Nesta hora: Poemas de Natal (10)

07-05-2020
marcar artigo


A Luísa optou por uma mensagem da autoria de Manuel Alegre.NATALAcontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.Era gente a correr pela música acima.Uma onda uma festa. Palavras a saltar.Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.Guitarras guitarras. Ou talvez mar.E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.No teu ritmo nos teus ritos.No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.No teu sol acontecia.Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).Todo o tempo num só tempo: andamentode poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.Na cidade lavada pela chuva. Em cada curvaacontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turvana cidade agitada pelo vento.Natal Natal (diziam). E acontecia.Como se fosse na palavra a rosa bravaacontecia. E era Dezembro que floria.Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.E era na lava a rosa e a palavra.Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.Manuel Alegre, Coisa Amar (1976)


A Luísa optou por uma mensagem da autoria de Manuel Alegre.NATALAcontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.Era gente a correr pela música acima.Uma onda uma festa. Palavras a saltar.Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.Guitarras guitarras. Ou talvez mar.E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.No teu ritmo nos teus ritos.No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.No teu sol acontecia.Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).Todo o tempo num só tempo: andamentode poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.Na cidade lavada pela chuva. Em cada curvaacontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turvana cidade agitada pelo vento.Natal Natal (diziam). E acontecia.Como se fosse na palavra a rosa bravaacontecia. E era Dezembro que floria.Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.E era na lava a rosa e a palavra.Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.Manuel Alegre, Coisa Amar (1976)

marcar artigo