Governo sob pressão

04-02-2020
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Não são uma nem duas. São pelo menos seis as greves anunciadas para hoje e que ameaçam parar boa parte do país. A menos de uma semana da votação final global do Orçamento do Estado, aumenta a pressão sobre o Governo. Estão previstas paralisações dos funcionários públicos, das forças de segurança, das empresas de distribuição, dos enfermeiros, dos médicos, dos professores. A função pública tem uma lista considerável de reivindicações, com aumentos salariais à cabeça, partilhadas (no todo ou em parte) pelos outros setores profissionais que se juntam ao protesto. É uma demonstração da força dos sindicatos e dos partidos da esquerda parlamentar que se lhes associam. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e Arménio Carlos, líder da CGTP, vão participar na manifestação que parte das 14h30 do Marquês de Pombal para a residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa. Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, também vai marcar presença.

Pressão sobre o Governo nas ruas e dentro de casa, que é como quem diz, no Parlamento. E o Executivo acusa o toque: sem chegar ao ponto de maio passado - quando a possibilidade de toda a oposição aprovar a contagem integral do tempo da carreira dos professores fez António Costa ameaçar com a demissão -, dramatiza com as consequências de uma eventual aliança entre comunistas, bloquistas e sociais-democratas para fazerem aprovar no Orçamento do Estado, a não assim tão simples, como explica a Liliana Valente, baixa da taxa do IVA na eletricidade: o Governo não está disponível para governar "em qualquer cenário", avisa Pedro Nuno Santos. Marcelo Rebelo de Sousa, por sua vez, desvaloriza: uma crise política quando a legislatura acabou de começar "não faz sentido", diz o Presidente. A próxima semana é decisiva: o Orçamento começa a ser votado na especialidade na segunda-feira; quinta-feira é a votação final global.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

O presidente do EuroBic, Teixeira dos Santos, deu uma entrevista à RTP onde afirma que todas as ordens de transferência assinadas por Isabel dos Santos para saída de 57 milhões de dólares da Sonangol para uma empresa do Dubai são "inteiramente legítimas" e não tinham que fazer soar os alarmes da instituição. O antigo ministro das Finanças disse ainda não considerar que a sua reputação enquanto banqueiro tenha ficado prejudicada pela investigação à origem do dinheiro da angolana.

A assembleia do Livre reuniu-se finalmente esta noite para decidir retirar (ou não) a confiança política a Joacine Katar Moreira. A reunião decorreu sem a presença da deputada (que o Livre diz ter convocado, embora o seu assessor tenha garantido que não) e à porta fechada. À hora a que ultimo este Curto ainda não há informação sobre o que lá se passou. Certo é que, mesmo sem a confiança do partido por que foi eleita, Joacine pode manter-se como deputada não inscrita, o que, a acontecer, significa que o Livre perde a sua representação parlamentar.

Se a greve dos funcionários públicos deixar, continua hoje a instrução do processo do furto das armas do paiol de Tancos. É ouvido Paulo Lemos, conhecido pela alcunha de "Fechaduras", que terá sido quem ensinou os assaltantes de Tancos como arrombar a porta e qual o utensílio a utilizar.

Também prossegue o julgamento dos 44 arguidos no ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, com a inquirição de testemunhas. De manhã é ouvido o antigo jogador William Carvalho e à tarde André Geraldes, ex-braço-direito de Bruno de Carvalho.

Hoje à tarde há Conselho de Estado, o primeiro do ano, o primeiro com a presença de Rui Rio (que andava desaparecido desde a noite de 18 de janeiro, quando foi reeleito para a liderança do PSD, mas voltou a ser visto e ouvido ontem). É convidado o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na qualidade de Presidente da Conferência de Chefes de Estado e do Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a pretexto da próxima cimeira da organização (que se realiza este ano, em Angola).

A seleção portuguesa de futsal venceu o seu primeiro jogo para a qualificação para o Mundial, impondo-se à Bielorrússia por 2-1.

