Câmara Corporativa: Lições há muitas, professor Cavaco

03-01-2020
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• Mariana Mortágua, Lições há muitas, professor Cavaco:«(…) A crise que vivemos tem, portanto, outras raízes. Dizem os registos mais recentes que, em 2008, se deu a maior hecatombe financeira de que há memória desde 1929. Sabe-se também, de fonte segura, que a culpa se deveu à especulação que surfou livremente a desregulamentação que os moralistas de hoje advogaram no passado. Mais, que este sistema insustentável de endividamento e ganhos especulativos se alimentou das desigualdades sociais. (…)Quer isto dizer que Portugal não sofria (e não sofre) de problemas estruturais absolutamente independentes da crise financeira? Não. É uma economia pobre porque é a economia de um país de gente pobre. Uma economia demasiado dependente do exterior, que nem sempre fez um bom proveito dos fundos europeus. Uma economia que nunca fez a transição do seu modelo de baixos salários assentes em trabalho pouco qualificado para uma industrialização inteligente. É também um país estruturalmente dominado por uma elite económica privada que parasita o Estado, as suas empresas e monopólios, que troca administradores por ministros, negócios por favores, favores por poder. Só o gang BPN, curiosamente criado e dominado pelo círculo político mais próximo de Cavaco Silva, já custou ao país 5000 milhões de euros.Acontece que a austeridade não resolve qualquer um dos problemas estruturais portugueses. Pelo contrário, Cavaco Silva, a governar desde 1980 e algures no poder em 20 dos 40 anos de democracia, tem sérias responsabilidades em muitos deles. Qual é então a grande lição que devemos tirar, senhor Presidente?»


• Mariana Mortágua, Lições há muitas, professor Cavaco:«(…) A crise que vivemos tem, portanto, outras raízes. Dizem os registos mais recentes que, em 2008, se deu a maior hecatombe financeira de que há memória desde 1929. Sabe-se também, de fonte segura, que a culpa se deveu à especulação que surfou livremente a desregulamentação que os moralistas de hoje advogaram no passado. Mais, que este sistema insustentável de endividamento e ganhos especulativos se alimentou das desigualdades sociais. (…)Quer isto dizer que Portugal não sofria (e não sofre) de problemas estruturais absolutamente independentes da crise financeira? Não. É uma economia pobre porque é a economia de um país de gente pobre. Uma economia demasiado dependente do exterior, que nem sempre fez um bom proveito dos fundos europeus. Uma economia que nunca fez a transição do seu modelo de baixos salários assentes em trabalho pouco qualificado para uma industrialização inteligente. É também um país estruturalmente dominado por uma elite económica privada que parasita o Estado, as suas empresas e monopólios, que troca administradores por ministros, negócios por favores, favores por poder. Só o gang BPN, curiosamente criado e dominado pelo círculo político mais próximo de Cavaco Silva, já custou ao país 5000 milhões de euros.Acontece que a austeridade não resolve qualquer um dos problemas estruturais portugueses. Pelo contrário, Cavaco Silva, a governar desde 1980 e algures no poder em 20 dos 40 anos de democracia, tem sérias responsabilidades em muitos deles. Qual é então a grande lição que devemos tirar, senhor Presidente?»

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