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19-06-2020
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Faltas-me. Se aqui estivesses isto não seriam

palavras. Um trinco por dentro, essa ilusão

de voltar a ti olhando os papéis, desconheço

o que de mim resta quando as horas quase trazem

o silêncio e a boca se abre, faz a passagem

do teu corpo a um corpo que aproveita

a substituição que não sabe. Mudaremos o tempo

>para nenhuma exigência, faltas-me quando estás

a caminho, já oiço os teus passos subindo

no fundo da escada. Amanhece. Nos sonhos

que não sou capaz de lembrar vens tocar-me

nos ombros e dizer ainda não são horas, ainda

não é alba. As palavras faltam-me, vou

calar-me nas duas voltas da chave, este papel

apagado, sujo da ausência dos teus gestos.

Helder Moura Pereira

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Faltas-me. Se aqui estivesses isto não seriam

palavras. Um trinco por dentro, essa ilusão

de voltar a ti olhando os papéis, desconheço

o que de mim resta quando as horas quase trazem

o silêncio e a boca se abre, faz a passagem

do teu corpo a um corpo que aproveita

a substituição que não sabe. Mudaremos o tempo

>para nenhuma exigência, faltas-me quando estás

a caminho, já oiço os teus passos subindo

no fundo da escada. Amanhece. Nos sonhos

que não sou capaz de lembrar vens tocar-me

nos ombros e dizer ainda não são horas, ainda

não é alba. As palavras faltam-me, vou

calar-me nas duas voltas da chave, este papel

apagado, sujo da ausência dos teus gestos.

Helder Moura Pereira

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