Centeno em entrevista à “Folha de S. Paulo”: menos Estado levou ao populismo radical

28-10-2019
marcar artigo

“Era preciso virar a página da austeridade e das políticas pró-cíclicas para reconquistar a confiança dos cidadãos e fazer as reformas necessárias para ganhar a confiança dos investidores”, afirma Mário Centeno numa entrevista concedida ao jornal brasileiro “Folha de São Paulo”. Apresentado como um dos pais da “geringonça” e como ministro que adotou “uma receita que foge do modelo baseado em austeridade”, Centeno acrescenta que o desafio assumido pelo anterior Governo passava por alcançar uma “consolidação orçamentária com credibilidade, que cumprisse as metas”. E diz que esta foi cumprida com uma “reforma abrangente do sector financeiro”; pela “devolução de rendimentos” e com “uma gestão rigorosa do Orçamento”.

Ao longo da entrevista, o ministro português revela que, no plano económico, a ‘geringonça’ não o surpreendeu. Foi a solução que permitiu a “devolução de um sentimento de confiança aos portugueses”, garante, para sublinhar que “Portugal é hoje uma referência de estabilidade politica e económica numa Europa minada pela implosão do centro político”.

Sobre o papel do Estado na economia, Centeno considera que “a redução do papel do Estado foi longe demais”, tendo sido esta realidade, em sua opinião, a “abrir o caminho ao populismo radical”. É esta a afirmação que o jornal escolhe para título, com Mário Centeno a defender também que “o Estado deve fazer uso dos mecanismos de mercado, não se pode deixar usar por estes”.

Evitar o descontrole do déficit e do endividamento público

Num olhar para o futuro, o ministro das Finanças destaca como prioridades do Governo que este sábado tomou posse evitar “o descontrole do déficit e do endividamento público”. Sendo Portugal uma “pequena economia aberta” e por isso “vulnerável a choques externos”, diz Centeno, é obrigação do executivo “acautelar esses imprevistos para proteger os nossos cidadãos”. Inclui neste capítulo a necessidade de “políticas saudáveis”, como são exemplo a “supervisão do sector financeiro para impedir práticas danosas”.

No plano internacional, Centeno não hesita em considerar que “é preciso colocar um ponto final nesta incerteza e avançar”, referindo-se ao Brexit, ainda que afirme que a União Europeia está preparada - a expressão usada é “estado de preparação adequado” - para um cenário de saída desordenada.

Sobre a disputa comercial entre China e EUA, o ministro das Finanças adverte para o risco de se chegar “a uma verdadeira guerra comercial”. “Os EUA estão a tentar a todo o custo melhorar a sua posição nas relações comerciais com os seus principais parceiros, o que desestabilizou o sistema comercial mundial e tem gerado tensões entre os principais blocos”, diz, admitindo Centeno que “do lado europeu, se os nossos interesses forem postos em causa não teremos alternativas a uma retaliação”.

Acrescenta, contudo que “a nossa função como políticos é manter abertas as vias de diálogo e cooperação”.

“Era preciso virar a página da austeridade e das políticas pró-cíclicas para reconquistar a confiança dos cidadãos e fazer as reformas necessárias para ganhar a confiança dos investidores”, afirma Mário Centeno numa entrevista concedida ao jornal brasileiro “Folha de São Paulo”. Apresentado como um dos pais da “geringonça” e como ministro que adotou “uma receita que foge do modelo baseado em austeridade”, Centeno acrescenta que o desafio assumido pelo anterior Governo passava por alcançar uma “consolidação orçamentária com credibilidade, que cumprisse as metas”. E diz que esta foi cumprida com uma “reforma abrangente do sector financeiro”; pela “devolução de rendimentos” e com “uma gestão rigorosa do Orçamento”.

Ao longo da entrevista, o ministro português revela que, no plano económico, a ‘geringonça’ não o surpreendeu. Foi a solução que permitiu a “devolução de um sentimento de confiança aos portugueses”, garante, para sublinhar que “Portugal é hoje uma referência de estabilidade politica e económica numa Europa minada pela implosão do centro político”.

Sobre o papel do Estado na economia, Centeno considera que “a redução do papel do Estado foi longe demais”, tendo sido esta realidade, em sua opinião, a “abrir o caminho ao populismo radical”. É esta a afirmação que o jornal escolhe para título, com Mário Centeno a defender também que “o Estado deve fazer uso dos mecanismos de mercado, não se pode deixar usar por estes”.

Evitar o descontrole do déficit e do endividamento público

Num olhar para o futuro, o ministro das Finanças destaca como prioridades do Governo que este sábado tomou posse evitar “o descontrole do déficit e do endividamento público”. Sendo Portugal uma “pequena economia aberta” e por isso “vulnerável a choques externos”, diz Centeno, é obrigação do executivo “acautelar esses imprevistos para proteger os nossos cidadãos”. Inclui neste capítulo a necessidade de “políticas saudáveis”, como são exemplo a “supervisão do sector financeiro para impedir práticas danosas”.

No plano internacional, Centeno não hesita em considerar que “é preciso colocar um ponto final nesta incerteza e avançar”, referindo-se ao Brexit, ainda que afirme que a União Europeia está preparada - a expressão usada é “estado de preparação adequado” - para um cenário de saída desordenada.

Sobre a disputa comercial entre China e EUA, o ministro das Finanças adverte para o risco de se chegar “a uma verdadeira guerra comercial”. “Os EUA estão a tentar a todo o custo melhorar a sua posição nas relações comerciais com os seus principais parceiros, o que desestabilizou o sistema comercial mundial e tem gerado tensões entre os principais blocos”, diz, admitindo Centeno que “do lado europeu, se os nossos interesses forem postos em causa não teremos alternativas a uma retaliação”.

Acrescenta, contudo que “a nossa função como políticos é manter abertas as vias de diálogo e cooperação”.

marcar artigo