Governo destaca “Estado Social forte” na resposta à Covid-19. Oposição contesta e aponta falhas

30-05-2020
marcar artigo

Política Governo destaca “Estado Social forte” na resposta à Covid-19. Oposição contesta e aponta falhas 28.05.2020 às 19h22 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Google+ Linkedin Pinterest Link: Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social MÁRIO CRUZ/Lusa Ministra Ana Mendes Godinho diz que há 1,2 milhões de trabalhadores com apoios, mais 140 mil empresas, totalizando €620 milhões pagos devido à pandemia. Oposição contesta e critica atrasos nos pagamentos Liliana Coelho Jornalista Se há coisa que a crise pandémica mostrou é que o Estado Social é "quem responde a quem precisa, quanto mais precisa". Esta convicção da ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, resume o tom do discurso do Governo ao longo do debate desta quinta-feira no Parlamento, que contou também com a presença dos ministros da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da Saúde, Marta Temido. Um elogio ao Estado social, cujo pontapé de saída foi dado pela líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, quando arrancou a sessão dizendo que a Covid-19 mostrou que foi a "existência de um Estado Social e não de um Estado assistencialista, que permitiu a resposta sanitária à pandemia através da mobilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS)". Mas Ana Mendes Godinho recorreu a números para sustentar a ideia, afirmando que até à data existem 1,2 milhões de trabalhadores com apoios pagos e 140 mil empresas, no montante total de €620 milhões. Em relação ao lay-off simplificado, a governante sublinhou, por sua vez, que a medida salvaguardou 804 mil empregos em 9.500 empresas, no valor global de €470 milhões. "Isto representou uma grande capacidade de execução, com toda a dificuldade que tivemos para implementar medidas rápidas para chegar rapidamente às pessoas e conseguirmos cumprir. Se há coisa que temos que aprender é que há momentos em que aprendemos todos e que neste momento de dificuldade vem pedir resposta ao sistema social", argumentou. Do lado da oposição não tardaram as críticas, com o PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega a apontarem o dedo aos atrasos nos pagamentos das prestações sociais aos trabalhadores e empresas, assim como a resposta "ineficaz" do SNS a outras patologias. Sucesso do SNS é “exagerado”, diz PSD "Acabei de ouvir referenciar o sucesso do SNS, mas parece-me exagerado. Mais de 1500 camas hospitalares com pessoas com alta médica, trata-se de um preocupante aumento face a 2019. Que medidas concretas o Governo vai ter para reduzir estes internamentos sociais?", questionou Rui Cristina. O deputado do PSD criticou ainda o facto de o Governo atribuir prémios aos trabalhadores da Segurança Social e não aos profissionais de Saúde, acusando o Executivo de "continuar a injustiçar quem salva vidas a favor quem cobra dívidas". Já a centrista Ana Rita Bessa lamentou o "debate ideológico" trazido pelo PS, considerando que tenta dividir quem defende o SNS, como os "bons," e os "maus" como aqueles que advogam outras opções. E realçou também que antes da pandemia ficaram por concretizar-se 840 mil consultas de cuidados primários e 51 mil cirurgias. "O Governo terá muito em breve que fazer escolha - se continua a proclamar o SNS como um fim em si mesmo ou põe as pessoas acima de tudo e recorre claro ao SNS mas também à capacidade do sector privado e social", sustentou. Também o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, criticou os atrasos nas consultas e cirurgias no SNS, admitindo que o sistema até respondeu bem à Covid-19, mas com "moratória a outros problemas de saúde". O deputado do Chega, André Ventura, contestou também a tese do Governo de que o Estado Social respondeu aos cidadãos quando mais precisavam, destacando por exemplo o atraso no reembolso do IRS. "Nada é mais falso do que isso. 214 euros de apoio a trabalhadores independentes, como somos a melhor referência da Europa? Com excedente orçamental e ainda não pagou o IRS?" atirou. Ainda do lado do Governo, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, ironizou, afirmando que a Covid-19 "transformou muitos liberais em socialistas". "Onde alguns queriam cortes nas despesas do Estado, agora pedem reforços; onde alguns queriam privatizações, agora pedem a mão forte do Estado", observou. PAN realça “cifras negras” da crise Já o PAN admitiu que a pandemia mostrou a importância de um "Estado Social forte", mas destacou as "cifras negras" da crise social causada pelo vírus, como a falta de apoios eficazes os artistas e profissionais do espetáculo e aos jovens. "O Governo deve assegurar não só a criação de um estatuto do intermitente ou pagamento dos espetáculos cancelados ou adiados pelas entidades públicas devido à Covid-19 mas também a criação um apoio extraordinário para estes profissionais. E relativamente aos jovens, o Governo tem de urgentemente de alterar o regime do lay-off, de modo a que, tal como já sucede com os trabalhadores, assim como assegurar uma alteração transitória do regime do subsídio social de desemprego", afirmou a líder parlamentar Inês de Sousa Real. O deputado do BE José Soeiro defendeu que não é possível para muitas famílias continuar a viver com um corte de 1/3 do rendimento, no âmbito do regime de lay-off e que o subsídio desemprego deve passar a ter a "mesma duração antes do período da troika". Também a deputada do PCP Diana Ferreira lamentou que sejam mais uma vez os trabalhadores "a pagar a fatura" desta situação, sendo vítimas de "despedimento selvagens" e a sofrer "atropelos laborais" a pretexto do vírus, sendo vital reforçar o combate à precariedade e a proteção social. Marta Temido salientou, por sua vez, que nas várias dimensões das políticas públicas o Governo teve em conta a pandemia, sendo que "não foi só a saúde dos portugueses que se conseguiu salvaguardar", graças a um Estado Social "solidário".