...E LÁ FORA

Os números estão em constante atualização. Os últimos, à hora em que escrevo, dão conta de 213 vítimas mortais do coronavírus e cerca de 10000 infectados com a doença que levou ontem a Organização Mundial de Saúde a decretar emergência global de saúde pública (significa isto que se trata de um acontecimento extraordinário, com perigo elevado para a saúde pública e exigindo uma resposta internacional coordenada; é a sexta vez, desde 2009). Na Europa já há casos registados na Alemanha, em França e em Itália. Os 17 portugueses que vivem na cidade chinesa de Wuhan (onde o vírus foi identificado pela primeira vez, já em dezembro) e que pediram para ser retirados deveriam chegar ao aeroporto de Figo Maduro amanhã de manhã mas as últimas dão conta que o voo que deveria ter partido de Paris esta manhã está atrasado. Os cidadãos serão rastreados antes e depois da viagem mas Portugal, ao contrário de outros países, não obriga os repatriados a quarentena. Há três hospitais de prevenção. Em Wuhan, há dois hospitais a serem construídos... em 10 dias. O primeiro, com 1000 camas, entra em funcionamento já nesta segunda-feira. O segundo, um pouco maior, dois dias depois. A sua construção está a ser transmitida em direto, aqui.

É hoje. Depois da aprovação do acordo de saída, na quarta-feira, pelo Parlamento Europeu (621 votos a favor e 49 contra), o Reino Unido entra a partir da meia noite e até 31 de dezembro no período de transição para a saída da União Europeia. Entre o referendo (a 23 de junho de 2016) que ditou o Brexit e o dia de hoje passaram 1317 dias de "sai não sai", que culminaram 47 anos de uma relação com altos e baixos, como o The Guardian aqui sumariza - recordando entre outros momentos, o imperdível episódio da série televisiva dos anos 80 "Yes Minister" em que o cínico, mas muito lúcido, Sir Humphrey explica como é que a velha Albion sempre olhou para o velho continente. Os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Parlamento Europeu, David Sassoli, assinalam a data com uma declaração conjunta, às 10h00. Às 23h00 (0h00 em Bruxelas), as bandeiras do Reino Unido são arreadas de todos os edifícios das instituições europeias e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala ao país.

O Senado norte-americano decide hoje se vai chamar testemunhas e assim continuar o processo de impugnação do Presidente (como pretendem os democratas) ou se emite já um veredicto absolvendo Donald Trump (como querem os republicanos). Mas após a maratona final de perguntas aos defensores de Trump e aos promotores do processo de impugnação, tudo aponta para que o impeachment fique por aqui. Lamar Alexander, um dos quatro senadores republicanos que admitiam votar para que o processo prosseguisse, e que acredita que Trump seja culpado das acusações que lhe imputam, acabou por concluir que é melhor que seu julgamento seja feito nas urnas, nas presidenciais de novembro.

Ontem, a meio do dia, parecia que o Governo de Espanha ia adiar as negociações com os independentistas catalães para depois das eleições regionais antecipadas (anunciadas na quarta-feira pelo presidente da Catalunha, Quim Torra). Afinal não.

Hoje é o último de três dias do Congresso Internacional para a Pastoral da Pessoa Idosa, promovido pelo Papa Francisco, em Roma. A Rosa Pedroso Lima conta-lhe no Expresso Diário o objetivo do Sumo Pontífice ao reunir mais de 500 pessoas para refletirem sobre "A riqueza dos anos".

Fecha hoje o mercado de transferências no futebol. Ao longo do dia a Tribuna põe-no a par do estado desta arte de comprar, vender ou emprestar jogadores.

