Unida e mais partida do que nunca. O momento andaluz da direita portuguesa?

14-11-2020
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A politóloga e investigadora Marina Costa Lobo aponta no mesmo sentido. “Ao indicar que os acordos são possíveis, Rui Rio dá um sinal que não é preciso votar útil no PSD. A direita, qualquer voto que se der ao Chega poderá ser aproveitado num acordo de geringonça posterior. Está a dar margem de crescimento ao Chega”, argumenta.

Ao mesmo tempo, e admitindo que o tema das alianças à esquerda e à direita dominará a campanha eleitoral, a estratégia de comunicação da máquina socialista — que não poupou esforços a tentar fazer em picadinho o PSD –, pode atingir onde dói mais: no eleitorado de centro. “Os votantes centristas que não querem qualquer acordo com o Chega porque o consideram anti-democrático, xenófobo e racista vão deixar de votar no PSD, que ao fazer o acordo com o Chega nos Açores não dá garantias de não o voltar a fazer. Por muito que Rui Rio diga que não o fará, não há garantias que a promessa não seja quebrada tal como nos Açores”, problematiza Marina Costa Lobo.

Cerca sanitária ou pragmatismo?

A verdade é que, com ou sem Açores, perante a impossibilidade teórica de o PSD ter maioria sozinho, a evidente erosão do CDS, a ascensão do Chega e a relativa estabilização da Iniciativa Liberal, a pergunta mais repetida à direita é se há ou não condições para formar um bloco alternativo ao de esquerda para governar o país. E se é certo que uma aliança entre PSD, CDS e IL seria mais ou menos natural, a questão do Chega — até pela dimensão que pode atingir, tornando-se o segundo partido mais votado à direita — causa maior urticária: pode ou não André Ventura fazer parte da solução?

Não existe, à direita, uma resposta única. E a questão está muito para lá de simpatias ou antipatias com as atuais direções partidárias. Pedro Santana Lopes, em entrevista ao Observador, era cristalino. “Acho que o centro-direita tem tanto direito a coligar-se com o Chega como o PS com a extrema-esquerda. Com toda a franqueza”. Miguel Pinto Luz, que também foi a votos contra Rio, repete ao Observador o que sempre defendeu: “O PSD não deve excluir alianças com o Chega“.

Paulo Rangel, na Renascença, desdramatizou a influência do Chega e comparou o partido à extrema-esquerda. “O PCP defende a Venezuela e a Coreia do Norte que são regimes terríveis e está a apoiar o Orçamento. Como é que o PS é capaz de ser apoiado no Orçamento por esse partido? Sempre disse que para mim extrema esquerda e extrema direita são a mesma coisa”, argumentou.

Paula Teixeira da Cruz, José Eduardo Martins e Pedro Duarte, do PSD, discordam. O mesmo para Miguel Poiares Maduro, um dos signatários da carta das direitas e promovido recentemente a conselheiro de Rui Rio. “O PSD não deve ter qualquer coligação ou entendimento com o Chega. Porque isso, em última análise, vai valorizar e normalizar o Chega, o que pode potenciar o seu nível eleitoral. O PSD tem de tratar o Chega como partido adulto e reconhecido no sistema político. Mas isso não significa ter uma aliança ou coligação com ele. O PSD não pode ficar numa situação em que ou depende do Chega para ser alternativa ao PS ou se limita a ser a bengala do PS. O país não pode ser colocado num dilema dessa natureza”, defende o ex-ministro de Pedro Passos Coelho. “A luta, a grande divisão, é cada vez mais entre os moderados e os radicais. O PS radicalizou-se e isso confere uma oportunidade para o PSD se afirmar como moderado, com uma agenda de reconciliação de interesses diferentes.”

A politóloga e investigadora Marina Costa Lobo aponta no mesmo sentido. “Ao indicar que os acordos são possíveis, Rui Rio dá um sinal que não é preciso votar útil no PSD. A direita, qualquer voto que se der ao Chega poderá ser aproveitado num acordo de geringonça posterior. Está a dar margem de crescimento ao Chega”, argumenta.

Ao mesmo tempo, e admitindo que o tema das alianças à esquerda e à direita dominará a campanha eleitoral, a estratégia de comunicação da máquina socialista — que não poupou esforços a tentar fazer em picadinho o PSD –, pode atingir onde dói mais: no eleitorado de centro. “Os votantes centristas que não querem qualquer acordo com o Chega porque o consideram anti-democrático, xenófobo e racista vão deixar de votar no PSD, que ao fazer o acordo com o Chega nos Açores não dá garantias de não o voltar a fazer. Por muito que Rui Rio diga que não o fará, não há garantias que a promessa não seja quebrada tal como nos Açores”, problematiza Marina Costa Lobo.

Cerca sanitária ou pragmatismo?

A verdade é que, com ou sem Açores, perante a impossibilidade teórica de o PSD ter maioria sozinho, a evidente erosão do CDS, a ascensão do Chega e a relativa estabilização da Iniciativa Liberal, a pergunta mais repetida à direita é se há ou não condições para formar um bloco alternativo ao de esquerda para governar o país. E se é certo que uma aliança entre PSD, CDS e IL seria mais ou menos natural, a questão do Chega — até pela dimensão que pode atingir, tornando-se o segundo partido mais votado à direita — causa maior urticária: pode ou não André Ventura fazer parte da solução?

Não existe, à direita, uma resposta única. E a questão está muito para lá de simpatias ou antipatias com as atuais direções partidárias. Pedro Santana Lopes, em entrevista ao Observador, era cristalino. “Acho que o centro-direita tem tanto direito a coligar-se com o Chega como o PS com a extrema-esquerda. Com toda a franqueza”. Miguel Pinto Luz, que também foi a votos contra Rio, repete ao Observador o que sempre defendeu: “O PSD não deve excluir alianças com o Chega“.

Paulo Rangel, na Renascença, desdramatizou a influência do Chega e comparou o partido à extrema-esquerda. “O PCP defende a Venezuela e a Coreia do Norte que são regimes terríveis e está a apoiar o Orçamento. Como é que o PS é capaz de ser apoiado no Orçamento por esse partido? Sempre disse que para mim extrema esquerda e extrema direita são a mesma coisa”, argumentou.

Paula Teixeira da Cruz, José Eduardo Martins e Pedro Duarte, do PSD, discordam. O mesmo para Miguel Poiares Maduro, um dos signatários da carta das direitas e promovido recentemente a conselheiro de Rui Rio. “O PSD não deve ter qualquer coligação ou entendimento com o Chega. Porque isso, em última análise, vai valorizar e normalizar o Chega, o que pode potenciar o seu nível eleitoral. O PSD tem de tratar o Chega como partido adulto e reconhecido no sistema político. Mas isso não significa ter uma aliança ou coligação com ele. O PSD não pode ficar numa situação em que ou depende do Chega para ser alternativa ao PS ou se limita a ser a bengala do PS. O país não pode ser colocado num dilema dessa natureza”, defende o ex-ministro de Pedro Passos Coelho. “A luta, a grande divisão, é cada vez mais entre os moderados e os radicais. O PS radicalizou-se e isso confere uma oportunidade para o PSD se afirmar como moderado, com uma agenda de reconciliação de interesses diferentes.”

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