“Trata-se de uma candidatura aprovada e que, neste momento, já está nas finais regionais”: assim começa por explicar, ao Expresso, o deputado socialista Hugo Oliveira, a propósito de uma atuação, selecionada como finalista, que irá a concurso no programa “Sete Maravilhas da Cultura Popular”, exibido pela RTP a partir de 6 de julho e que conta com o alto patrocínio do Presidente da República.
Mas o que leva Hugo Oliveira, Joana Sá Pereira, Rosário Gamboa, Bruno Aragão, Susana Correia e Cláudia Santos, todos eles deputados do PS, a questionar o Ministério da Cultura se tem ou não conhecimento do teor da candidatura denominada “Bailes do Corpo - Cavalhada”, representativa de Penafiel? É que a atuação, sustenta Hugo Oliveira, “é também composta por uma dança intitulada ‘o baile dos pretos’”, em que “pessoas caucasianas pintadas de negro” dançam ao som das seguintes quadras:
“O Preto é o rei dos matos
Imperador de macacos
Não posso levar avante
Pretinho andar de sapatos
Trabalhai pretos cachoros
Trabalhai com devoção
Já que el-rei vos deixou forros
Ide-lhe beijar a mão”
A candidatura finalista é apresentada, no website da organização, como “a história de um grupo de escravos negros alforriados, que apresentam uma vistosa dança de fitas”. A descrição pode ser lida, na íntegra, AQUI.
Para o deputado Hugo Oliveira, primeiro signatário do conjunto de perguntas enviado esta sexta-feira ao Ministério da Cultura, “estamos a falar de uma candidatura a um programa, em que a televisão oficial é a RTP e com o alto patrocínio do Presidente da República”. O grupo de deputados socialistas quer “acreditar que não conhecem ainda sequer o teor”.
Estes “são comportamentos inadmissíveis que não cabem na sociedade atual”, frisa Hugo Oliveira. “Temos racismo estrutural em Portugal e as pessoas entendem-no como normal”, aponta. “É por isso que ouvimos Rui Rio dizer que não há racismo em Portugal e é também por isso que assistimos à manifestação do Chega”, considera o deputado.
Os portugueses “entendem que racismo é apenas quando existe violência contra uma pessoa de cor”, “o que não é, de todo, assim”, porque “este tipo de manifestações, infelizmente, existem e são claramente racistas", acrescenta Hugo Oliveira.
O grupo de subscritores do documento remetido esta sexta-feira ao Ministério da Cultura realça o “respeito por todas as tradições, mas estas práticas são completamente inadequadas e desajustadas à sociedade contemporânea. Temos de garantir o respeito por todas as pessoas na sua enriquecedora diversidade”.
O Expresso contactou a RTP, sem sucesso, na tentativa de obter esclarecimentos sobre este caso.
Categorias
Entidades
“Trata-se de uma candidatura aprovada e que, neste momento, já está nas finais regionais”: assim começa por explicar, ao Expresso, o deputado socialista Hugo Oliveira, a propósito de uma atuação, selecionada como finalista, que irá a concurso no programa “Sete Maravilhas da Cultura Popular”, exibido pela RTP a partir de 6 de julho e que conta com o alto patrocínio do Presidente da República.
Mas o que leva Hugo Oliveira, Joana Sá Pereira, Rosário Gamboa, Bruno Aragão, Susana Correia e Cláudia Santos, todos eles deputados do PS, a questionar o Ministério da Cultura se tem ou não conhecimento do teor da candidatura denominada “Bailes do Corpo - Cavalhada”, representativa de Penafiel? É que a atuação, sustenta Hugo Oliveira, “é também composta por uma dança intitulada ‘o baile dos pretos’”, em que “pessoas caucasianas pintadas de negro” dançam ao som das seguintes quadras:
“O Preto é o rei dos matos
Imperador de macacos
Não posso levar avante
Pretinho andar de sapatos
Trabalhai pretos cachoros
Trabalhai com devoção
Já que el-rei vos deixou forros
Ide-lhe beijar a mão”
A candidatura finalista é apresentada, no website da organização, como “a história de um grupo de escravos negros alforriados, que apresentam uma vistosa dança de fitas”. A descrição pode ser lida, na íntegra, AQUI.
Para o deputado Hugo Oliveira, primeiro signatário do conjunto de perguntas enviado esta sexta-feira ao Ministério da Cultura, “estamos a falar de uma candidatura a um programa, em que a televisão oficial é a RTP e com o alto patrocínio do Presidente da República”. O grupo de deputados socialistas quer “acreditar que não conhecem ainda sequer o teor”.
Estes “são comportamentos inadmissíveis que não cabem na sociedade atual”, frisa Hugo Oliveira. “Temos racismo estrutural em Portugal e as pessoas entendem-no como normal”, aponta. “É por isso que ouvimos Rui Rio dizer que não há racismo em Portugal e é também por isso que assistimos à manifestação do Chega”, considera o deputado.
Os portugueses “entendem que racismo é apenas quando existe violência contra uma pessoa de cor”, “o que não é, de todo, assim”, porque “este tipo de manifestações, infelizmente, existem e são claramente racistas", acrescenta Hugo Oliveira.
O grupo de subscritores do documento remetido esta sexta-feira ao Ministério da Cultura realça o “respeito por todas as tradições, mas estas práticas são completamente inadequadas e desajustadas à sociedade contemporânea. Temos de garantir o respeito por todas as pessoas na sua enriquecedora diversidade”.
O Expresso contactou a RTP, sem sucesso, na tentativa de obter esclarecimentos sobre este caso.