FRASES

"Isto não é o fim, é um começo"

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, sobre o Brexit, hoje finalmente consumado

“A questão não é tanto se o Presidente o fez, mas antes se deve ser o Senado dos EUA ou o povo americano a decidir o que fazer acerca do que ele fez”

Lamar Alexander, senador norte-americano (republicano), admitindo que Trump é culpado do que o acusavam os democratas que queriam o impeachment

"Tenho a certeza de que todos os pais já terão um plano B para deixarem os seus filhos noutro lugar”

Filinto Lima, representante dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, antecipando que a greve de hoje nas escolas será uma das maiores de sempre

"O PS não está disponível para governar em qualquer cenário, temos um dever de responsabilidade para com o povo português”

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, sobre a possibilidade de haver uma coligação negativa entre BE, PCP e PSD para fazer aprovar a baixa do IVA da eletricidade

“Não faz sentido haver uma crise política num início de uma legislatura e o que é desejável é que a legislatura siga o seu curso e termine quando tiver de terminar"

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

"Estar num banco em que [Isabel dos Santos] é acionista não tem necessariamente de manchar a reputação de quem aqui tem procurado fazer um bom trabalho"

Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic. Ainda assim admitiu que se pudesse voltar atrás não aceitaria o convite para presidir à instituição

“Acho que os cidadãos portugueses já perceberam que a minha prolongada e desproporcional prisão preventiva tem como objetivo primordial silenciar as minhas denúncias e manter escândalos como o Luanda Leaks fechados a sete chaves"

Rui Pinto, hacker português, fonte do Football Leaks e do Luanda Leaks, preso desde março de 2019

O QUE ANDO A LER E A VER

O tempo para leituras ociosas (no sentido literal do termo) tem sido escasso. A passo de caracol, vou lendo "A beleza que nos pertence". Mas é mesmo para ler sem pressas esta coleção de aforismos de José Tolentino Mendonça, editada no final do ano passado pela Quetzal. Organizada em capítulos por ordem alfabética - do "A" de Alegria ao "V" de Vulnerabilidade -, a obra leva-nos a refletir sobre o que normalmente nem questionamos, chama-nos a atenção para o que o dia-a-dia nos leva a arrumar na gaveta da indiferença quando na verdade continuaria a merecer espanto: "Na imperfeição é sempre possível começar e recomeçar. A imperfeição permite-nos compreender a singularidade, a diversidade, o real impacto da passagem do tempo, o traço dos seus vestígios. A imperfeição humaniza-nos".

Estreou esta quarta-feira e pode ser vista até 7 de março na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, a belíssima exposição "Os 500 desenhos de Silva Porto na coleção SNBA". Mais de metade destes 512 desenhos agora expostos - e que foram adquiridos pelo Grémio Artístico, antecessor da SNBA, em 1893, aquando da morte precoce do pintor portuense, aos 43 anos - nunca tinham sido vistos.

Pode a crueldade ser a outra face do amor? A pergunta inquieta, o que é precisamente um dos objetivos desta produção televisiva que venceu o BAFTA (os Óscares britânicos) de melhor minissérie, em 2019. São cinco episódios inspirados em outros tantos livros (semi-autobiográficos) de Edward St. Aubyn: "Patrick Melrose" passou na RTP 2 entre 3ª feira 21 e esta 2ªfeira (27), mas continua disponível na plataforma de streaming HBO. Exige um certo "estômago" capaz de resistir à sordidez da trama (uma criança abusada sexualmente pelo pai e as consequências de tão ignóbil crime na sua formação como pessoa e nas suas relações com o mundo em geral e os outros em particular), tarefa que acaba facilitada pelo sentido de humor (muito britânico) que perpassa todos os textos e, sobretudo, pela interpretação sublime de Benedict Cumberbatch (no papel principal), que aliás conquistou com ela o BAFTA de 2019 para Melhor Ator.

Pela primeira vez na sua história, o programa de atualidade Expresso da Meia Noite tem uma mulher no painel de moderadores: Ângela Silva, do Expresso, junta-se a Ricardo Costa e Bernardo Ferrão, da SIC. A estreia é esta noite, com o tema Rui Pinto e Luanda Leaks. A partir das 23h00, na antena da SIC Notícias.

E este Curto fica por aqui. Amanhã há edição semanal do Expresso nas bancas. Até lá mantenha-se a par das últimas nos sites do Expresso, Tribuna, Blitz e SIC Notícias. Bom fim-de-semana.

