Destaque

13-10-1999
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Quinta-feira, 7 de Outubro de 1999 Portugueses Órfãos de Amália

Por CARLOS CÂMARA LEME A história de Amália começa por onde quisermos. Quando "eu já não for viva para dizer como foi", disse ela, "a minha história vai ser aquela que escolherem". Escolhemos esta: era uma vez uma mulher com uma voz do tamanho da alma. Acreditava que a música lhe vinha directamente de Deus e era a Deus que se entregava. Deu-se por inteiro ao seu destino de ser a alma colectiva portuguesa. TEXTO

EDITORIAL Gostava de Ser Quem Era

Por JOSÉ MANUEL FERNANDES Foi Deus

Por FERNANDO MAGALHÃES Amália Rodrigues - o Fado - morreu. "Desde que existe morte, imediatamente a vida é absurda", disse Amália um dia. O fado tomou o lugar da sua vida, fez-se voz. A voz onde escutávamos a distância que nos separa de nós mesmos. Dizíamos: O fado. E era no seu canto que nos comprazíamos em dizê-lo. A voz e o fado de Amália atravessaram em chamas seis décadas da cultura portuguesa. TEXTO

Cronologia

TEORIA DO FADO A Nova Geração Fala do Fado

Sucessores para Amália

Por FRANCISCA GORJÃO HENRIQUES Existe uma geração pós-Amália? Há os que aprenderam as suas lições, mas que não se limitam a copiá-la. Outros para quem o fado está simplesmente a evoluir, como sempre aconteceu, seguindo o sabor dos tempos. E há ainda quem defenda que "um dos grandes encantos do fado é ser um mistério tão grande dentro de quem o canta". TEXTO Pistas para Uma Voz Imortal

Por NUNO PACHECO Amália Rodrigues era, até ontem, a única sobrevivente do restrito grupo das maiores cantoras do século - um patamar onde só coexistiram semi-deusas como Maria Callas, Edith Piaf ou Billie Holiday. Poucas cantoras houve, como ela, que sublimassem na voz a mais profunda expressão da alma e do canto. TEXTO Das Imagens Mais Fortes do Cinema Torna-se quase um lugar comum dizer que o cinema desaproveitou a fotogenia e a presença mágica de Amália, mas a inexistência de uma indústria cinematográfica em Portugal e o aproveitamento do fado como suporte passivo do regime arrastaram, sobretudo, a diva para melodramas conformistas e para figurações decorativas. TEXTO A Lisboa de AMÁLIA 1920 TEXTO Um Fado para Além do Fado

Por RUI VIEIRA NERY Quando Amália se estreou profissionalmente no Retiro da Severa, em 1939, o fado tinha ainda pouco mais de um século. TEXTO Amália e a Esquerda

Por RUBEN DE CARVALHO A esquerda portuguesa teve uma relação difícil com o Fado. Como todas as esquerdas em todo o mundo tiveram uma relação difícil com as manifestações de cultura popular urbana. TEXTO José Saramago em Paris

"Amália Fez Chegar Dinheiro ao PC"

Por ANA NAVARRO PEDRO, em Paris "A realidade é sempre mais complexa do que parece: essa mesma Amália de que diz que era celebrada pelo salazarismo eu posso dizer-lhe que, algumas vezes, essa Amália fez chegar dinheiro através de pessoas, dinheiro que ela sabia que ia para o PCP então na clandestinidade": a confidência é de José Saramago, ontem, em Paris, quase entre duas portas no salão do Quai d'Orsay, onde o prémio Nobel da literatura acabara de receber a prestigiada condecoração da Legião de Honra francesa. TEXTO O Ícone "Gay" Que Não Morreu

Por JOANA AMADO Está na sua mesa de cabeceira. "É uma fotografia grande, que ela me ofereceu há uns 20 anos com uma dedicatória: 'Para o Guilherme de Melo com abraços e beijos da Amália'". O jornalista estava ontem em sua casa, onde o telefone não parou de tocar. "Hoje é só Amália", explica. TEXTO Reacções JORGE SAMPAIO: "Amália morre mas está viva" TEXTO A Missão Dela Era Cantar

Por VÍTOR PAVÃO DOS SANTOS "Mais do que a mulher do fado, hoje sinto o desaparecimento de uma grande amiga. Conheço a Amália desde miúdo mas só em 1982 surgiu a ideia de fazermos o livro. Já muitos tinham tentado mas nunca ninguém tinha conseguido. Para me atrever ao trabalho fiz muita pesquisa nos arquivos de Roma, Nova Iorque e Paris. TEXTO Duas Mulheres

Por ASSUNÇÃO ESTEVES É tempo de eleições, mas não vou falar de política. Há momentos em que a política quase parece patética, a erguer diferenças sobre a nossa comum fatalidade. Vou falar de duas mulheres, a propósito de uma, de Natália Correia e Amália Rodrigues. Ambas me marcaram, ambas partiram, ambas fugiram aos paradigmas de tudo o que é "quotidiano, fútil e tributável". TEXTO

