JORNAL PUBLICO: Durão já tem equipa política

10-10-1999
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04/08/95

Campanha do PSD em Lisboa

Durão já tem equipa política

Áurea Sampaio

Em Lisboa a campanha "laranja" já mexe. Durão foi de férias mas já tem conselheiros políticos: Júdice, Beleza, António Pinto Leite, entre outros. Quanto ao perfil da candidatura no terreno, já há certezas: mercados e fábricas "out"... pelo menos por parte de Barroso. É que o cabeça de lista do PSD aposta sobretudo na mensagem e na comparação de equipas. Por isso vai desafiar Almeida Santos para um debate. Tudo porque uma sondagem dá doze pontos de vantagem ao PS no distrito.

Durão Barroso partiu ontem para férias, mas deixou em adiantada fase de conclusão o planeamento e a orientação geral da sua campanha em Lisboa, enquanto cabeça de lista por este círculo. Organizou equipas, promoveu reuniões, ouviu conselhos e não descurou aqueles pequenos nadas que deixam rasto na política.

Para dissipar dúvidas sobre qualquer resquício das clivagens do congresso não só convidou para mandatário da lista de Lisboa José Miguel Júdice, o mais inusitado apoiante de Fernando Nogueira desde a primeira hora, como lhe deu lugar de destaque na sua candidatura, ao inclui-lo na respectiva comissão política. Será a prova de que estão completamente ultrapassadas as guerras, segundo apurámos.

Ou talvez a evidência de que nenhum dos dois principais rivais no congresso de Novembro quer deixar ao outro o exclusivo dos grandes gestos de desprendimento. Assim, se, ao ser magnânimo com os barrosistas na elaboração das listas, Nogueira vestiu a pele do grande pacificador e federador das sensibilidades internas, Durão Barroso não podia deixar de responder na primeira altura com um acto de idêntico sentido. Se o não fizesse, corria o risco de ser baptizado com o estigma da arrogância e, mais, levantaria suspeitas sobre a existência de uma verdadeira facção organizada.

O simples afloramento desta ideia põe os homens de Barroso de cabelos em pé. E a nervoseira é tanta que fazem questão de sublinhar a total subordinação da campanha de Lisboa aos ditames da campanha nacional, leia-se à orientação traçada por Fernando Nogueira. "O cabeça de lista e os candidatos de Lisboa irão complementar e amplificar a mensagem nacional", garante ao PÚBLICO um responsável desta candidatura, muito lesto a desmentir qualquer veleidade de campanha autónoma, o que chegou a ser equacionado.

Um fosso de 12 pontos

Durão Barroso sabe que tem uma missão espinhosa em Lisboa. Como profissional da política que é, lançou mão de todos os argumentos para delinear a sua campanha. Constituiu uma equipa forte e mandou fazer uma sondagem. Esta não o deixou muito sossegado. Apesar de, em termos nacionais, PS e PSD "estarem praticamente empatados" (resultados não ponderados ainda), a verdade é que, em Lisboa, há um fosso de 12 pontos entre os dois partidos, com vantagem para os socialistas. Uma diferença muito maior do que a média nacional, que o "staff" de Barroso tudo fará para esbater.

Há duas equipas distintas a trabalhar na campanha, embora com um ou outro elemento comum, como José Luís Arnault e Luís Nobre, respectivamente, coordenador para a comunicação social e director de campanha. Ambos integram quer a comissão executiva, da qual também fazem parte Durão Barroso, Ferreira do Amaral, Faria de Oliveira, Arlindo de Carvalho, Pedro Passos Coelho, João Matos, Arménio Santos e o presidente da distrital da área oeste; quer a comissão política, presidida por Barroso e que conta ainda com Júdice, António Pinto Leite, Leonor Beleza, Pedro Roseta e Nuno Morais Sarmento. Registe-se a preocupação de Barroso em ir buscar para o seu grupo de conselheiros políticos nada menos do que três ex-líderes da distrital de Lisboa - Júdice, Pinto Leite e Roseta -, além de integrar o actual líder, Arlindo de Carvalho, na equipa que decide e coordena tudo o que são acções de campanha.

