És a nossa Fé!

25-12-2019
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Amar o Sporting

Pedro Correia

Pedro Correia 14.01.20 Amar o Sporting é cultivar alguns dos valores que mais prezo. Ser fiel às origens, às tradições, à devoção clubística – antónimo de clubite. Praticar a lealdade em campo e fora dele, rejeitando golpes baixos. Gostar muito de vencer, sim – mas sem batota. Recusar ódios tribais a pretexto da glória desportiva. Nunca confundir um adversário com um inimigo, sabendo de antemão que o futebol (só para invocar o desporto que entre nós mobiliza mais paixões) é a coisa mais importante das coisas menos importantes, como Jorge Valdano nos ensinou. Amo o Sporting pela marca inconfundível do seu ecletismo. Os meus primeiros heróis leoninos, ainda em criança, eram Leões de corpo inteiro sem jogarem futebol. Foi o Joaquim Agostinho a brilhar nos Alpes e a vencer etapas na Volta à França depois de ter sido o maior campeão de ciclismo de todos os tempos em Portugal. Foi o António Livramento, artista exímio com um stick nas mãos, campeão europeu de verde e branco, além de campeão mundial a nível de selecções. Foi o Carlos Lopes, recordista absoluto do corta-mato europeu, brioso herói da estrada, medalha de prata nos 10 mil metros em Montreal, primeiro português a subir ao pódio olímpico, de ouro ao peito, naquela inesquecível maratona de 1984 em Los Angeles. Amar o Sporting é abraçar o universalismo que fez este nosso centenário clube transbordar os limites físicos do País e galgar fronteiras. Conheci fervorosos sportinguistas nas mais diversas paragens do planeta. Nos confins de Timor, no bulício de Macau, na placidez de Goa – lá estão, com a nossa marca inconfundível, sedes leoninas que funcionam como agregador social naqueles países e territórios, assumindo em simultâneo uma ligação perene a este recanto mais ocidental da Europa. Amar o Sporting é cultivar a tenacidade de quem nos soube ensinar, de legado em legado, que nunca se vira a cara à luta. João Azevedo a jogar lesionado entre os postes, só com um braço disponível, enfrentando o Benfica num dos clássicos cuja memória perdurou através das gerações. Fernando Mendes, um dos esteios do onze que conquistou a Taça das Taças em 1964, alvo de uma lesão no ano seguinte que o afastou para a prática do futebol, mas capaz de conduzir a equipa, já como treinador, ao título de 1980. Francis Obikwelu, nigeriano naturalizado português e brioso atleta leonino que saltou da construção civil onde modestamente ganhava a vida para o ouro nas pistas europeias em 2002, 2006 e 2011. Campeões com talento, campeões com garra, campeões inquebrantáveis – mas também campeões humildes, conscientes de que nenhum homem é uma ilha e um desportista, por mais aplausos momentâneos que suscite, é apenas uma parcela de um vasto arquipélago já existente quando surgiu e destinado a perdurar muito para além dele. Na Academia de Alcochete, no Estádio José Alvalade, no Pavilhão João Rocha, somos conscientes disto: ninguém ganha sozinho. Antes de Cristiano Ronaldo havia um Aurélio Pereira, antes de Livramento havia um Torcato Ferreira, antes de Carlos Lopes havia um Mário Moniz Pereira. O desporto com a genuína marca leonina não cava trincheiras: estende pontes, transmitindo a pedagogia da tolerância e cultivando a convivência entre mulheres e homens de diferentes culturas, ideologias, crenças e gerações. É também por isto que amo o Sporting: fez-me sempre descobrir mais pontes que trincheiras. O que assume relevância não apenas no desporto: é igualmente uma singular lição de vida. Publicado originalmente no blogue Castigo Máximo, por amável convite do Pedro Azevedo. Tags:

amor

aurélio pereira

azevedo

carlos lopes

cristiano ronaldo

dedicação

devoção

moniz pereira

sporting

sportinguismo

«Azevedo

AntónioF

AntónioF 10.09.19 a sua carreira e as suas preferências João Azevedo é o guarda-redes mais categorizado. O seu nome pronuncia-se com simpatia e admiração por todos quantos, de uma ponta à outra do país, se interessem pelo futebol. E mais ainda: - a personalidade do guarda-redes nacional goza no estrangeiro do justo prestígio que conquistou pelas suas brilhantes e famosas defesas.

