números que, no entanto, não foram suficientes para colocar em risco a vitória social-democrata que no total, e comparando com 2001, subiu 609 votos. A explicação para estes resultados poderá residir no facto de a maior vila do concelho de Caminha, que é também a mais populosa do distrito de Viana do Castelo, ter sido recentemente alvo de intervenções de vulto, após longos anos sem qualquer obra municipal a registar ( a construção do Portinho, uma empreitada da responsabilidade do Governo, foi conseguida por Daniel Campelo graças à negociação do “orçamento do queijo” com o socialista António Guterres ).
2) Se em 2001 a CDU esteve perto de conquistar um vereador no executivo camarário caminhense, nas autárquicas de 2005 ficou bem longe dessa meta. Dos 9,55% dos votos conquistados nas últimas autárquicas, a Coligação Democrática Unitária desceu no sufrágio de Domingo para apenas 2,96%. A candidata em que a CDU apostou para a presidência da Câmara, Carla Oliveira, justificou os resultados com a utilização do voto útil pelo eleitorado comunista a favor do PS. No entanto, poderá haver também outras explicações. Alheado a este resultado não deverá estar o facto de o anterior candidato, Cerqueira Rodrigues, ser uma figura com um trabalho realizado no concelho, nomeadamente na Ancorensis, que é reconhecido e aplaudido tanto pela esquerda como pela direita. Cerqueira conseguiu arrecadar eleitorado de todos os quadrantes políticos que, nestas eleições, fugiu para os outros partidos e que, dificilmente, voltará a ser recuperado.
3) Apesar de morar em Vilarelho, Amílcar Lousa era um ilustre desconhecido quando foi apresentado pelo partido socialista à presidência da Câmara de Caminha. Partindo desse patamar, o candidato fez um excelente trabalho, tendo conseguido mesmo alcançar maior votação do que Jorge Fão em 2001. Lousa obteve 41,89% contra os 39,27% de Fão, apesar de este ser conhecido de todos por ter exercido cargos em anteriores executivos camarários socialistas e até desempenhar a função de presidente da concelhia local do PS.
4) As grandes surpresas destas autárquicas foi a mudança na presidência de três Juntas de Freguesia. A saída de Diamantino Bártolo da liderança do executivo autárquico de Venade fez com que o PS perdesse, pela primeira vez, aquela Junta para o PSD por uma margem de 87 votos. Mas o contrário também aconteceu. Caminha e Azevedo, nas mãos dos sociais-democratas, passaram para o PS. Na Junta da vila sede do concelho, os socialistas venceram por uma margem de 79 votos e em Azevedo apenas por 7.

A assinalar há ainda a subida de o,77% do Bloco de Esquerda Câmara Municipal de Caminha na votação para a e apresentação de uma lista do Partido Popular Monárquico ( PPM ) que obteve 0,44% dos votos para a Câmara.

Mas as contas eleitorais no concelho de Caminha não ficaram encerradas no Domingo. Como têm menos de 150 habitantes, as três freguesias da serra d´Arga – Arga de Cima, Arga de Baixo e Arga de São João – votaram apenas para a Câmara e Assembleia Municipal, faltando ainda decidir quem serão os presidentes de Junta. A escolha deverá decorrer este fim-de-semana, em plenário, através de votação directa.
Só após este escrutínio final é que ficará decidida a composição da Assembleia Municipal, já que este é uma órgão autárquico onde os presidentes de Junta também têm assento. Através dos votos apurados até à data, o PSD conseguiu eleger 11 deputados para a Assembleia Municipal e seis presidentes de Junta, 17 no total. O PS elegeu 9 deputados e 8 presidentes de Junta, 17 no total. A CDU elegeu um presidente de Junta e um deputado. São, portanto, as três Juntas das Argas que vão decidir quem é que vai presidir à Assembleia Municipal de Caminha.

