ABRUPTO

19-12-2019
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LENDO

VENDO

OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 17 de Outubro de 2006

Hoje vai ser um dia muito interessante para perceber a governamentalização da RTP. Eles sabem que eu sei que eles sabem que é assim.

*

A experiência do

"De forma a facilitar a leitura da situação foram criados dois “utilizadores virtuais”: um chamado Dentro do Rivoli, que se pretendia que reunisse as posições dos ocupantes do Teatro (ainda que cada post devesse ter, além dessa assinatura, uma identificação individual) e outro “utilizador virtual” chamado Fora do Rivoli, que deveria reunir as posições do público em geral.

A vantagem de criar identidades virtuais como estas e de lhes dar privilégios de membro do blog é a visibilidade dos posts – ao invés dos comentários, que apenas estão acessíveis se se clicar num link.

A desvantagem é que, ao conceder esses privilégios, se concede também a esse “utilizador virtual” a capacidade de alterar os “seus” posts – entenda-se: posts do mesmo “utilizador virtual”, que podem ser de facto de um outro utilizador individual.

Quisemos experimentar o sistema para garantir a visibilidade das mensagens de todos e por uma questão de equidade, apesar dos seus riscos, mas o que podia acontecer aconteceu: houve posts apagados ou alterados por utilizadores menos escrupulosos e com menor sentido da intervenção cívica e do debate público.

Decidimos assim anular o utilizador “Fora do Rivoli” e permitir aos visitantes deste blog apenas o recurso ao comentário dos posts de outrem." Quem é o "outrem"? Eu compreendo que do ponto de vista jornalístico o que escrevem os de "dentro" é mais importante para a construção da notícia do que o que escrevem os de "fora", mas num blogue essa hierarquia não tem sentido, tanto mais que o blogue não tem origem nos de "dentro". Até por suscitar estas questões, a experiência é interessante: saber se o blogue de um jornal se comporta como um verdadeiro blogue ou como um instrumento para "pescar" notícias para o jornal, o que aliás é perfeitamente legítimo.

Já agora, ninguém sugeriu no Público que se fizesse um blogue para cobrir a manifestação de setenta mil pessoas que atravessou Lisboa, ou a greve dos professores em curso, eventos muito mais relevantes, embora menos "na moda", do que a "Rivolução"? E já agora não seria interessante saber que relações têm os ocupantes com a "cultura" subsidiada?

*

Interessantíssima, a reportagem esta manhã da TSF:

Dizia o locutor com aquele habitual ar de isenção mal disfarçado:

“A Câmara do Porto já deu os primeiros sinais de intervenção: cortou a electricidade na zona do Rivoli.”

E, na passada, sem reparar (?) no absurdo:

“Outra medida foi a de ligar o ar condicionado no máximo, havendo alguns dos ocupantes do Rivoli já com sinais de constipação”.

As novas tecnologias são fantásticas. O ar condicionado trabalha sem electricidade, e é telecomandado a partir da Câmara !

(Fernando Gomes da Costa)

*

Estou boquiaberto com a invasão do Rivoli, designadamente com o destaque merecido; Mas não é só na imprensa, é no Abrupto. A ver se entendo...

Pergunta e bem julgo eu, se um praticamente não evento com 40 pessoas teria tanto destaque se não fosse de maioria BE; por razões ao que me parece, ao nível de "tentar apanhar o comboio", "estar na linha da frente", "na vanguarda tecnológica", "na moda" e outras sabe-se lá quais, uma instituição como o Público, resolve lavrar uma coisa derivativa a que chamaram blogue. E acha que é uma novidade a saudar?

Só se for por corporativismo blogosférico ou outro.

Um blogue criado nestes moldes, sobre um assunto ao nível do traque, com aspecto e conteúdo a condizer, só se for para anedotário histórico da internet lusitana daqui a meia-dúzia de anos.

E também não acho bem uma instituição como o Público, alojar blogues

(?) no Blogger, um sinal mais que evidente de amadorismo atroz. Os responsáveis do Guardian, Times, International Herald Tribune, Washington Post, New York Times, El Mundo, Libération, Le Monde...

acham o mesmo.

O jornal português cria as obras no Blogger, às três pancadas, não se dando sequer ao trabalho de traduzir o "template" -- é uma vergonha.

Dizer "um blog do Público.pt", não é sinal que tudo se deve perdoar, mas que tudo se deve exigir.

Quanto ao ineditismo nacional e os problemas que suscita na sua

elaboração(?) e manutenção, faz-me lembrar um blog, esse sim muito bom, chamado "Uninnovate". É que não se entende onde quer chegar, caro Dr. Pacheco Pereira. A ideia é má, o facto de ser do Público e se chamar "blogue" não faz dela boa, não compete com nada, concorre com coisa nenhuma e se não fosse o Abrupto, tinha dois visitantes, o "fora" e o "dentro".

(José Rui Fernandes) *

O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.

Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.

A maior parte das suas intervenções tem o toque do propagandista, a repetição até ao limite dos chavões de propaganda que ele quer fazer "passar". Confrontado com dados concretos, a começar pela acusação directa de ser responsável por casos de manipulação informativa, fugiu sempre incomodado, confirmando diante de todos a veracidade das acusações. Viu os seus números confrontados com acusações indesmentíveis, mas mesmo assim repetia-os sempre, de novo, para os fazer "passar". Esteve sempre a falar para fora, para a audiência, indiferente aos seus interlocutores que falavam para ele. Se isto se podia compreender em termos de eficácia propagandística, perdeu o efeito face ao autismo que revelava e, de novo, ao ostensivo desprezo pelos interlocutores.

Um desastre. O muito eficaz gabinete de imprensa de Costa vai ter que trabalhar muito para remediar os estragos.

*

De há muito que sou seu ouvinte nas suas intervenções públicas, embora não me situo na sua área política e, muitas vezes estou em desacordo com as suas opiniões. Mas, o meu desacordo em relação ao texto que escreveu sobre o tema em epígrafe é de tal ordem que me leva a enviar-lhe estes comentários:

• Elogia o comportamento da maioria dos autarcas esquecendo que por diversas vezes a moderadora viu-se na necessidade de os repreender e chegou mesmo a ameaçá-los com a saída da sala.

• Do seu pondo de vista os representantes da Associação dos Municípios tiveram um comportamento muito qualificado defendendo muito concreta e correctamente os seus pontos de vista. A minha avaliação é completamente o oposto. Os autarcas limitaram-se a reproduzir um conjunto de acusações, receios e conjecturas, sem qualquer demonstração baseada em dados concretos que pudessem apoiar as suas afirmações.

• Pelo contrário, o Ministro António Costa apoiou a suas afirmações com dados, refutando sistematicamente as afirmações/acusações apresentadas pelos seus oponentes.

• Na verdade, a questão de fundo como diz Vital Moreira na Causa Nossa é a seguinte:

“Sempre que um sector profissional ou uma corporação se sentem ameaçados nos seus interesses por uma reforma, logo vem a ladaínha de que "as reformas só se podem fazer com os interessados".

Trata-se, porém, de uma contradição nos termos. Como é que se pode implementar uma reforma "com os interessados", se a única coisa que os interessados querem é justamente manter o "status quo"!? É evidente que as mudanças que implicam perda de regalias ou privilégios só se podem fazer contra os interessados...”

(Carlos da Silva Simão)

*

Para já digo que sou simpatizante do PS, mas não uso "freio" e sei ver quando as coisas correm mal (caso do ministro da Economia sobre o "fim da crise"). Mas realmente os assuntos, notícias ou debates podem provocar opiniões tão distantes entre quem as(os) analisa que custa a crer que estiveram a ver/ouvir o mesmo.

No frente a frente entre António Costa e Fernando Ruas, vi de um lado um governante que se preparou com dados concretos sobre a LFL, as muitas vantagens apresentadas e as poucas ou nenhumas desvantagens que encontra. É verdade, com alguma sobranceria, dirigiu-se aos paineleiros do lado contrário.

O certo, é que por parte do líder da ANMP, Fernando Ruas, muito poucos foram os argumentos válidos e demasiado os intuitos políticos e populares (populistas); os chavões do "enfrentar das populações diariamente" , de que os autarcas não eram mentecaptos quando uma esmagadora maioria está contra a LFL. Uma forma de vitimização que já não colhe, entre os que pensam um bocadinho.

De um lado, vi um ministro a afirmar que os autarcas, tal como o Estado central e os portugueses, estão a ser sujeitos a medidas muito restrivas. Um esforço a que os municípios não se querem juntar. Como foi bem dito, os municípios não reclamam mais autonomia. Querem sim continuar a depender do Orçamento de Estado para fazerem as obras necessárias e as acessórias, mas com mais dinheiro nos cofres.

Pena foi que o presidente da ANMP, agora a trepar paredes acima pela LFL que o Governo leva por diante, andasse praticamente mudo ao tempo da Dra. Ferreira Leite, quando começaram os primeiros cortes e a LFL começou a não ser cumprida. Assim se perde a credibilidade...seja qual for o político.

Quanto ao facto de o Dr. ter notado um desprezo intelectual do ministro pelos pelos seus interlocutores, não se esqueça das intervenções públicas que v/exa. costuma protagonizar. Lembra-se de alguma vez ter dado o braço a torcer? Que me recorde, nenhuma...

(Ricardo C.)

*

Há anos que o vemos defender a necessidade de reformas no Estado para acabar com o desperdício, a inércia e a má utilização dos dinheiros públicos. É a sua conhecida posição crítica face ao Modelo Social Europeu que, desde o rendimento mínimo garantido português, até ao modelo assistencial dos banlieue de Paris, lhe têm servido para o fustigar. Diga-se em abono da verdade que, em coerência, sempre defendeu isto quer seja com governos do PS quer com governos do PSD. Há, todavia, nesta linha de pensamento doutrinário uma excepção que resulta sempre das suas análises - o Dr. António Costa, Ministro de Estado e da Administração Interna.

