Complot: Meu querido mês de agosto

15-12-2019
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1    1.       Sei o que fizeste num verão passado

            Em 2010, o
Presidente do Governo Regional, Carlos César, anunciou a redução do preço das
passagens aéreas para 100 euros. Se alguns louvavam a ideia luminosa, o tempo provou
que se tratava de um presente envenenado, pois nunca os açorianos pagariam
tanto para viajar de avião.

            Coincidência
ou não, a partir daquele momento, a SATA entrou em franco declínio. A
estratégia de desenvolvimento da empresa fracassou e a imagem positiva que
nutria junto dos açorianos desvaneceu-se rapidamente. Perante isto, só restava
ao Governo sacudir as suas responsabilidades, justificando-se com a demora na revisão
das obrigações de serviço público.

            Segundo as
recentes notícias, a dita revisão - negociada com o pior Governo da República,
segundo os socialistas - foi bem-sucedida e pode alterar estruturalmente as
políticas aéreas de transporte de e para os Açores. Mas há uma conclusão a
tirar disto tudo: se não for o governo central a entrar, o governo açoriano não
sabe como gerir a SATA, muito menos pô-la a servir os açorianos. 

     2.      Brincadeiras de miúdos mimados

            O
Presidente da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou que queria tratamento igual
ao dos Açores relativamente às tarifas aéreas para o continente. Um mês depois,
o Presidente dos Açores, Vasco Cordeiro, exigiu as mesmas condições às da
Madeira no que respeita ao apoio concedido pela República nas viagens entre o
Funchal e Porto Santo. 

            Não se
trata aqui de criticar o tempo que Vasco Cordeiro levou para responder à
picardia do líder madeirense caído em desgraça; trata-se de mostrar como os
governos regionais estão votados à irrelevância. Afinal, para que servem as
autonomias regionais se a mão de Lisboa tem de estar presente para alimentá-las?

     3.      Quem se mete com o PS leva

            O autarca
da Povoação, Carlos Ávila, ousou criticar o Governo Regional pela falta de
investimento (vulgo betão) no seu concelho. Este episódio podia ter passado
despercebido se tivesse ficado por aí: afinal, são todos do mesmo partido;
bastava uns puxões de orelhas de quem manda para que, como das outras vezes, os
diferendos entre camaradas fossem sanados longe do alcance dos holofotes
mediáticos.

            Mas não. A
Associação dos Municípios dos Açores (AMRAA) achou por bem meter-se ao barulho,
saindo em defesa – imaginem - do Governo. Na resposta, o edil da Lagoa, João
Ponte, pôs-se ao lado do seu homólogo povoacense, acusando a AMRAA de falta de
solidariedade para com um dos seus associados. Como se não bastasse, o
Presidente da Câmara de Vila Franca saltou para o ringue, comentando que a
AMRAA “não tem dever de solidariedade” para com o autarca Carlos Ávila. 

            Conclusão
disto tudo: a supremacia do PS nos Açores é tão grande que a política açoriana
dispensa os partidos da oposição. Como não há almoços grátis, esses atos ou de
traição ou de lealdade serão cobrados no seu devido tempo.

 

       4.      Sexo, droga e açorianidade

            Já não
posso ouvir a conversa dos forasteiros maravilhados com Açores que nos
perguntam sobre como é viver nas ilhas, nos inquirem sobre como deve ser
difícil conviver de perto com a natureza ou afirmam de como o isolamento
insular dificulta o acesso ao mundo global. 

            Quando fizerem
shopping no Parque Atlântico, quando
postarem um selfie no Facebook, quando ligarem a SIC Notícias
ou quando virem um mendigo na marginal de Ponta Delgada, não se esqueçam: viver
nos Açores é mesmo muito diferente do resto do mundo.

1    1.       Sei o que fizeste num verão passado

            Em 2010, o
Presidente do Governo Regional, Carlos César, anunciou a redução do preço das
passagens aéreas para 100 euros. Se alguns louvavam a ideia luminosa, o tempo provou
que se tratava de um presente envenenado, pois nunca os açorianos pagariam
tanto para viajar de avião.

            Coincidência
ou não, a partir daquele momento, a SATA entrou em franco declínio. A
estratégia de desenvolvimento da empresa fracassou e a imagem positiva que
nutria junto dos açorianos desvaneceu-se rapidamente. Perante isto, só restava
ao Governo sacudir as suas responsabilidades, justificando-se com a demora na revisão
das obrigações de serviço público.

            Segundo as
recentes notícias, a dita revisão - negociada com o pior Governo da República,
segundo os socialistas - foi bem-sucedida e pode alterar estruturalmente as
políticas aéreas de transporte de e para os Açores. Mas há uma conclusão a
tirar disto tudo: se não for o governo central a entrar, o governo açoriano não
sabe como gerir a SATA, muito menos pô-la a servir os açorianos. 

     2.      Brincadeiras de miúdos mimados

            O
Presidente da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou que queria tratamento igual
ao dos Açores relativamente às tarifas aéreas para o continente. Um mês depois,
o Presidente dos Açores, Vasco Cordeiro, exigiu as mesmas condições às da
Madeira no que respeita ao apoio concedido pela República nas viagens entre o
Funchal e Porto Santo. 

            Não se
trata aqui de criticar o tempo que Vasco Cordeiro levou para responder à
picardia do líder madeirense caído em desgraça; trata-se de mostrar como os
governos regionais estão votados à irrelevância. Afinal, para que servem as
autonomias regionais se a mão de Lisboa tem de estar presente para alimentá-las?

     3.      Quem se mete com o PS leva

            O autarca
da Povoação, Carlos Ávila, ousou criticar o Governo Regional pela falta de
investimento (vulgo betão) no seu concelho. Este episódio podia ter passado
despercebido se tivesse ficado por aí: afinal, são todos do mesmo partido;
bastava uns puxões de orelhas de quem manda para que, como das outras vezes, os
diferendos entre camaradas fossem sanados longe do alcance dos holofotes
mediáticos.

            Mas não. A
Associação dos Municípios dos Açores (AMRAA) achou por bem meter-se ao barulho,
saindo em defesa – imaginem - do Governo. Na resposta, o edil da Lagoa, João
Ponte, pôs-se ao lado do seu homólogo povoacense, acusando a AMRAA de falta de
solidariedade para com um dos seus associados. Como se não bastasse, o
Presidente da Câmara de Vila Franca saltou para o ringue, comentando que a
AMRAA “não tem dever de solidariedade” para com o autarca Carlos Ávila. 

            Conclusão
disto tudo: a supremacia do PS nos Açores é tão grande que a política açoriana
dispensa os partidos da oposição. Como não há almoços grátis, esses atos ou de
traição ou de lealdade serão cobrados no seu devido tempo.

 

       4.      Sexo, droga e açorianidade

            Já não
posso ouvir a conversa dos forasteiros maravilhados com Açores que nos
perguntam sobre como é viver nas ilhas, nos inquirem sobre como deve ser
difícil conviver de perto com a natureza ou afirmam de como o isolamento
insular dificulta o acesso ao mundo global. 

            Quando fizerem
shopping no Parque Atlântico, quando
postarem um selfie no Facebook, quando ligarem a SIC Notícias
ou quando virem um mendigo na marginal de Ponta Delgada, não se esqueçam: viver
nos Açores é mesmo muito diferente do resto do mundo.

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