DN Presidenciais 96

02-11-1996
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JORGE SAMPAIO EXIBE APOIOS À DIREITA E À ESQUERDA NO DISTRITO DE AVEIRO O desfile da abrangência

Sampaio arrastou com ele, no distrito de Aveiro, a abrangência da sua candidatura contra o «pleno de direita» pretendido pela de Cavaco. Um distrito difícil, de política multicolor, que ontem o recebeu mais ou menos bem. Até ouviu o autarca PP, Rui Marques, dizer que «tem conseguido cativar o voto afectivo».

Os «homens» de Sampaio ficaram, por escassos minutos, vidrados e ganharam um postura tensa. O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, Rui Marques, do PP, acabava de anunciar que não dava «apoio expresso» a qualquer dos candidatos à Presidência da República. O suspense era grande já que todos esperavam uma declaração de voto incondicional no candidato, tão bem recebido pelo município ao som de rancho folclórico. Os rostos só se descontraíram quando Rui Marques rematou a sua intervenção: «É de todos os candidatos o que tem conseguido cativar o voto afectivo». E alguém da equipa sampaísta exclamou: «Bingo!» Rui Marques, edil há dez anos, fez uma espécie de crítica velada à direcção do seu partido, dizendo que a «liberdade de voto» não lha podiam dar, pois essa já tinha sido «ganha em 74». Podem, disse, «é dar indicação de voto». Indicação que, à semelhança do seu partido, também não quis dar claramente aos seus municípes. Mas acabaria por o fazer com as palavras do «voto afectivo» e ao reconhecer que Jorge Sampaio «é o candidato mais bem preparado para entender o poder local».

Sampaio agradeceu e elogiou a postura democrática do popular, que dentro em breve assumirá um lugar de deputado no Parlamento. E voltou à fórmula do «não negociarei apoios». E se não os negociou fez questão de os ostentar, à direita e à esquerda, num distrito também ele multicolor politicamente.

Todo o santo dia, mais de dilúvio e cheias, o acompanharam Vital Moreira e dois populares (José Luís Seixas, membro da Comissão Política do PP, e Laplaine Guimarães, o autor do célebre e mediático encontro Sampaio/Monteiro).

Ontem, a estratégia da equipa sampaísta era desmontar o que apelidou de pretenso «pleno de direita» de Cavaco, que em Viana chamou ao palco Nogueira de Brito para causticar Sampaio. O distrito de Aveiro respondeu mais ou menos bem. O frio e a chuva foram os maiores adversários. Mas mesmo nas terras mais à direita, caso de Oliveira do Bairro (PSD) e Albergaria-a Velha, houve sempre umas dezenas de populares à espera do candidato.

Tal como Jorge Sampaio encontra sempre um filho distinto da terra onde pára e o elogia, também houve o nome de Teresa Costa Macedo para se socorrer nos pontos mais difíceis. Foi o que aconteceu em Oliveira do Bairro, onde o candidato, a par do mote «tolerância» em doses industriais, se voltou a afirmar como um Presidente sem cor partidária. O que não impediu entre os populares uma marcação cerrada aos «vizinhos» que tiveram a coragem de colar um autocolante ao peito ou levar uma bandeira na mão. «Olha! Aquela também é apoiante!», exclamava eufórica uma senhora.

O tempo estragou mesmo o melhor da festa.

A chuva torrencial e cheias em Matosinhos goraram uma deslocação ao Mercado. Narciso Miranda, presidente daquela câmara, não escondia no hall do hotel, no Porto, onde a comitiva dormiu umas escassas quatro horas, o ar de desalento.

Cinema multicolor

O almoço retemperou as forças a Jorge Sampaio que, pela tarde, esteve em plena forma. Em Espinho, sobretudo entre pescadores, discursou com emoção.

A estratégia da abrangência voltou a funcionar no comício no Cine Teatro Aveirense. Ilídio Pinho, Teresa Costa Macedo e Vital Moreira foram as «surpresas» da noite.

O constitucionalista, ex-PCP, desmontou a «estafada questão da concentração do poder rosa» e a tese da estabilidade acenadas pela candidatura de Cavaco Silva.

Vital lembrou que Cavaco sempre defendeu a concentração de poderes. «O fantasma da maioria do mesmo quadrante é o que temos desde Outubro.

E, tanto quanto me parece, os portugueses não temem ser abafados ou discriminados», sustentou o investigador de Coimbra.

Na sua opinião, levada até às últimas consequências a tese cavaquista, «Mário Soares devia ter-se demitido após as eleições de Outubro». Sustentou até que é de perguntar a Cavaco se, caso for eleito e o PSD nas próximas legislativas ganhar as eleiçôes, também se demite.

«Cavaco Silva toma os portugueses por tolos!», disse, acrescentando que se o professor ganhasse as eleições estaria aberto o caminho para a «guerra institucional».

