Do Portugal Profundo: Os dias e os louros

01-09-2020
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A reforma do sistema político português é uma miragem no deserto moral em que Portugal desidrata. Há diferenças de grau, mas a natureza não muda. Passa o tempo, mas não deixo passar o inaceitável elogio público do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a Dias Loureiro, em 30-4-2015, em Aguiar da Beira:

«O Manel Dias Loureiro, que há pouco vi aqui, e que ainda não tinha visto, e que cumprimento de uma forma muito amiga e muito especial, é um homem, que é aqui de Aguiar da Beira, mas que conheceu mundo. É um empresário bem-sucedido, viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos chegar longe, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos.» (Transcrição minha - a do Expresso está incompleta).
Uma vergonha.

Não há favor passado, eventualmente de financiamento eleitoral, que justifique estas palavras. Dias Loureiro ainda é arguido num processo entretanto autonomizado do caso BPN (desde julho de 2009!), que, segundo o DN, de 6-5-2015, a anterior coordenadora do DCIAP, Dra. Cândida Almeida, reteve, até ao fim do seu consulado, naquele departamento em vez de o enviar para investigação da Polícia Judiciária.

Homem ligado ao financiamento eleitoral no PSD, enquanto secretário-geral do partido e depois, ministro da Administração Interna ensombrado depois pela sua ligação ao negócio do SIRESP, mais tarde conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva, quiçá em reconhecimento de apoio no financiamento das suas campanhas eleitorais, Manuel Dias Loureiro migrou descaradamente para o apoio público (veja-se o elogio «fervoroso» no lançamento de «O menino de ouro do PS», em 30-6-2008) ao amigo forjado nessas, e noutras, covas da Beira, José Sócrates, parceiro e protetor, com quem partilhava o advogado Daniel Proença de Carvalho, até recuar para Cabo Verde e Luanda.

Limitação de responsabilidade (disclaimer): Manuel Dias Loureiro, arguido desde julho de 2009, em processo conexo ao caso BPN, objeto das notícias dos média que comento, goza do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

A reforma do sistema político português é uma miragem no deserto moral em que Portugal desidrata. Há diferenças de grau, mas a natureza não muda. Passa o tempo, mas não deixo passar o inaceitável elogio público do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a Dias Loureiro, em 30-4-2015, em Aguiar da Beira:

«O Manel Dias Loureiro, que há pouco vi aqui, e que ainda não tinha visto, e que cumprimento de uma forma muito amiga e muito especial, é um homem, que é aqui de Aguiar da Beira, mas que conheceu mundo. É um empresário bem-sucedido, viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos chegar longe, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos.» (Transcrição minha - a do Expresso está incompleta).
Uma vergonha.

Não há favor passado, eventualmente de financiamento eleitoral, que justifique estas palavras. Dias Loureiro ainda é arguido num processo entretanto autonomizado do caso BPN (desde julho de 2009!), que, segundo o DN, de 6-5-2015, a anterior coordenadora do DCIAP, Dra. Cândida Almeida, reteve, até ao fim do seu consulado, naquele departamento em vez de o enviar para investigação da Polícia Judiciária.

Homem ligado ao financiamento eleitoral no PSD, enquanto secretário-geral do partido e depois, ministro da Administração Interna ensombrado depois pela sua ligação ao negócio do SIRESP, mais tarde conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva, quiçá em reconhecimento de apoio no financiamento das suas campanhas eleitorais, Manuel Dias Loureiro migrou descaradamente para o apoio público (veja-se o elogio «fervoroso» no lançamento de «O menino de ouro do PS», em 30-6-2008) ao amigo forjado nessas, e noutras, covas da Beira, José Sócrates, parceiro e protetor, com quem partilhava o advogado Daniel Proença de Carvalho, até recuar para Cabo Verde e Luanda.

Limitação de responsabilidade (disclaimer): Manuel Dias Loureiro, arguido desde julho de 2009, em processo conexo ao caso BPN, objeto das notícias dos média que comento, goza do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

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