DN Presidenciais 96

02-11-1996
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CANDIDATO ENCHEU PAVILHÃO ROSA MOTA NO PORTO Um presidente pronto-a-vestir

Sábado foi um dia decisivo para a candidatura de Cavaco. Nem o temporal, que fez anular a visita a S. Pedro da Cova, Gondomar, desmobilizou os apoiantes que ao fim da tarde encheram o Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Valentim lançou mais uma acha para a fogueira, afirmando não saber em quem Soares vai votar...

No dia considerado «do arranque da vitória final«, Cavaco Silva encheu o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, depois de um almoço que reuniu mais de seis mil pessoas na Exponor.

Um novo elã dado pela sondagem da Universidade Católica, que coloca Cavaco apenas a quatro pontos de Sampaio.

O candidato, entusiasmado, abriu a intervenção dizendo que «o Porto é o maior» para terminar apelando a que «não descansem» e que, até ao dia 14, «falem com amigos, colegas de trabalho, familiares e façam uma comparação honesta entre os dois».

Cavaco Silva voltou a falar no fantasma da crise, considerando-se «um recurso, uma válvula de segurança». «Em caso de crise estarei lá para decidir de acordo com os interesses do País e para aguentar o barco.» O barco foi novamente a imagem utilizada para falar da concentração de poderes. «Com a carga toda do mesmo lado, o barco vai ao fundo.» Apelando aos sentimentos dos milhares de pessoas, na maioria jovens, que encheram o pavilhão, Cavaco frisou, mais uma vez, que «venho do povo». Dirigindo-se aos mais novos, disse-lhes para perguntarem aos pais o que significa instabilidade. A resposta ficou dada: «Significa desemprego, inflação galopante, descrédito internacional.» A nota mais contundente do comício foi dada pelo mandatário nacional. Lopes Cardoso desfiou uma lista de manchetes de jornais anteriores às legislativas de 91, que davam a maioria ao PS e a Sampaio, terminando com os títulos do dia seguinte às eleições: «Cavaco Silva ganhou com maioria absoluta.» Para o mandatário de Cavaco, «os comunistas não vão ter de comer sapos e tomar sais de frutos como fizeram quando votaram em Mário Soares». Agora, sublinhou, «recomenda-se lagosta, que quando é bem cozida fica vermelha».

No final fez três apelos. O primeiro dirigido a todos os comunistas para que «usem o direito à indignação», porque «nenhum partido tem o direito de fazer candidaturas como se dá ordens a carneiros». O segundo direccionado aos militantes socialistas para que «compreendam de vez que o outro candidato nunca esteve com a maioria socialista, mas com uma franja da esquerda frentista». O último, a «todos os portugueses para que votem».

Antes, o mandatário distrital, Ludgero Marques, repetiu as ideias transmitidas no almoço, considerando que Cavaco Silva será «um Presidente da República pronto-a-vestir, sem necessidade de formação profissional. O empresário de Santa Maria da Feira afirmou, ainda, haver em Portugal dois representantes de Portugal no mundo. Mas de Mário Soares e Cavaco Silva «restará apenas Cavaco».

No período da manhã a candidatura de Cavaco teve de anular a visita ao Bairro de S. Pedro da Cova, em Gondomar, mas Valentim Loureiro deu imediatamente a volta ao imprevisto, transferindo a recepção para a Câmara Municipal.

Nada de anormal, na sua perspectiva. Valentim justificou ter sido a candidatura nacional e local do candidato que fez o pedido. «Se fosse outro candidato faria o mesmo.» Mas Cavaco foi recebido com honra, pois a ele «se devem investimentos no concelho na ordem de trinta e tal milhões de contos».

O presidente da Câmara de Gondomar, no tom que lhe é peculiar, enumerou, também, as personalidades portuguesas conhecidas no estrangeiro. A saber: Amália Rodrigues, Eusébio, Mário Soares e Cavaco Silva. Os dois primeiros votam Cavaco. Quanto ao terceiro, perguntou à audiência que enchia o salão nobre se sabiam em quem ia votar. «Eu sinceramente não sei», respondeu.

A Câmara de Gondomar não serviu apenas para receber Cavaco.

Antes da sua chegada alguém se encarregou de fotocopiar e distribuir a manchete do jornal Público, onde uma sondagem dava uma vantagem de apenas quatro pontos a Sampaio.

