poesia: jorge luís borges

03-09-2020
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No segundo pátio

a torneira periódica goteja,

fatal como a morte de César.

Ambas são peças da trama que abarca

o círculo sem princípio nem fim,

a âncora do fenício,

o primeiro lobo e o primeiro cordeiro,

a data da minha morte

e o teorema perdido de Fermat.

Essa trama de ferro

pensaram-na os estóicos como um fogo

que morre e que renasce como a Fénix.

É a grande árvore das causas

e dos ramificados efeitos;

nas suas folhas estão Roma e Caldeia

e o que vêem os rostos de Jano.

O universo é um dos seus nomes.

Nunca ninguém o viu

e nenhum homem pode ver outra coisa.

jorge luís borges

obras completas 1975-1985 vol. III

a cifra (1981)

trad. fernando pinto do amaral

editorial teorema

1998

No segundo pátio

a torneira periódica goteja,

fatal como a morte de César.

Ambas são peças da trama que abarca

o círculo sem princípio nem fim,

a âncora do fenício,

o primeiro lobo e o primeiro cordeiro,

a data da minha morte

e o teorema perdido de Fermat.

Essa trama de ferro

pensaram-na os estóicos como um fogo

que morre e que renasce como a Fénix.

É a grande árvore das causas

e dos ramificados efeitos;

nas suas folhas estão Roma e Caldeia

e o que vêem os rostos de Jano.

O universo é um dos seus nomes.

Nunca ninguém o viu

e nenhum homem pode ver outra coisa.

jorge luís borges

obras completas 1975-1985 vol. III

a cifra (1981)

trad. fernando pinto do amaral

editorial teorema

1998

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