A vida é uma magnólia

23-06-2020
marcar artigo


Foi em Leiria que o mundo a viu partir para a nuvem 9 onde, do Alto, me vigia e consola.No passado dia 12.Sem apelo nem agravo.E sem aviso.Eu sei que tinha 90 primaveras, mais Verões (que era a sua estação predilecta).Mas estava bem e recomendava-se, saída todos os dias para o seu café, para a sua malha de anos, para o seu livro de cabeceira, para a sua sonata de piano (porque tocava Brahms)...O Supremo Ser quis levá-la. E após um calvário de 14 dias num hospital de horrores, partiu e ainda teve tempo para me dedicar um último olhar, 24 horas antes da partida.Ela, que me ensinou a falar inglês, a tocar piano, a nadar e a soletrar cantilenas americanas (nasceu na terra do tio Sam).Ela que me dizia que todos os meus desenhos eram Picassos e que todas as minhas redacções eram Hemingways...Ela que tinha um feitio de irlandesa, escorpiã com muito orgulho,era uma das minhas heroínas de vida.É dela que sinto saudades de mil cidades sem nome,é para ela que elevo a minha voz e o meu olhar, 10 dias após ter embarcado rumo à pousada da sexta felicidade.Consigo falar dela. Agora.A custo.Mas com a certeza de que, se ouvirem um bramido de Beethoven no ar, pelos lados do Lis e do Lena, é ela que certamente me dedica a sua última tocata em amor maior.Era e é a minha avó, granny de nome próprio.Chamava-se Amélia...


Foi em Leiria que o mundo a viu partir para a nuvem 9 onde, do Alto, me vigia e consola.No passado dia 12.Sem apelo nem agravo.E sem aviso.Eu sei que tinha 90 primaveras, mais Verões (que era a sua estação predilecta).Mas estava bem e recomendava-se, saída todos os dias para o seu café, para a sua malha de anos, para o seu livro de cabeceira, para a sua sonata de piano (porque tocava Brahms)...O Supremo Ser quis levá-la. E após um calvário de 14 dias num hospital de horrores, partiu e ainda teve tempo para me dedicar um último olhar, 24 horas antes da partida.Ela, que me ensinou a falar inglês, a tocar piano, a nadar e a soletrar cantilenas americanas (nasceu na terra do tio Sam).Ela que me dizia que todos os meus desenhos eram Picassos e que todas as minhas redacções eram Hemingways...Ela que tinha um feitio de irlandesa, escorpiã com muito orgulho,era uma das minhas heroínas de vida.É dela que sinto saudades de mil cidades sem nome,é para ela que elevo a minha voz e o meu olhar, 10 dias após ter embarcado rumo à pousada da sexta felicidade.Consigo falar dela. Agora.A custo.Mas com a certeza de que, se ouvirem um bramido de Beethoven no ar, pelos lados do Lis e do Lena, é ela que certamente me dedica a sua última tocata em amor maior.Era e é a minha avó, granny de nome próprio.Chamava-se Amélia...

marcar artigo