Desafio a Almeida Santos

Quanto a esta, há aspectos já definidos. Barroso vai desafiar Almeida Santos para debates públicos, a pensar nas televisões, como é óbvio. O desafio deverá seguir por carta, ainda que na sede de campanha do ministro dos Estrangeiros todos pretendam esconder este segredo. A única reticência seria uma eventual dispersão de mensagens e do alvo preferencial a atingir: António Guterres. Mas há quem qualifique esta dúvida de "disparate", tanto mais que "o alvo é o PS e o objectivo a maioria absoluta". Além do mais e ao que tudo indica, Pacheco Pereira deverá fazer idêntico convite a Carlos Candal em Aveiro, acentuando assim a tónica de que o adversário do PSD é o PS e não o PP e Paulo Portas.

Outro ponto assente é a relativização das acções de rua... pelo menos por parte do cabeça de lista. Ninguém espere ver Barroso a entregar propaganda nos mercados ou à porta das fábrica. As apostas serão outras, pretendendo-se muito a "comparação de equipas", numa linha que, de resto, vai muito ao encontro da opção feita a nível da campanha nacional. Pelo menos em termos de aconselhamento político, a ideia é que Barroso se deve preocupar sobretudo em "falar muito para fora", não desperdiçando tempo em acções nas quais participam grande parte dos que estão já convencidos.

Daí também o interesse dedicado pelos estrategos de Durão Barroso à leitura da sondagem encomendada por este candidato, a qual não se ocupa apenas das percentagens que cada partido obterá em Outubro. É que esse estudo tem como objectivo fornecer dados sobre todo o distrito, essencialmente sobre as grandes preocupações e anseios dos cidadãos de Lisboa. Dado importante é também o grau de penetração do próprio cabeça de lista nos vários estratos da população. Neste aspecto, e segundo fontes da campanha, os resultados são animadores, com Barroso a ter boa imagem junto dos jovens e grande aceitação nas classes médias.

04/08/95

Campanha do PSD em Lisboa

Durão já tem equipa política

Áurea Sampaio

Em Lisboa a campanha "laranja" já mexe. Durão foi de férias mas já tem conselheiros políticos: Júdice, Beleza, António Pinto Leite, entre outros. Quanto ao perfil da candidatura no terreno, já há certezas: mercados e fábricas "out"... pelo menos por parte de Barroso. É que o cabeça de lista do PSD aposta sobretudo na mensagem e na comparação de equipas. Por isso vai desafiar Almeida Santos para um debate. Tudo porque uma sondagem dá doze pontos de vantagem ao PS no distrito.

Durão Barroso partiu ontem para férias, mas deixou em adiantada fase de conclusão o planeamento e a orientação geral da sua campanha em Lisboa, enquanto cabeça de lista por este círculo. Organizou equipas, promoveu reuniões, ouviu conselhos e não descurou aqueles pequenos nadas que deixam rasto na política.

Para dissipar dúvidas sobre qualquer resquício das clivagens do congresso não só convidou para mandatário da lista de Lisboa José Miguel Júdice, o mais inusitado apoiante de Fernando Nogueira desde a primeira hora, como lhe deu lugar de destaque na sua candidatura, ao inclui-lo na respectiva comissão política. Será a prova de que estão completamente ultrapassadas as guerras, segundo apurámos.

Ou talvez a evidência de que nenhum dos dois principais rivais no congresso de Novembro quer deixar ao outro o exclusivo dos grandes gestos de desprendimento. Assim, se, ao ser magnânimo com os barrosistas na elaboração das listas, Nogueira vestiu a pele do grande pacificador e federador das sensibilidades internas, Durão Barroso não podia deixar de responder na primeira altura com um acto de idêntico sentido. Se o não fizesse, corria o risco de ser baptizado com o estigma da arrogância e, mais, levantaria suspeitas sobre a existência de uma verdadeira facção organizada.