O futebol português, que tem tido algumas boas figuras, na baliza, encontrou em Azevedo um estilo próprio, subindo gradualmente em perfeição, oferecendo-nos rasgos de bela energia a um sentido admirável de visão, ao concluírem-se à boca das redes as mais perigosas jogadas.

O nosso “keeper” está na ordem do dia, É o n.º 1 do nosso futebol.

Fomos conversar com o famoso Azevedo do Barreiro. Encontrá-lo, não é coisa fácil, mas ao fim e ao cabo, Azevedo, bom rapaz, não deixou de cavaquear um pouco connosco. Ei-lo na nossa frente, recordando os seus bons tempos de garoto, datas, e revivendo os mais variados casos.

Azevedo tem 30 anos de idade e 14 de jogador de futebol – sempre em guarda-redes. Porquê? Ele nos conta…

- Nunca joguei em outro lugar senão nas redes. Mesmo em miúdo era só este posto que ocupava. E revelo-lhe os porquês. Por ser o lugar de mais descanso… Jogávamos na praia, cá no Barreiro, desafios que ocupavam toda a manhã. Tanta hora a jogar na areia era de arrasar! Assim, eu na baliza, descansava. Interessei-me depois por este lugar e continuei. Quando enverguei pela primeira vez uma camisola de clube desportivo foi para ocupar a defesa das redes do grupo infantil do Barreirense. Tinha talvez menos de 16 anos e lá me conservei três épocas. Depois fui para o Luso, só um ano e na época de 1935-36 ingressei no Sporting.

- Cuja carreira tem sido vitoriosa, atalhamos.

- Sim. Reconheço que valho alguma coisa no futebol, por intuição, por habilidade, mas também porque tenho procurado rodear a minha vida de jogador da bola de cuidada preparação, técnica e física.

- Pensa ainda jogar muito tempo?

- A não ser alguma infelicidade ou qualquer imprevisto, pretendo estar na primeira categoria do Sporting até aos 35 anos. Até quando puder! Por enquanto sinto-me em boa forma..

- Quando aparecer o substituto para o “team” nacional, o Azevedo continuará…

- Quanto a mim – um facto não prejudica o outro. Admito que surja em qualquer altura um elemento capaz de me substituir. O mesmo sucedeu quando eu subi. Continuarei a jogar. Que tem isso?

- Qual o jogador que actualmente revela mais qualidades para o substituir?

Azevedo já deve ter pensado neste caso, pois nos responde com prontidão.

- Martins, Valongo e Capela, este mais jovem… São por enquanto os três valores que vejo no nosso futebol com mais possibilidade de me substituírem em lugar tão ingrato e difícil.

Azevedo deve ser um dos nossos jogadores o que melhor visão tem do jogo. No seu posto, observa com inteligência, a jogada… Sabe recolher impressões.

- Qual o avançado português que mais o perturba?

- Espírito Santo. Quando se acerca das minhas balizas com a bola nos pés, sinto perigo. E saio para a defesa com o dobro da atenção e do cuidado. Veloz, salta bem, sabe evitar de forma especial a defesa, e é magnífico a desmarcar-se. Este atrativos acompanham o seu bom chute.

Continuamos a falar de jogadores.

- Depois, aprecio Moreira, Arsénio, Francisco Ferreira, Quaresma, e dos jogadores novos, uma que me impressiona muito bem, o belenense Andrade. Dos da minha idade considero-os todos bons. Lá nos “leões” é tudo fixe. Dos antigos recordo, entre outros, Mourão e Pinga. E, agora que falamos de gente da bola não posso esquecer o elemento, precioso para a minha vida de jogador – o massagista Manuel Marques. Além de ser de uma competência na sua profissão, tem tido especiais cuidados comigo. Conhece-me dos pés à cabeça. Sabe como funciona o meu corpo melhor que eu, como funciona e reage. Assistido pelo massagista Manuel Marques tenho uma fé enorme na minha actividade…

- Que lhe parece o comportamento do Sporting?

- Boa equipa, e podemos ainda ganhar o campeonato. Questão de força e vontade.

