Vergonha: o Minipreço aproveita-se da crise da habitação

22-02-2020
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O Minipreço lançou na passada semana um vídeo publicitário vergonhoso, porque se aproveita da crise da habitação que está a afetar milhares de pessoas. O vídeo chama-se “estende a renda” e foi lançado nas redes sociais da empresa detida pela gigante espanhola da distribuição DIA. Nele, a empresa diz que Lisboa estar na moda é bom para os restaurantes, hotéis, comércio, mas que não é bom para uma parte dos moradores. Diagnóstico partilhado por muitos. A solução é que não. Assim, propõe-se que os moradores do centro histórico das cidades usem os seus estendais para fazer publicidade ao Minipreço em troca de vouchers para gastar, adivinhem onde. No Minipreço.

Com esta campanha o Minipreço aproveita-se da crise da habitação para fazer publicidade a baixos custos e anunciar a sua “responsabilidade social”. Com esta campanha os moradores dos bairros históricos não resolvem nenhum dos seus problemas. É lucrar com a crise dos outros. Depois do Greenwashing e do Pinkwashing, o Minipreço inventa o Rentwashing.

Na verdade, o Minipreço quer ganhar dos dois lados, porque fazendo uma campanha de caridade que assume que a crise na habitação está descontrolada e que o “turismo aumentou as rendas e “escorraçou” a gente do centro de Lisboa”, no ano passado Jorge Madeira, diretor de projetos da marca, assumia que as novas lojas eram “um chamariz para os cerca de 70% de clientes “não fixos” desta loja”, como “turistas” e “pessoas que estão de passagem”. Em 2017 o DIA Portugal fez 853 milhões de euros em vendas.

Sejamos então sérios. A crise na habitação não se trata com truques publicitários como faz o Minipreço. Mas para que não haja aproveitamento da desgraça dos outros, é preciso uma solução política. O problema é que o PS propõe medidas que parecem ser a fingir. Atualmente, as medidas implementadas pelo governo de António Costa estão com uma estrondosa taxa de sucesso de 0,04%.

Para tratar da crise da habitação temos de alterar a Lei das Rendas de Assunção Cristas, temos de acabar com os vistos gold e com os benefícios fiscais para residentes não habituais e temos de regular o Alojamento Local. Isto permitiria arrefecer o mercado especulativo.

Mas não chega. Temos também de criar arrendamento público, não só para as classes mais baixas, com rendas apoiadas, mas também para as classes médias, com rendas entre os 150€ e os 500€. Isso significa que temos de convocar o património do Estado que não está a ser utilizado para fazer estas casas (como acontece no pilar público do programa da renda apoiada acordado entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista em Lisboa) e instituir uma regra para novos empreendimentos ou grandes reabilitações que obriguem os promotores privados a disponibilizar 25% dos fogos para um programa de renda apoiada (ver aqui).

O que não podemos mesmo aceitar é quem se aproveita da crise na habitação, desgraça de tantos, para fazer negócio.

Vídeo Minipreço aqui.

O Minipreço lançou na passada semana um vídeo publicitário vergonhoso, porque se aproveita da crise da habitação que está a afetar milhares de pessoas. O vídeo chama-se “estende a renda” e foi lançado nas redes sociais da empresa detida pela gigante espanhola da distribuição DIA. Nele, a empresa diz que Lisboa estar na moda é bom para os restaurantes, hotéis, comércio, mas que não é bom para uma parte dos moradores. Diagnóstico partilhado por muitos. A solução é que não. Assim, propõe-se que os moradores do centro histórico das cidades usem os seus estendais para fazer publicidade ao Minipreço em troca de vouchers para gastar, adivinhem onde. No Minipreço.

Com esta campanha o Minipreço aproveita-se da crise da habitação para fazer publicidade a baixos custos e anunciar a sua “responsabilidade social”. Com esta campanha os moradores dos bairros históricos não resolvem nenhum dos seus problemas. É lucrar com a crise dos outros. Depois do Greenwashing e do Pinkwashing, o Minipreço inventa o Rentwashing.

Na verdade, o Minipreço quer ganhar dos dois lados, porque fazendo uma campanha de caridade que assume que a crise na habitação está descontrolada e que o “turismo aumentou as rendas e “escorraçou” a gente do centro de Lisboa”, no ano passado Jorge Madeira, diretor de projetos da marca, assumia que as novas lojas eram “um chamariz para os cerca de 70% de clientes “não fixos” desta loja”, como “turistas” e “pessoas que estão de passagem”. Em 2017 o DIA Portugal fez 853 milhões de euros em vendas.

Sejamos então sérios. A crise na habitação não se trata com truques publicitários como faz o Minipreço. Mas para que não haja aproveitamento da desgraça dos outros, é preciso uma solução política. O problema é que o PS propõe medidas que parecem ser a fingir. Atualmente, as medidas implementadas pelo governo de António Costa estão com uma estrondosa taxa de sucesso de 0,04%.

Para tratar da crise da habitação temos de alterar a Lei das Rendas de Assunção Cristas, temos de acabar com os vistos gold e com os benefícios fiscais para residentes não habituais e temos de regular o Alojamento Local. Isto permitiria arrefecer o mercado especulativo.

Mas não chega. Temos também de criar arrendamento público, não só para as classes mais baixas, com rendas apoiadas, mas também para as classes médias, com rendas entre os 150€ e os 500€. Isso significa que temos de convocar o património do Estado que não está a ser utilizado para fazer estas casas (como acontece no pilar público do programa da renda apoiada acordado entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista em Lisboa) e instituir uma regra para novos empreendimentos ou grandes reabilitações que obriguem os promotores privados a disponibilizar 25% dos fogos para um programa de renda apoiada (ver aqui).

O que não podemos mesmo aceitar é quem se aproveita da crise na habitação, desgraça de tantos, para fazer negócio.

Vídeo Minipreço aqui.

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