De facto, quando se trata da análise de políticas públicas que são ou foram da competência de António Costa, o que lhe interessa assinalar nunca é o mérito ou o valor das mesmas, mas sempre um suposto elemento obscuro e sinistro que subjaz por detrás das mesmas. Senão vejamos: Se há utilização indevida de escutas telefónicas na investigação de crimes, a culpa é de António Costa que as moldou na Lei; Se há um combate mais eficaz aos incêndios, através de maior racionalidade e economia de meios, isso não interessa nada porque a responsabilidade, pelo melhor e pelo pior, é apenas da natureza; Se um presidente de câmara afirma, perante milhões de espectadores, que não está de acordo com a amortização obrigatória de dívidas que ele próprio contraiu, a si, o que interessa realçar, é o sorriso do ministro, "malandro, não sente a dedicação às populações"; Se António Costa dá ênfase e acentua a manutenção do mesmo volume de transferências financeiras do orçamento de Estado para as autarquias, o que está ali é apenas "arrogância e superioridade moral"; Se perante essa evidência os autarcas, ainda assim, ameaçam com cortes em serviços essenciais à população, tratam-se apenas e tão só notícias fabricadas pelo ministro e nem sequer uma palavra sobre chantagem e resgate do estado perante poderes fácticos (como tanto gosta de assinalar noutras ocasiões). E os exemplos são intermináveis!

Apesar de ainda ser jovem, acompanho o seu pensamento há muitos anos, desde o tempo em que deu rosto a brilhantes análises políticas na última página do Jornal de Notícias do Porto, no início dos anos oitenta, passando pelos textos que, com João Carlos Espada, assinala a sua passagem do pensamento totalitário à democracia, às polémicas que estiveram na base do nascimento do Clube de Esquerda Liberal e por aí fora...Sempre me habituei a ver coerência no seu pensamento político, concordando uma vezes, discordando outras, mas sempre coerente. É por isso que como leitor e cidadão que lê e reflecte sobre o que diz e escreve, tenho o direito de perguntar porque é que quando se trata de António Costa as suas análises deixam de ser políticas e passam a ser uma espécie de "crónicas sociais da política". Dito de outro modo, porque é que quando se trata de António Costa em vez do José Pacheco Pereira de "1984 - A Esquerda Face ao Totalitarismo" nos aparece o Carlos Castro das "Crónicas de Mal Dizer"?

É apenas embirração pessoal?

(João Paulo Pedrosa)

PS - gostava, embora sem esperança, que este comentário fosse publicado na habitual rubrica "o abrupto feito pelos seus leitores"

*

O debate, de facto, não foi muito instrutivo… houve muito ruído de fundo, da plateia. Se calhar, talvez propositado, não sei.

Em todo o caso, pareceu-me sintomático que o Presidente da ANM e o seu acompanhante de Ílhavo se tivessem mostrado muito agastados com as declarações de Saldanha Sanches sobre as … clientelas e as responsabilidades das autarquias decorrentes da cobrança de impostos. Já agora: as autarquias são as entidades que pagam menos emolumentos (relativamente a todas a outras) pelas auditorias do Tribunal de Contas! Porquê as queixas?

Concordo consigo no que respeita à demagogia do Ministro … mas, e o que dizer do populismo de Macário Correia quanto ao facto de estar ali (no estúdio, em Lisboa) à uma e tal da manhã e, no dia seguinte, ter de estar às nove horas na CM a atender as pessoas…desde quando os Presidentes de Câmara atendem pessoas directamente às nove da manhã?

Confesso que não tenho a certeza sobre quem tem razão, embora me incline (espero não cair) para o lado da proposta do Governo

Não me esqueço, de resto, do seu combate a favor da transparência dos cargos políticos e da independência dos titulares de lugares políticos (recordo os tempos a seguir a Cavaco Silva e ao seu combate com Fernando Nogueira), sobretudo da forma como V. defendia essa independência. Ainda hoje a subscrevo, apesar de não ser eleitor do seu Partido.

Devo dizer-lhe, aliás, que tenho da gestão do seu amigo Rui Rio uma opinião favorável; desde logo, por uma posição de resistência aos lobby (escrevo à antiga) do futebol, no primeiro mandato; depois, como se tem visto nas últimas horas, em relação aos Okupas do Rivoli… e não só. Devo esclarecer que não sou eleitor do PSD, mas que me preocupo com o estado do País e, principalmente, com as manobras comunicacionais do Poder…

(Pedro Pimentel)

*

Sou um seu leitor e ouvidor regular e penso que atento. Como imaginará umas vezes discordo das susa opiniões outras vezes concordo.