- Com uma carreira já longa e recheada de jogos perigosos, qual terá sido a defesa mais difícil de Azevedo?

- Talvez pareça estranho, mas a melhor defesa, quanto a mim, que fiz no decorrer destes 14 anos, foi um mergulho formidável, aos pés de um avançado portuense, Já não me recordo do nome do avançado, pois isto aconteceu há uns anos. De resto, não tenho recordações especiais. Tardes boas e má, vitórias, derrotas, o jogo com a Alemanha, no empate a 2 bolas, e agora o jogo com os ingleses.

Aproveitamos para falar do estrangeiro. Azevedo já alinhou em 14 jogos internacionais e visitou a Espanha, Alemanha, Itália, Suíça e França.

- Em todos estes desafios encontrou grandes jogadores?

Azevedo pensa um pouco, revê a série de encontros, e diz-nos:

- É inegável que, de todos, os que mais me impressionaram foram os dois extremos ingleses da R.A.F.

- Que resultado prevê no próximo Portugal – Espanha?

- É possível ganharmos. Se o grupo entrar em campo com a vontade com que pisou a relva do Estádio Nacional no jogo com a R.A.F., não será extremamente difícil vencer os espanhóis. Temos categoria.

Abordámos aina um assunto que constitui uma passagem importante na vida de Azevedo. A sua projectada viagem ao Brasil. O “Keeper” nacional não se surpreendeu com a nossa curiosidade.

- Todos os assuntos que a ele se referem estão adormecidos. Talvez um dia…

- Durante a sua carreira de jogador tem recebido convites para alinhar por outros clubes?

- Nunca recebi dessas propostas. Já agora – “leão” até ao fim.

Terminámos a conversa. Chegara a vez de oferecermos aos nossos leitores a página dedicada a João Azevedo – que ela merece logo que publicámos a primeira. Quando abandonámos o Barreiro trazíamos connosco, além destas palavras, a certeza de que teremos Azevedo para muito tempo.» Entrevista de Fernando Sá publicada na revista STADIUM, n.º 171, de 13 de Março de 1946. pp. 4, 15 Tags:

azevedo

Amar o Sporting

Pedro Correia

Pedro Correia 14.01.20 Amar o Sporting é cultivar alguns dos valores que mais prezo. Ser fiel às origens, às tradições, à devoção clubística – antónimo de clubite. Praticar a lealdade em campo e fora dele, rejeitando golpes baixos. Gostar muito de vencer, sim – mas sem batota. Recusar ódios tribais a pretexto da glória desportiva. Nunca confundir um adversário com um inimigo, sabendo de antemão que o futebol (só para invocar o desporto que entre nós mobiliza mais paixões) é a coisa mais importante das coisas menos importantes, como Jorge Valdano nos ensinou. Amo o Sporting pela marca inconfundível do seu ecletismo. Os meus primeiros heróis leoninos, ainda em criança, eram Leões de corpo inteiro sem jogarem futebol. Foi o Joaquim Agostinho a brilhar nos Alpes e a vencer etapas na Volta à França depois de ter sido o maior campeão de ciclismo de todos os tempos em Portugal. Foi o António Livramento, artista exímio com um stick nas mãos, campeão europeu de verde e branco, além de campeão mundial a nível de selecções. Foi o Carlos Lopes, recordista absoluto do corta-mato europeu, brioso herói da estrada, medalha de prata nos 10 mil metros em Montreal, primeiro português a subir ao pódio olímpico, de ouro ao peito, naquela inesquecível maratona de 1984 em Los Angeles. Amar o Sporting é abraçar o universalismo que fez este nosso centenário clube transbordar os limites físicos do País e galgar fronteiras. Conheci fervorosos sportinguistas nas mais diversas paragens do planeta. Nos confins de Timor, no bulício de Macau, na placidez de Goa – lá estão, com a nossa marca inconfundível, sedes leoninas que funcionam como agregador social naqueles países e territórios, assumindo em simultâneo uma ligação perene a este recanto mais ocidental da Europa. Amar o Sporting é cultivar a tenacidade de quem nos soube ensinar, de legado em legado, que nunca se vira a cara à luta. João Azevedo a jogar lesionado entre os postes, só com um braço disponível, enfrentando o Benfica num dos clássicos cuja memória perdurou através das gerações. Fernando Mendes, um dos esteios do onze que conquistou a Taça das Taças em 1964, alvo de uma lesão no ano seguinte que o afastou para a prática do futebol, mas capaz de conduzir a equipa, já como treinador, ao título de 1980. Francis Obikwelu, nigeriano naturalizado português e brioso atleta leonino que saltou da construção civil onde modestamente ganhava a vida para o ouro nas pistas europeias em 2002, 2006 e 2011. Campeões com talento, campeões com garra, campeões inquebrantáveis – mas também campeões humildes, conscientes de que nenhum homem é uma ilha e um desportista, por mais aplausos momentâneos que suscite, é apenas uma parcela de um vasto arquipélago já existente quando surgiu e destinado a perdurar muito para além dele. Na Academia de Alcochete, no Estádio José Alvalade, no Pavilhão João Rocha, somos conscientes disto: ninguém ganha sozinho. Antes de Cristiano Ronaldo havia um Aurélio Pereira, antes de Livramento havia um Torcato Ferreira, antes de Carlos Lopes havia um Mário Moniz Pereira. O desporto com a genuína marca leonina não cava trincheiras: estende pontes, transmitindo a pedagogia da tolerância e cultivando a convivência entre mulheres e homens de diferentes culturas, ideologias, crenças e gerações. É também por isto que amo o Sporting: fez-me sempre descobrir mais pontes que trincheiras. O que assume relevância não apenas no desporto: é igualmente uma singular lição de vida. Publicado originalmente no blogue Castigo Máximo, por amável convite do Pedro Azevedo. Tags:

amor

aurélio pereira

azevedo

carlos lopes

cristiano ronaldo

dedicação

devoção

moniz pereira

sporting

sportinguismo

«Azevedo

AntónioF

AntónioF 10.09.19 a sua carreira e as suas preferências João Azevedo é o guarda-redes mais categorizado. O seu nome pronuncia-se com simpatia e admiração por todos quantos, de uma ponta à outra do país, se interessem pelo futebol. E mais ainda: - a personalidade do guarda-redes nacional goza no estrangeiro do justo prestígio que conquistou pelas suas brilhantes e famosas defesas.

O futebol português, que tem tido algumas boas figuras, na baliza, encontrou em Azevedo um estilo próprio, subindo gradualmente em perfeição, oferecendo-nos rasgos de bela energia a um sentido admirável de visão, ao concluírem-se à boca das redes as mais perigosas jogadas.

O nosso “keeper” está na ordem do dia, É o n.º 1 do nosso futebol.

Fomos conversar com o famoso Azevedo do Barreiro. Encontrá-lo, não é coisa fácil, mas ao fim e ao cabo, Azevedo, bom rapaz, não deixou de cavaquear um pouco connosco. Ei-lo na nossa frente, recordando os seus bons tempos de garoto, datas, e revivendo os mais variados casos.

Azevedo tem 30 anos de idade e 14 de jogador de futebol – sempre em guarda-redes. Porquê? Ele nos conta…

- Nunca joguei em outro lugar senão nas redes. Mesmo em miúdo era só este posto que ocupava. E revelo-lhe os porquês. Por ser o lugar de mais descanso… Jogávamos na praia, cá no Barreiro, desafios que ocupavam toda a manhã. Tanta hora a jogar na areia era de arrasar! Assim, eu na baliza, descansava. Interessei-me depois por este lugar e continuei. Quando enverguei pela primeira vez uma camisola de clube desportivo foi para ocupar a defesa das redes do grupo infantil do Barreirense. Tinha talvez menos de 16 anos e lá me conservei três épocas. Depois fui para o Luso, só um ano e na época de 1935-36 ingressei no Sporting.

- Cuja carreira tem sido vitoriosa, atalhamos.

- Sim. Reconheço que valho alguma coisa no futebol, por intuição, por habilidade, mas também porque tenho procurado rodear a minha vida de jogador da bola de cuidada preparação, técnica e física.

- Pensa ainda jogar muito tempo?

- A não ser alguma infelicidade ou qualquer imprevisto, pretendo estar na primeira categoria do Sporting até aos 35 anos. Até quando puder! Por enquanto sinto-me em boa forma..