Distrito

PSD perde uma Câmara

As eleições mais caras de sempre realizadas em Portugal após o 25 de Abril ficaram marcadas no distrito de Viana do Castelo pela conquista da Câmara de Ponte da Barca pelo Partido Socialista. De resto, o cenário manteve-se. O vale do Minho continua pintado de rosa. As cinco Câmaras da Intermunicipal continuam socialistas. Em Melgaço, o socialista Rui Solheiro foi mais uma vez reeleito com maioria absoluta: 64,64%. Resultado semelhante foi alcançado pelo também socialista José Emílio Moreira em Monção: 66,54%. Em Vila Nova de Cerveira o candidato do PS, José Manuel Carpinteira, voltou a alcançar a maioria da votação: 61,35%. Em Paredes de Coura, Pereira Júnior (PS) voltou a ser reeleito: 49,73%. A Câmara de Valença volta a ter o mesmo presidente, José Luís Serra que foi reeleito por 52,51%.
A excepção neste panorama socialista é o concelho localizado na foz do Minho. Caminha voltou a ser conquistado pelo PSD. Júlia Paula foi reeleita com 50,40% dos votos.
Também social-democrata continua a Câmara de Arcos de Valdevez com Francisco Araújo: 66,56%.
Ponte da Barca fugiu das mãos do PSD para o socialista António Vassalo Abreu que foi eleito pela primeira vez com 51,26% contra os 43,65% do PSD.
Ponte de Lima salvou a honra do CDS/PP já que esta foi a única Câmara que aquele partido manteve no país graças a Daniel Campelo: 57,62%.
Na capital do distrito, Viana do Castelo, Defensor Moura continua de pedra e cal, apesar da contestação gerada pelo projecto de demolição do Coutinho. O autarca foi reeleito com 48,99% dos votos.

Susana Ramos Martins


As eleições autárquicas de 2005 realizadas no concelho de Caminha ficaram marcadas por quatro factos: 1) Júlia Paula ter conseguido conquistar a maioria absoluta na segunda vez que se candidatou à presidência da Câmara; 2) O desastre eleitoral da CDU; 3) O desconhecido Amílcar Lousa ter conquistado mais eleitores do que há quatro anos o presidente da concelhia socialista; 4) A mudança de duas Juntas de Freguesia do PSD para o PS e de uma outra em sentido contrário.

1) Após um primeiro mandato, a independente Júlia Paula Costa decide recandidatar-se à presidência da Câmara de Caminha, novamente apoiada pelos sociais-democratas, e obtém maioria absoluta - 50,40% -, subindo 3,60% em relação à votação alcançada nas autárquicas de 2001. Uma vitória conquistada graças aos votos de Vila Praia de Âncora onde a lista encabeçada pela candidata social-democrata arrecadou mais 749 votos que o Partido Socialista. Apesar de ter perdido eleitorado no vale do Coura- em 2001 Seixas e Lanhelas votaram PSD para a Câmara- , o vale do Âncora voltou a confirmar, por uma clara maioria, o seu apoio a Júlia Paula. A excepção foi a freguesia de Âncora onde, apesar de ter vencido a Junta, o PSD perdeu, na votação para a Câmara, para o PS, ao contrário do que aconteceu há quatro anos. Números que, no entanto, não foram suficientes para colocar em risco a vitória social-democrata que no total, e comparando com 2001, subiu 609 votos. A explicação para estes resultados poderá residir no facto de a maior vila do concelho de Caminha, que é também a mais populosa do distrito de Viana do Castelo, ter sido recentemente alvo de intervenções de vulto, após longos anos sem qualquer obra municipal a registar ( a construção do Portinho, uma empreitada da responsabilidade do Governo, foi conseguida por Daniel Campelo graças à negociação do “orçamento do queijo” com o socialista António Guterres ).
2) Se em 2001 a CDU esteve perto de conquistar um vereador no executivo camarário caminhense, nas autárquicas de 2005 ficou bem longe dessa meta. Dos 9,55% dos votos conquistados nas últimas autárquicas, a Coligação Democrática Unitária desceu no sufrágio de Domingo para apenas 2,96%. A candidata em que a CDU apostou para a presidência da Câmara, Carla Oliveira, justificou os resultados com a utilização do voto útil pelo eleitorado comunista a favor do PS. No entanto, poderá haver também outras explicações. Alheado a este resultado não deverá estar o facto de o anterior candidato, Cerqueira Rodrigues, ser uma figura com um trabalho realizado no concelho, nomeadamente na Ancorensis, que é reconhecido e aplaudido tanto pela esquerda como pela direita. Cerqueira conseguiu arrecadar eleitorado de todos os quadrantes políticos que, nestas eleições, fugiu para os outros partidos e que, dificilmente, voltará a ser recuperado.
3) Apesar de morar em Vilarelho, Amílcar Lousa era um ilustre desconhecido quando foi apresentado pelo partido socialista à presidência da Câmara de Caminha. Partindo desse patamar, o candidato fez um excelente trabalho, tendo conseguido mesmo alcançar maior votação do que Jorge Fão em 2001. Lousa obteve 41,89% contra os 39,27% de Fão, apesar de este ser conhecido de todos por ter exercido cargos em anteriores executivos camarários socialistas e até desempenhar a função de presidente da concelhia local do PS.
4) As grandes surpresas destas autárquicas foi a mudança na presidência de três Juntas de Freguesia. A saída de Diamantino Bártolo da liderança do executivo autárquico de Venade fez com que o PS perdesse, pela primeira vez, aquela Junta para o PSD por uma margem de 87 votos. Mas o contrário também aconteceu. Caminha e Azevedo, nas mãos dos sociais-democratas, passaram para o PS. Na Junta da vila sede do concelho, os socialistas venceram por uma margem de 79 votos e em Azevedo apenas por 7.

