Lisboa resgatou 5 milhões de refeições do lixo no ano passado

28-02-2020
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Atualmente, as 24 freguesias de Lisboa estão envolvidas no combate ao desperdício alimentar através das mais de uma centena de entidades que se associaram ao Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar. A criação de uma rede que identificasse, simultaneamente, as carências alimentares na cidade e os recursos disponíveis era uma das principais missões desta iniciativa da autarquia lisboeta. Ao mapear os locais com refeições excedentárias e as instituições de solidariedade com necessidades alimentares tornou-se mais fácil fazer a ligação entre a oferta e a procura, diminuindo o desperdício alimentar na cidade.

Ao fim de quase três anos de atividade, o Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar chega agora ao fim. A apresentação do relatório final das suas atividades está agendada para as 11 da manhã de hoje na sede do Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa.

Após a extinção do Comissariado, e ainda durante este mês, deverá ser associada à linha telefónica da Câmara Municipal a missão de aceitar a inscrição de voluntários disponíveis para o combate ao desperdício alimentar e o encaminhamento de refeições doadas que resultem, por exemplo, das sobras de um grande evento ou de uma festa de aniversário. Também será possível obter informação presencialmente ou online.

Em associação com a FAO, o organismo das Nações Unidas para a alimentação e agricultura, irá realizar-se uma conferência internacional sobre o desperdício alimentar onde estará em destaque a experiência do Comissariado. “Segurança Alimentar e Estratégias Nutricionais” será o tema do encontro agendado para 26 de junho na Fundação Cidade de Lisboa, no Campo Grande. A FAO já considerou Lisboa um exemplo no combate ao desperdício.

A FORÇA DO VOLUNTARIADO

As 114 entidades que combatem o desperdício alimentar e se associaram à rede estão distribuídas pelas 24 freguesias de Lisboa. Cada uma destas freguesias tem, agora, um núcleo capaz de agilizar a troca de informação entre os doadores de alimentos, as instituições que os recolhem e as famílias que deles beneficiam a nível local. No ano passado, foram apoiadas cerca de 6500 famílias em Lisboa. O Banco Alimentar Contra a Fome, a Comunidade Vida e Paz, a Re-Food, o CASA, o Exército de Salvação, a Comunidade Islâmica ou o Centro Social Paroquial de S. Jorge de Arroios são algumas das entidades parceiras da iniciativa.

A segurança alimentar foi outro dos pilares do Comissariado, em estreita colaboração com a ASAE, que continuará a colaborar na formação dos técnicos das instituições que recolhem, armazenam e distribuem refeições excedentárias. Também os voluntários continuarão a ter acesso a formação oferecida pela autarquia e estará disponível para todos os interessados o Guia do Voluntariado para o Combate ao Desperdício, que inclui a designação do perfil e tarefas do voluntário, além de linhas de orientação para quem estará no terreno. Afinal, uma grande parte das refeições são resgatadas por voluntários, cerca de 7 mil colaboram com as entidades associadas ao combate ao desperdício na cidade.

Em novembro do ano passado, a exposição fotográfica Vontade de Sobra – 24 Horas com os Voluntários que combatem o desperdício alimentar em Lisboa mostrava, em 38 imagens expostas no Rossio, a rotina dos voluntários. As fotografias foram captadas pelos fotojornalistas da VISÃO e a iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o Alto Patrocínio da Presidência da República.

19 MIL REFEIÇÕES SALVAS POR DIA

Do lado dos doadores de refeições, entre os quais estão restaurantes, hotéis ou supermercados, o Comissariado estabeleceu parcerias com instituições como a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) ou a Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares (ANCIPA).

Concluído o mapeamento das organizações que contribuem para o combate ao desperdício alimentar, o Comissariado espera que os dados possam ser usados para a georreferenciação dos locais na página de internet da autarquia ou numa aplicação móvel, mas não é ainda claro que uso será dado à informação.

O Comissariado previa a criação do Observatório do Desperdício Alimentar, mas a intenção do atual Governo de criar uma instituição semelhante a nível nacional levou à desistência do projeto para evitar a duplicação de instituições.

Sempre numa perspetiva de facilitador, o Comissariado ajudou a desbloquear questões burocráticas e contribuiu para a cedência de instalações ou realização de obras em locais dedicados ao resgate de refeições.

Com quase 19 mil refeições “salvas” por dia, num total de 4,9 milhões de refeições resgatadas no ano passado (cerca de 7 milhões nos últimos dois anos), a missão do Comissariado chega ao fim, mas o combate ao desperdício alimentar continuará. “Com a rede de combate ao desperdício alargada a toda a cidade a missão do Comissariado está cumprida, mas este combate não começou com esta iniciativa nem termina neste momento. É um trabalho que nunca está finalizado”, explica o Comissário Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar, o vereador João Gonçalves Pereira, à VISÃO.

Sem orçamento próprio, o papel do Comissariado era o de agilizar o contacto entre as diversas organizações capazes de contribuírem para o combate ao desperdício alimentar na cidade. Proposto pelos vereadores João Gonçalves Pereira (CDS) e João Afonso (Cidadãos Por Lisboa), em 2014, o Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar mereceu a aprovação unânime de todos os partidos políticos representados na autarquia. Com a extinção do Comissariado a rede criada fica, agora, dependente do pelouro dos Direitos Sociais.

Além do Comissário Municipal, João Gonçalves Pereira, também estarão presentes na apresentação do relatório final de atividades o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso, a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet e o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amando.

Diariamente, cerca de 50 mil refeições são deitadas ao lixo em Portugal. Um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente no País, o equivalente a 132 quilos por cada português.

