Milhares de professores manifestaram-se em Lisboa para celebrar a profissão

06-11-2019
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Por decorrer no dia de reflexão para as eleições legislativas deste domingo, a manifestação teve de ser feita com cautela nas palavras de ordem. Os professores percorreram as ruas de Lisboa, tendo como lema o rejuvenescimento e valorização da profissão docente.

| foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Os professores desceram este sábado a Avenida da Liberdade, até ao Rossio, em Lisboa, numa manifestação que pretendia ser uma celebração do Dia Mundial do Professor. Segundo as autoridades, participaram mais de 13 mil docentes no encontro convocado pelas duas federações de professores, Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e Federação Nacional de Professores (FNE), assim como por oito sindicatos mais pequenos.

O secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, admitiu antes à agência Lusa que se trata de "um dia complexo" e que havia "menos mobilização". A data coincidiu com o dia de reflexão para as eleições legislativas que decorrem este domingo, 6 de outubro, estando determinado por lei que não pode ser feito qualquer tipo de apelo ao voto partidário. O que levou a organização do desfile a estar mais atenta a cartazes e palavras de ordem que podiam ser ditos e exibidos durante o percurso, mas não mais do que isso. Até porque, como frisaram os dirigentes sindicais, as manifestações de professores não costumam ser palco de campanha eleitoral ou apelo direto ao voto em candidatos.

Imediatamente antes de começar o desfile, um agente da polícia dirigiu-se a um dos manifestantes que segurava um cartaz artesanal com a inscrição "amanhã voto" de um lado e "e não me esqueci" do outro. O professor Gabriel Lagarto, 49 anos, da Escola Conde de Ourém, disse aos jornalistas que o agente se lhe dirigiu "muito educadamente" chamando a atenção de que, se o seu cartaz fizesse uma referência política, não o poderia levar. O professor explicou que respondeu ao agente policial estar em causa apenas um apelo ao voto, mas não em relação a qualquer partido político.

Ainda assim, João Dias da Silva disse estar à espera que nesta manifestação estivessem à volta de dez mil pessoas, assinalando que se deslocaram professores de todo o país em 40 a 45 autocarros. O número superou os 13 mil, de acordo com as autoridades.

A concentração estava marcada para as 14:30, no Marquês de Pombal, de onde os professores seguiram até ao Rossio, descendo a Avenida da Liberdade e passando pelos Restauradores.

Não estavam previstos discursos para o final, apenas breves saudações aos professores dirigidas, nomeadamente, pelos dois secretários-gerais das duas federações de professores.

Profissão envelhecida

"Rejuvenescimento e Valorização da Profissão Docente", ditava a faixa segurada pelos dois dirigentes das duas maiores federações de docentes, a FNE e a Fenprof, Mário Nogueira e João Dias da Silva.

Os sindicatos aproveitaram o momento para marcar algumas das suas principais reivindicações que farão parte do caderno reivindicativo a apresentar ao próximo Governo. Como um regime especial de aposentação, a revisão dos horários de trabalho, o combate à precariedade ou a recuperação integral do tempo de serviço congelado, um tema que as estruturas sindicais não dão por encerrado, apesar da votação de maio no parlamento, que negou a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias exigidos pelos professores.

Os manifestantes exibem sobretudo bandeiras das duas federações representadas na manifestação, mas veem-se outras bandeiras com o já muito conhecido slogan referente ao tempo de serviço que os professores querem ver recuperado, "9A4M2D - todo o tempo". A maioria dos cartazes tem símbolos dos sindicatos.

"Faz todo o sentido celebrar, [...] todos os anos faz sentido", disse João Dias da Silva, da FNE. O sindicalista disse ainda que no final do desfile, no Rossio, seria aprovada uma resolução com "as preocupações dominantes" da classe, como "o excessivo envelhecimento dos professores", dos quais "só 1% tem menos de 30 anos", com reflexos na "qualidade do serviço educativo". A resolução vai ser enviada depois a todos os partidos que conseguirem eleger deputados, nas eleições de domingo, como tópicos essenciais para serem trabalhados durante a próxima legislatura.

UGT solidária com professores

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, fez "questão de demonstrar" a sua solidariedade e a da central sindical aos professores que desfilaram na Avenida da Liberdade, em Lisboa, no que considerou uma "grande mobilização". Acompanhado de todo o executivo da UGT, Carlos Silva aguardou junto à estação do Rossio a passagem dos manifestantes e distribuiu cumprimentos e palavras aos que iam passando.

"Comemorar o Dia do Professor é também um ato de justiça para uma classe que tem sido tão desvalorizada e tão esquecida nos últimos anos", disse Carlos Silva à agência Lusa, adiantando: "Fiz questão de demonstrar com a minha presença que a UGT acompanha no futuro e no presente aquilo que são as lutas legítimas e as reivindicações desta classe e não apenas desta".

Para o secretário-geral da UGT, é fundamental que os trabalhadores de todas as classes se manifestem, independentemente de o dia coincidir com um ato político-administrativo como as eleições. "O que está aqui em causa não é nem dizer mal do Governo, nem dizer bem, não é apelar a votos partidários, nem deixar de apelar. É um exercer um ato de cidadania, reivindicando no seu dia, que é o Dia Mundial do Professor, com um desfile que foi aquilo que os sindicatos dos professores decidiram fazer", acrescentou.

Carlos Silva admitiu, no entanto, que não participou na manifestação "também por respeito, para evitar outro tipo de leituras políticas", embora assinalasse que as palavras de ordem do desfile "dizem respeito à vida interna de cada professor, à vida interna de um grande coletivo que são os milhares de professores portugueses que continuam a dar o seu melhor".

A manifestação dos professores "é uma forma de mostrar que a classe está mobilizada [...], o país tem de olhar para isto", disse ainda o sindicalista.

