"Soure sabe que tenho vida para além da política"

08-03-2020
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(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

A sua mudança é a maior supresa das autárquicas. A região e o país estão atentos.

Por que mudou de partido?

Em primeiro lugar, eu não mudei de partido. Eu era, habitualmente, candidato pelo PSD, mas sempre com uma linguagem muito clara, dizendo aos munícipes que não deveriam eleger emblemas, mas tudo fazer para que a sua escolha recaísse em propostas programáticas e, acima de tudo, em pessoas que lhes incutissem confiança de terem capacidade para realizá-las. A esse nível, continuo igual a mim próprio. Aliás, as nossas bases programáticas continuam iguais e nós continuamos sociais-democratas…

Pelos vistos, essa social-democracia mora agora no PS…

Tal como expliquei, a 12 de Maio, aceitei ser candidato independente pelo PS, na sequência de um encontro entre a minha vontade pessoal e a de dirigentes distritais e nacionais do PS.

Como explica essa vontade pessoal?

É simples: não me revejo minimamente na orientação política e nos que têm a responsabilidade do partido, no pós-legislativas. Isto a nível nacional, porque, como é sabido, em momento algum tinha manifestado confiança na liderança distrital.

O que pode ganhar Soure com a sua mudança?

Nunca esteve em cima da mesa qualquer perspectiva de, a título pessoal, acertar o que quer que fosse. E tenho para mim que os responsáveis nacionais do PS não perderão o sentido de Estado e que, por isso, Soure não deve ter quaisquer vantagens comparativas apenas porque houve uma mudança de candidaturas. Mas procurarei manter, com o governo do PS, as mesmas relações institucionais que tive com o anterior governo de Portugal, liderado pelo dr. Santana Lopes.

Mas admite a confusão que causou...

O que sei é que não confunde nem preocupa os munícipes sourenses, que, na sua esmagadora maioria, sabem que tenho tido uma postura municipal, de gestão, praticamente insensível a partidos políticos. É gente que sabe que não sou um partidocrata, que tenho um currículo profissional, que tenho vida para além da política, que não estou dependente de nomeações.

Que há por fazer, em Soure…

Não se trata de coisas por fazer, mas apenas de dar sequência ao que já foi ou está a ser feito. Por exemplo, em termos de educação, depois da nova EB 2,3 e do pavilhão, tivemos agora a nova Secundária. Mas fomos mais longe e fizemos crescer a vila, urbanisticamente e em segurança, para evitar que a nova escola ficasse numa cova. Mais: todos os anos fazemos algo, nas 31 escolas do ensino básico e nos 13 jardins--de-infância, no alargamento da rede de apoio à família e na disponibilização dos equipamentos desportivos para actividades educativas. Depois, falando do abastecimento público de água, temos cobertura a 100 por cento com um sistema assente em 13 sub-

-sistemas, em que 11 há pelo menos duas captações…

Foi por isso que não aderiram ao sistema multimunicipal?

Não. Sucede que a proposta que nos foi apresentada, em que há claramente uma câmara a ganhar, a de Coimbra, e depois outras que perderiam sempre. Basta ver que, em Soure, a subscrição para adesão e a realização de capital daria quase para resolver toda a rede de saneamento básico. Pior: a renda mensal, por abastecimento de água e tratamento de efluentes, era praticamente o dobro do que cobramos aos munícipes.

Por que não reagiu à polémica do Crédito Agrícola?

Do que li e me contaram, não me consta que alguém me tenha acusado de ter algo a ver com uma alegada menor saúde financeira do Crédito Agrícola, nos balcões de Soure, Condeixa e Penela. Por isso e porque não enfio carapuças, mantive-me calado, de consciência tranquila. Mas percebi o desnorte dos que julgaram ter encontrado qualquer coisa contra mim, embora sem falar no meu nome. Hoje, penso que é claro que a actividade bancária não deve ter nada a ver com a política. Quanto ao processo de fusão, saliento que é normal, num sistema competitivo, e que foi votado por esmagadora maioria dos associados, mesmo depois das insinuações. Agora, o que lamento é a enorme irresponsabilidade de dirigentes políticos, que atacam uma instituição bancária. Penso que as responsabilidades devem ser apuradas, em sede própria, e estou convencido que a entidade bancária e os seus serviços jurídicos agirão em conformidade.

