Gente

13-09-1999
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É só fumaça, Sérgio

É CASO para dizer que, depois de ter conseguido impor à bancada do PS a iniciativa da «sua» JS de liberalização do aborto com a garantia do não ao referendo proposto pelo PSD, Sérgio Sousa Pinto tem boas razões para se voltar para a direcção do partido e do seu Grupo Parlamentar dizendo que, afinal, foi «só fumaça». O referendo foi mesmo aceite e a lei fica à espera. Só que, como o atesta a foto, a expressão é, afinal, mais adequada ao líder da JS, apanhado a fumar no hemiciclo, violando (outra vez) as regras.

O sentido de Coelho

A REUNIÃO da Comissão Política do PS e do Grupo Parlamentar socialista, terça-feira à noite, para discutir a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os referendos, decorreu de forma muito pacífica. Tão pacífica que acabou por nem sequer ser votado o comunicado final lido por Almeida Santos entre os sorrisos (e até mesmo gargalhadas) de alguns socialistas. E este não foi o único momento de boa disposição, já que, logo a abrir, Jorge Coelho quis esclarecer que, ao contrário do que fora noticiado, a sua missão ali não era «pôr ordem na casa», nem poderia ser, já que, disse o ministro da Administração Interna: «As únicas pessoas que lá vou conseguindo pôr em sentido são os polícias.»

Nem o santinho ajudou

FORAM muitos os meios usados por todos quantos se opuseram (e opõem) à lei do aborto para que esta não fosse aprovada. Os deputados do PSD que já haviam votado a lei favoravelmente no ano passado estiveram na mira dos opositores, que os pressionaram constantemente no sentido de não dizerem «Sim» na semana passada, quando a lei voltou ao Assembleia da República. Afogado no meio das inúmeras missivas que recebeu, o ex-secretário-geral do PSD, Rui Rio, descobriu um «santinho» enviado por uma fervorosa crente, que lhe escrevia: «Este 'santinho' é para se redimir da sua anterior votação». O santinho não produziu qualquer efeito e Rui Rio votou favoravelmente a lei. Mas, se a moda pega, os fabricantes de «santinhos» não vão ter mãos a medir por altura do referendo: para a redenção de todos, obviamente!

Menezes por Rio

QUE Rui Rio e Luís Filipe Menezes não morrem de amores um pelo outro é uma verdade conhecida no universo social-democrata e não só. Que Rio é particularmente crítico do actual presidente da Câmara de Gaia também é facto que ninguém desconhece. Que poderá candidatar-se à Comissão Política Distrital do Porto contra a lista apoiada por Menezes também é já do domínio público. Agora que Marques Mendes tenha resolvido fazer uma «gracinha» e atribuir ao ex-secretário-geral do PSD um lugar até aqui ocupado por Menezes é que é novidade. Recebida esta semana no gabinete de Almeida Santos, a seguinte comunicação assinada pela chefe do Gabinete do Grupo Parlamentar do PSD reza assim: «Encarrega-me Sua Excelência o Presidente do Grupo Parlamentar do PSD de comunicar a V. Ex.ª que o deputado Luís Filipe Menezes é substituído na UIP pelo deputado Rui Rio». Resta explicar a V. Ex.ªs que a UIP é a União Interparlamentar, ou seja, a organização mundial de todos os parlamentos dos Estados soberanos. Rui Rio lá terá de ir do Porto a Genebra, de vez em quando, enquanto Menezes lá terá de ir todos os dias (supõe-se) do Porto, onde mora, até à vizinha cidade de Gaia.

Afinal, António Costa não é...

HÁ CERCA de duas semanas, uma conhecida revista publicou um artigo sobre a maçonaria onde indicava uma lista de socialistas supostamente pertencentes àquela organização. E entre os «listados» estava o ministro dos Assuntos Parlamentares, António Costa... que, porém, acontece não ser maçon. Mas desde que saiu o artigo, Costa não tem sossego. É que em tudo quanto é sítio, aparece sempre alguém que lhe faz uns sinais... maçons, pensa o ministro.