Atualmente, as 24 freguesias de Lisboa estão envolvidas no combate ao desperdício alimentar através das mais de uma centena de entidades que se associaram ao Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar. A criação de uma rede que identificasse, simultaneamente, as carências alimentares na cidade e os recursos disponíveis era uma das principais missões desta iniciativa da autarquia lisboeta. Ao mapear os locais com refeições excedentárias e as instituições de solidariedade com necessidades alimentares tornou-se mais fácil fazer a ligação entre a oferta e a procura, diminuindo o desperdício alimentar na cidade.

Ao fim de quase três anos de atividade, o Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar chega agora ao fim. A apresentação do relatório final das suas atividades está agendada para as 11 da manhã de hoje na sede do Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa.

Após a extinção do Comissariado, e ainda durante este mês, deverá ser associada à linha telefónica da Câmara Municipal a missão de aceitar a inscrição de voluntários disponíveis para o combate ao desperdício alimentar e o encaminhamento de refeições doadas que resultem, por exemplo, das sobras de um grande evento ou de uma festa de aniversário. Também será possível obter informação presencialmente ou online.

Em associação com a FAO, o organismo das Nações Unidas para a alimentação e agricultura, irá realizar-se uma conferência internacional sobre o desperdício alimentar onde estará em destaque a experiência do Comissariado. “Segurança Alimentar e Estratégias Nutricionais” será o tema do encontro agendado para 26 de junho na Fundação Cidade de Lisboa, no Campo Grande. A FAO já considerou Lisboa um exemplo no combate ao desperdício.

A FORÇA DO VOLUNTARIADO

As 114 entidades que combatem o desperdício alimentar e se associaram à rede estão distribuídas pelas 24 freguesias de Lisboa. Cada uma destas freguesias tem, agora, um núcleo capaz de agilizar a troca de informação entre os doadores de alimentos, as instituições que os recolhem e as famílias que deles beneficiam a nível local. No ano passado, foram apoiadas cerca de 6500 famílias em Lisboa. O Banco Alimentar Contra a Fome, a Comunidade Vida e Paz, a Re-Food, o CASA, o Exército de Salvação, a Comunidade Islâmica ou o Centro Social Paroquial de S. Jorge de Arroios são algumas das entidades parceiras da iniciativa.

A segurança alimentar foi outro dos pilares do Comissariado, em estreita colaboração com a ASAE, que continuará a colaborar na formação dos técnicos das instituições que recolhem, armazenam e distribuem refeições excedentárias. Também os voluntários continuarão a ter acesso a formação oferecida pela autarquia e estará disponível para todos os interessados o Guia do Voluntariado para o Combate ao Desperdício, que inclui a designação do perfil e tarefas do voluntário, além de linhas de orientação para quem estará no terreno. Afinal, uma grande parte das refeições são resgatadas por voluntários, cerca de 7 mil colaboram com as entidades associadas ao combate ao desperdício na cidade.

Em novembro do ano passado, a exposição fotográfica Vontade de Sobra – 24 Horas com os Voluntários que combatem o desperdício alimentar em Lisboa mostrava, em 38 imagens expostas no Rossio, a rotina dos voluntários. As fotografias foram captadas pelos fotojornalistas da VISÃO e a iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o Alto Patrocínio da Presidência da República.

19 MIL REFEIÇÕES SALVAS POR DIA

Do lado dos doadores de refeições, entre os quais estão restaurantes, hotéis ou supermercados, o Comissariado estabeleceu parcerias com instituições como a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) ou a Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares (ANCIPA).

Concluído o mapeamento das organizações que contribuem para o combate ao desperdício alimentar, o Comissariado espera que os dados possam ser usados para a georreferenciação dos locais na página de internet da autarquia ou numa aplicação móvel, mas não é ainda claro que uso será dado à informação.

O Comissariado previa a criação do Observatório do Desperdício Alimentar, mas a intenção do atual Governo de criar uma instituição semelhante a nível nacional levou à desistência do projeto para evitar a duplicação de instituições.

Sempre numa perspetiva de facilitador, o Comissariado ajudou a desbloquear questões burocráticas e contribuiu para a cedência de instalações ou realização de obras em locais dedicados ao resgate de refeições.

Com quase 19 mil refeições “salvas” por dia, num total de 4,9 milhões de refeições resgatadas no ano passado (cerca de 7 milhões nos últimos dois anos), a missão do Comissariado chega ao fim, mas o combate ao desperdício alimentar continuará. “Com a rede de combate ao desperdício alargada a toda a cidade a missão do Comissariado está cumprida, mas este combate não começou com esta iniciativa nem termina neste momento. É um trabalho que nunca está finalizado”, explica o Comissário Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar, o vereador João Gonçalves Pereira, à VISÃO.

Sem orçamento próprio, o papel do Comissariado era o de agilizar o contacto entre as diversas organizações capazes de contribuírem para o combate ao desperdício alimentar na cidade. Proposto pelos vereadores João Gonçalves Pereira (CDS) e João Afonso (Cidadãos Por Lisboa), em 2014, o Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar mereceu a aprovação unânime de todos os partidos políticos representados na autarquia. Com a extinção do Comissariado a rede criada fica, agora, dependente do pelouro dos Direitos Sociais.

Além do Comissário Municipal, João Gonçalves Pereira, também estarão presentes na apresentação do relatório final de atividades o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso, a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet e o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amando.

Diariamente, cerca de 50 mil refeições são deitadas ao lixo em Portugal. Um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente no País, o equivalente a 132 quilos por cada português.

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