A afirmação de uma indústria estratégica

06-10-1999
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Jorge Simão

O Ano Nacional do Multimédia, em 1998, vai aumentar a visibilidade do sector

A Associação para a Promoção do Multimédia em Portugal (APMP) acaba de revelar os resultados de um estudo sobre a situação do mercado do multimédia interactivo. É o primeiro estudo do género a ser feito entre nós e, apesar das conclusões sugerirem a existência de condições para uma «dinâmica de confiança», apoiada no crescimento do sector, o estudo aponta também para a necessidade de estimular o desenvolvimento deste mercado. Daí que a APMP vá avançar, já em 1998, com uma iniciativa de grande fôlego: o lançamento do Ano Nacional Multimédia, que pretende transformar a indústria numa realidade comum em Portugal, tanto para os consumidores como para as empresas e instituições, ou para a Administração Pública. Não descurando, igualmente, uma importante aposta na internacionalização, traduzida na organização da representação portuguesa ao MILIA, o principal certame europeu neste sector, o ano de 1998 promete, assim, ser o ano da afirmação da indústria multimédia portuguesa e da sua consolidação no mercado nacional. Essa é, pelo menos, a perspectiva de Rui Marques, presidente da associação, na entrevista que deu ao EXPRESSO. A aposta no estímulo ao mercado, e não à produção, faz com que a indústria tenha uma estratégia de desenvolvimento onde os apoios do Estado não são decisivos para o seu sucesso. Em todo o caso, Rui Marques considera que o Estado deve ter em conta o papel do multimédia no interesse nacional, nomeadamente na permanência da cultura portuguesa na Sociedade da Informação, tomando iniciativas como a que fez recentemente o Ministério da Cultura, ao pôr a concurso público um plano de edições multimédia para 1998. E o Estado deve considerar esta indústria como de importância estratégica para o século XXI. Esta perspectiva parece presidir à recente criação do Instituto do Cinema, do Audiovisual e do Multimédia, bem como ao anteprojecto de decreto-lei que se encontra em discussão pública e que define «uma visão integradora do cinema, do audiovisual e do multimédia no contexto da Sociedade da Informação». *E-mail:vazevedocd.@mail.telepac.pt **E-mail: rt@ip.pt

VIRGÍLIO AZEVEDO * RUI TRINDADE ** Distribuição: o elo mais fraco do sector A ÁREA da distribuição é a que parece estar a enfrentar mais dificuldades no processo de desenvolvimento da indústria do multimédia interactivo em Portugal, de acordo com os resultados do primeiro estudo de mercado sobre o sector efectuado no nosso país. O estudo foi ontem apresentado numa sessão pública em Lisboa (Hotel Tivoli), tendo sido promovido pela Associação para a Promoção do Multimédia em Portugal (APMP), com o apoio da empresa de estudos de mercado Apeme. Conclui o documento que há falta de distribuidores especializados, devido à limitada dimensão do mercado, a disponibilidade de canais de distribuição nem sempre é fácil de conseguir ou estes não estão preparados para os produtos multimédia, a notória falta de espaço de exposição nas lojas provoca um grande «gap» entre os produtos disponíveis no mercado e os que estão expostos e, na maior parte dos casos, o consumidor não tem a possibilidade de experimentar os CD-ROM devido à ausência de computadores multimédia nos pontos de venda. Além disso, a generalidade dos retalhistas não sabe manusear o «hardware» necessário à demonstração dos produtos e conhece muito pouco sobre o seu conteúdo, o que cria dificuldades no apoio e no aconselhamento ao consumidor. No fundo, o mercado nacional está ainda a atravessar «uma fase de ajustamento, na qual canais, distribuidores e consumidores tentam encontrar a melhor posição - o que vender, nos primeiros dois casos, e onde comprar, no caso do consumidor», refere o estudo da APMP. O documento é um importante instrumento de trabalho para as empresas, instituições e «media» que queiram debruçar-se em profundidade sobre os problemas e potencialidades do multimédia no nosso país, devido aos dados de natureza quantitativa e qualitativa que contém e às tendências de desenvolvimento da indústria que identifica, bem como o seu contexto internacional. Começando por caracterizar o sector através de uma série de indicadores, de que se destaca o ainda limitado parque nacional de «hardware» com capacidade multimédia - cerca de 150 mil unidades com leitor de CD-ROM -, o estudo faz o seu enquadramento legal e analisa em capítulos separados as aplicações «off-line» e «on-line», destacando os intervenientes, os produtos e os segmentos de mercado. ARTIGOS RELACIONADOS

''Temos que estimular o consumo de produtos nacionais''

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VIRGÍLIO AZEVEDO * RUI TRINDADE ** Distribuição: o elo mais fraco do sector A ÁREA da distribuição é a que parece estar a enfrentar mais dificuldades no processo de desenvolvimento da indústria do multimédia interactivo em Portugal, de acordo com os resultados do primeiro estudo de mercado sobre o sector efectuado no nosso país. O estudo foi ontem apresentado numa sessão pública em Lisboa (Hotel Tivoli), tendo sido promovido pela Associação para a Promoção do Multimédia em Portugal (APMP), com o apoio da empresa de estudos de mercado Apeme. Conclui o documento que há falta de distribuidores especializados, devido à limitada dimensão do mercado, a disponibilidade de canais de distribuição nem sempre é fácil de conseguir ou estes não estão preparados para os produtos multimédia, a notória falta de espaço de exposição nas lojas provoca um grande «gap» entre os produtos disponíveis no mercado e os que estão expostos e, na maior parte dos casos, o consumidor não tem a possibilidade de experimentar os CD-ROM devido à ausência de computadores multimédia nos pontos de venda. Além disso, a generalidade dos retalhistas não sabe manusear o «hardware» necessário à demonstração dos produtos e conhece muito pouco sobre o seu conteúdo, o que cria dificuldades no apoio e no aconselhamento ao consumidor. No fundo, o mercado nacional está ainda a atravessar «uma fase de ajustamento, na qual canais, distribuidores e consumidores tentam encontrar a melhor posição - o que vender, nos primeiros dois casos, e onde comprar, no caso do consumidor», refere o estudo da APMP. O documento é um importante instrumento de trabalho para as empresas, instituições e «media» que queiram debruçar-se em profundidade sobre os problemas e potencialidades do multimédia no nosso país, devido aos dados de natureza quantitativa e qualitativa que contém e às tendências de desenvolvimento da indústria que identifica, bem como o seu contexto internacional. Começando por caracterizar o sector através de uma série de indicadores, de que se destaca o ainda limitado parque nacional de «hardware» com capacidade multimédia - cerca de 150 mil unidades com leitor de CD-ROM -, o estudo faz o seu enquadramento legal e analisa em capítulos separados as aplicações «off-line» e «on-line», destacando os intervenientes, os produtos e os segmentos de mercado. ARTIGOS RELACIONADOS

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