Partidos consideram que receber Champions é “positivo” mas criticam “deslumbramento” político e pedem cuidados

19-06-2020
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A notícia de que Portugal vai acolher a fase final da Liga dos Campeões suscitou as mais diversas reações, da euforia à ironia. Entre os políticos, também foi um pouco assim: globalmente, a novidade é considerada “positiva” mas não faltam reparos - nomeadamente, pelo “deslumbramento” com que a notícia foi recebida pelas principais figuras do Estado.

Foi na tarde desta quarta-feira que a UEFA anunciou oficialmente que Portugal é o país escolhido para receber os quartos-de-final, meias-finais e final da competição, entre 12 e 23 de agosto. Mas não foi o único anúncio sobre o assunto: horas depois, em Belém, reuniam-se Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Eduardo Ferro Rodrigues e Fernando Medina, entre outros nomes do desporto, para celebrar a notícia.

Foi nessa receção em Belém que Marcelo se mostrou satisfeito pela “magnífica notícia” para Portugal e que Costa considerou a novidade uma prova de que Portugal é considerado a nível internacional um destino seguro. E o primeiro-ministro ainda acrescentou que aqui vislumbra, também, um “prémio para os profissionais de Saúde” pela forma como desempenharam o seu papel nestes meses de pandemia.

Ora foram sobretudo essas declarações, assim como a pompa da cerimónia realizada em Belém, que não caíram bem junto dos partidos. Quanto à realização dos jogos em si, a opinião é positiva, ainda que cautelosa e com avisos sobre os cuidados a ter: “É uma boa notícia, estando acautelados todos os aspetos sanitários”, ressalva Alma Rivera, deputada do PCP, ao Expresso. “Parece existir alguma indefinição sobre os moldes em que esta decorrerá, nomeadamente sobre a presença de público nas bancadas. A retoma da atividade turística, além de exigir o cumprimento das regras de saúde pública, não deve comprometer a segurança sanitária”, frisa o Bloco de Esquerda, numa resposta enviada por escrito.

Já na quarta-feira, no Parlamento, Rui Rio considerava a novidade “muito positiva”. Uma “boa notícia”, sublinham também Chega e PAN, de novo com avisos: “Estamos a falar em concreto de normas bem claras e rigorosas no que se refere a presença de público, se tal vier a ser permitido, mas também ao nível dos aglomerados de pessoas associadas a equipas de jornalistas, staff das equipas desportivas, bem como todos os adeptos que, naturalmente, quererão acompanhar este evento, nas entradas e saídas dos recintos desportivos ou em esplanadas e outros espaços recreativos”, explica ao Expresso o partido de André Silva. E a Iniciativa Liberal aponta o dedo à Direção-Geral de Saúde: “O controle do risco associado à realização de eventos e ao desconfinamento de uma forma geral depende da competência das autoridades sanitárias e neste particular, tem de se dizer que, infelizmente, a DGS não tem exibido um nível de consistência, clareza e conhecimento que nos deixe descansados a este respeito”.

"Prémio seria pagar subsídio de risco"

Mas quanto à gestão política do tema, a opinião é outra. Em primeiro lugar, porque as declarações do primeiro-ministro sobre a realização do evento se tratar de um prémio para os profissionais de Saúde indignaram vários partidos. “O ‘prémio’ devido a estes profissionais de saúde é o reconhecimento salarial que merecem e o pagamento de um subsídio de risco a quem esteve na primeira linha de combate à pandemia”, ataca o Bloco. Um reparo corroborado pelo PCP, que recorda que se aguardam também orientações para a retoma de outras modalidades e critica: “A forma de premiar os que se esforçaram tanto para dar resposta é valorizar o seu trabalho. O PS votou contra a criação de um subsídio de risco”, recorda Alma Rivera.

Algumas das críticas mais duras chegam da Iniciativa Liberal. João Cotrim de Figueiredo critica o “entusiasmo desproporcionado” e o “deslumbramento” dos governantes: “Trata-se, na essência, de uma decisão de uma entidade privada (UEFA) de delegar noutra entidade sua filiada (FPF) a organização de jogos de futebol. Ter as mais altas figuras da Nação a querer brilhar nesta ocasião não é apenas provinciano, revela um entusiasmo desproporcionado e deslumbramento, é recuar ao tempo em que se oferecia pão e circo para distrair as massas", afirma ao Expresso. Para os liberais, a questão do retorno deste evento só deverá ser um tema político caso se venha a saber que existe apoio financeiro por parte de entidades públicas nacionais ou locais, caso contrário, essa é uma "preocupação exclusiva" dos organizadores.

Uma crítica semelhante à que tece o Chega, com André Ventura a lamentar que o presidente da República e o primeiro-ministro façam disto “um troféu político”. O Expresso contactou também o CDS, mas não obteve resposta.

