O "estado de negação", a sobrelotação e as críticas ao "ministro dos comboios"

08-07-2020
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Se um comboio leva duas mil pessoas e um autocarro 50, seriam precisos 40 autocarros por cada comboio para que houvesse uma alternativa aos comboios, sobretudo da linha de Sintra, que têm andado mais cheios. As contas do ministro das Infraestruturas e Habitação servem de resposta à oposição que o acusou de estar em "estado de negação" no que à lotação dos transportes públicos diz respeito. Pelo meio, Pedro Nuno Santos ainda teria tempo para elogiar Marta Temido, que tem estado debaixo de fogo depois das críticas do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. "A senhora ministra da saúde, reconhecidamente por todos os portugueses, tem feito um trabalho excelente na gestão da pandemia", disse.

Pedro Nuno Santos esteve esta quarta-feira no Parlamento para defender a resposta à pandemia nos setores dos transportes e habitação. Aos deputados disse que está a ser estudada a possibilidade de colocar mais um comboio por hora na linha de Sintra, mas que para já a lotação dos comboios ainda está abaixo do que era pré-pandemia. "Sem investimento não conseguimos acrescentar comboios. Hoje, no momento em que estamos a fazer o debate, ainda não falta oferta de comboios nas linhas urbanas. A procura ainda é mais baixa do que era na pré-pandemia, mesmo na hora de ponta", disse aos deputados.

Durante o debate, o ministro admitiu por várias vezes que o problema existe e que tenderá a haver mais procura, mas que "não é fácil encontrar a solução óptima" e que os problemas que já existiam se agudizaram.

O debate, a pedido do Bloco de Esquerda, acabou por se concentrar na questão dos comboios. Sobre a lotação, o ministro diz que em alguns a lotação tem atingido "ocasionalmente cerca de 66% da taxa de lotação" e que além da "humildade de ouvir quem usa" é preciso ouvir quem tem "informação rigorosa" até porque abundam "alternativas falsas ou frágeis". Pedro Nuno Santos referiu ainda que "não é possível" acrescentar mais carruagens porque os comboios já ocupam toda a plataforma e em termos de horários a utilização da rede está a 100%. Por isso, "não temos muitas expectativas na solução" apresentada de colocar autocarros para complementar a oferta. "Cada comboio leva duas mil pessoas e liga todas as estações em 40 minutos", disse. Para substituir um comboio teriam de ser colocados "40 autocarros" pelo IC19 que demoram muito mais tempo.

O Bloco de Esquerda, que ouviu as explicações de Pedro Nuno Santos, considerou que concordam no diagnóstico, mas "no que toca à solução estamos a entrar num impasse". Para a deputada bloquista Isabel Pires, "passado cerca de um mês, fica claro que perdemos tempo na resposta que era exigida. Em vez de soluções, surgiu um novo discurso moral da pandemia, estigmatizando trabalhadores e populações de determinadas freguesias, focado numa sobrevalorizada responsabilização individual em detrimento de respostas coletivas e solidárias", disse. Para a deputada, o problema "não é o comboio das 3h da tarde que vai vazio, é o das 7h da manhã que vai à pinha. Não é com estatísticas destas que se trava a pandemia", disse defendendo as tais "soluções de complementaridade".

Além do BE, os outros partidos criticaram a atuação do Governo chegando mesmo a chamar-lhe "o ministro dos comboios". Além de Beatriz Dias (BE) o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, e deputados do PSD acusaram Pedro Nuno de "estar em estado de negação" sobre o que se passava nos transportes em Lisboa, o que levou a uma indignação do ministro por ter admitido o problema no seu discurso

Se um comboio leva duas mil pessoas e um autocarro 50, seriam precisos 40 autocarros por cada comboio para que houvesse uma alternativa aos comboios, sobretudo da linha de Sintra, que têm andado mais cheios. As contas do ministro das Infraestruturas e Habitação servem de resposta à oposição que o acusou de estar em "estado de negação" no que à lotação dos transportes públicos diz respeito. Pelo meio, Pedro Nuno Santos ainda teria tempo para elogiar Marta Temido, que tem estado debaixo de fogo depois das críticas do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. "A senhora ministra da saúde, reconhecidamente por todos os portugueses, tem feito um trabalho excelente na gestão da pandemia", disse.

Pedro Nuno Santos esteve esta quarta-feira no Parlamento para defender a resposta à pandemia nos setores dos transportes e habitação. Aos deputados disse que está a ser estudada a possibilidade de colocar mais um comboio por hora na linha de Sintra, mas que para já a lotação dos comboios ainda está abaixo do que era pré-pandemia. "Sem investimento não conseguimos acrescentar comboios. Hoje, no momento em que estamos a fazer o debate, ainda não falta oferta de comboios nas linhas urbanas. A procura ainda é mais baixa do que era na pré-pandemia, mesmo na hora de ponta", disse aos deputados.

Durante o debate, o ministro admitiu por várias vezes que o problema existe e que tenderá a haver mais procura, mas que "não é fácil encontrar a solução óptima" e que os problemas que já existiam se agudizaram.

O debate, a pedido do Bloco de Esquerda, acabou por se concentrar na questão dos comboios. Sobre a lotação, o ministro diz que em alguns a lotação tem atingido "ocasionalmente cerca de 66% da taxa de lotação" e que além da "humildade de ouvir quem usa" é preciso ouvir quem tem "informação rigorosa" até porque abundam "alternativas falsas ou frágeis". Pedro Nuno Santos referiu ainda que "não é possível" acrescentar mais carruagens porque os comboios já ocupam toda a plataforma e em termos de horários a utilização da rede está a 100%. Por isso, "não temos muitas expectativas na solução" apresentada de colocar autocarros para complementar a oferta. "Cada comboio leva duas mil pessoas e liga todas as estações em 40 minutos", disse. Para substituir um comboio teriam de ser colocados "40 autocarros" pelo IC19 que demoram muito mais tempo.

O Bloco de Esquerda, que ouviu as explicações de Pedro Nuno Santos, considerou que concordam no diagnóstico, mas "no que toca à solução estamos a entrar num impasse". Para a deputada bloquista Isabel Pires, "passado cerca de um mês, fica claro que perdemos tempo na resposta que era exigida. Em vez de soluções, surgiu um novo discurso moral da pandemia, estigmatizando trabalhadores e populações de determinadas freguesias, focado numa sobrevalorizada responsabilização individual em detrimento de respostas coletivas e solidárias", disse. Para a deputada, o problema "não é o comboio das 3h da tarde que vai vazio, é o das 7h da manhã que vai à pinha. Não é com estatísticas destas que se trava a pandemia", disse defendendo as tais "soluções de complementaridade".

Além do BE, os outros partidos criticaram a atuação do Governo chegando mesmo a chamar-lhe "o ministro dos comboios". Além de Beatriz Dias (BE) o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, e deputados do PSD acusaram Pedro Nuno de "estar em estado de negação" sobre o que se passava nos transportes em Lisboa, o que levou a uma indignação do ministro por ter admitido o problema no seu discurso

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