Esta sua crónica sobre o ministro António Costa no "Prós e Contras" veio confirmar uma sensação que se vem arrastando há já algum tempo, quando o leio ou ouço.

Passo a explicar essa sensação . é a de que o Pacheco Pereira está a ficar muito "preso" crítica da forma não se pronunciando sobre o conteúdo.

Falando só deste caso gostaria ( ou estaria mais interessado ) em saber se está de acordo com a a proposta de lei da Finanaças Locais. Se ela melhora ou não a actual situação. E se não...quais são as suas sugestões ?

A sensação ( mais uma !) que tenho sobre os actuais debates sobre as prpostas governamentais ( todas ou quase ) é de que :

1º - Todos estão de acordo que a situação ( no ensino, na justiça, nas autarquias, etc, etc ) está mal.

2º - Todos ( aqui diria quase ! 9 estão de acordo que é preciso reformar e mudar um certo número de coisas.

3º - Mas quando se vai mudar...está quieto ó mau ! Mais vale ficar quietinho. Ou então o ministro (a) A ou B está a ser bruto e mal educado !!!

Sei que é um espírito reformador e que denuncia muitas situações que outros não têm a capacidade ou a coragem para denunciar, mas ( há sempre um mas ) quando chega a hora de agir parece-me que está a ficar "preso de movimentos" !

Possivelmente conhecerá a famosa frase muito usada no mundo da gestão empresarial : " Pior que uma má decisão é nenhuma decisão ! "

E termino contando uma história que se passou comigo quando trabalhava numa empresa americana de consultadoria de redução de custos. A companhia tinha uma série se SOP ( System Operating Procedures ), ou seja de regras operacionais que eram explicitadas a cada consultor no momento da admissão ( e davam-nos depois a respectiva versão impressa ). Nas reuniões da empresa e sempre que o Presidente estava presente havia muitos de nós que se "revoltavam" contra muitos dos SOP's. Ao que o Presidente dizia sempre :

" Meus caros ainda bem que têm ideias novas. Fico à espera que sistematizem as vossas sugestões e me proponham as alterações desejadas. Até lá continuam em vigor as actuais SOP !"

Nos 4 anos que lá trabalhei nunca ninguém acabou por apresentar novos procedimentos.

Na actual situação política do país parece que alguém começou a apresentar novos procedimentos ( eventualmente insuficientes, eventualmente com erros e defeitos ) e vai daí é ver e ouvir a oposição ( partidos e sindicatos ) a gritarem : Vá estejam quietos ! Não se altere nada !!!

(António Monteiro Pais) Hoje vai ser um dia muito interessante para perceber a governamentalização da RTP. Eles sabem que eu sei que eles sabem que é assim.A experiência do blogue do Público sobre os eventos do Rivoli é interessante de seguir, não só pelo ineditismo nacional, como pelos problemas que suscita a sua elaboração e manutenção. Parecia-me evidente, como o devia ser para quem conhece o modo como funciona a rede e os blogues, que a fórmula inicial de entrada livre sem moderação ia dar torto. Passada uma noite, foi o que se verificou e o blogue teve que mudar as regras. Só que eu leio o comunicado do Director do Público.pt e fico sem perceber quais são as novas regras:Quem é o "outrem"? Eu compreendo que do ponto de vista jornalístico o que escrevem os de "dentro" é mais importante para a construção da notícia do que o que escrevem os de "fora", mas num blogue essa hierarquia não tem sentido, tanto mais que o blogue não tem origem nos de "dentro". Até por suscitar estas questões, a experiência é interessante: saber se o blogue de um jornal se comporta como um verdadeiro blogue ou como um instrumento para "pescar" notícias para o jornal, o que aliás é perfeitamente legítimo.Já agora, ninguém sugeriu noque se fizesse um blogue para cobrir a manifestação de setenta mil pessoas que atravessou Lisboa, ou a greve dos professores em curso, eventos muito mais relevantes, embora menos "na moda", do que a "Rivolução"? E já agora não seria interessante saber que relações têm os ocupantes com a "cultura" subsidiada?O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.A maior parte das suas intervenções tem o toque do propagandista, a repetição até ao limite dos chavões de propaganda que ele quer fazer "passar". Confrontado com dados concretos, a começar pela acusação directa de ser responsável por casos de manipulação informativa, fugiu sempre incomodado, confirmando diante de todos a veracidade das acusações. Viu os seus números confrontados com acusações indesmentíveis, mas mesmo assim repetia-os sempre, de novo, para os fazer "passar". Esteve sempre a falar para fora, para a audiência, indiferente aos seus interlocutores que falavam para ele. Se isto se podia compreender em termos de eficácia propagandística, perdeu o efeito face ao autismo que revelava e, de novo, ao ostensivo desprezo pelos interlocutores.Um desastre. O muito eficaz gabinete de imprensa de Costa vai ter que trabalhar muito para remediar os estragos.