Solidariedade

AINDA António Costa. O ministro dos Assuntos Parlamentares foi a Guimarães a semana passada apanhar com... uma posta de bacalhau. Um «atentado» de um «atirador furtivo» cuja «arma de arremesso» o ministro ficou sem saber se era mesmo uma posta do «fiel amigo» ou, antes, qualquer coisa parecida com um «croissant» com fiambre. As notícias do dia seguinte só falavam, porém, na primeira hipótese. E, sempre fiel à informação, Ricardo Costa, jornalista da SIC e irmão do ministro, recusou-se por isso a comer bacalhau num dos restaurantes perto do Parlamento, justificando: «É uma questão de solidariedade.»

Será mesmo que as aparências iludem?

NA SEGUNDA-FEIRA Mário Soares e a sua família foram ao Palácio de Belém para, depois de uma polémica que durou dois anos, finalmente pendurar o seu retrato na Galeria dos Retratos. Na fotografia, com Soares, vêem-se o autor do quadro, Júlio Pomar, e o Presidente da República, Jorge Sampaio. Um retrato - «diferente, como o foi a presidência de Soares», explicou Pomar - que se segue, no corredor, ao do seu antecessor no cargo, Ramalho Eanes. Apesar dos conflitos que sempre marcaram o relacionamento dos dois, Soares, naturalmente, disse que era uma «honra» estar a seguir ao general. Apesar das aparências...

As quintas do PM

QUE ele há «quintas» no PS é da tradição do partido mais partido. E bem se vai vendo quando se discute algum tema polémico ou mesmo quando nem o é e passa a ser. Agora que isso seja do agrado do primeiro-ministro e secretário-geral do PS é que não se sabia. Mas, a verdade, é que a primeira escolha de António Guterres vai para as «Duas Quintas» sempre que calha ser ele a escolher... o vinho. Tudo tem a sua explicação, e foi o próprio primeiro-ministro que a deu, num recente almoço: «É que este é o único vinho que só existe por minha causa.» Tudo porque foi o seu Governo que barrou a barragem de Foz Côa para preservar as gravuras rupestres. E as «Duas Quintas», claro!

Palavra de Deus

GENTE não é Deus mas tem ouvidos em todo o mundo. E pode garantir que as palavras «Deus está com Angola» não são nenhuma blasfémia nem uma invenção de criativos publicitários contratados pela presidência angolana. Quem as proferiu foi um comissário europeu e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, João de Deus Pinheiro, ao fazer a entrega, em Luanda, de um chorudo pacote de ajudas da União Europeia. Deus Pinheiro estava eufórico, o que talvez se explique pela magnitude do cheque ou simplesmente por ter trocado alguns dias da invernia europeia pelo calor dos Trópicos. Em contraste absoluto com o «gelo» que causaram as declações de um outro membro da comitiva. Que resolveu dizer que a UE «espera agora (de Luanda) uma interpretação mais líquida das regras da transparência».

Lagarto ou Durão?

APESAR de já se ter passado há algum tempo, Gente (que só agora dele teve conhecimento...) não resiste a contar este episódio que se passou na visita do primeiro-ministro, no ano passado, ao Brasil. O assessor de Imprensa do ministro João Cravinho, Paulo Lagarto, é um sósia mais novo de Durão Barroso. De perfil é mesmo uma cópia do ex-MNE. Tanto ou tão pouco que, no Rio de Janeiro, durante uma festa no Hospital dos Portugueses, uma mulher julgou ter reconhecido o delfim de Cavaco e gritou: «Mamãe! Vem ver esse ministro aí!» De nada lhe valeu negar! Tanto mais que Jorge Cabral, assessor de Guterres, resolveu deitar picante no assunto confirmando que era ele. Foi com o ar mais Barroso do mundo que Paulo Lagarto ouviu a mulher perguntar: «Dá um autógrafo p'ra mim?» E ele deu mesmo, assinando, obviamente, Durão Barroso.

Macário, incansável

UM ATENTO leitor de Gente contou-nos esta história, que não podemos deixar de relatar, quase «ipsis verbis». Diz o leitor que quem passa pela Câmara Municipal de Tavira fora de horas pode comprovar a presença do actual presidente pela luz acesa do seu gabinete. Mas acrescenta que a capacidade de trabalho de Macário Correia vai mais longe. Consta que, há uns dias, os trabalhadores municipais de recolha de lixo foram por ele visitados... às 4 horas da manhã. E num destes sábados, à tarde, chegou em cima da hora a uma muito concorrida conferência sobre a Ria Formosa e a construção de uma marina em Tavira. Cumprimentou os presentes na entrada da sala, em pé, ouviu durante um minuto e saiu com um: «Bem, vou mas é trabalhar!»

