portugal dos pequeninos

15-12-2019
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O António, que colabora neste blogue, ofereceu-me um busto vermelho como os três da foto (ele tem um azul). O seu autor é Francisco Mota Ferreira. Salazar - é bom afirmá-lo no ano do folclórico centenário - era um republicano. Católico, aceitou, ao contrário de outros católicos monárquicos, ser deputado após as "legislativas" de 1921. De resto, como correspondência recentemente editada evidencia, Salazar até enviou retratos para passes de comboio a que teria direito como deputado - e "que me estão fazendo muita falta" - designadamente porque prometeu "acompanhar um amigo num passeio pelo Minho que me ficará muito caro se nessa altura não tiver o passe". Entretanto ocorreu mais uma peripécia sanguinária típica da 1ª República - a mais famosa que incluiu o assassinato de António Granjo e de outras luminárias do regime - e as "Câmaras" foram dissolvidas. Às legislativas que se seguiram já Salazar não quis concorrer. Mesmo assim, ainda escreveu ao colega Lino Neto que "é quase para mim um ponto de honra (...) ir ao Parlamento". Não foi, contudo. Sabia (continua na carta) que "o mundo não nos foge": "se tiver de ser político, tenho tempo ainda de o ser e talvez mau". Um cínico, este Salazar. Sempre impiedoso com os "nossos pobres monárquicos".


O António, que colabora neste blogue, ofereceu-me um busto vermelho como os três da foto (ele tem um azul). O seu autor é Francisco Mota Ferreira. Salazar - é bom afirmá-lo no ano do folclórico centenário - era um republicano. Católico, aceitou, ao contrário de outros católicos monárquicos, ser deputado após as "legislativas" de 1921. De resto, como correspondência recentemente editada evidencia, Salazar até enviou retratos para passes de comboio a que teria direito como deputado - e "que me estão fazendo muita falta" - designadamente porque prometeu "acompanhar um amigo num passeio pelo Minho que me ficará muito caro se nessa altura não tiver o passe". Entretanto ocorreu mais uma peripécia sanguinária típica da 1ª República - a mais famosa que incluiu o assassinato de António Granjo e de outras luminárias do regime - e as "Câmaras" foram dissolvidas. Às legislativas que se seguiram já Salazar não quis concorrer. Mesmo assim, ainda escreveu ao colega Lino Neto que "é quase para mim um ponto de honra (...) ir ao Parlamento". Não foi, contudo. Sabia (continua na carta) que "o mundo não nos foge": "se tiver de ser político, tenho tempo ainda de o ser e talvez mau". Um cínico, este Salazar. Sempre impiedoso com os "nossos pobres monárquicos".

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