(url) © José Pacheco Pereira

LENDO

VENDO

OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 17 de Outubro de 2006

Hoje vai ser um dia muito interessante para perceber a governamentalização da RTP. Eles sabem que eu sei que eles sabem que é assim.

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A experiência do

"De forma a facilitar a leitura da situação foram criados dois “utilizadores virtuais”: um chamado Dentro do Rivoli, que se pretendia que reunisse as posições dos ocupantes do Teatro (ainda que cada post devesse ter, além dessa assinatura, uma identificação individual) e outro “utilizador virtual” chamado Fora do Rivoli, que deveria reunir as posições do público em geral.

A vantagem de criar identidades virtuais como estas e de lhes dar privilégios de membro do blog é a visibilidade dos posts – ao invés dos comentários, que apenas estão acessíveis se se clicar num link.

A desvantagem é que, ao conceder esses privilégios, se concede também a esse “utilizador virtual” a capacidade de alterar os “seus” posts – entenda-se: posts do mesmo “utilizador virtual”, que podem ser de facto de um outro utilizador individual.

Quisemos experimentar o sistema para garantir a visibilidade das mensagens de todos e por uma questão de equidade, apesar dos seus riscos, mas o que podia acontecer aconteceu: houve posts apagados ou alterados por utilizadores menos escrupulosos e com menor sentido da intervenção cívica e do debate público.

Decidimos assim anular o utilizador “Fora do Rivoli” e permitir aos visitantes deste blog apenas o recurso ao comentário dos posts de outrem." Quem é o "outrem"? Eu compreendo que do ponto de vista jornalístico o que escrevem os de "dentro" é mais importante para a construção da notícia do que o que escrevem os de "fora", mas num blogue essa hierarquia não tem sentido, tanto mais que o blogue não tem origem nos de "dentro". Até por suscitar estas questões, a experiência é interessante: saber se o blogue de um jornal se comporta como um verdadeiro blogue ou como um instrumento para "pescar" notícias para o jornal, o que aliás é perfeitamente legítimo.

Já agora, ninguém sugeriu no Público que se fizesse um blogue para cobrir a manifestação de setenta mil pessoas que atravessou Lisboa, ou a greve dos professores em curso, eventos muito mais relevantes, embora menos "na moda", do que a "Rivolução"? E já agora não seria interessante saber que relações têm os ocupantes com a "cultura" subsidiada?

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Interessantíssima, a reportagem esta manhã da TSF:

Dizia o locutor com aquele habitual ar de isenção mal disfarçado:

“A Câmara do Porto já deu os primeiros sinais de intervenção: cortou a electricidade na zona do Rivoli.”

E, na passada, sem reparar (?) no absurdo:

“Outra medida foi a de ligar o ar condicionado no máximo, havendo alguns dos ocupantes do Rivoli já com sinais de constipação”.

As novas tecnologias são fantásticas. O ar condicionado trabalha sem electricidade, e é telecomandado a partir da Câmara !

(Fernando Gomes da Costa)

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Estou boquiaberto com a invasão do Rivoli, designadamente com o destaque merecido; Mas não é só na imprensa, é no Abrupto. A ver se entendo...

Pergunta e bem julgo eu, se um praticamente não evento com 40 pessoas teria tanto destaque se não fosse de maioria BE; por razões ao que me parece, ao nível de "tentar apanhar o comboio", "estar na linha da frente", "na vanguarda tecnológica", "na moda" e outras sabe-se lá quais, uma instituição como o Público, resolve lavrar uma coisa derivativa a que chamaram blogue. E acha que é uma novidade a saudar?

Só se for por corporativismo blogosférico ou outro.

Um blogue criado nestes moldes, sobre um assunto ao nível do traque, com aspecto e conteúdo a condizer, só se for para anedotário histórico da internet lusitana daqui a meia-dúzia de anos.

E também não acho bem uma instituição como o Público, alojar blogues

(?) no Blogger, um sinal mais que evidente de amadorismo atroz. Os responsáveis do Guardian, Times, International Herald Tribune, Washington Post, New York Times, El Mundo, Libération, Le Monde...

acham o mesmo.

O jornal português cria as obras no Blogger, às três pancadas, não se dando sequer ao trabalho de traduzir o "template" -- é uma vergonha.

Dizer "um blog do Público.pt", não é sinal que tudo se deve perdoar, mas que tudo se deve exigir.

Quanto ao ineditismo nacional e os problemas que suscita na sua

elaboração(?) e manutenção, faz-me lembrar um blog, esse sim muito bom, chamado "Uninnovate". É que não se entende onde quer chegar, caro Dr. Pacheco Pereira. A ideia é má, o facto de ser do Público e se chamar "blogue" não faz dela boa, não compete com nada, concorre com coisa nenhuma e se não fosse o Abrupto, tinha dois visitantes, o "fora" e o "dentro".

(José Rui Fernandes) *

O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.

Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.

