Viva Espanha: Representatividade no debate político

19-12-2019
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Uma esquerda, habituada ao controlo estatal, com uma velha tradição de interferência nos órgãos de comunicação públicos – e não só, veja-se o à-vontade como discute de forma quase normativa e regulamentadora as decisões editoriais privadas, pretendendo impor regras de representação parlamentar à Quadratura do Círculo... – pensa que quer, pode e manda. (...) O problema é aquilo que nunca é enunciado e é sempre ocultado, e que, mais do que qualquer coisa, preocupa os novos detentores do poder: as audiências, a popularidade, a influência.O que Pacheco Pereira se esquece de esclarecer, no seu artigo de opinião, é que um dos problemas também passa pelo que é enunciado como real mas que não corresponde inteiramente à realidade. No caso específico da Quadratura do Círculo, sobre o qual penso que nenhum elemento do PS, enquanto tal, se pronunciou, há uma inversão de análise. As críticas ao modelo da Quadratura do Círculo – que é o sucedâneo do Flashback da TSF – só começaram depois de ficar claro que o critério editorial da escolha dos comentadores era partidário. Se a escolha dos comentadores obedece a critérios partidários, então é claro como água que na Quadratura do Círculo existe um défice de representatividade.Convém frisar que o que está em causa é a representatividade e não a proporcionalidade. Não se pede que os programas de debate político reformulem o seu corpo de comentadores em função dos resultados eleitorais. Pede-se, e é o mínimo que se pode pedir, que funcionem como espaços de reflexão plurais. Isto se se verificar, repito, que o critério de escolha dos comentadores é partidário, como é o caso. O que se deve estranhar não são as críticas que agora surgem. O que é realmente estranho é o facto de só agora terem surgido.

Uma esquerda, habituada ao controlo estatal, com uma velha tradição de interferência nos órgãos de comunicação públicos – e não só, veja-se o à-vontade como discute de forma quase normativa e regulamentadora as decisões editoriais privadas, pretendendo impor regras de representação parlamentar à Quadratura do Círculo... – pensa que quer, pode e manda. (...) O problema é aquilo que nunca é enunciado e é sempre ocultado, e que, mais do que qualquer coisa, preocupa os novos detentores do poder: as audiências, a popularidade, a influência.O que Pacheco Pereira se esquece de esclarecer, no seu artigo de opinião, é que um dos problemas também passa pelo que é enunciado como real mas que não corresponde inteiramente à realidade. No caso específico da Quadratura do Círculo, sobre o qual penso que nenhum elemento do PS, enquanto tal, se pronunciou, há uma inversão de análise. As críticas ao modelo da Quadratura do Círculo – que é o sucedâneo do Flashback da TSF – só começaram depois de ficar claro que o critério editorial da escolha dos comentadores era partidário. Se a escolha dos comentadores obedece a critérios partidários, então é claro como água que na Quadratura do Círculo existe um défice de representatividade.Convém frisar que o que está em causa é a representatividade e não a proporcionalidade. Não se pede que os programas de debate político reformulem o seu corpo de comentadores em função dos resultados eleitorais. Pede-se, e é o mínimo que se pode pedir, que funcionem como espaços de reflexão plurais. Isto se se verificar, repito, que o critério de escolha dos comentadores é partidário, como é o caso. O que se deve estranhar não são as críticas que agora surgem. O que é realmente estranho é o facto de só agora terem surgido.

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