Os Verdes em Lisboa: O passeio do equívoco

10-09-2020
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Recentemente, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, o presidente da CML terá defendido “uma cidade mais amigável, onde o peão se sinta mais seguro e onde possamos circular com melhores condições” 1.Como consequência, o vice-presidente da CML veio apresentar uma campanha de rebaixamento de passeios para melhorar as travessias de peões nas passadeiras 2.A obra, integrada na Semana da Mobilidade, foi iniciada no domingo em Campo de Ourique. Encontra-se estimada em 75.000 euros, devendo estar concluída antes do Verão de 2008, baseia-se em “medidas concretas para melhorar a circulação pedonal na cidade”, nomeadamente de idosos, pessoas de mobilidade reduzida, portadores de carrinhos de bebé, muletas ou cadeiras de rodas.Antes de concluída esta obra, o vice-presidente referiu que se iniciará o rebaixamento de passeios nas Avenidas Novas “onde há alguma coisa feita, mas muita por fazer”, com um custo estimado de 50.000 euros a concluir em seis meses.Além daquelas duas zonas problemáticas da cidade - devido à concentração de população idosa - foram mencionados outros locais da cidade onde os passeios já sofreram obras similares, como as avenidas 24 de Julho, Infante Santo, eixo Avenida da Igreja/Alvalade, Avenida de Roma/Praça de Londres, e nas avenidas do Rio de Janeiro e dos EUA 3. Mas, lendo bem as declarações, o que de facto se propõe é que seja o peão a arriscar-se, adaptando-se aos espaços de circulação automóvel. Senão vejamos.Porque são rebaixados passeios e lancis? Para que peões, deficientes, carrinhos, etc., desçam para a via rodoviária para fazerem o atravessamento para o outro lado da rua. Ou seja, é o peão que precisa ‘invadir’ o terreno (alcatroado) dos veículos automóveis.Caso as medidas da CML pretendessem salvaguardar a prioridade do peão, teria de ser sempre o carro a ‘pedir’ para atravessar o espaço urbano, que é por excelência dos cidadãos. E como? Fácil.Não é o passeio que deve ser rebaixado, mas sim a passadeira e a zebra que devem ser elevadas à altura do lancil e do passeio 4. Aqui sim, seria a viatura a ter de reduzir a velocidade para ultrapassar um obstáculo redutor de velocidade. Aqui a circulação pedonal estaria mais protegida, cumprindo-se a promessa (afinal não cumprida) de presidente e vice-presidente da CML de “uma cidade mais amigável, onde o peão se sinta mais seguro e onde possamos circular com melhores condições”. De facto, só não esclareceu quem é o sujeito da oração gramatical 'possamos circular'. O que terá a ACA-M a dizer sobre o assunto?Há alguma dúvida que para o município, infelizmente, o carro prevalece sobre o peão?


Recentemente, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, o presidente da CML terá defendido “uma cidade mais amigável, onde o peão se sinta mais seguro e onde possamos circular com melhores condições” 1.Como consequência, o vice-presidente da CML veio apresentar uma campanha de rebaixamento de passeios para melhorar as travessias de peões nas passadeiras 2.A obra, integrada na Semana da Mobilidade, foi iniciada no domingo em Campo de Ourique. Encontra-se estimada em 75.000 euros, devendo estar concluída antes do Verão de 2008, baseia-se em “medidas concretas para melhorar a circulação pedonal na cidade”, nomeadamente de idosos, pessoas de mobilidade reduzida, portadores de carrinhos de bebé, muletas ou cadeiras de rodas.Antes de concluída esta obra, o vice-presidente referiu que se iniciará o rebaixamento de passeios nas Avenidas Novas “onde há alguma coisa feita, mas muita por fazer”, com um custo estimado de 50.000 euros a concluir em seis meses.Além daquelas duas zonas problemáticas da cidade - devido à concentração de população idosa - foram mencionados outros locais da cidade onde os passeios já sofreram obras similares, como as avenidas 24 de Julho, Infante Santo, eixo Avenida da Igreja/Alvalade, Avenida de Roma/Praça de Londres, e nas avenidas do Rio de Janeiro e dos EUA 3. Mas, lendo bem as declarações, o que de facto se propõe é que seja o peão a arriscar-se, adaptando-se aos espaços de circulação automóvel. Senão vejamos.Porque são rebaixados passeios e lancis? Para que peões, deficientes, carrinhos, etc., desçam para a via rodoviária para fazerem o atravessamento para o outro lado da rua. Ou seja, é o peão que precisa ‘invadir’ o terreno (alcatroado) dos veículos automóveis.Caso as medidas da CML pretendessem salvaguardar a prioridade do peão, teria de ser sempre o carro a ‘pedir’ para atravessar o espaço urbano, que é por excelência dos cidadãos. E como? Fácil.Não é o passeio que deve ser rebaixado, mas sim a passadeira e a zebra que devem ser elevadas à altura do lancil e do passeio 4. Aqui sim, seria a viatura a ter de reduzir a velocidade para ultrapassar um obstáculo redutor de velocidade. Aqui a circulação pedonal estaria mais protegida, cumprindo-se a promessa (afinal não cumprida) de presidente e vice-presidente da CML de “uma cidade mais amigável, onde o peão se sinta mais seguro e onde possamos circular com melhores condições”. De facto, só não esclareceu quem é o sujeito da oração gramatical 'possamos circular'. O que terá a ACA-M a dizer sobre o assunto?Há alguma dúvida que para o município, infelizmente, o carro prevalece sobre o peão?

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