O simples afloramento desta ideia põe os homens de Barroso de cabelos em pé. E a nervoseira é tanta que fazem questão de sublinhar a total subordinação da campanha de Lisboa aos ditames da campanha nacional, leia-se à orientação traçada por Fernando Nogueira. "O cabeça de lista e os candidatos de Lisboa irão complementar e amplificar a mensagem nacional", garante ao PÚBLICO um responsável desta candidatura, muito lesto a desmentir qualquer veleidade de campanha autónoma, o que chegou a ser equacionado.

Um fosso de 12 pontos

Durão Barroso sabe que tem uma missão espinhosa em Lisboa. Como profissional da política que é, lançou mão de todos os argumentos para delinear a sua campanha. Constituiu uma equipa forte e mandou fazer uma sondagem. Esta não o deixou muito sossegado. Apesar de, em termos nacionais, PS e PSD "estarem praticamente empatados" (resultados não ponderados ainda), a verdade é que, em Lisboa, há um fosso de 12 pontos entre os dois partidos, com vantagem para os socialistas. Uma diferença muito maior do que a média nacional, que o "staff" de Barroso tudo fará para esbater.

Há duas equipas distintas a trabalhar na campanha, embora com um ou outro elemento comum, como José Luís Arnault e Luís Nobre, respectivamente, coordenador para a comunicação social e director de campanha. Ambos integram quer a comissão executiva, da qual também fazem parte Durão Barroso, Ferreira do Amaral, Faria de Oliveira, Arlindo de Carvalho, Pedro Passos Coelho, João Matos, Arménio Santos e o presidente da distrital da área oeste; quer a comissão política, presidida por Barroso e que conta ainda com Júdice, António Pinto Leite, Leonor Beleza, Pedro Roseta e Nuno Morais Sarmento. Registe-se a preocupação de Barroso em ir buscar para o seu grupo de conselheiros políticos nada menos do que três ex-líderes da distrital de Lisboa - Júdice, Pinto Leite e Roseta -, além de integrar o actual líder, Arlindo de Carvalho, na equipa que decide e coordena tudo o que são acções de campanha.

Desafio a Almeida Santos

Quanto a esta, há aspectos já definidos. Barroso vai desafiar Almeida Santos para debates públicos, a pensar nas televisões, como é óbvio. O desafio deverá seguir por carta, ainda que na sede de campanha do ministro dos Estrangeiros todos pretendam esconder este segredo. A única reticência seria uma eventual dispersão de mensagens e do alvo preferencial a atingir: António Guterres. Mas há quem qualifique esta dúvida de "disparate", tanto mais que "o alvo é o PS e o objectivo a maioria absoluta". Além do mais e ao que tudo indica, Pacheco Pereira deverá fazer idêntico convite a Carlos Candal em Aveiro, acentuando assim a tónica de que o adversário do PSD é o PS e não o PP e Paulo Portas.

Outro ponto assente é a relativização das acções de rua... pelo menos por parte do cabeça de lista. Ninguém espere ver Barroso a entregar propaganda nos mercados ou à porta das fábrica. As apostas serão outras, pretendendo-se muito a "comparação de equipas", numa linha que, de resto, vai muito ao encontro da opção feita a nível da campanha nacional. Pelo menos em termos de aconselhamento político, a ideia é que Barroso se deve preocupar sobretudo em "falar muito para fora", não desperdiçando tempo em acções nas quais participam grande parte dos que estão já convencidos.

Daí também o interesse dedicado pelos estrategos de Durão Barroso à leitura da sondagem encomendada por este candidato, a qual não se ocupa apenas das percentagens que cada partido obterá em Outubro. É que esse estudo tem como objectivo fornecer dados sobre todo o distrito, essencialmente sobre as grandes preocupações e anseios dos cidadãos de Lisboa. Dado importante é também o grau de penetração do próprio cabeça de lista nos vários estratos da população. Neste aspecto, e segundo fontes da campanha, os resultados são animadores, com Barroso a ter boa imagem junto dos jovens e grande aceitação nas classes médias.

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