Acusam-no, também, de ter desfeito o PSD concelhio…

Nos últimos oito anos, o presidente da comissão política da secção de Soure do PSD foi o prof. Fernando Martinho – salvo erro, candidato a vereador pelo PSD. É verdade que, há uns meses, houve uma eleição em que ele passava a presidente da mesa e eu da comissão política. Só que nunca chegámos a formalizar a posse. Deu-se até o caso de termos pedido a uma antiga companheira, gestora e contabilista e hoje candidata à Junta de Tapeus, para recuperar as contas do prof. Martinho. Ela fê-lo e há mais de dois meses que insiste em passá-las. Por isso, o que se diz por aí é uma calúnia incompreensível.

Como avalia as críticas do PSD aos seus mandatos?

Bom, se eu fosse candidato pelo PSD, quem agora critica estaria a bater palmas ou a disponibilizar-se para um qualquer lugar nas minhas listas. Quanto às críticas, apesar de muito genéricas, elas revelam um profundo desconhecimento da realidade do concelho e, nalguns casos, vão mesmo recuperar coisas do passado, ditas pelos que eram, então, a minha oposição. Algumas até fazem sentido, como por exemplo a crítica à existência, ainda, de um bairro social à entrada da vila. Mas é preciso ver que é uma situação juridicamente complexa, em que aparecem pessoas que pensam ter o direito de ali continuar até morrerem. Os estudos estão feitos e daremos oportunidade às famílias de saírem, mas de motu próprio e nunca com máquinas a deitar abaixo.

Mas há também os que, no PS, rejeitam a sua candidatura e a sua equipa…

(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

A sua mudança é a maior supresa das autárquicas. A região e o país estão atentos.

Por que mudou de partido?

Em primeiro lugar, eu não mudei de partido. Eu era, habitualmente, candidato pelo PSD, mas sempre com uma linguagem muito clara, dizendo aos munícipes que não deveriam eleger emblemas, mas tudo fazer para que a sua escolha recaísse em propostas programáticas e, acima de tudo, em pessoas que lhes incutissem confiança de terem capacidade para realizá-las. A esse nível, continuo igual a mim próprio. Aliás, as nossas bases programáticas continuam iguais e nós continuamos sociais-democratas…

Pelos vistos, essa social-democracia mora agora no PS…

Tal como expliquei, a 12 de Maio, aceitei ser candidato independente pelo PS, na sequência de um encontro entre a minha vontade pessoal e a de dirigentes distritais e nacionais do PS.

Como explica essa vontade pessoal?

É simples: não me revejo minimamente na orientação política e nos que têm a responsabilidade do partido, no pós-legislativas. Isto a nível nacional, porque, como é sabido, em momento algum tinha manifestado confiança na liderança distrital.

O que pode ganhar Soure com a sua mudança?

Nunca esteve em cima da mesa qualquer perspectiva de, a título pessoal, acertar o que quer que fosse. E tenho para mim que os responsáveis nacionais do PS não perderão o sentido de Estado e que, por isso, Soure não deve ter quaisquer vantagens comparativas apenas porque houve uma mudança de candidaturas. Mas procurarei manter, com o governo do PS, as mesmas relações institucionais que tive com o anterior governo de Portugal, liderado pelo dr. Santana Lopes.

Mas admite a confusão que causou...

O que sei é que não confunde nem preocupa os munícipes sourenses, que, na sua esmagadora maioria, sabem que tenho tido uma postura municipal, de gestão, praticamente insensível a partidos políticos. É gente que sabe que não sou um partidocrata, que tenho um currículo profissional, que tenho vida para além da política, que não estou dependente de nomeações.