A maior parte das suas intervenções tem o toque do propagandista, a repetição até ao limite dos chavões de propaganda que ele quer fazer "passar". Confrontado com dados concretos, a começar pela acusação directa de ser responsável por casos de manipulação informativa, fugiu sempre incomodado, confirmando diante de todos a veracidade das acusações. Viu os seus números confrontados com acusações indesmentíveis, mas mesmo assim repetia-os sempre, de novo, para os fazer "passar". Esteve sempre a falar para fora, para a audiência, indiferente aos seus interlocutores que falavam para ele. Se isto se podia compreender em termos de eficácia propagandística, perdeu o efeito face ao autismo que revelava e, de novo, ao ostensivo desprezo pelos interlocutores.

Um desastre. O muito eficaz gabinete de imprensa de Costa vai ter que trabalhar muito para remediar os estragos.

*

De há muito que sou seu ouvinte nas suas intervenções públicas, embora não me situo na sua área política e, muitas vezes estou em desacordo com as suas opiniões. Mas, o meu desacordo em relação ao texto que escreveu sobre o tema em epígrafe é de tal ordem que me leva a enviar-lhe estes comentários:

• Elogia o comportamento da maioria dos autarcas esquecendo que por diversas vezes a moderadora viu-se na necessidade de os repreender e chegou mesmo a ameaçá-los com a saída da sala.

• Do seu pondo de vista os representantes da Associação dos Municípios tiveram um comportamento muito qualificado defendendo muito concreta e correctamente os seus pontos de vista. A minha avaliação é completamente o oposto. Os autarcas limitaram-se a reproduzir um conjunto de acusações, receios e conjecturas, sem qualquer demonstração baseada em dados concretos que pudessem apoiar as suas afirmações.

• Pelo contrário, o Ministro António Costa apoiou a suas afirmações com dados, refutando sistematicamente as afirmações/acusações apresentadas pelos seus oponentes.

• Na verdade, a questão de fundo como diz Vital Moreira na Causa Nossa é a seguinte:

“Sempre que um sector profissional ou uma corporação se sentem ameaçados nos seus interesses por uma reforma, logo vem a ladaínha de que "as reformas só se podem fazer com os interessados".

Trata-se, porém, de uma contradição nos termos. Como é que se pode implementar uma reforma "com os interessados", se a única coisa que os interessados querem é justamente manter o "status quo"!? É evidente que as mudanças que implicam perda de regalias ou privilégios só se podem fazer contra os interessados...”

(Carlos da Silva Simão)

*

Para já digo que sou simpatizante do PS, mas não uso "freio" e sei ver quando as coisas correm mal (caso do ministro da Economia sobre o "fim da crise"). Mas realmente os assuntos, notícias ou debates podem provocar opiniões tão distantes entre quem as(os) analisa que custa a crer que estiveram a ver/ouvir o mesmo.

No frente a frente entre António Costa e Fernando Ruas, vi de um lado um governante que se preparou com dados concretos sobre a LFL, as muitas vantagens apresentadas e as poucas ou nenhumas desvantagens que encontra. É verdade, com alguma sobranceria, dirigiu-se aos paineleiros do lado contrário.

O certo, é que por parte do líder da ANMP, Fernando Ruas, muito poucos foram os argumentos válidos e demasiado os intuitos políticos e populares (populistas); os chavões do "enfrentar das populações diariamente" , de que os autarcas não eram mentecaptos quando uma esmagadora maioria está contra a LFL. Uma forma de vitimização que já não colhe, entre os que pensam um bocadinho.

De um lado, vi um ministro a afirmar que os autarcas, tal como o Estado central e os portugueses, estão a ser sujeitos a medidas muito restrivas. Um esforço a que os municípios não se querem juntar. Como foi bem dito, os municípios não reclamam mais autonomia. Querem sim continuar a depender do Orçamento de Estado para fazerem as obras necessárias e as acessórias, mas com mais dinheiro nos cofres.

Pena foi que o presidente da ANMP, agora a trepar paredes acima pela LFL que o Governo leva por diante, andasse praticamente mudo ao tempo da Dra. Ferreira Leite, quando começaram os primeiros cortes e a LFL começou a não ser cumprida. Assim se perde a credibilidade...seja qual for o político.

Quanto ao facto de o Dr. ter notado um desprezo intelectual do ministro pelos pelos seus interlocutores, não se esqueça das intervenções públicas que v/exa. costuma protagonizar. Lembra-se de alguma vez ter dado o braço a torcer? Que me recorde, nenhuma...

(Ricardo C.)

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Há anos que o vemos defender a necessidade de reformas no Estado para acabar com o desperdício, a inércia e a má utilização dos dinheiros públicos. É a sua conhecida posição crítica face ao Modelo Social Europeu que, desde o rendimento mínimo garantido português, até ao modelo assistencial dos banlieue de Paris, lhe têm servido para o fustigar. Diga-se em abono da verdade que, em coerência, sempre defendeu isto quer seja com governos do PS quer com governos do PSD. Há, todavia, nesta linha de pensamento doutrinário uma excepção que resulta sempre das suas análises - o Dr. António Costa, Ministro de Estado e da Administração Interna.