JORGE SAMPAIO EXIBE APOIOS À DIREITA E À ESQUERDA NO DISTRITO DE AVEIRO O desfile da abrangência

Sampaio arrastou com ele, no distrito de Aveiro, a abrangência da sua candidatura contra o «pleno de direita» pretendido pela de Cavaco. Um distrito difícil, de política multicolor, que ontem o recebeu mais ou menos bem. Até ouviu o autarca PP, Rui Marques, dizer que «tem conseguido cativar o voto afectivo».

Os «homens» de Sampaio ficaram, por escassos minutos, vidrados e ganharam um postura tensa. O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, Rui Marques, do PP, acabava de anunciar que não dava «apoio expresso» a qualquer dos candidatos à Presidência da República. O suspense era grande já que todos esperavam uma declaração de voto incondicional no candidato, tão bem recebido pelo município ao som de rancho folclórico. Os rostos só se descontraíram quando Rui Marques rematou a sua intervenção: «É de todos os candidatos o que tem conseguido cativar o voto afectivo». E alguém da equipa sampaísta exclamou: «Bingo!» Rui Marques, edil há dez anos, fez uma espécie de crítica velada à direcção do seu partido, dizendo que a «liberdade de voto» não lha podiam dar, pois essa já tinha sido «ganha em 74». Podem, disse, «é dar indicação de voto». Indicação que, à semelhança do seu partido, também não quis dar claramente aos seus municípes. Mas acabaria por o fazer com as palavras do «voto afectivo» e ao reconhecer que Jorge Sampaio «é o candidato mais bem preparado para entender o poder local».

Sampaio agradeceu e elogiou a postura democrática do popular, que dentro em breve assumirá um lugar de deputado no Parlamento. E voltou à fórmula do «não negociarei apoios». E se não os negociou fez questão de os ostentar, à direita e à esquerda, num distrito também ele multicolor politicamente.

Todo o santo dia, mais de dilúvio e cheias, o acompanharam Vital Moreira e dois populares (José Luís Seixas, membro da Comissão Política do PP, e Laplaine Guimarães, o autor do célebre e mediático encontro Sampaio/Monteiro).

Ontem, a estratégia da equipa sampaísta era desmontar o que apelidou de pretenso «pleno de direita» de Cavaco, que em Viana chamou ao palco Nogueira de Brito para causticar Sampaio. O distrito de Aveiro respondeu mais ou menos bem. O frio e a chuva foram os maiores adversários. Mas mesmo nas terras mais à direita, caso de Oliveira do Bairro (PSD) e Albergaria-a Velha, houve sempre umas dezenas de populares à espera do candidato.

Tal como Jorge Sampaio encontra sempre um filho distinto da terra onde pára e o elogia, também houve o nome de Teresa Costa Macedo para se socorrer nos pontos mais difíceis. Foi o que aconteceu em Oliveira do Bairro, onde o candidato, a par do mote «tolerância» em doses industriais, se voltou a afirmar como um Presidente sem cor partidária. O que não impediu entre os populares uma marcação cerrada aos «vizinhos» que tiveram a coragem de colar um autocolante ao peito ou levar uma bandeira na mão. «Olha! Aquela também é apoiante!», exclamava eufórica uma senhora.

O tempo estragou mesmo o melhor da festa.

A chuva torrencial e cheias em Matosinhos goraram uma deslocação ao Mercado. Narciso Miranda, presidente daquela câmara, não escondia no hall do hotel, no Porto, onde a comitiva dormiu umas escassas quatro horas, o ar de desalento.

Cinema multicolor

O almoço retemperou as forças a Jorge Sampaio que, pela tarde, esteve em plena forma. Em Espinho, sobretudo entre pescadores, discursou com emoção.

A estratégia da abrangência voltou a funcionar no comício no Cine Teatro Aveirense. Ilídio Pinho, Teresa Costa Macedo e Vital Moreira foram as «surpresas» da noite.

O constitucionalista, ex-PCP, desmontou a «estafada questão da concentração do poder rosa» e a tese da estabilidade acenadas pela candidatura de Cavaco Silva.

Vital lembrou que Cavaco sempre defendeu a concentração de poderes. «O fantasma da maioria do mesmo quadrante é o que temos desde Outubro.

E, tanto quanto me parece, os portugueses não temem ser abafados ou discriminados», sustentou o investigador de Coimbra.

Na sua opinião, levada até às últimas consequências a tese cavaquista, «Mário Soares devia ter-se demitido após as eleições de Outubro». Sustentou até que é de perguntar a Cavaco se, caso for eleito e o PSD nas próximas legislativas ganhar as eleiçôes, também se demite.

«Cavaco Silva toma os portugueses por tolos!», disse, acrescentando que se o professor ganhasse as eleições estaria aberto o caminho para a «guerra institucional».

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