Que há por fazer, em Soure…

Não se trata de coisas por fazer, mas apenas de dar sequência ao que já foi ou está a ser feito. Por exemplo, em termos de educação, depois da nova EB 2,3 e do pavilhão, tivemos agora a nova Secundária. Mas fomos mais longe e fizemos crescer a vila, urbanisticamente e em segurança, para evitar que a nova escola ficasse numa cova. Mais: todos os anos fazemos algo, nas 31 escolas do ensino básico e nos 13 jardins--de-infância, no alargamento da rede de apoio à família e na disponibilização dos equipamentos desportivos para actividades educativas. Depois, falando do abastecimento público de água, temos cobertura a 100 por cento com um sistema assente em 13 sub-

-sistemas, em que 11 há pelo menos duas captações…

Foi por isso que não aderiram ao sistema multimunicipal?

Não. Sucede que a proposta que nos foi apresentada, em que há claramente uma câmara a ganhar, a de Coimbra, e depois outras que perderiam sempre. Basta ver que, em Soure, a subscrição para adesão e a realização de capital daria quase para resolver toda a rede de saneamento básico. Pior: a renda mensal, por abastecimento de água e tratamento de efluentes, era praticamente o dobro do que cobramos aos munícipes.

Por que não reagiu à polémica do Crédito Agrícola?

Do que li e me contaram, não me consta que alguém me tenha acusado de ter algo a ver com uma alegada menor saúde financeira do Crédito Agrícola, nos balcões de Soure, Condeixa e Penela. Por isso e porque não enfio carapuças, mantive-me calado, de consciência tranquila. Mas percebi o desnorte dos que julgaram ter encontrado qualquer coisa contra mim, embora sem falar no meu nome. Hoje, penso que é claro que a actividade bancária não deve ter nada a ver com a política. Quanto ao processo de fusão, saliento que é normal, num sistema competitivo, e que foi votado por esmagadora maioria dos associados, mesmo depois das insinuações. Agora, o que lamento é a enorme irresponsabilidade de dirigentes políticos, que atacam uma instituição bancária. Penso que as responsabilidades devem ser apuradas, em sede própria, e estou convencido que a entidade bancária e os seus serviços jurídicos agirão em conformidade.

Acusam-no, também, de ter desfeito o PSD concelhio…

Nos últimos oito anos, o presidente da comissão política da secção de Soure do PSD foi o prof. Fernando Martinho – salvo erro, candidato a vereador pelo PSD. É verdade que, há uns meses, houve uma eleição em que ele passava a presidente da mesa e eu da comissão política. Só que nunca chegámos a formalizar a posse. Deu-se até o caso de termos pedido a uma antiga companheira, gestora e contabilista e hoje candidata à Junta de Tapeus, para recuperar as contas do prof. Martinho. Ela fê-lo e há mais de dois meses que insiste em passá-las. Por isso, o que se diz por aí é uma calúnia incompreensível.

Como avalia as críticas do PSD aos seus mandatos?

Bom, se eu fosse candidato pelo PSD, quem agora critica estaria a bater palmas ou a disponibilizar-se para um qualquer lugar nas minhas listas. Quanto às críticas, apesar de muito genéricas, elas revelam um profundo desconhecimento da realidade do concelho e, nalguns casos, vão mesmo recuperar coisas do passado, ditas pelos que eram, então, a minha oposição. Algumas até fazem sentido, como por exemplo a crítica à existência, ainda, de um bairro social à entrada da vila. Mas é preciso ver que é uma situação juridicamente complexa, em que aparecem pessoas que pensam ter o direito de ali continuar até morrerem. Os estudos estão feitos e daremos oportunidade às famílias de saírem, mas de motu próprio e nunca com máquinas a deitar abaixo.

Mas há também os que, no PS, rejeitam a sua candidatura e a sua equipa…

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