Quinta-feira, 7 de Outubro de 1999 Portugueses Órfãos de Amália

Por CARLOS CÂMARA LEME A história de Amália começa por onde quisermos. Quando "eu já não for viva para dizer como foi", disse ela, "a minha história vai ser aquela que escolherem". Escolhemos esta: era uma vez uma mulher com uma voz do tamanho da alma. Acreditava que a música lhe vinha directamente de Deus e era a Deus que se entregava. Deu-se por inteiro ao seu destino de ser a alma colectiva portuguesa. TEXTO

EDITORIAL Gostava de Ser Quem Era

Por JOSÉ MANUEL FERNANDES Foi Deus

Por FERNANDO MAGALHÃES Amália Rodrigues - o Fado - morreu. "Desde que existe morte, imediatamente a vida é absurda", disse Amália um dia. O fado tomou o lugar da sua vida, fez-se voz. A voz onde escutávamos a distância que nos separa de nós mesmos. Dizíamos: O fado. E era no seu canto que nos comprazíamos em dizê-lo. A voz e o fado de Amália atravessaram em chamas seis décadas da cultura portuguesa. TEXTO

Cronologia

TEORIA DO FADO A Nova Geração Fala do Fado

Sucessores para Amália

Por FRANCISCA GORJÃO HENRIQUES Existe uma geração pós-Amália? Há os que aprenderam as suas lições, mas que não se limitam a copiá-la. Outros para quem o fado está simplesmente a evoluir, como sempre aconteceu, seguindo o sabor dos tempos. E há ainda quem defenda que "um dos grandes encantos do fado é ser um mistério tão grande dentro de quem o canta". TEXTO Pistas para Uma Voz Imortal

Por NUNO PACHECO Amália Rodrigues era, até ontem, a única sobrevivente do restrito grupo das maiores cantoras do século - um patamar onde só coexistiram semi-deusas como Maria Callas, Edith Piaf ou Billie Holiday. Poucas cantoras houve, como ela, que sublimassem na voz a mais profunda expressão da alma e do canto. TEXTO Das Imagens Mais Fortes do Cinema Torna-se quase um lugar comum dizer que o cinema desaproveitou a fotogenia e a presença mágica de Amália, mas a inexistência de uma indústria cinematográfica em Portugal e o aproveitamento do fado como suporte passivo do regime arrastaram, sobretudo, a diva para melodramas conformistas e para figurações decorativas. TEXTO A Lisboa de AMÁLIA 1920 TEXTO Um Fado para Além do Fado

Por RUI VIEIRA NERY Quando Amália se estreou profissionalmente no Retiro da Severa, em 1939, o fado tinha ainda pouco mais de um século. TEXTO Amália e a Esquerda

Por RUBEN DE CARVALHO A esquerda portuguesa teve uma relação difícil com o Fado. Como todas as esquerdas em todo o mundo tiveram uma relação difícil com as manifestações de cultura popular urbana. TEXTO José Saramago em Paris

"Amália Fez Chegar Dinheiro ao PC"

Por ANA NAVARRO PEDRO, em Paris "A realidade é sempre mais complexa do que parece: essa mesma Amália de que diz que era celebrada pelo salazarismo eu posso dizer-lhe que, algumas vezes, essa Amália fez chegar dinheiro através de pessoas, dinheiro que ela sabia que ia para o PCP então na clandestinidade": a confidência é de José Saramago, ontem, em Paris, quase entre duas portas no salão do Quai d'Orsay, onde o prémio Nobel da literatura acabara de receber a prestigiada condecoração da Legião de Honra francesa. TEXTO O Ícone "Gay" Que Não Morreu

Por JOANA AMADO Está na sua mesa de cabeceira. "É uma fotografia grande, que ela me ofereceu há uns 20 anos com uma dedicatória: 'Para o Guilherme de Melo com abraços e beijos da Amália'". O jornalista estava ontem em sua casa, onde o telefone não parou de tocar. "Hoje é só Amália", explica. TEXTO Reacções JORGE SAMPAIO: "Amália morre mas está viva" TEXTO A Missão Dela Era Cantar

Por VÍTOR PAVÃO DOS SANTOS "Mais do que a mulher do fado, hoje sinto o desaparecimento de uma grande amiga. Conheço a Amália desde miúdo mas só em 1982 surgiu a ideia de fazermos o livro. Já muitos tinham tentado mas nunca ninguém tinha conseguido. Para me atrever ao trabalho fiz muita pesquisa nos arquivos de Roma, Nova Iorque e Paris. TEXTO Duas Mulheres

Por ASSUNÇÃO ESTEVES É tempo de eleições, mas não vou falar de política. Há momentos em que a política quase parece patética, a erguer diferenças sobre a nossa comum fatalidade. Vou falar de duas mulheres, a propósito de uma, de Natália Correia e Amália Rodrigues. Ambas me marcaram, ambas partiram, ambas fugiram aos paradigmas de tudo o que é "quotidiano, fútil e tributável". TEXTO

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