EXPRESSO

01-10-1999
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«Globetrotter»

JOSÉ Roquette comprovou que a mais curta distância entre dois pontos nem sempre é uma recta. Quando vivia no Brasil viu-se obrigado, por razões profissionais, a visitar a Venezuela. No regresso, em plena época natalícia, foi confrontado com a inexistência de lugar nos voos com destino ao Rio de Janeiro. Irrequieto por natureza, Roquette não desmoralizou e perguntou para onde havia lugar. «Para a Monróvia», responderam-lhe. O actual presidente do Sporting nem pestanejou. Meteu-se no avião para a Monróvia e dali voou para Casablanca de onde regressou ao Rio ainda a tempo de passar o Natal em família. É caso para dizer que se trata de um verdadeiro «globetrotter».

Um ar da sua graça

A COMPANHIA de Seguros Império vai instalar um balão na EXPO'98. Com capacidade para 30 pessoas, o balão preparava-se para subir a 200 metros de altura, só que a ANA - Aeroportos e Navegação Aérea, sempre vigilante, resolveu dar um ar da sua graça, autorizando o aeróstato a subir apenas até 140 metros, ou seja à altura da torre Vasco da Gama. A Império, que também vai patrocinar a circulação na Expo de um carro em forma de golfinho, espera que ninguém venha agora limitar o espaço de circulação do veículo. Trata-se, afinal, de um protótipo concebido pela Faculdade de Engenharia do Porto, com a colaboração da Universidade Lusíada da mesma cidade e da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, que visa apenas a economia de combustível.

Tesouro em atraso

TAL como Coimbra, o escudo também tem mais encanto na hora da despedida. E ninguém melhor do que a Direcção-Geral do Tesouro poderia confirmar esta melancólica verdade. Para que não ficassem dúvidas, o Tesouro «concentrou» os principais quadros das Finanças num curso do Instituto de Formação Bancária para que se instruam sobre tudo quanto é risco cambial. De resto, os quadros adoraram a iniciativa, sobretudo porque é bom respeitar a velha máxima do «homem prevenido vale por dois». Agora sentem-se encorajados a eliminar os riscos escudo-marco, escudo-franco, ou escudo-libra, ou até escudo-dólar, ou, ainda, escudo-iene.

No reino do comércio virtual

A PRESENÇA de Osvaldo de Castro, secretário de Estado do Comércio, era aguardada com grande expectativa para fechar um encontro sobre comércio electrónico, mas o governante, assoberbado com mil e um deveres oficiosos, tardava em chegar. E a sessão já se arrastava muito além do previsto, pondo seriamente em xeque a hora do almoço. O último orador tinha terminado a sua comunicação, obrigando Santos Vicente, da publicação «Comércio de Víveres», que na altura moderava o debate, a apelar a alguma resignação por parte da assistência devido ao adiantado da hora. «Bom, vamos encerrar os trabalhos e esperar que chegue o secretário de Estado», referiu. De imediato, gerou-se um ligeiro burburinho, com alguns dedos a apontar para a primeira fila da assistência, onde Osvaldo de Castro aguardava, comodamente sentado, a sua vez de intervir - o que levou o moderador a balbuciar um «desculpe, a atenção aos trabalhos não me permite ver a assistência». A verdade é que, talvez por contágio ao tema do encontro, os negócios virtuais, foram poucos os que deram pela chegada do secretário de Estado.

Brisa literária

UMA onda poética varreu os técnicos da Brisa, à partida mais virados para o lado prosaico da vida. A brochura sobre a A3, auto-estrada que liga o Porto a Valença - inaugurada por António Guterres e José Aznar - está recheada de pérolas literárias capazes de fazer a «Corin Tellado» cerrar os dentes de inveja. A entrada é de leão: «Foi longo o caminho. Rasgaram-se montanhas, sulcaram-se vales, ergueram-se pilares que ficaram como seres medonhos de pés enormes mergulhados nos rios, inventaram-se paisagens novas na ancestral visão feita de um verde tão intenso que chega a magoar quem nele se detém sem cuidar do tempo.» E a prosápia continua: «Meça-se cada palmo do terreno com as mãos, que, habituadas a cortar terra e pedra, têm também a sensibilidade plena para acariciar em nome, ao menos, dos que hão-de vir.» O que quererá isto dizer? Páginas depois, a narrativa dá lugar à mais pura descrição técnica, ficando a sensação que, até para definir uma estrada, a Brisa não sabe muito bem para onde quer ir.

