Africandar: +N+ 7

14-11-2019
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Para 62,o +N+ anuncia-se mais desenvolto. Fico a saber que Rebelo Carvalheira é coordenador. Desconheço se já seria bancário ou até se já existiria o BCA. Presumo que ainda, o que em angolano se deveria entender por não.Não se entende bem que género de coordenação.Sabia-o mais ligado ao desporto!Na revisão do ano findo descortinou-se que «Luanda protestou» anunciara efectivamente o início das hostilidades em Angola.Com aparente indignação acusaram-se algumas potências estrangeiras (nossas aliadas em diversos interesses ou em outrosconflitos) de apoiarem a «acção criminosa» dos nossos inimigos.A edição seguinte inclui uma página assinada Bettencourt Faria, o teimoso,persistente e fabuloso criador do Observatório da Mulemba. O assunto versava, imagine-se!, poesia popular:«O Antão era pastor»!!!O 62 não arrancou grande coisa, no que toca a temas, e a imagem do +N+ não agarrava. A 20 de Janeiro esbarro com uma graçola de nível: Júlio Castro Lopo assina uma crónica soberba sobre Afonso Costa, cuja memória, entendia o cronista, devia ser melhor preservada e que seria de premente justiça ligar o seu nome à toponímia da cidade de Luanda.Mas o assunto quente era já a curiosidade em saber onde iria ficar instalada a mui desejada Universidade de Angola!Foi Charulla de Azevedo, aliás, o primeiro jornalista a farejar a iniciativa do governo e a pô-la em letra de forma, no «Diário de Luanda». Ele próprio defendeu nojornal a opção por Nova Lisboa,capital do Huambo, onde Sebastião Coelho, chefede produção do Rádio Clube tentava, debalde, montar uma cadeia de televisão.No que toca à Universidade a localização continuou indefenida e cada vez mais sujeita a pressões. Avançou-se apenas com uma data provável: Outubro.Uma reportagem da época, ainda em Janeiro, mostra a pacificação agrária, no Uige.Destaque ainda para interessante crónica de Virginia Redinha sobre a visita ao Museu do Dundo, acompanhada pelo Soba Sakamanda, para avaliar o culto dos ancestrais, no Museu, verdadeira pérola diamantífera...Entretanto confirmou-se que o Banco de Angola mudava a sede para Luanda. E onde pensam que era antes? Não se matem a adivinhar. Era em Lisboa, evidentemente!Menos de um ano, após o início das hostilidades,surge uma questão:soldados querem ficar!João Azevedo assina a reportagem,aliás magnífica sobre o Uige. Repovoamento e sementeiras; a enxada a passar para a mão que empunhou a espingarda,apesar de, na serra do Cananga ainda haver indícios guerrilheiros. Uma terra bendita, promissora...A 24 de Março,uma reportagem caseira e bem esgalhada,com três páginas acaloradas com praias de Luanda, visitadas pelos repórteres Alberto Santos(?) e Ricardo Mesquita, fotógrafo do Cita.E uma interrogação pasmática:«Teria sido Cristo um insurrepto político?- perguntava Jerónimo Ramos,um mui desconfiado cronista do Cita. Investigou, comentou e concluiuque sim!Outro problema, complicado de aceitar surgiu em Abril: os condenados a penas de reclusão recusam-se a sair da Cadeia de S. Nicolau, no final da pena!Nada de conflito prisional ou judicial. Querem ficar em S. Nicolau,ponto final parágrafo!. Bom clima. Chão generoso. E tranquilidade.E continuaram a trabalhar o chão, em barracas pitorescas, com as mulheres e filhos, obtida licença ficaram.Júlio Castro Lopo merece estudo à parte. As suas crónicas com tipo de letra minúscula, por mór do espaço, que é sempre curto e escasso.São lições de História, de humanismo, lições políticas ou actos de ternura e de coragem, um tudo nada perdido nas páginas folclóricas da revista.É premente recuperá-las!Tremenda zanga entre o +N+ e o «DL» (Diário de Luanda).A falta de clarificação sobre quem é quem nos jornais deu pano para mangas, dava, de vez em quando. O +N+ entendiadefender um indefeso ex-colaborador;os do diário (orgão do Estado) tinham prosápiae, bem entendido, uma polícia política por trás...De repende dou por Carmo Veiga a coordenar o desporto.Foi sempre um excelente camarada.Sobre a morte do prof. Egas Moniz, nem por isso benquisto entre os salazareiros,escreveu Júlio Castro Lopo, a relembrar o notável cientista e prémio Nóbel.Um texto de admiração e simpatia. Um texto corajoso, considerando os antecedentes!Nas edições seguintes surgem controversos textos, de diferentes personalidades,sobre como e onde situar a futura Universidade. Eu,por acaso já sei, mas não digo...A morte de Alda Lara chocou-me hoje, tanto ou mais,do que há 40 e picos anos:«À prostituta mais novado bairro mais velho e escurodeixo os meus brincos lavradosem cristal límpido e puro...E cito apenas a frase do irmão Ernesto: «...creio que foi por ela ser muito boa e muita pura, que Deus ma tirou»...O petróleo de rompante na capa.E lá dentro o próprio Charulla a pegar no assunto, quatro páginas!Sem cor o +N+ não é ainda o Semanário que conheci, mas neste segundo semestre melhorou a olhos vistos.A ficha técnica, vista agora, à distância, é obscura, quase ridícula.O director não dirige;o editor não edita;Espera-se melhor perfomanceem 63...