A assinalar há ainda a subida de o,77% do Bloco de Esquerda Câmara Municipal de Caminha na votação para a e apresentação de uma lista do Partido Popular Monárquico ( PPM ) que obteve 0,44% dos votos para a Câmara.

Mas as contas eleitorais no concelho de Caminha não ficaram encerradas no Domingo. Como têm menos de 150 habitantes, as três freguesias da serra d´Arga – Arga de Cima, Arga de Baixo e Arga de São João – votaram apenas para a Câmara e Assembleia Municipal, faltando ainda decidir quem serão os presidentes de Junta. A escolha deverá decorrer este fim-de-semana, em plenário, através de votação directa.
Só após este escrutínio final é que ficará decidida a composição da Assembleia Municipal, já que este é uma órgão autárquico onde os presidentes de Junta também têm assento. Através dos votos apurados até à data, o PSD conseguiu eleger 11 deputados para a Assembleia Municipal e seis presidentes de Junta, 17 no total. O PS elegeu 9 deputados e 8 presidentes de Junta, 17 no total. A CDU elegeu um presidente de Junta e um deputado. São, portanto, as três Juntas das Argas que vão decidir quem é que vai presidir à Assembleia Municipal de Caminha.

Distrito

PSD perde uma Câmara

As eleições mais caras de sempre realizadas em Portugal após o 25 de Abril ficaram marcadas no distrito de Viana do Castelo pela conquista da Câmara de Ponte da Barca pelo Partido Socialista. De resto, o cenário manteve-se. O vale do Minho continua pintado de rosa. As cinco Câmaras da Intermunicipal continuam socialistas. Em Melgaço, o socialista Rui Solheiro foi mais uma vez reeleito com maioria absoluta: 64,64%. Resultado semelhante foi alcançado pelo também socialista José Emílio Moreira em Monção: 66,54%. Em Vila Nova de Cerveira o candidato do PS, José Manuel Carpinteira, voltou a alcançar a maioria da votação: 61,35%. Em Paredes de Coura, Pereira Júnior (PS) voltou a ser reeleito: 49,73%. A Câmara de Valença volta a ter o mesmo presidente, José Luís Serra que foi reeleito por 52,51%.
A excepção neste panorama socialista é o concelho localizado na foz do Minho. Caminha voltou a ser conquistado pelo PSD. Júlia Paula foi reeleita com 50,40% dos votos.
Também social-democrata continua a Câmara de Arcos de Valdevez com Francisco Araújo: 66,56%.
Ponte da Barca fugiu das mãos do PSD para o socialista António Vassalo Abreu que foi eleito pela primeira vez com 51,26% contra os 43,65% do PSD.
Ponte de Lima salvou a honra do CDS/PP já que esta foi a única Câmara que aquele partido manteve no país graças a Daniel Campelo: 57,62%.
Na capital do distrito, Viana do Castelo, Defensor Moura continua de pedra e cal, apesar da contestação gerada pelo projecto de demolição do Coutinho. O autarca foi reeleito com 48,99% dos votos.

Susana Ramos Martins

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