Não são uma nem duas. São pelo menos seis as greves anunciadas para hoje e que ameaçam parar boa parte do país. A menos de uma semana da votação final global do Orçamento do Estado, aumenta a pressão sobre o Governo. Estão previstas paralisações dos funcionários públicos, das forças de segurança, das empresas de distribuição, dos enfermeiros, dos médicos, dos professores. A função pública tem uma lista considerável de reivindicações, com aumentos salariais à cabeça, partilhadas (no todo ou em parte) pelos outros setores profissionais que se juntam ao protesto. É uma demonstração da força dos sindicatos e dos partidos da esquerda parlamentar que se lhes associam. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e Arménio Carlos, líder da CGTP, vão participar na manifestação que parte das 14h30 do Marquês de Pombal para a residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa. Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, também vai marcar presença.

Pressão sobre o Governo nas ruas e dentro de casa, que é como quem diz, no Parlamento. E o Executivo acusa o toque: sem chegar ao ponto de maio passado - quando a possibilidade de toda a oposição aprovar a contagem integral do tempo da carreira dos professores fez António Costa ameaçar com a demissão -, dramatiza com as consequências de uma eventual aliança entre comunistas, bloquistas e sociais-democratas para fazerem aprovar no Orçamento do Estado, a não assim tão simples, como explica a Liliana Valente, baixa da taxa do IVA na eletricidade: o Governo não está disponível para governar "em qualquer cenário", avisa Pedro Nuno Santos. Marcelo Rebelo de Sousa, por sua vez, desvaloriza: uma crise política quando a legislatura acabou de começar "não faz sentido", diz o Presidente. A próxima semana é decisiva: o Orçamento começa a ser votado na especialidade na segunda-feira; quinta-feira é a votação final global.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

O presidente do EuroBic, Teixeira dos Santos, deu uma entrevista à RTP onde afirma que todas as ordens de transferência assinadas por Isabel dos Santos para saída de 57 milhões de dólares da Sonangol para uma empresa do Dubai são "inteiramente legítimas" e não tinham que fazer soar os alarmes da instituição. O antigo ministro das Finanças disse ainda não considerar que a sua reputação enquanto banqueiro tenha ficado prejudicada pela investigação à origem do dinheiro da angolana.

A assembleia do Livre reuniu-se finalmente esta noite para decidir retirar (ou não) a confiança política a Joacine Katar Moreira. A reunião decorreu sem a presença da deputada (que o Livre diz ter convocado, embora o seu assessor tenha garantido que não) e à porta fechada. À hora a que ultimo este Curto ainda não há informação sobre o que lá se passou. Certo é que, mesmo sem a confiança do partido por que foi eleita, Joacine pode manter-se como deputada não inscrita, o que, a acontecer, significa que o Livre perde a sua representação parlamentar.

Se a greve dos funcionários públicos deixar, continua hoje a instrução do processo do furto das armas do paiol de Tancos. É ouvido Paulo Lemos, conhecido pela alcunha de "Fechaduras", que terá sido quem ensinou os assaltantes de Tancos como arrombar a porta e qual o utensílio a utilizar.

Também prossegue o julgamento dos 44 arguidos no ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, com a inquirição de testemunhas. De manhã é ouvido o antigo jogador William Carvalho e à tarde André Geraldes, ex-braço-direito de Bruno de Carvalho.

Hoje à tarde há Conselho de Estado, o primeiro do ano, o primeiro com a presença de Rui Rio (que andava desaparecido desde a noite de 18 de janeiro, quando foi reeleito para a liderança do PSD, mas voltou a ser visto e ouvido ontem). É convidado o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na qualidade de Presidente da Conferência de Chefes de Estado e do Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a pretexto da próxima cimeira da organização (que se realiza este ano, em Angola).

A seleção portuguesa de futsal venceu o seu primeiro jogo para a qualificação para o Mundial, impondo-se à Bielorrússia por 2-1.