- Quando aparecer o substituto para o “team” nacional, o Azevedo continuará…

- Quanto a mim – um facto não prejudica o outro. Admito que surja em qualquer altura um elemento capaz de me substituir. O mesmo sucedeu quando eu subi. Continuarei a jogar. Que tem isso?

- Qual o jogador que actualmente revela mais qualidades para o substituir?

Azevedo já deve ter pensado neste caso, pois nos responde com prontidão.

- Martins, Valongo e Capela, este mais jovem… São por enquanto os três valores que vejo no nosso futebol com mais possibilidade de me substituírem em lugar tão ingrato e difícil.

Azevedo deve ser um dos nossos jogadores o que melhor visão tem do jogo. No seu posto, observa com inteligência, a jogada… Sabe recolher impressões.

- Qual o avançado português que mais o perturba?

- Espírito Santo. Quando se acerca das minhas balizas com a bola nos pés, sinto perigo. E saio para a defesa com o dobro da atenção e do cuidado. Veloz, salta bem, sabe evitar de forma especial a defesa, e é magnífico a desmarcar-se. Este atrativos acompanham o seu bom chute.

Continuamos a falar de jogadores.

- Depois, aprecio Moreira, Arsénio, Francisco Ferreira, Quaresma, e dos jogadores novos, uma que me impressiona muito bem, o belenense Andrade. Dos da minha idade considero-os todos bons. Lá nos “leões” é tudo fixe. Dos antigos recordo, entre outros, Mourão e Pinga. E, agora que falamos de gente da bola não posso esquecer o elemento, precioso para a minha vida de jogador – o massagista Manuel Marques. Além de ser de uma competência na sua profissão, tem tido especiais cuidados comigo. Conhece-me dos pés à cabeça. Sabe como funciona o meu corpo melhor que eu, como funciona e reage. Assistido pelo massagista Manuel Marques tenho uma fé enorme na minha actividade…

- Que lhe parece o comportamento do Sporting?

- Boa equipa, e podemos ainda ganhar o campeonato. Questão de força e vontade.

- Com uma carreira já longa e recheada de jogos perigosos, qual terá sido a defesa mais difícil de Azevedo?

- Talvez pareça estranho, mas a melhor defesa, quanto a mim, que fiz no decorrer destes 14 anos, foi um mergulho formidável, aos pés de um avançado portuense, Já não me recordo do nome do avançado, pois isto aconteceu há uns anos. De resto, não tenho recordações especiais. Tardes boas e má, vitórias, derrotas, o jogo com a Alemanha, no empate a 2 bolas, e agora o jogo com os ingleses.

Aproveitamos para falar do estrangeiro. Azevedo já alinhou em 14 jogos internacionais e visitou a Espanha, Alemanha, Itália, Suíça e França.

- Em todos estes desafios encontrou grandes jogadores?

Azevedo pensa um pouco, revê a série de encontros, e diz-nos:

- É inegável que, de todos, os que mais me impressionaram foram os dois extremos ingleses da R.A.F.

- Que resultado prevê no próximo Portugal – Espanha?

- É possível ganharmos. Se o grupo entrar em campo com a vontade com que pisou a relva do Estádio Nacional no jogo com a R.A.F., não será extremamente difícil vencer os espanhóis. Temos categoria.

Abordámos aina um assunto que constitui uma passagem importante na vida de Azevedo. A sua projectada viagem ao Brasil. O “Keeper” nacional não se surpreendeu com a nossa curiosidade.

- Todos os assuntos que a ele se referem estão adormecidos. Talvez um dia…

- Durante a sua carreira de jogador tem recebido convites para alinhar por outros clubes?

- Nunca recebi dessas propostas. Já agora – “leão” até ao fim.

Terminámos a conversa. Chegara a vez de oferecermos aos nossos leitores a página dedicada a João Azevedo – que ela merece logo que publicámos a primeira. Quando abandonámos o Barreiro trazíamos connosco, além destas palavras, a certeza de que teremos Azevedo para muito tempo.» Entrevista de Fernando Sá publicada na revista STADIUM, n.º 171, de 13 de Março de 1946. pp. 4, 15 Tags:

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