A notícia de que Portugal vai acolher a fase final da Liga dos Campeões suscitou as mais diversas reações, da euforia à ironia. Entre os políticos, também foi um pouco assim: globalmente, a novidade é considerada “positiva” mas não faltam reparos - nomeadamente, pelo “deslumbramento” com que a notícia foi recebida pelas principais figuras do Estado.

Foi na tarde desta quarta-feira que a UEFA anunciou oficialmente que Portugal é o país escolhido para receber os quartos-de-final, meias-finais e final da competição, entre 12 e 23 de agosto. Mas não foi o único anúncio sobre o assunto: horas depois, em Belém, reuniam-se Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Eduardo Ferro Rodrigues e Fernando Medina, entre outros nomes do desporto, para celebrar a notícia.

Foi nessa receção em Belém que Marcelo se mostrou satisfeito pela “magnífica notícia” para Portugal e que Costa considerou a novidade uma prova de que Portugal é considerado a nível internacional um destino seguro. E o primeiro-ministro ainda acrescentou que aqui vislumbra, também, um “prémio para os profissionais de Saúde” pela forma como desempenharam o seu papel nestes meses de pandemia.

Ora foram sobretudo essas declarações, assim como a pompa da cerimónia realizada em Belém, que não caíram bem junto dos partidos. Quanto à realização dos jogos em si, a opinião é positiva, ainda que cautelosa e com avisos sobre os cuidados a ter: “É uma boa notícia, estando acautelados todos os aspetos sanitários”, ressalva Alma Rivera, deputada do PCP, ao Expresso. “Parece existir alguma indefinição sobre os moldes em que esta decorrerá, nomeadamente sobre a presença de público nas bancadas. A retoma da atividade turística, além de exigir o cumprimento das regras de saúde pública, não deve comprometer a segurança sanitária”, frisa o Bloco de Esquerda, numa resposta enviada por escrito.

Já na quarta-feira, no Parlamento, Rui Rio considerava a novidade “muito positiva”. Uma “boa notícia”, sublinham também Chega e PAN, de novo com avisos: “Estamos a falar em concreto de normas bem claras e rigorosas no que se refere a presença de público, se tal vier a ser permitido, mas também ao nível dos aglomerados de pessoas associadas a equipas de jornalistas, staff das equipas desportivas, bem como todos os adeptos que, naturalmente, quererão acompanhar este evento, nas entradas e saídas dos recintos desportivos ou em esplanadas e outros espaços recreativos”, explica ao Expresso o partido de André Silva. E a Iniciativa Liberal aponta o dedo à Direção-Geral de Saúde: “O controle do risco associado à realização de eventos e ao desconfinamento de uma forma geral depende da competência das autoridades sanitárias e neste particular, tem de se dizer que, infelizmente, a DGS não tem exibido um nível de consistência, clareza e conhecimento que nos deixe descansados a este respeito”.

"Prémio seria pagar subsídio de risco"

Mas quanto à gestão política do tema, a opinião é outra. Em primeiro lugar, porque as declarações do primeiro-ministro sobre a realização do evento se tratar de um prémio para os profissionais de Saúde indignaram vários partidos. “O ‘prémio’ devido a estes profissionais de saúde é o reconhecimento salarial que merecem e o pagamento de um subsídio de risco a quem esteve na primeira linha de combate à pandemia”, ataca o Bloco. Um reparo corroborado pelo PCP, que recorda que se aguardam também orientações para a retoma de outras modalidades e critica: “A forma de premiar os que se esforçaram tanto para dar resposta é valorizar o seu trabalho. O PS votou contra a criação de um subsídio de risco”, recorda Alma Rivera.

Algumas das críticas mais duras chegam da Iniciativa Liberal. João Cotrim de Figueiredo critica o “entusiasmo desproporcionado” e o “deslumbramento” dos governantes: “Trata-se, na essência, de uma decisão de uma entidade privada (UEFA) de delegar noutra entidade sua filiada (FPF) a organização de jogos de futebol. Ter as mais altas figuras da Nação a querer brilhar nesta ocasião não é apenas provinciano, revela um entusiasmo desproporcionado e deslumbramento, é recuar ao tempo em que se oferecia pão e circo para distrair as massas", afirma ao Expresso. Para os liberais, a questão do retorno deste evento só deverá ser um tema político caso se venha a saber que existe apoio financeiro por parte de entidades públicas nacionais ou locais, caso contrário, essa é uma "preocupação exclusiva" dos organizadores.

Uma crítica semelhante à que tece o Chega, com André Ventura a lamentar que o presidente da República e o primeiro-ministro façam disto “um troféu político”. O Expresso contactou também o CDS, mas não obteve resposta.

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