É só fumaça, Sérgio

É CASO para dizer que, depois de ter conseguido impor à bancada do PS a iniciativa da «sua» JS de liberalização do aborto com a garantia do não ao referendo proposto pelo PSD, Sérgio Sousa Pinto tem boas razões para se voltar para a direcção do partido e do seu Grupo Parlamentar dizendo que, afinal, foi «só fumaça». O referendo foi mesmo aceite e a lei fica à espera. Só que, como o atesta a foto, a expressão é, afinal, mais adequada ao líder da JS, apanhado a fumar no hemiciclo, violando (outra vez) as regras.

O sentido de Coelho

A REUNIÃO da Comissão Política do PS e do Grupo Parlamentar socialista, terça-feira à noite, para discutir a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os referendos, decorreu de forma muito pacífica. Tão pacífica que acabou por nem sequer ser votado o comunicado final lido por Almeida Santos entre os sorrisos (e até mesmo gargalhadas) de alguns socialistas. E este não foi o único momento de boa disposição, já que, logo a abrir, Jorge Coelho quis esclarecer que, ao contrário do que fora noticiado, a sua missão ali não era «pôr ordem na casa», nem poderia ser, já que, disse o ministro da Administração Interna: «As únicas pessoas que lá vou conseguindo pôr em sentido são os polícias.»

Nem o santinho ajudou

FORAM muitos os meios usados por todos quantos se opuseram (e opõem) à lei do aborto para que esta não fosse aprovada. Os deputados do PSD que já haviam votado a lei favoravelmente no ano passado estiveram na mira dos opositores, que os pressionaram constantemente no sentido de não dizerem «Sim» na semana passada, quando a lei voltou ao Assembleia da República. Afogado no meio das inúmeras missivas que recebeu, o ex-secretário-geral do PSD, Rui Rio, descobriu um «santinho» enviado por uma fervorosa crente, que lhe escrevia: «Este 'santinho' é para se redimir da sua anterior votação». O santinho não produziu qualquer efeito e Rui Rio votou favoravelmente a lei. Mas, se a moda pega, os fabricantes de «santinhos» não vão ter mãos a medir por altura do referendo: para a redenção de todos, obviamente!

Menezes por Rio

QUE Rui Rio e Luís Filipe Menezes não morrem de amores um pelo outro é uma verdade conhecida no universo social-democrata e não só. Que Rio é particularmente crítico do actual presidente da Câmara de Gaia também é facto que ninguém desconhece. Que poderá candidatar-se à Comissão Política Distrital do Porto contra a lista apoiada por Menezes também é já do domínio público. Agora que Marques Mendes tenha resolvido fazer uma «gracinha» e atribuir ao ex-secretário-geral do PSD um lugar até aqui ocupado por Menezes é que é novidade. Recebida esta semana no gabinete de Almeida Santos, a seguinte comunicação assinada pela chefe do Gabinete do Grupo Parlamentar do PSD reza assim: «Encarrega-me Sua Excelência o Presidente do Grupo Parlamentar do PSD de comunicar a V. Ex.ª que o deputado Luís Filipe Menezes é substituído na UIP pelo deputado Rui Rio». Resta explicar a V. Ex.ªs que a UIP é a União Interparlamentar, ou seja, a organização mundial de todos os parlamentos dos Estados soberanos. Rui Rio lá terá de ir do Porto a Genebra, de vez em quando, enquanto Menezes lá terá de ir todos os dias (supõe-se) do Porto, onde mora, até à vizinha cidade de Gaia.

Afinal, António Costa não é...

HÁ CERCA de duas semanas, uma conhecida revista publicou um artigo sobre a maçonaria onde indicava uma lista de socialistas supostamente pertencentes àquela organização. E entre os «listados» estava o ministro dos Assuntos Parlamentares, António Costa... que, porém, acontece não ser maçon. Mas desde que saiu o artigo, Costa não tem sossego. É que em tudo quanto é sítio, aparece sempre alguém que lhe faz uns sinais... maçons, pensa o ministro.

Solidariedade

AINDA António Costa. O ministro dos Assuntos Parlamentares foi a Guimarães a semana passada apanhar com... uma posta de bacalhau. Um «atentado» de um «atirador furtivo» cuja «arma de arremesso» o ministro ficou sem saber se era mesmo uma posta do «fiel amigo» ou, antes, qualquer coisa parecida com um «croissant» com fiambre. As notícias do dia seguinte só falavam, porém, na primeira hipótese. E, sempre fiel à informação, Ricardo Costa, jornalista da SIC e irmão do ministro, recusou-se por isso a comer bacalhau num dos restaurantes perto do Parlamento, justificando: «É uma questão de solidariedade.»

