portugal dos pequeninos

01-09-2020
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O Miguel Castelo-Branco recorda a sua chegada ao Continente, vindo de Moçambique há trinta e quatro anos, com «um nada e nos bolsos nem cotão havia. No aeroporto de Lisboa não havia um Guterres palrador, nem uma enfermeira, nem um padre nem ninguém. Éramos o lixo do Império que a todo o custo queriam atirar para debaixo da carpete vermelha do novo Portugal.» O Miguel provavelmente gostaria de ter assistido à repetição de um notável documentário de Joaquim Vieira, na RTP1, dedicado a Maria Estefânia Anachoreta, a representante do Movimento Nacional Feminino em Santarém, A Voz da Saudade. D. Maria Estefânia foi a Angola, em 1966, com um gravador em punho no qual levava registadas as mensagens dos familiares dos militares portugueses da zona de Santarém. Andou de companhia em companhia a reproduzir essas mensagens. Morreu em Janeiro deste ano, com 89 anos, seguramente com a energia e a lucidez manifestadas no documentário terminado seis meses antes. Uma energia que a levou - sozinha porque não teve a "benção" de "Cilinha" Supico Pinto, a presidente do MNF - aos 47 anos, até Angola, e que manteve indemne, pelos vistos, até ao fim. Quando vemos uma Ana Gomes "completamente rendida" a Obama depois do circo de Denver em que participou, como é que não podemos deixar de manifestar respeito por Senhoras anónimas como D. Maria Estefânia? É como diz o Miguel. «O país gosta dos fulanos e fulanas rabudos, dos doutorecos e doutorecas, da meia tijela, com ou sem peles, dos bajuladores, dos pequenos e grandes poltrões. Está bem, assim, na fila de trás da Europa.» Bom proveito.


O Miguel Castelo-Branco recorda a sua chegada ao Continente, vindo de Moçambique há trinta e quatro anos, com «um nada e nos bolsos nem cotão havia. No aeroporto de Lisboa não havia um Guterres palrador, nem uma enfermeira, nem um padre nem ninguém. Éramos o lixo do Império que a todo o custo queriam atirar para debaixo da carpete vermelha do novo Portugal.» O Miguel provavelmente gostaria de ter assistido à repetição de um notável documentário de Joaquim Vieira, na RTP1, dedicado a Maria Estefânia Anachoreta, a representante do Movimento Nacional Feminino em Santarém, A Voz da Saudade. D. Maria Estefânia foi a Angola, em 1966, com um gravador em punho no qual levava registadas as mensagens dos familiares dos militares portugueses da zona de Santarém. Andou de companhia em companhia a reproduzir essas mensagens. Morreu em Janeiro deste ano, com 89 anos, seguramente com a energia e a lucidez manifestadas no documentário terminado seis meses antes. Uma energia que a levou - sozinha porque não teve a "benção" de "Cilinha" Supico Pinto, a presidente do MNF - aos 47 anos, até Angola, e que manteve indemne, pelos vistos, até ao fim. Quando vemos uma Ana Gomes "completamente rendida" a Obama depois do circo de Denver em que participou, como é que não podemos deixar de manifestar respeito por Senhoras anónimas como D. Maria Estefânia? É como diz o Miguel. «O país gosta dos fulanos e fulanas rabudos, dos doutorecos e doutorecas, da meia tijela, com ou sem peles, dos bajuladores, dos pequenos e grandes poltrões. Está bem, assim, na fila de trás da Europa.» Bom proveito.

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