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02-09-1999
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Rui Marques (presidente da APMP): «É preciso abrir e criar mercados para a indústria multimédia»

Rui Marques lembra que «foram criadas boas expectativas em Portugal com o rápido desenvolvimento das infra-estruturas de comunicações», que se reflectiram, entre outras coisas, no crescimento exponencial das escolas, lares, empresas e organizações ligadas à Internet. Mas o presidente da APMP acha que pode haver uma regressão neste processo «se a Internet não se tornar mais útil para as pessoas». E isso só será possível «invadindo-a» de conteúdos em língua portuguesa. Neste contexto, a educação é um sector decisivo, «e o Ministério da Educação tem que perceber que é na criação de conteúdos para as escolas que está o seu papel» no desenvolvimento da Sociedade da Informação (SI).

O presidente do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), também insiste na mesma prioridade: «Já temos boas infra-estruturas de comunicações, mas há uma enorme escassez de conteúdos». Mas José da Costa Ramos sublinha que a grande novidade de 1998 foi «a entrada dos grandes grupos económicos no sector», mais precisamente da Lusomundo, grupo Balsemão, Sonae e Portugal Telecom. «Portanto, ou o nosso país desenvolve uma indústria de conteúdos forte para responder às necessidades naturais destes grupos, ou esses conteúdos serão comprados no estrangeiro - nomeadamente no Brasil e em Espanha - como aconteceu com o audiovisual», conclui.

Na Administração Pública os problemas foram outros. Para José Dias Coelho, presidente da Missão para a Sociedade da Informação (MSI), uma estrutura ligada ao Ministério da Ciência e da Tecnologia, «o desenvolvimento da SI é muito exigente, e nem sempre os processos de decisão na Administração Pública têm sido os mais adequados à celeridade deste desenvolvimento», nomeadamente na concretização das medidas propostas no Livro Verde da SI. Dias Coelho considera que em 1998 foram animadores os avanços conseguidos noutras frentes, como no Programa das Cidades Digitais, que abrange para já Aveiro, Lisboa, Guarda e Bragança, «estando o maior projecto, relativo a Aveiro, em fase de aprovação final». O mesmo se passou com a conclusão dos documentos orientadores das Iniciativas Nacionais do Comércio Electrónico e dos Cidadãos com Necessidades Especiais, e com a consolidação do Programa Internet nas Escolas e nas Bibliotecas Públicas.

Entretanto, um dos projectos que ganhou, aparentemente, mais visibilidade junto do público foi o Ano Nacional Multimédia (ANM), em especial devido à campanha publicitária na TV, Internet, imprensa e rádios locais. Promovido pela APMP em conjunto com quatro ministérios (Economia, Educação, Cultura, Trabalho e Ciência), e dotado de um orçamento de 400 mil contos, o ANM pretendeu criar uma imagem de marca da indústria multimédia portuguesa junto do público, «objectivo que foi atingido», na opinião de Rui Marques. «Esta marca já está a ser utilizada como selo de qualidade nos produtos multimédia nacionais», explica o líder da APMP.

O ANM incluiu também uma série de seminários para empresários em todo o país, uma exposição itinerante sobre a produção nacional em 25 cidades, uma acção de formação em literacia tecnológica que envolveu cinco mil professores, e o lançamento de um programa de transferência de «know-how» que beneficiou, para já, oito empresas. «Todas estas iniciativas pretendem criar mercados para uma indústria que não pode ser sustentada por subsídios», sublinha Rui Marques.

VIRGÍLIO AZEVEDO

Rui Marques (presidente da APMP): «É preciso abrir e criar mercados para a indústria multimédia»

Rui Marques lembra que «foram criadas boas expectativas em Portugal com o rápido desenvolvimento das infra-estruturas de comunicações», que se reflectiram, entre outras coisas, no crescimento exponencial das escolas, lares, empresas e organizações ligadas à Internet. Mas o presidente da APMP acha que pode haver uma regressão neste processo «se a Internet não se tornar mais útil para as pessoas». E isso só será possível «invadindo-a» de conteúdos em língua portuguesa. Neste contexto, a educação é um sector decisivo, «e o Ministério da Educação tem que perceber que é na criação de conteúdos para as escolas que está o seu papel» no desenvolvimento da Sociedade da Informação (SI).

O presidente do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), também insiste na mesma prioridade: «Já temos boas infra-estruturas de comunicações, mas há uma enorme escassez de conteúdos». Mas José da Costa Ramos sublinha que a grande novidade de 1998 foi «a entrada dos grandes grupos económicos no sector», mais precisamente da Lusomundo, grupo Balsemão, Sonae e Portugal Telecom. «Portanto, ou o nosso país desenvolve uma indústria de conteúdos forte para responder às necessidades naturais destes grupos, ou esses conteúdos serão comprados no estrangeiro - nomeadamente no Brasil e em Espanha - como aconteceu com o audiovisual», conclui.

Na Administração Pública os problemas foram outros. Para José Dias Coelho, presidente da Missão para a Sociedade da Informação (MSI), uma estrutura ligada ao Ministério da Ciência e da Tecnologia, «o desenvolvimento da SI é muito exigente, e nem sempre os processos de decisão na Administração Pública têm sido os mais adequados à celeridade deste desenvolvimento», nomeadamente na concretização das medidas propostas no Livro Verde da SI. Dias Coelho considera que em 1998 foram animadores os avanços conseguidos noutras frentes, como no Programa das Cidades Digitais, que abrange para já Aveiro, Lisboa, Guarda e Bragança, «estando o maior projecto, relativo a Aveiro, em fase de aprovação final». O mesmo se passou com a conclusão dos documentos orientadores das Iniciativas Nacionais do Comércio Electrónico e dos Cidadãos com Necessidades Especiais, e com a consolidação do Programa Internet nas Escolas e nas Bibliotecas Públicas.

Entretanto, um dos projectos que ganhou, aparentemente, mais visibilidade junto do público foi o Ano Nacional Multimédia (ANM), em especial devido à campanha publicitária na TV, Internet, imprensa e rádios locais. Promovido pela APMP em conjunto com quatro ministérios (Economia, Educação, Cultura, Trabalho e Ciência), e dotado de um orçamento de 400 mil contos, o ANM pretendeu criar uma imagem de marca da indústria multimédia portuguesa junto do público, «objectivo que foi atingido», na opinião de Rui Marques. «Esta marca já está a ser utilizada como selo de qualidade nos produtos multimédia nacionais», explica o líder da APMP.

O ANM incluiu também uma série de seminários para empresários em todo o país, uma exposição itinerante sobre a produção nacional em 25 cidades, uma acção de formação em literacia tecnológica que envolveu cinco mil professores, e o lançamento de um programa de transferência de «know-how» que beneficiou, para já, oito empresas. «Todas estas iniciativas pretendem criar mercados para uma indústria que não pode ser sustentada por subsídios», sublinha Rui Marques.

VIRGÍLIO AZEVEDO

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