Por decorrer no dia de reflexão para as eleições legislativas deste domingo, a manifestação teve de ser feita com cautela nas palavras de ordem. Os professores percorreram as ruas de Lisboa, tendo como lema o rejuvenescimento e valorização da profissão docente.

| foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA | foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Os professores desceram este sábado a Avenida da Liberdade, até ao Rossio, em Lisboa, numa manifestação que pretendia ser uma celebração do Dia Mundial do Professor. Segundo as autoridades, participaram mais de 13 mil docentes no encontro convocado pelas duas federações de professores, Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e Federação Nacional de Professores (FNE), assim como por oito sindicatos mais pequenos.

O secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, admitiu antes à agência Lusa que se trata de "um dia complexo" e que havia "menos mobilização". A data coincidiu com o dia de reflexão para as eleições legislativas que decorrem este domingo, 6 de outubro, estando determinado por lei que não pode ser feito qualquer tipo de apelo ao voto partidário. O que levou a organização do desfile a estar mais atenta a cartazes e palavras de ordem que podiam ser ditos e exibidos durante o percurso, mas não mais do que isso. Até porque, como frisaram os dirigentes sindicais, as manifestações de professores não costumam ser palco de campanha eleitoral ou apelo direto ao voto em candidatos.

Imediatamente antes de começar o desfile, um agente da polícia dirigiu-se a um dos manifestantes que segurava um cartaz artesanal com a inscrição "amanhã voto" de um lado e "e não me esqueci" do outro. O professor Gabriel Lagarto, 49 anos, da Escola Conde de Ourém, disse aos jornalistas que o agente se lhe dirigiu "muito educadamente" chamando a atenção de que, se o seu cartaz fizesse uma referência política, não o poderia levar. O professor explicou que respondeu ao agente policial estar em causa apenas um apelo ao voto, mas não em relação a qualquer partido político.

Ainda assim, João Dias da Silva disse estar à espera que nesta manifestação estivessem à volta de dez mil pessoas, assinalando que se deslocaram professores de todo o país em 40 a 45 autocarros. O número superou os 13 mil, de acordo com as autoridades.

A concentração estava marcada para as 14:30, no Marquês de Pombal, de onde os professores seguiram até ao Rossio, descendo a Avenida da Liberdade e passando pelos Restauradores.

Não estavam previstos discursos para o final, apenas breves saudações aos professores dirigidas, nomeadamente, pelos dois secretários-gerais das duas federações de professores.

Profissão envelhecida

"Rejuvenescimento e Valorização da Profissão Docente", ditava a faixa segurada pelos dois dirigentes das duas maiores federações de docentes, a FNE e a Fenprof, Mário Nogueira e João Dias da Silva.

Os sindicatos aproveitaram o momento para marcar algumas das suas principais reivindicações que farão parte do caderno reivindicativo a apresentar ao próximo Governo. Como um regime especial de aposentação, a revisão dos horários de trabalho, o combate à precariedade ou a recuperação integral do tempo de serviço congelado, um tema que as estruturas sindicais não dão por encerrado, apesar da votação de maio no parlamento, que negou a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias exigidos pelos professores.

Os manifestantes exibem sobretudo bandeiras das duas federações representadas na manifestação, mas veem-se outras bandeiras com o já muito conhecido slogan referente ao tempo de serviço que os professores querem ver recuperado, "9A4M2D - todo o tempo". A maioria dos cartazes tem símbolos dos sindicatos.

"Faz todo o sentido celebrar, [...] todos os anos faz sentido", disse João Dias da Silva, da FNE. O sindicalista disse ainda que no final do desfile, no Rossio, seria aprovada uma resolução com "as preocupações dominantes" da classe, como "o excessivo envelhecimento dos professores", dos quais "só 1% tem menos de 30 anos", com reflexos na "qualidade do serviço educativo". A resolução vai ser enviada depois a todos os partidos que conseguirem eleger deputados, nas eleições de domingo, como tópicos essenciais para serem trabalhados durante a próxima legislatura.

UGT solidária com professores

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, fez "questão de demonstrar" a sua solidariedade e a da central sindical aos professores que desfilaram na Avenida da Liberdade, em Lisboa, no que considerou uma "grande mobilização". Acompanhado de todo o executivo da UGT, Carlos Silva aguardou junto à estação do Rossio a passagem dos manifestantes e distribuiu cumprimentos e palavras aos que iam passando.

"Comemorar o Dia do Professor é também um ato de justiça para uma classe que tem sido tão desvalorizada e tão esquecida nos últimos anos", disse Carlos Silva à agência Lusa, adiantando: "Fiz questão de demonstrar com a minha presença que a UGT acompanha no futuro e no presente aquilo que são as lutas legítimas e as reivindicações desta classe e não apenas desta".

Para o secretário-geral da UGT, é fundamental que os trabalhadores de todas as classes se manifestem, independentemente de o dia coincidir com um ato político-administrativo como as eleições. "O que está aqui em causa não é nem dizer mal do Governo, nem dizer bem, não é apelar a votos partidários, nem deixar de apelar. É um exercer um ato de cidadania, reivindicando no seu dia, que é o Dia Mundial do Professor, com um desfile que foi aquilo que os sindicatos dos professores decidiram fazer", acrescentou.

Carlos Silva admitiu, no entanto, que não participou na manifestação "também por respeito, para evitar outro tipo de leituras políticas", embora assinalasse que as palavras de ordem do desfile "dizem respeito à vida interna de cada professor, à vida interna de um grande coletivo que são os milhares de professores portugueses que continuam a dar o seu melhor".

A manifestação dos professores "é uma forma de mostrar que a classe está mobilizada [...], o país tem de olhar para isto", disse ainda o sindicalista.

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