portugal dos pequeninos

15-12-2019
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Está em curso, sob um clima de intimidação e de vigilância, uma greve geral decretada pela CGTP e um ou outro sindicato da UGT. Esta, bem educada na comissão nacional do PS, não aderiu. Eu também não, mas, como Cavaco, considero-a um direito constitucional. Deve ser triste para quem ainda acredita nestes democratas, assistir ao ponto em que as pessoas olham umas para as outras com receio, à promoção da delação e do controlo da forma mais primitiva, ao medo. O saudoso Mota Pinto dizia, citando não sei quem, que a pior forma do medo é ter medo do próprio medo. Nem com aquilo que passa por direita em Portugal se foi tão longe na criação deste "ambiente". Por isso, não me espantou o gesto provinciano e esclarecedor de José Sócrates, em Moscovo, numa corridinha patética às voltas na Praça Vermelha. Sócrates consentiu que o polícia Putin fechasse a Praça a trânsito e a pessoas para que Sua Excelência pudesse correr à vontade. Prisioneiro dos seus fantasmas, da sua insegurança e do seu medo, Sócrates aceitou correr em circuito fechado apenas para ser visto cá, nas saloias televisões que controla. E a sua formatada cabeça permitiu-lhe o gesto e a frase. "A Europa não deve dar lições à Rússia", foi a expressão encontrada por Sócrates para se babar para cima do admirável polícia. Sócrates pastoreia um país à medida mental de uma Praça Vermelha especialmente vedada para a realização da sua fantasia. Um dia ele perceberá que as pessoas, mesmo as mais bovinas, não são uma fantasia encerrável num quadrado onde não se respira ar livre.


Está em curso, sob um clima de intimidação e de vigilância, uma greve geral decretada pela CGTP e um ou outro sindicato da UGT. Esta, bem educada na comissão nacional do PS, não aderiu. Eu também não, mas, como Cavaco, considero-a um direito constitucional. Deve ser triste para quem ainda acredita nestes democratas, assistir ao ponto em que as pessoas olham umas para as outras com receio, à promoção da delação e do controlo da forma mais primitiva, ao medo. O saudoso Mota Pinto dizia, citando não sei quem, que a pior forma do medo é ter medo do próprio medo. Nem com aquilo que passa por direita em Portugal se foi tão longe na criação deste "ambiente". Por isso, não me espantou o gesto provinciano e esclarecedor de José Sócrates, em Moscovo, numa corridinha patética às voltas na Praça Vermelha. Sócrates consentiu que o polícia Putin fechasse a Praça a trânsito e a pessoas para que Sua Excelência pudesse correr à vontade. Prisioneiro dos seus fantasmas, da sua insegurança e do seu medo, Sócrates aceitou correr em circuito fechado apenas para ser visto cá, nas saloias televisões que controla. E a sua formatada cabeça permitiu-lhe o gesto e a frase. "A Europa não deve dar lições à Rússia", foi a expressão encontrada por Sócrates para se babar para cima do admirável polícia. Sócrates pastoreia um país à medida mental de uma Praça Vermelha especialmente vedada para a realização da sua fantasia. Um dia ele perceberá que as pessoas, mesmo as mais bovinas, não são uma fantasia encerrável num quadrado onde não se respira ar livre.

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