JORNAL PUBLICO: "Vamos malhar neles"

11-10-1999
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06/08/95

Festa-comício com Paulo Portas

"Vamos malhar neles"

O cabeça-de-lista do CDS-PP pelo círculo de Aveiro, Paulo Portas, começou a pré-campanha demonstrando que conhece bem o terreno em que se movimenta, aproximando-se dos desconhecidos para cumprimentá-los, distribuindo abraços, beijinhos e sorrisos. Num jantar-comício em Albergaria-a-Velha, anteontem à noite, perante sete centenas de militantes e simpatizantes, acabou o seu discurso empunhando um mangual, que acabara de lhe ser oferecido pelo eurodeputado Girão Pereira, e dirigiu-se à multidão em delírio, exclamando: "Vamos malhar neles!".

O mangual, peça rústica que os agricultores da região utilizam para separar o grão das espigas, serviu às mil maravilhas para ilustrar tudo quanto dissera momentos antes, durante os 45 minutos do seu discurso. Interessados em ver como se portava aquele lisboeta que relegou Rui Marques, o presidente da Câmara local, para segundo lugar nas listas do CDS-PP, os habitantes de Albergaria-a-Velha acorreram em grande número ao segundo comício em que a estrela da noite, como sucedera uma semana antes no Furadouro, voltou a ser Paulo Portas. E mal disse: "Já tenho Aveiro no coração", os primeiros aplausos soaram com entusiasmo.

Na mesa de honra, além de Rui Marques, que foi o primeiro a usar da palavra para dizer que Paulo Portas estava "interessadíssimo em conhecer a região de Aveiro", encontrava-se Alda Vieira, que tinha chegado antes do início da festa. Apesar de o comício daquela noite ser uma iniciativa meramente local - como, ao longo do dia, tinham dito repetidamente os dirigentes concelhios do CDS-PP - a candidata, que começou por ser dada como certa no primeiro lugar da lista e depois no segundo posto, fez questão de, ultrapassado o choque de ter sido remetida para a terceira posição, marcar presença no acontecimento.

Num discurso pontuado por constantes referências à política "imposta por Bruxelas", que "levou ao desemprego, à miséria e ao sofrimento", Paulo Portas passou em revista todas as questões polémicas que marcaram o país nos últimos anos. A agricultura, as pescas e a situação nas empresas serviu para as primeiras declarações de fé nos princípios da "pátria" e do "trabalho honrado". "Não aceito que a política económica do Governo de Portugal seja decidida por estrangeiros". A partir de agora, afirmou o candidato do CDS-PP, "acabou o tempo dos europarvos e começou o tempo dos eurofirmes".

Seguiram-se referências ao desemprego ("há famílias a sofrer e a passar mal porque muita gente perdeu o emprego: é com esta gente que o PP está"); à educação, que o candidato popular definiu como a "calamidade da década" e aos problemas da droga: "O PSD e o PS reduziram as penas dos traficantes. O traficante é um assassino frio que deve ser condenado à pena máxima. Por vontade do PP, os traficantes vão para a cadeia".

A enorme ovação e o agitar frenético das bandeiras de plástico, acabadas de estrear, demonstraram que os presentes estavam satisfeitos com o que ouviam.

Numa das poucas referências ao "amigo, presidente e líder Manuel Monteiro", Paulo Portas defendeu-o daqueles que o acusam de ser populista. "É isso que ele deve fazer: estar ao lado dos fracos contra os fortes". E antes de encerrar a noite, o cabeça-de-lista do CDS-PP por Aveiro ainda teve tempo para defender a estratégia dos populares para depois das eleições de 1 de Outubro. Dando por garantido que "nenhum partido vai ter maioria absoluta", Portas assegurou que o voto no PP se destina a fazer com que "as políticas dos outros mudem".

Daniel Oliveira

06/08/95

Festa-comício com Paulo Portas

"Vamos malhar neles"

O cabeça-de-lista do CDS-PP pelo círculo de Aveiro, Paulo Portas, começou a pré-campanha demonstrando que conhece bem o terreno em que se movimenta, aproximando-se dos desconhecidos para cumprimentá-los, distribuindo abraços, beijinhos e sorrisos. Num jantar-comício em Albergaria-a-Velha, anteontem à noite, perante sete centenas de militantes e simpatizantes, acabou o seu discurso empunhando um mangual, que acabara de lhe ser oferecido pelo eurodeputado Girão Pereira, e dirigiu-se à multidão em delírio, exclamando: "Vamos malhar neles!".

O mangual, peça rústica que os agricultores da região utilizam para separar o grão das espigas, serviu às mil maravilhas para ilustrar tudo quanto dissera momentos antes, durante os 45 minutos do seu discurso. Interessados em ver como se portava aquele lisboeta que relegou Rui Marques, o presidente da Câmara local, para segundo lugar nas listas do CDS-PP, os habitantes de Albergaria-a-Velha acorreram em grande número ao segundo comício em que a estrela da noite, como sucedera uma semana antes no Furadouro, voltou a ser Paulo Portas. E mal disse: "Já tenho Aveiro no coração", os primeiros aplausos soaram com entusiasmo.

Na mesa de honra, além de Rui Marques, que foi o primeiro a usar da palavra para dizer que Paulo Portas estava "interessadíssimo em conhecer a região de Aveiro", encontrava-se Alda Vieira, que tinha chegado antes do início da festa. Apesar de o comício daquela noite ser uma iniciativa meramente local - como, ao longo do dia, tinham dito repetidamente os dirigentes concelhios do CDS-PP - a candidata, que começou por ser dada como certa no primeiro lugar da lista e depois no segundo posto, fez questão de, ultrapassado o choque de ter sido remetida para a terceira posição, marcar presença no acontecimento.

Num discurso pontuado por constantes referências à política "imposta por Bruxelas", que "levou ao desemprego, à miséria e ao sofrimento", Paulo Portas passou em revista todas as questões polémicas que marcaram o país nos últimos anos. A agricultura, as pescas e a situação nas empresas serviu para as primeiras declarações de fé nos princípios da "pátria" e do "trabalho honrado". "Não aceito que a política económica do Governo de Portugal seja decidida por estrangeiros". A partir de agora, afirmou o candidato do CDS-PP, "acabou o tempo dos europarvos e começou o tempo dos eurofirmes".

Seguiram-se referências ao desemprego ("há famílias a sofrer e a passar mal porque muita gente perdeu o emprego: é com esta gente que o PP está"); à educação, que o candidato popular definiu como a "calamidade da década" e aos problemas da droga: "O PSD e o PS reduziram as penas dos traficantes. O traficante é um assassino frio que deve ser condenado à pena máxima. Por vontade do PP, os traficantes vão para a cadeia".

A enorme ovação e o agitar frenético das bandeiras de plástico, acabadas de estrear, demonstraram que os presentes estavam satisfeitos com o que ouviam.

Numa das poucas referências ao "amigo, presidente e líder Manuel Monteiro", Paulo Portas defendeu-o daqueles que o acusam de ser populista. "É isso que ele deve fazer: estar ao lado dos fracos contra os fortes". E antes de encerrar a noite, o cabeça-de-lista do CDS-PP por Aveiro ainda teve tempo para defender a estratégia dos populares para depois das eleições de 1 de Outubro. Dando por garantido que "nenhum partido vai ter maioria absoluta", Portas assegurou que o voto no PP se destina a fazer com que "as políticas dos outros mudem".

Daniel Oliveira

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