Os Verdes em Lisboa: Hortas urbanas atraem jovens e desempregados

06-01-2020
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O conceito de ‘hortas urbanas’ tem vindo a crescer juntamente com a consciencialização das pessoas para a protecção do ambiente. Desde pequenos quintais a hortas no centro da cidade, a ideia é pôr as pessoas a trabalhar terra. “Há um surto de hortas urbanas entre as pessoas mais jovens. Começam a virar-se para a terra, não só no seu quintal, mas mesmo em casos mais colectivos”, adianta uma bióloga. E para além das iniciativas individuais, são também cada vez mais algumas autarquias que promovem uma boa atitude ambiental.O município de Cascais dá o exemplo ao apoiar um programa de sustentabilidade que actua a nível ambiental, social e económico e que deve arrancar durante este mês. “O projecto Hortas de Cascais tem três pilares. As hortas comunitárias são um deles, e consistem na cedência gratuita de terrenos municipais que não estão a ser usados, para que sejam cultivados”.Durante o programa, será ainda dada formação aos munícipes, para que saibam cuidar das suas quintas. Além dos espaços comunitários, o projecto aposta ainda nas hortas em casa. “Em Cascais, 50% da habitação consiste em moradias, daí o gosto pela horticultura”.O projecto aposta ainda nas hortas na instituição, tendo, escolas e visitas a hortas, numa atitude mais pedagógica. E embora ainda não tenha arrancado, o projecto já tem interessados. Há quem já tenha “vários vasos com ervas aromáticas, mas queria uma horta maior. É terapêutico poder regar as plantas de manhã e é óptimo para saber quando cozinhamos o que vamos comer”.Também as crianças ajudam o pai a regar as plantas, na sua casa, perto do Guincho. “Ficam entusiasmadas. É educativo, vão vendo as plantas a crescer”. É que hoje em dia “as pessoas estão mais consciencializadas”. “A nossa mentalidade tem evoluído muito e a oferta de produtos ecológicos e ambientais quadruplicou desde há dois anos”.Mas quer nos arredores, quer em pleno centro de Lisboa, há também quem recorra ao trabalho da terra como forma de subsistência, ou como complemento ao subsídio de desemprego. Numa horta da Mouraria, “as pessoas estão mais receptivas, mostram mais interesse em consumir os seus próprios alimentos de qualidade”, esclarece um dos responsáveis pela manutenção da Horta Popular da Mouraria, perto da Graça. “Durante dez anos, o terreno esteve abandonado. Em 2007, o GAIA foi dar apoio no Centro Social da Mouraria, e como tínhamos de providenciar refeições, começámos a trabalhar na horta”.Entre favas, batatas, tomates, nabos, cebolas, alhos, o grupo ajuda os mais idosos que ainda perdem horas na horta, e cultivam uma aproximação de gerações, através da interacção com crianças. Ao domingo, juntam-se nesta quinta cerca de duas dezenas de pessoas, entre os 20 e 60 anos.Mas, actualmente, a horta luta contra um problema de abastecimento. Depois de já ter estado seis meses sem água, hoje em dia, é abastecida pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. Tal como os restantes que ali passam o seu tempo, trabalhar na horta já faz parte das suas vidas. “Estar aqui é quase como respirar”. É preciso “ver como funciona a terra” 1.Também em Telheiras, há alguns moradores que cultivam pequenas courelas junto de suas casas. Aliás, a Associação de Moradores do bairro defende desde há muito um projecto semelhante de hortas urbanas e pedagógicas, junto à Escola EB1 nº 57 e na Quinta de Sant’Ana. Sem resultado até ao presente: CML e EPUL jamais acederam a estas pretensões.1. Ler “Cidades à beira de semear” IN Metro 2009-04-30, p. 8-9


O conceito de ‘hortas urbanas’ tem vindo a crescer juntamente com a consciencialização das pessoas para a protecção do ambiente. Desde pequenos quintais a hortas no centro da cidade, a ideia é pôr as pessoas a trabalhar terra. “Há um surto de hortas urbanas entre as pessoas mais jovens. Começam a virar-se para a terra, não só no seu quintal, mas mesmo em casos mais colectivos”, adianta uma bióloga. E para além das iniciativas individuais, são também cada vez mais algumas autarquias que promovem uma boa atitude ambiental.O município de Cascais dá o exemplo ao apoiar um programa de sustentabilidade que actua a nível ambiental, social e económico e que deve arrancar durante este mês. “O projecto Hortas de Cascais tem três pilares. As hortas comunitárias são um deles, e consistem na cedência gratuita de terrenos municipais que não estão a ser usados, para que sejam cultivados”.Durante o programa, será ainda dada formação aos munícipes, para que saibam cuidar das suas quintas. Além dos espaços comunitários, o projecto aposta ainda nas hortas em casa. “Em Cascais, 50% da habitação consiste em moradias, daí o gosto pela horticultura”.O projecto aposta ainda nas hortas na instituição, tendo, escolas e visitas a hortas, numa atitude mais pedagógica. E embora ainda não tenha arrancado, o projecto já tem interessados. Há quem já tenha “vários vasos com ervas aromáticas, mas queria uma horta maior. É terapêutico poder regar as plantas de manhã e é óptimo para saber quando cozinhamos o que vamos comer”.Também as crianças ajudam o pai a regar as plantas, na sua casa, perto do Guincho. “Ficam entusiasmadas. É educativo, vão vendo as plantas a crescer”. É que hoje em dia “as pessoas estão mais consciencializadas”. “A nossa mentalidade tem evoluído muito e a oferta de produtos ecológicos e ambientais quadruplicou desde há dois anos”.Mas quer nos arredores, quer em pleno centro de Lisboa, há também quem recorra ao trabalho da terra como forma de subsistência, ou como complemento ao subsídio de desemprego. Numa horta da Mouraria, “as pessoas estão mais receptivas, mostram mais interesse em consumir os seus próprios alimentos de qualidade”, esclarece um dos responsáveis pela manutenção da Horta Popular da Mouraria, perto da Graça. “Durante dez anos, o terreno esteve abandonado. Em 2007, o GAIA foi dar apoio no Centro Social da Mouraria, e como tínhamos de providenciar refeições, começámos a trabalhar na horta”.Entre favas, batatas, tomates, nabos, cebolas, alhos, o grupo ajuda os mais idosos que ainda perdem horas na horta, e cultivam uma aproximação de gerações, através da interacção com crianças. Ao domingo, juntam-se nesta quinta cerca de duas dezenas de pessoas, entre os 20 e 60 anos.Mas, actualmente, a horta luta contra um problema de abastecimento. Depois de já ter estado seis meses sem água, hoje em dia, é abastecida pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. Tal como os restantes que ali passam o seu tempo, trabalhar na horta já faz parte das suas vidas. “Estar aqui é quase como respirar”. É preciso “ver como funciona a terra” 1.Também em Telheiras, há alguns moradores que cultivam pequenas courelas junto de suas casas. Aliás, a Associação de Moradores do bairro defende desde há muito um projecto semelhante de hortas urbanas e pedagógicas, junto à Escola EB1 nº 57 e na Quinta de Sant’Ana. Sem resultado até ao presente: CML e EPUL jamais acederam a estas pretensões.1. Ler “Cidades à beira de semear” IN Metro 2009-04-30, p. 8-9

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