«Globetrotter»

JOSÉ Roquette comprovou que a mais curta distância entre dois pontos nem sempre é uma recta. Quando vivia no Brasil viu-se obrigado, por razões profissionais, a visitar a Venezuela. No regresso, em plena época natalícia, foi confrontado com a inexistência de lugar nos voos com destino ao Rio de Janeiro. Irrequieto por natureza, Roquette não desmoralizou e perguntou para onde havia lugar. «Para a Monróvia», responderam-lhe. O actual presidente do Sporting nem pestanejou. Meteu-se no avião para a Monróvia e dali voou para Casablanca de onde regressou ao Rio ainda a tempo de passar o Natal em família. É caso para dizer que se trata de um verdadeiro «globetrotter».

Um ar da sua graça

A COMPANHIA de Seguros Império vai instalar um balão na EXPO'98. Com capacidade para 30 pessoas, o balão preparava-se para subir a 200 metros de altura, só que a ANA - Aeroportos e Navegação Aérea, sempre vigilante, resolveu dar um ar da sua graça, autorizando o aeróstato a subir apenas até 140 metros, ou seja à altura da torre Vasco da Gama. A Império, que também vai patrocinar a circulação na Expo de um carro em forma de golfinho, espera que ninguém venha agora limitar o espaço de circulação do veículo. Trata-se, afinal, de um protótipo concebido pela Faculdade de Engenharia do Porto, com a colaboração da Universidade Lusíada da mesma cidade e da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, que visa apenas a economia de combustível.

Tesouro em atraso

TAL como Coimbra, o escudo também tem mais encanto na hora da despedida. E ninguém melhor do que a Direcção-Geral do Tesouro poderia confirmar esta melancólica verdade. Para que não ficassem dúvidas, o Tesouro «concentrou» os principais quadros das Finanças num curso do Instituto de Formação Bancária para que se instruam sobre tudo quanto é risco cambial. De resto, os quadros adoraram a iniciativa, sobretudo porque é bom respeitar a velha máxima do «homem prevenido vale por dois». Agora sentem-se encorajados a eliminar os riscos escudo-marco, escudo-franco, ou escudo-libra, ou até escudo-dólar, ou, ainda, escudo-iene.

No reino do comércio virtual

A PRESENÇA de Osvaldo de Castro, secretário de Estado do Comércio, era aguardada com grande expectativa para fechar um encontro sobre comércio electrónico, mas o governante, assoberbado com mil e um deveres oficiosos, tardava em chegar. E a sessão já se arrastava muito além do previsto, pondo seriamente em xeque a hora do almoço. O último orador tinha terminado a sua comunicação, obrigando Santos Vicente, da publicação «Comércio de Víveres», que na altura moderava o debate, a apelar a alguma resignação por parte da assistência devido ao adiantado da hora. «Bom, vamos encerrar os trabalhos e esperar que chegue o secretário de Estado», referiu. De imediato, gerou-se um ligeiro burburinho, com alguns dedos a apontar para a primeira fila da assistência, onde Osvaldo de Castro aguardava, comodamente sentado, a sua vez de intervir - o que levou o moderador a balbuciar um «desculpe, a atenção aos trabalhos não me permite ver a assistência». A verdade é que, talvez por contágio ao tema do encontro, os negócios virtuais, foram poucos os que deram pela chegada do secretário de Estado.

Brisa literária

UMA onda poética varreu os técnicos da Brisa, à partida mais virados para o lado prosaico da vida. A brochura sobre a A3, auto-estrada que liga o Porto a Valença - inaugurada por António Guterres e José Aznar - está recheada de pérolas literárias capazes de fazer a «Corin Tellado» cerrar os dentes de inveja. A entrada é de leão: «Foi longo o caminho. Rasgaram-se montanhas, sulcaram-se vales, ergueram-se pilares que ficaram como seres medonhos de pés enormes mergulhados nos rios, inventaram-se paisagens novas na ancestral visão feita de um verde tão intenso que chega a magoar quem nele se detém sem cuidar do tempo.» E a prosápia continua: «Meça-se cada palmo do terreno com as mãos, que, habituadas a cortar terra e pedra, têm também a sensibilidade plena para acariciar em nome, ao menos, dos que hão-de vir.» O que quererá isto dizer? Páginas depois, a narrativa dá lugar à mais pura descrição técnica, ficando a sensação que, até para definir uma estrada, a Brisa não sabe muito bem para onde quer ir.

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