Será mesmo que as aparências iludem?

NA SEGUNDA-FEIRA Mário Soares e a sua família foram ao Palácio de Belém para, depois de uma polémica que durou dois anos, finalmente pendurar o seu retrato na Galeria dos Retratos. Na fotografia, com Soares, vêem-se o autor do quadro, Júlio Pomar, e o Presidente da República, Jorge Sampaio. Um retrato - «diferente, como o foi a presidência de Soares», explicou Pomar - que se segue, no corredor, ao do seu antecessor no cargo, Ramalho Eanes. Apesar dos conflitos que sempre marcaram o relacionamento dos dois, Soares, naturalmente, disse que era uma «honra» estar a seguir ao general. Apesar das aparências...

As quintas do PM

QUE ele há «quintas» no PS é da tradição do partido mais partido. E bem se vai vendo quando se discute algum tema polémico ou mesmo quando nem o é e passa a ser. Agora que isso seja do agrado do primeiro-ministro e secretário-geral do PS é que não se sabia. Mas, a verdade, é que a primeira escolha de António Guterres vai para as «Duas Quintas» sempre que calha ser ele a escolher... o vinho. Tudo tem a sua explicação, e foi o próprio primeiro-ministro que a deu, num recente almoço: «É que este é o único vinho que só existe por minha causa.» Tudo porque foi o seu Governo que barrou a barragem de Foz Côa para preservar as gravuras rupestres. E as «Duas Quintas», claro!

Palavra de Deus

GENTE não é Deus mas tem ouvidos em todo o mundo. E pode garantir que as palavras «Deus está com Angola» não são nenhuma blasfémia nem uma invenção de criativos publicitários contratados pela presidência angolana. Quem as proferiu foi um comissário europeu e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, João de Deus Pinheiro, ao fazer a entrega, em Luanda, de um chorudo pacote de ajudas da União Europeia. Deus Pinheiro estava eufórico, o que talvez se explique pela magnitude do cheque ou simplesmente por ter trocado alguns dias da invernia europeia pelo calor dos Trópicos. Em contraste absoluto com o «gelo» que causaram as declações de um outro membro da comitiva. Que resolveu dizer que a UE «espera agora (de Luanda) uma interpretação mais líquida das regras da transparência».

Lagarto ou Durão?

APESAR de já se ter passado há algum tempo, Gente (que só agora dele teve conhecimento...) não resiste a contar este episódio que se passou na visita do primeiro-ministro, no ano passado, ao Brasil. O assessor de Imprensa do ministro João Cravinho, Paulo Lagarto, é um sósia mais novo de Durão Barroso. De perfil é mesmo uma cópia do ex-MNE. Tanto ou tão pouco que, no Rio de Janeiro, durante uma festa no Hospital dos Portugueses, uma mulher julgou ter reconhecido o delfim de Cavaco e gritou: «Mamãe! Vem ver esse ministro aí!» De nada lhe valeu negar! Tanto mais que Jorge Cabral, assessor de Guterres, resolveu deitar picante no assunto confirmando que era ele. Foi com o ar mais Barroso do mundo que Paulo Lagarto ouviu a mulher perguntar: «Dá um autógrafo p'ra mim?» E ele deu mesmo, assinando, obviamente, Durão Barroso.

Macário, incansável

UM ATENTO leitor de Gente contou-nos esta história, que não podemos deixar de relatar, quase «ipsis verbis». Diz o leitor que quem passa pela Câmara Municipal de Tavira fora de horas pode comprovar a presença do actual presidente pela luz acesa do seu gabinete. Mas acrescenta que a capacidade de trabalho de Macário Correia vai mais longe. Consta que, há uns dias, os trabalhadores municipais de recolha de lixo foram por ele visitados... às 4 horas da manhã. E num destes sábados, à tarde, chegou em cima da hora a uma muito concorrida conferência sobre a Ria Formosa e a construção de uma marina em Tavira. Cumprimentou os presentes na entrada da sala, em pé, ouviu durante um minuto e saiu com um: «Bem, vou mas é trabalhar!»

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