Para 62,o +N+ anuncia-se mais desenvolto. Fico a saber que Rebelo Carvalheira é coordenador. Desconheço se já seria bancário ou até se já existiria o BCA. Presumo que ainda, o que em angolano se deveria entender por não.Não se entende bem que género de coordenação.Sabia-o mais ligado ao desporto!Na revisão do ano findo descortinou-se que «Luanda protestou» anunciara efectivamente o início das hostilidades em Angola.Com aparente indignação acusaram-se algumas potências estrangeiras (nossas aliadas em diversos interesses ou em outrosconflitos) de apoiarem a «acção criminosa» dos nossos inimigos.A edição seguinte inclui uma página assinada Bettencourt Faria, o teimoso,persistente e fabuloso criador do Observatório da Mulemba. O assunto versava, imagine-se!, poesia popular:«O Antão era pastor»!!!O 62 não arrancou grande coisa, no que toca a temas, e a imagem do +N+ não agarrava. A 20 de Janeiro esbarro com uma graçola de nível: Júlio Castro Lopo assina uma crónica soberba sobre Afonso Costa, cuja memória, entendia o cronista, devia ser melhor preservada e que seria de premente justiça ligar o seu nome à toponímia da cidade de Luanda.Mas o assunto quente era já a curiosidade em saber onde iria ficar instalada a mui desejada Universidade de Angola!Foi Charulla de Azevedo, aliás, o primeiro jornalista a farejar a iniciativa do governo e a pô-la em letra de forma, no «Diário de Luanda». Ele próprio defendeu nojornal a opção por Nova Lisboa,capital do Huambo, onde Sebastião Coelho, chefede produção do Rádio Clube tentava, debalde, montar uma cadeia de televisão.No que toca à Universidade a localização continuou indefenida e cada vez mais sujeita a pressões. Avançou-se apenas com uma data provável: Outubro.Uma reportagem da época, ainda em Janeiro, mostra a pacificação agrária, no Uige.Destaque ainda para interessante crónica de Virginia Redinha sobre a visita ao Museu do Dundo, acompanhada pelo Soba Sakamanda, para avaliar o culto dos ancestrais, no Museu, verdadeira pérola diamantífera...Entretanto confirmou-se que o Banco de Angola mudava a sede para Luanda. E onde pensam que era antes? Não se matem a adivinhar. Era em Lisboa, evidentemente!Menos de um ano, após o início das hostilidades,surge uma questão:soldados querem ficar!João Azevedo assina a reportagem,aliás magnífica sobre o Uige. Repovoamento e sementeiras; a enxada a passar para a mão que empunhou a espingarda,apesar de, na serra do Cananga ainda haver indícios guerrilheiros. Uma terra bendita, promissora...A 24 de Março,uma reportagem caseira e bem esgalhada,com três páginas acaloradas com praias de Luanda, visitadas pelos repórteres Alberto Santos(?) e Ricardo Mesquita, fotógrafo do Cita.E uma interrogação pasmática:«Teria sido Cristo um insurrepto político?- perguntava Jerónimo Ramos,um mui desconfiado cronista do Cita. Investigou, comentou e concluiuque sim!Outro problema, complicado de aceitar surgiu em Abril: os condenados a penas de reclusão recusam-se a sair da Cadeia de S. Nicolau, no final da pena!Nada de conflito prisional ou judicial. Querem ficar em S. Nicolau,ponto final parágrafo!. Bom clima. Chão generoso. E tranquilidade.E continuaram a trabalhar o chão, em barracas pitorescas, com as mulheres e filhos, obtida licença ficaram.Júlio Castro Lopo merece estudo à parte. As suas crónicas com tipo de letra minúscula, por mór do espaço, que é sempre curto e escasso.São lições de História, de humanismo, lições políticas ou actos de ternura e de coragem, um tudo nada perdido nas páginas folclóricas da revista.É premente recuperá-las!Tremenda zanga entre o +N+ e o «DL» (Diário de Luanda).A falta de clarificação sobre quem é quem nos jornais deu pano para mangas, dava, de vez em quando. O +N+ entendiadefender um indefeso ex-colaborador;os do diário (orgão do Estado) tinham prosápiae, bem entendido, uma polícia política por trás...De repende dou por Carmo Veiga a coordenar o desporto.Foi sempre um excelente camarada.Sobre a morte do prof. Egas Moniz, nem por isso benquisto entre os salazareiros,escreveu Júlio Castro Lopo, a relembrar o notável cientista e prémio Nóbel.Um texto de admiração e simpatia. Um texto corajoso, considerando os antecedentes!Nas edições seguintes surgem controversos textos, de diferentes personalidades,sobre como e onde situar a futura Universidade. Eu,por acaso já sei, mas não digo...A morte de Alda Lara chocou-me hoje, tanto ou mais,do que há 40 e picos anos:«À prostituta mais novado bairro mais velho e escurodeixo os meus brincos lavradosem cristal límpido e puro...E cito apenas a frase do irmão Ernesto: «...creio que foi por ela ser muito boa e muita pura, que Deus ma tirou»...O petróleo de rompante na capa.E lá dentro o próprio Charulla a pegar no assunto, quatro páginas!Sem cor o +N+ não é ainda o Semanário que conheci, mas neste segundo semestre melhorou a olhos vistos.A ficha técnica, vista agora, à distância, é obscura, quase ridícula.O director não dirige;o editor não edita;Espera-se melhor perfomanceem 63...

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