De facto, quando se trata da análise de políticas públicas que são ou foram da competência de António Costa, o que lhe interessa assinalar nunca é o mérito ou o valor das mesmas, mas sempre um suposto elemento obscuro e sinistro que subjaz por detrás das mesmas. Senão vejamos: Se há utilização indevida de escutas telefónicas na investigação de crimes, a culpa é de António Costa que as moldou na Lei; Se há um combate mais eficaz aos incêndios, através de maior racionalidade e economia de meios, isso não interessa nada porque a responsabilidade, pelo melhor e pelo pior, é apenas da natureza; Se um presidente de câmara afirma, perante milhões de espectadores, que não está de acordo com a amortização obrigatória de dívidas que ele próprio contraiu, a si, o que interessa realçar, é o sorriso do ministro, "malandro, não sente a dedicação às populações"; Se António Costa dá ênfase e acentua a manutenção do mesmo volume de transferências financeiras do orçamento de Estado para as autarquias, o que está ali é apenas "arrogância e superioridade moral"; Se perante essa evidência os autarcas, ainda assim, ameaçam com cortes em serviços essenciais à população, tratam-se apenas e tão só notícias fabricadas pelo ministro e nem sequer uma palavra sobre chantagem e resgate do estado perante poderes fácticos (como tanto gosta de assinalar noutras ocasiões). E os exemplos são intermináveis!

Apesar de ainda ser jovem, acompanho o seu pensamento há muitos anos, desde o tempo em que deu rosto a brilhantes análises políticas na última página do Jornal de Notícias do Porto, no início dos anos oitenta, passando pelos textos que, com João Carlos Espada, assinala a sua passagem do pensamento totalitário à democracia, às polémicas que estiveram na base do nascimento do Clube de Esquerda Liberal e por aí fora...Sempre me habituei a ver coerência no seu pensamento político, concordando uma vezes, discordando outras, mas sempre coerente. É por isso que como leitor e cidadão que lê e reflecte sobre o que diz e escreve, tenho o direito de perguntar porque é que quando se trata de António Costa as suas análises deixam de ser políticas e passam a ser uma espécie de "crónicas sociais da política". Dito de outro modo, porque é que quando se trata de António Costa em vez do José Pacheco Pereira de "1984 - A Esquerda Face ao Totalitarismo" nos aparece o Carlos Castro das "Crónicas de Mal Dizer"?

É apenas embirração pessoal?

(João Paulo Pedrosa)

PS - gostava, embora sem esperança, que este comentário fosse publicado na habitual rubrica "o abrupto feito pelos seus leitores"

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O debate, de facto, não foi muito instrutivo… houve muito ruído de fundo, da plateia. Se calhar, talvez propositado, não sei.

Em todo o caso, pareceu-me sintomático que o Presidente da ANM e o seu acompanhante de Ílhavo se tivessem mostrado muito agastados com as declarações de Saldanha Sanches sobre as … clientelas e as responsabilidades das autarquias decorrentes da cobrança de impostos. Já agora: as autarquias são as entidades que pagam menos emolumentos (relativamente a todas a outras) pelas auditorias do Tribunal de Contas! Porquê as queixas?

Concordo consigo no que respeita à demagogia do Ministro … mas, e o que dizer do populismo de Macário Correia quanto ao facto de estar ali (no estúdio, em Lisboa) à uma e tal da manhã e, no dia seguinte, ter de estar às nove horas na CM a atender as pessoas…desde quando os Presidentes de Câmara atendem pessoas directamente às nove da manhã?

Confesso que não tenho a certeza sobre quem tem razão, embora me incline (espero não cair) para o lado da proposta do Governo

Não me esqueço, de resto, do seu combate a favor da transparência dos cargos políticos e da independência dos titulares de lugares políticos (recordo os tempos a seguir a Cavaco Silva e ao seu combate com Fernando Nogueira), sobretudo da forma como V. defendia essa independência. Ainda hoje a subscrevo, apesar de não ser eleitor do seu Partido.

Devo dizer-lhe, aliás, que tenho da gestão do seu amigo Rui Rio uma opinião favorável; desde logo, por uma posição de resistência aos lobby (escrevo à antiga) do futebol, no primeiro mandato; depois, como se tem visto nas últimas horas, em relação aos Okupas do Rivoli… e não só. Devo esclarecer que não sou eleitor do PSD, mas que me preocupo com o estado do País e, principalmente, com as manobras comunicacionais do Poder…

(Pedro Pimentel)

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Sou um seu leitor e ouvidor regular e penso que atento. Como imaginará umas vezes discordo das susa opiniões outras vezes concordo.