...E LÁ FORA

Os números estão em constante atualização. Os últimos, à hora em que escrevo, dão conta de 213 vítimas mortais do coronavírus e cerca de 10000 infectados com a doença que levou ontem a Organização Mundial de Saúde a decretar emergência global de saúde pública (significa isto que se trata de um acontecimento extraordinário, com perigo elevado para a saúde pública e exigindo uma resposta internacional coordenada; é a sexta vez, desde 2009). Na Europa já há casos registados na Alemanha, em França e em Itália. Os 17 portugueses que vivem na cidade chinesa de Wuhan (onde o vírus foi identificado pela primeira vez, já em dezembro) e que pediram para ser retirados deveriam chegar ao aeroporto de Figo Maduro amanhã de manhã mas as últimas dão conta que o voo que deveria ter partido de Paris esta manhã está atrasado. Os cidadãos serão rastreados antes e depois da viagem mas Portugal, ao contrário de outros países, não obriga os repatriados a quarentena. Há três hospitais de prevenção. Em Wuhan, há dois hospitais a serem construídos... em 10 dias. O primeiro, com 1000 camas, entra em funcionamento já nesta segunda-feira. O segundo, um pouco maior, dois dias depois. A sua construção está a ser transmitida em direto, aqui.

É hoje. Depois da aprovação do acordo de saída, na quarta-feira, pelo Parlamento Europeu (621 votos a favor e 49 contra), o Reino Unido entra a partir da meia noite e até 31 de dezembro no período de transição para a saída da União Europeia. Entre o referendo (a 23 de junho de 2016) que ditou o Brexit e o dia de hoje passaram 1317 dias de "sai não sai", que culminaram 47 anos de uma relação com altos e baixos, como o The Guardian aqui sumariza - recordando entre outros momentos, o imperdível episódio da série televisiva dos anos 80 "Yes Minister" em que o cínico, mas muito lúcido, Sir Humphrey explica como é que a velha Albion sempre olhou para o velho continente. Os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Parlamento Europeu, David Sassoli, assinalam a data com uma declaração conjunta, às 10h00. Às 23h00 (0h00 em Bruxelas), as bandeiras do Reino Unido são arreadas de todos os edifícios das instituições europeias e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala ao país.

O Senado norte-americano decide hoje se vai chamar testemunhas e assim continuar o processo de impugnação do Presidente (como pretendem os democratas) ou se emite já um veredicto absolvendo Donald Trump (como querem os republicanos). Mas após a maratona final de perguntas aos defensores de Trump e aos promotores do processo de impugnação, tudo aponta para que o impeachment fique por aqui. Lamar Alexander, um dos quatro senadores republicanos que admitiam votar para que o processo prosseguisse, e que acredita que Trump seja culpado das acusações que lhe imputam, acabou por concluir que é melhor que seu julgamento seja feito nas urnas, nas presidenciais de novembro.

Ontem, a meio do dia, parecia que o Governo de Espanha ia adiar as negociações com os independentistas catalães para depois das eleições regionais antecipadas (anunciadas na quarta-feira pelo presidente da Catalunha, Quim Torra). Afinal não.

Hoje é o último de três dias do Congresso Internacional para a Pastoral da Pessoa Idosa, promovido pelo Papa Francisco, em Roma. A Rosa Pedroso Lima conta-lhe no Expresso Diário o objetivo do Sumo Pontífice ao reunir mais de 500 pessoas para refletirem sobre "A riqueza dos anos".

Fecha hoje o mercado de transferências no futebol. Ao longo do dia a Tribuna põe-no a par do estado desta arte de comprar, vender ou emprestar jogadores.

