PSD e CDS quiseram levar Costa a jogo e Quaresma goleou Ventura

07-05-2020
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Não é que não houvesse pretextos para obrigar António Costa a ir a jogo. O debate quinzenal desta quinta-feira aconteceu num momento em que se sucedem as reclamações por causa do pagamento dos lay-offs, os casos que envolvem contratações do Estado ou a gestão da TAP. Mas o centro das atenções do debate, graças a um ataque forte de Catarina Martins que pareceu depois inspirar António Costa, acabou mesmo por ser André Ventura e o "baile" que levou de Ricardo Quaresma.

A esquerda pareceu, de resto, dar uma folga ao primeiro-ministro durante este debate - e ficaram por conta da direita (e do PAN) as referências aos casos mais controversos das últimas semanas. (Pode ler aqui todo o direto do debate.)

Foi o caso de Rui Rio, que, depois de semanas de um estado de emergência encarado com espírito de “colaboração” - do qual, como já garantiu, não se arrepende por um segundo - regressou aos debates e recuperou o tom mais assertivo para questionar diretamente Costa. Agarrando o caso da TAP, que assegurou ter demonstrado uma “incapacidade de gestão”, Rio foi a todas as críticas, do alegado centralismo da companhia às notícias sobre estar a pagar uma compensação aos salários mais altos que entraram em lay-off (pode ler aqui os detalhes sobre o que foi debatido em relação à TAP).

O primeiro-ministro respondeu a Rio e a João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal - que acusou Costa de dar uma “visão poética” ao país sobre o futuro da empresa -, com duas certezas: “haja o que houver”, a companhia aérea continuará a voar com as “cores nacionais”, e o dinheiro público colocado na TAP dependerá de haver um grande “controlo” das contas da empresa. Uma garantia que ficou longe de descansar os partidos de direita.

No capítulo das garantias que pouco descansaram os interlocutores, uma menção para a declaração de Costa de que afinal “não houve atrasos” no pagamento dos lay-offs quando questionado pelo CDS sobre o tema - isto apesar de o ministro da Economia, Siza Vieira, já ter assumido que as expectativas das empresas foram defraudadas e que a “máquina” falhou. Ou para a resposta a Inês Sousa Real, do PAN, que criticou os “negócios da China” relativos à compra de máscaras, referindo-se ao ajuste direto com a empresa do ex-presidente da Associação Nacional de Farmácias - Costa lembrou que o recurso a este tipo de contratação é excecional e assegurou que os contratos e respetivos relatórios serão públicos.

O "baile" de Quaresma e o "lixo" do racismo

Mas seria Catarina Martins a lançar o tema que acabou por trazer algumas das frases mais fortes do debate. Apesar de o modelo do debate quinzenal estar construído para os partidos interpelarem o primeiro-ministro, a coordenadora do Bloco de Esquerda optou por se dirigir diretamente a André Ventura, do Chega, e foi tudo menos tímida nas críticas à ideia de construir um plano de confinamento para a comunidade cigana: “O Chega não só tem opiniões repugnantes, como André Ventura tem a cobardia de querer calar quem lhe faz frente", disse, referindo-se ao texto que esta semana o “campeão nacional” Ricardo Quaresma dedicou a Ventura, que acusou de praticar um "populismo racista". "As suas ideias racistas devem ir parar ao caixote do lixo de onde nunca deviam ter saído".

O ataque motivou uma resposta de André Ventura, que depois se virou para o primeiro-ministro para o questionar sobre a proposta controversa. E, se Costa começou por responder de forma sóbria, aos poucos o primeiro-ministro pareceu ficar inspirado pela “trivela” de Quaresma - que mencionou - e cresceu para Ventura, assegurando que em Portugal “não há um problema” com a comunidade cigana e que Ventura levou “um baile” do jogador. “Só tinha era de estar calado”.

Catarina Martins e Jerónimo de Sousa ainda levariam ao debate reivindicações sobre o reforço do SNS, a proteção dos trabalhadores ou as injeções do Novo Banco, mas poucas ou nenhumas tiveram respostas novas. O caso Ventura e a “trivela” de Quaresma já tinham, por essa altura, tomado a atmosfera da Assembleia.