Esta sua crónica sobre o ministro António Costa no "Prós e Contras" veio confirmar uma sensação que se vem arrastando há já algum tempo, quando o leio ou ouço.

Passo a explicar essa sensação . é a de que o Pacheco Pereira está a ficar muito "preso" crítica da forma não se pronunciando sobre o conteúdo.

Falando só deste caso gostaria ( ou estaria mais interessado ) em saber se está de acordo com a a proposta de lei da Finanaças Locais. Se ela melhora ou não a actual situação. E se não...quais são as suas sugestões ?

A sensação ( mais uma !) que tenho sobre os actuais debates sobre as prpostas governamentais ( todas ou quase ) é de que :

1º - Todos estão de acordo que a situação ( no ensino, na justiça, nas autarquias, etc, etc ) está mal.

2º - Todos ( aqui diria quase ! 9 estão de acordo que é preciso reformar e mudar um certo número de coisas.

3º - Mas quando se vai mudar...está quieto ó mau ! Mais vale ficar quietinho. Ou então o ministro (a) A ou B está a ser bruto e mal educado !!!

Sei que é um espírito reformador e que denuncia muitas situações que outros não têm a capacidade ou a coragem para denunciar, mas ( há sempre um mas ) quando chega a hora de agir parece-me que está a ficar "preso de movimentos" !

Possivelmente conhecerá a famosa frase muito usada no mundo da gestão empresarial : " Pior que uma má decisão é nenhuma decisão ! "

E termino contando uma história que se passou comigo quando trabalhava numa empresa americana de consultadoria de redução de custos. A companhia tinha uma série se SOP ( System Operating Procedures ), ou seja de regras operacionais que eram explicitadas a cada consultor no momento da admissão ( e davam-nos depois a respectiva versão impressa ). Nas reuniões da empresa e sempre que o Presidente estava presente havia muitos de nós que se "revoltavam" contra muitos dos SOP's. Ao que o Presidente dizia sempre :

" Meus caros ainda bem que têm ideias novas. Fico à espera que sistematizem as vossas sugestões e me proponham as alterações desejadas. Até lá continuam em vigor as actuais SOP !"

Nos 4 anos que lá trabalhei nunca ninguém acabou por apresentar novos procedimentos.

Na actual situação política do país parece que alguém começou a apresentar novos procedimentos ( eventualmente insuficientes, eventualmente com erros e defeitos ) e vai daí é ver e ouvir a oposição ( partidos e sindicatos ) a gritarem : Vá estejam quietos ! Não se altere nada !!!

(António Monteiro Pais) Hoje vai ser um dia muito interessante para perceber a governamentalização da RTP. Eles sabem que eu sei que eles sabem que é assim.A experiência do blogue do Público sobre os eventos do Rivoli é interessante de seguir, não só pelo ineditismo nacional, como pelos problemas que suscita a sua elaboração e manutenção. Parecia-me evidente, como o devia ser para quem conhece o modo como funciona a rede e os blogues, que a fórmula inicial de entrada livre sem moderação ia dar torto. Passada uma noite, foi o que se verificou e o blogue teve que mudar as regras. Só que eu leio o comunicado do Director do Público.pt e fico sem perceber quais são as novas regras:Quem é o "outrem"? Eu compreendo que do ponto de vista jornalístico o que escrevem os de "dentro" é mais importante para a construção da notícia do que o que escrevem os de "fora", mas num blogue essa hierarquia não tem sentido, tanto mais que o blogue não tem origem nos de "dentro". Até por suscitar estas questões, a experiência é interessante: saber se o blogue de um jornal se comporta como um verdadeiro blogue ou como um instrumento para "pescar" notícias para o jornal, o que aliás é perfeitamente legítimo.Já agora, ninguém sugeriu noque se fizesse um blogue para cobrir a manifestação de setenta mil pessoas que atravessou Lisboa, ou a greve dos professores em curso, eventos muito mais relevantes, embora menos "na moda", do que a "Rivolução"? E já agora não seria interessante saber que relações têm os ocupantes com a "cultura" subsidiada?O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.A maior parte das suas intervenções tem o toque do propagandista, a repetição até ao limite dos chavões de propaganda que ele quer fazer "passar". Confrontado com dados concretos, a começar pela acusação directa de ser responsável por casos de manipulação informativa, fugiu sempre incomodado, confirmando diante de todos a veracidade das acusações. Viu os seus números confrontados com acusações indesmentíveis, mas mesmo assim repetia-os sempre, de novo, para os fazer "passar". Esteve sempre a falar para fora, para a audiência, indiferente aos seus interlocutores que falavam para ele. Se isto se podia compreender em termos de eficácia propagandística, perdeu o efeito face ao autismo que revelava e, de novo, ao ostensivo desprezo pelos interlocutores.Um desastre. O muito eficaz gabinete de imprensa de Costa vai ter que trabalhar muito para remediar os estragos.

(url) © José Pacheco Pereira

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