Política Governo destaca “Estado Social forte” na resposta à Covid-19. Oposição contesta e aponta falhas 28.05.2020 às 19h22 Facebook Twitter Email Whatsapp Mais Google+ Linkedin Pinterest Link: Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social MÁRIO CRUZ/Lusa Ministra Ana Mendes Godinho diz que há 1,2 milhões de trabalhadores com apoios, mais 140 mil empresas, totalizando €620 milhões pagos devido à pandemia. Oposição contesta e critica atrasos nos pagamentos Liliana Coelho Jornalista Se há coisa que a crise pandémica mostrou é que o Estado Social é "quem responde a quem precisa, quanto mais precisa". Esta convicção da ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, resume o tom do discurso do Governo ao longo do debate desta quinta-feira no Parlamento, que contou também com a presença dos ministros da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da Saúde, Marta Temido. Um elogio ao Estado social, cujo pontapé de saída foi dado pela líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, quando arrancou a sessão dizendo que a Covid-19 mostrou que foi a "existência de um Estado Social e não de um Estado assistencialista, que permitiu a resposta sanitária à pandemia através da mobilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS)". Mas Ana Mendes Godinho recorreu a números para sustentar a ideia, afirmando que até à data existem 1,2 milhões de trabalhadores com apoios pagos e 140 mil empresas, no montante total de €620 milhões. Em relação ao lay-off simplificado, a governante sublinhou, por sua vez, que a medida salvaguardou 804 mil empregos em 9.500 empresas, no valor global de €470 milhões. "Isto representou uma grande capacidade de execução, com toda a dificuldade que tivemos para implementar medidas rápidas para chegar rapidamente às pessoas e conseguirmos cumprir. Se há coisa que temos que aprender é que há momentos em que aprendemos todos e que neste momento de dificuldade vem pedir resposta ao sistema social", argumentou. Do lado da oposição não tardaram as críticas, com o PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega a apontarem o dedo aos atrasos nos pagamentos das prestações sociais aos trabalhadores e empresas, assim como a resposta "ineficaz" do SNS a outras patologias. Sucesso do SNS é “exagerado”, diz PSD "Acabei de ouvir referenciar o sucesso do SNS, mas parece-me exagerado. Mais de 1500 camas hospitalares com pessoas com alta médica, trata-se de um preocupante aumento face a 2019. Que medidas concretas o Governo vai ter para reduzir estes internamentos sociais?", questionou Rui Cristina. O deputado do PSD criticou ainda o facto de o Governo atribuir prémios aos trabalhadores da Segurança Social e não aos profissionais de Saúde, acusando o Executivo de "continuar a injustiçar quem salva vidas a favor quem cobra dívidas". Já a centrista Ana Rita Bessa lamentou o "debate ideológico" trazido pelo PS, considerando que tenta dividir quem defende o SNS, como os "bons," e os "maus" como aqueles que advogam outras opções. E realçou também que antes da pandemia ficaram por concretizar-se 840 mil consultas de cuidados primários e 51 mil cirurgias. "O Governo terá muito em breve que fazer escolha - se continua a proclamar o SNS como um fim em si mesmo ou põe as pessoas acima de tudo e recorre claro ao SNS mas também à capacidade do sector privado e social", sustentou. Também o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, criticou os atrasos nas consultas e cirurgias no SNS, admitindo que o sistema até respondeu bem à Covid-19, mas com "moratória a outros problemas de saúde". O deputado do Chega, André Ventura, contestou também a tese do Governo de que o Estado Social respondeu aos cidadãos quando mais precisavam, destacando por exemplo o atraso no reembolso do IRS. "Nada é mais falso do que isso. 214 euros de apoio a trabalhadores independentes, como somos a melhor referência da Europa? Com excedente orçamental e ainda não pagou o IRS?" atirou. Ainda do lado do Governo, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, ironizou, afirmando que a Covid-19 "transformou muitos liberais em socialistas". "Onde alguns queriam cortes nas despesas do Estado, agora pedem reforços; onde alguns queriam privatizações, agora pedem a mão forte do Estado", observou. PAN realça “cifras negras” da crise Já o PAN admitiu que a pandemia mostrou a importância de um "Estado Social forte", mas destacou as "cifras negras" da crise social causada pelo vírus, como a falta de apoios eficazes os artistas e profissionais do espetáculo e aos jovens. "O Governo deve assegurar não só a criação de um estatuto do intermitente ou pagamento dos espetáculos cancelados ou adiados pelas entidades públicas devido à Covid-19 mas também a criação um apoio extraordinário para estes profissionais. E relativamente aos jovens, o Governo tem de urgentemente de alterar o regime do lay-off, de modo a que, tal como já sucede com os trabalhadores, assim como assegurar uma alteração transitória do regime do subsídio social de desemprego", afirmou a líder parlamentar Inês de Sousa Real. O deputado do BE José Soeiro defendeu que não é possível para muitas famílias continuar a viver com um corte de 1/3 do rendimento, no âmbito do regime de lay-off e que o subsídio desemprego deve passar a ter a "mesma duração antes do período da troika". Também a deputada do PCP Diana Ferreira lamentou que sejam mais uma vez os trabalhadores "a pagar a fatura" desta situação, sendo vítimas de "despedimento selvagens" e a sofrer "atropelos laborais" a pretexto do vírus, sendo vital reforçar o combate à precariedade e a proteção social. Marta Temido salientou, por sua vez, que nas várias dimensões das políticas públicas o Governo teve em conta a pandemia, sendo que "não foi só a saúde dos portugueses que se conseguiu salvaguardar", graças a um Estado Social "solidário".

marcar artigo