Não é que não houvesse pretextos para obrigar António Costa a ir a jogo. O debate quinzenal desta quinta-feira aconteceu num momento em que se sucedem as reclamações por causa do pagamento dos lay-offs, os casos que envolvem contratações do Estado ou a gestão da TAP. Mas o centro das atenções do debate, graças a um ataque forte de Catarina Martins que pareceu depois inspirar António Costa, acabou mesmo por ser André Ventura e o "baile" que levou de Ricardo Quaresma.

A esquerda pareceu, de resto, dar uma folga ao primeiro-ministro durante este debate - e ficaram por conta da direita (e do PAN) as referências aos casos mais controversos das últimas semanas. (Pode ler aqui todo o direto do debate.)

Foi o caso de Rui Rio, que, depois de semanas de um estado de emergência encarado com espírito de “colaboração” - do qual, como já garantiu, não se arrepende por um segundo - regressou aos debates e recuperou o tom mais assertivo para questionar diretamente Costa. Agarrando o caso da TAP, que assegurou ter demonstrado uma “incapacidade de gestão”, Rio foi a todas as críticas, do alegado centralismo da companhia às notícias sobre estar a pagar uma compensação aos salários mais altos que entraram em lay-off (pode ler aqui os detalhes sobre o que foi debatido em relação à TAP).

O primeiro-ministro respondeu a Rio e a João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal - que acusou Costa de dar uma “visão poética” ao país sobre o futuro da empresa -, com duas certezas: “haja o que houver”, a companhia aérea continuará a voar com as “cores nacionais”, e o dinheiro público colocado na TAP dependerá de haver um grande “controlo” das contas da empresa. Uma garantia que ficou longe de descansar os partidos de direita.

No capítulo das garantias que pouco descansaram os interlocutores, uma menção para a declaração de Costa de que afinal “não houve atrasos” no pagamento dos lay-offs quando questionado pelo CDS sobre o tema - isto apesar de o ministro da Economia, Siza Vieira, já ter assumido que as expectativas das empresas foram defraudadas e que a “máquina” falhou. Ou para a resposta a Inês Sousa Real, do PAN, que criticou os “negócios da China” relativos à compra de máscaras, referindo-se ao ajuste direto com a empresa do ex-presidente da Associação Nacional de Farmácias - Costa lembrou que o recurso a este tipo de contratação é excecional e assegurou que os contratos e respetivos relatórios serão públicos.

O "baile" de Quaresma e o "lixo" do racismo

Mas seria Catarina Martins a lançar o tema que acabou por trazer algumas das frases mais fortes do debate. Apesar de o modelo do debate quinzenal estar construído para os partidos interpelarem o primeiro-ministro, a coordenadora do Bloco de Esquerda optou por se dirigir diretamente a André Ventura, do Chega, e foi tudo menos tímida nas críticas à ideia de construir um plano de confinamento para a comunidade cigana: “O Chega não só tem opiniões repugnantes, como André Ventura tem a cobardia de querer calar quem lhe faz frente", disse, referindo-se ao texto que esta semana o “campeão nacional” Ricardo Quaresma dedicou a Ventura, que acusou de praticar um "populismo racista". "As suas ideias racistas devem ir parar ao caixote do lixo de onde nunca deviam ter saído".

O ataque motivou uma resposta de André Ventura, que depois se virou para o primeiro-ministro para o questionar sobre a proposta controversa. E, se Costa começou por responder de forma sóbria, aos poucos o primeiro-ministro pareceu ficar inspirado pela “trivela” de Quaresma - que mencionou - e cresceu para Ventura, assegurando que em Portugal “não há um problema” com a comunidade cigana e que Ventura levou “um baile” do jogador. “Só tinha era de estar calado”.

Catarina Martins e Jerónimo de Sousa ainda levariam ao debate reivindicações sobre o reforço do SNS, a proteção dos trabalhadores ou as injeções do Novo Banco, mas poucas ou nenhumas tiveram respostas novas. O caso Ventura e a “trivela” de Quaresma já tinham, por essa altura, tomado a atmosfera da Assembleia.

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