FRASES

"Isto não é o fim, é um começo"

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, sobre o Brexit, hoje finalmente consumado

“A questão não é tanto se o Presidente o fez, mas antes se deve ser o Senado dos EUA ou o povo americano a decidir o que fazer acerca do que ele fez”

Lamar Alexander, senador norte-americano (republicano), admitindo que Trump é culpado do que o acusavam os democratas que queriam o impeachment

"Tenho a certeza de que todos os pais já terão um plano B para deixarem os seus filhos noutro lugar”

Filinto Lima, representante dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, antecipando que a greve de hoje nas escolas será uma das maiores de sempre

"O PS não está disponível para governar em qualquer cenário, temos um dever de responsabilidade para com o povo português”

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, sobre a possibilidade de haver uma coligação negativa entre BE, PCP e PSD para fazer aprovar a baixa do IVA da eletricidade

“Não faz sentido haver uma crise política num início de uma legislatura e o que é desejável é que a legislatura siga o seu curso e termine quando tiver de terminar"

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

"Estar num banco em que [Isabel dos Santos] é acionista não tem necessariamente de manchar a reputação de quem aqui tem procurado fazer um bom trabalho"

Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic. Ainda assim admitiu que se pudesse voltar atrás não aceitaria o convite para presidir à instituição

“Acho que os cidadãos portugueses já perceberam que a minha prolongada e desproporcional prisão preventiva tem como objetivo primordial silenciar as minhas denúncias e manter escândalos como o Luanda Leaks fechados a sete chaves"

Rui Pinto, hacker português, fonte do Football Leaks e do Luanda Leaks, preso desde março de 2019

O QUE ANDO A LER E A VER

O tempo para leituras ociosas (no sentido literal do termo) tem sido escasso. A passo de caracol, vou lendo "A beleza que nos pertence". Mas é mesmo para ler sem pressas esta coleção de aforismos de José Tolentino Mendonça, editada no final do ano passado pela Quetzal. Organizada em capítulos por ordem alfabética - do "A" de Alegria ao "V" de Vulnerabilidade -, a obra leva-nos a refletir sobre o que normalmente nem questionamos, chama-nos a atenção para o que o dia-a-dia nos leva a arrumar na gaveta da indiferença quando na verdade continuaria a merecer espanto: "Na imperfeição é sempre possível começar e recomeçar. A imperfeição permite-nos compreender a singularidade, a diversidade, o real impacto da passagem do tempo, o traço dos seus vestígios. A imperfeição humaniza-nos".

Estreou esta quarta-feira e pode ser vista até 7 de março na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, a belíssima exposição "Os 500 desenhos de Silva Porto na coleção SNBA". Mais de metade destes 512 desenhos agora expostos - e que foram adquiridos pelo Grémio Artístico, antecessor da SNBA, em 1893, aquando da morte precoce do pintor portuense, aos 43 anos - nunca tinham sido vistos.

Pode a crueldade ser a outra face do amor? A pergunta inquieta, o que é precisamente um dos objetivos desta produção televisiva que venceu o BAFTA (os Óscares britânicos) de melhor minissérie, em 2019. São cinco episódios inspirados em outros tantos livros (semi-autobiográficos) de Edward St. Aubyn: "Patrick Melrose" passou na RTP 2 entre 3ª feira 21 e esta 2ªfeira (27), mas continua disponível na plataforma de streaming HBO. Exige um certo "estômago" capaz de resistir à sordidez da trama (uma criança abusada sexualmente pelo pai e as consequências de tão ignóbil crime na sua formação como pessoa e nas suas relações com o mundo em geral e os outros em particular), tarefa que acaba facilitada pelo sentido de humor (muito britânico) que perpassa todos os textos e, sobretudo, pela interpretação sublime de Benedict Cumberbatch (no papel principal), que aliás conquistou com ela o BAFTA de 2019 para Melhor Ator.

Pela primeira vez na sua história, o programa de atualidade Expresso da Meia Noite tem uma mulher no painel de moderadores: Ângela Silva, do Expresso, junta-se a Ricardo Costa e Bernardo Ferrão, da SIC. A estreia é esta noite, com o tema Rui Pinto e Luanda Leaks. A partir das 23h00, na antena da SIC Notícias.

E este Curto fica por aqui. Amanhã há edição semanal do Expresso nas bancas. Até lá mantenha-se a par das últimas nos sites do Expresso, Tribuna, Blitz e SIC Notícias. Bom fim-de-semana.

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