CANDIDATO ENCHEU PAVILHÃO ROSA MOTA NO PORTO Um presidente pronto-a-vestir

Sábado foi um dia decisivo para a candidatura de Cavaco. Nem o temporal, que fez anular a visita a S. Pedro da Cova, Gondomar, desmobilizou os apoiantes que ao fim da tarde encheram o Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Valentim lançou mais uma acha para a fogueira, afirmando não saber em quem Soares vai votar...

No dia considerado «do arranque da vitória final«, Cavaco Silva encheu o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, depois de um almoço que reuniu mais de seis mil pessoas na Exponor.

Um novo elã dado pela sondagem da Universidade Católica, que coloca Cavaco apenas a quatro pontos de Sampaio.

O candidato, entusiasmado, abriu a intervenção dizendo que «o Porto é o maior» para terminar apelando a que «não descansem» e que, até ao dia 14, «falem com amigos, colegas de trabalho, familiares e façam uma comparação honesta entre os dois».

Cavaco Silva voltou a falar no fantasma da crise, considerando-se «um recurso, uma válvula de segurança». «Em caso de crise estarei lá para decidir de acordo com os interesses do País e para aguentar o barco.» O barco foi novamente a imagem utilizada para falar da concentração de poderes. «Com a carga toda do mesmo lado, o barco vai ao fundo.» Apelando aos sentimentos dos milhares de pessoas, na maioria jovens, que encheram o pavilhão, Cavaco frisou, mais uma vez, que «venho do povo». Dirigindo-se aos mais novos, disse-lhes para perguntarem aos pais o que significa instabilidade. A resposta ficou dada: «Significa desemprego, inflação galopante, descrédito internacional.» A nota mais contundente do comício foi dada pelo mandatário nacional. Lopes Cardoso desfiou uma lista de manchetes de jornais anteriores às legislativas de 91, que davam a maioria ao PS e a Sampaio, terminando com os títulos do dia seguinte às eleições: «Cavaco Silva ganhou com maioria absoluta.» Para o mandatário de Cavaco, «os comunistas não vão ter de comer sapos e tomar sais de frutos como fizeram quando votaram em Mário Soares». Agora, sublinhou, «recomenda-se lagosta, que quando é bem cozida fica vermelha».

No final fez três apelos. O primeiro dirigido a todos os comunistas para que «usem o direito à indignação», porque «nenhum partido tem o direito de fazer candidaturas como se dá ordens a carneiros». O segundo direccionado aos militantes socialistas para que «compreendam de vez que o outro candidato nunca esteve com a maioria socialista, mas com uma franja da esquerda frentista». O último, a «todos os portugueses para que votem».

Antes, o mandatário distrital, Ludgero Marques, repetiu as ideias transmitidas no almoço, considerando que Cavaco Silva será «um Presidente da República pronto-a-vestir, sem necessidade de formação profissional. O empresário de Santa Maria da Feira afirmou, ainda, haver em Portugal dois representantes de Portugal no mundo. Mas de Mário Soares e Cavaco Silva «restará apenas Cavaco».

No período da manhã a candidatura de Cavaco teve de anular a visita ao Bairro de S. Pedro da Cova, em Gondomar, mas Valentim Loureiro deu imediatamente a volta ao imprevisto, transferindo a recepção para a Câmara Municipal.

Nada de anormal, na sua perspectiva. Valentim justificou ter sido a candidatura nacional e local do candidato que fez o pedido. «Se fosse outro candidato faria o mesmo.» Mas Cavaco foi recebido com honra, pois a ele «se devem investimentos no concelho na ordem de trinta e tal milhões de contos».

O presidente da Câmara de Gondomar, no tom que lhe é peculiar, enumerou, também, as personalidades portuguesas conhecidas no estrangeiro. A saber: Amália Rodrigues, Eusébio, Mário Soares e Cavaco Silva. Os dois primeiros votam Cavaco. Quanto ao terceiro, perguntou à audiência que enchia o salão nobre se sabiam em quem ia votar. «Eu sinceramente não sei», respondeu.

A Câmara de Gondomar não serviu apenas para receber Cavaco.

Antes da sua chegada alguém se encarregou de fotocopiar e distribuir a manchete do jornal Público, onde uma sondagem dava uma vantagem de apenas quatro pontos a Sampaio.

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