JORNAL PUBLICO: Manuel Monteiro contra todos

18-10-1999
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20/08/95

Comício do PP na praia da Apúlia

Manuel Monteiro contra todos

O Partido Popular deu ontem o pontapé de saída para a pré-campanha das legislativas de Outubro com um comício/festa na praia minhota da Apúlia, durante o qual Manuel Monteiro chamou "batoteiro político" a Fernando Nogueira e acusou os líderes do PS e do PSD de terem medo de discutir consigo o futuro do país.

"O engenheiro António Guterres e o dr. Fernando Nogueira têm medo do Partido Popular, porque senão não teriam recusado participar num frente-a-frente comigo, para tiramos a prova dos nove no sentido de dizer quem fala a verdade e quem tem resposta para os problemas do país", disse Monteiro.

Inspirado pela proximidade dos moinhos da praia da Apúlia, o líder do PP deixou um conselho aos seus adversários: "Venham tomar banhos de mar aqui ao Norte e pode ser que o frio das águas vos enrijeça os ossos e vos dê a coragem necessária para virem debater comigo".

Na sua intervenção, feita numa praça mal composta de pessoas, Monteiro introduziu uma novidade no habitual discurso de ataque à classe política. O líder dos populares insurgiu-se contra a disposição constitucional que permite encerrar para férias o Parlamento durante quatro meses. "Eu não entendo por que razão eles [políticos] descansam tanto e trabalham tão pouco", disse, para a seguir fazer uma promessa que arrancou a maior salva de palmas da tarde: "Se tivermos, como vamos ter, uma boa votação, acabam-se os quatro meses de férias para os senhores deputados".

A assistência, composta quase na totalidade por militantes vindos de diversos pontos do Norte do país e por algumas dezenas de banhistas, reagiu sempre com grande entusiasmo a todos os ataques que Monteiro dirigiu à classe política. "Estou cansado daqueles que só pensam em si e não no país, daqueles que vêm para a política para enriquecer e não para produzir riqueza", afirmou.

Os líderes dos dois maiores partidos foram alvo de diversas críticas. Fernando Nogueira foi mesmo acusado de fazer batota política por, alegadamente, ter declarado recentemente que não concorda com a brandura do actual Código Penal. "Onde estava vossa excelência quando o Código foi aprovado? Será que faltou a esse Conselho de Ministros?", perguntou Monteiro, para logo concluir: "É batota dizer hoje, para captar votos do povo, coisas diferentes das que se disseram ao longo de 10 anos. Os batoteiros têm de ser penalizados".

A António Guterres, o líder do PP deixou outra pergunta "incómoda", desta vez sobre matéria europeia. "Onde estava vossa excelência, senhor engenheiro, quando pedimos que os portugueses fossem consultados em referendo para decidir que União Europeia desejavam?", mais uma vez o próprio Monteiro encarregou-se de dar a resposta: "O engenheiro Guterres andava entretido a preparar um referendo para saber quem era o director da RTP. Que rico candidato a primeiro-ministro, que não sabe distinguir o essencial do que não é essencial". Retomando uma ideia antiga, Monteiro comparou ainda PS e o PSD "a duas faces da mesma moeda".

No início do seu discurso, Manuel Monteiro tinha avisado que não estava disposto "a entrar em despiques" mediáticos com o PS e o PSD, que ontem à noite realizaram em Faro dois comícios separados por menos de 300 metros. Por isso mesmo, não admirou que tivesse optado por concluir o seu comício/festa da Apúlia alguns minutos antes das 20h, perdendo por isso a oportunidade de entrar em directo nos telejornais. "Não sou cínico", justificou Monteiro. Mesmo assim, o líder do PP acabou por entrar em directo, embora fugazmente, no telejornal da RTP (Canal 1). As câmaras da televisão, no entanto, não chegaram a captar o momento do encerramento do comício, em que Monteiro teve a seu lado no palco diversos cabeças-de-lista do Partido Popular, entre os quais Nobre Guedes (Lisboa), Lobo Xavier (Porto) e Paulo Portas (Aveiro).

Rui Baptista

20/08/95

Comício do PP na praia da Apúlia

Manuel Monteiro contra todos

O Partido Popular deu ontem o pontapé de saída para a pré-campanha das legislativas de Outubro com um comício/festa na praia minhota da Apúlia, durante o qual Manuel Monteiro chamou "batoteiro político" a Fernando Nogueira e acusou os líderes do PS e do PSD de terem medo de discutir consigo o futuro do país.

"O engenheiro António Guterres e o dr. Fernando Nogueira têm medo do Partido Popular, porque senão não teriam recusado participar num frente-a-frente comigo, para tiramos a prova dos nove no sentido de dizer quem fala a verdade e quem tem resposta para os problemas do país", disse Monteiro.

Inspirado pela proximidade dos moinhos da praia da Apúlia, o líder do PP deixou um conselho aos seus adversários: "Venham tomar banhos de mar aqui ao Norte e pode ser que o frio das águas vos enrijeça os ossos e vos dê a coragem necessária para virem debater comigo".

Na sua intervenção, feita numa praça mal composta de pessoas, Monteiro introduziu uma novidade no habitual discurso de ataque à classe política. O líder dos populares insurgiu-se contra a disposição constitucional que permite encerrar para férias o Parlamento durante quatro meses. "Eu não entendo por que razão eles [políticos] descansam tanto e trabalham tão pouco", disse, para a seguir fazer uma promessa que arrancou a maior salva de palmas da tarde: "Se tivermos, como vamos ter, uma boa votação, acabam-se os quatro meses de férias para os senhores deputados".

A assistência, composta quase na totalidade por militantes vindos de diversos pontos do Norte do país e por algumas dezenas de banhistas, reagiu sempre com grande entusiasmo a todos os ataques que Monteiro dirigiu à classe política. "Estou cansado daqueles que só pensam em si e não no país, daqueles que vêm para a política para enriquecer e não para produzir riqueza", afirmou.

Os líderes dos dois maiores partidos foram alvo de diversas críticas. Fernando Nogueira foi mesmo acusado de fazer batota política por, alegadamente, ter declarado recentemente que não concorda com a brandura do actual Código Penal. "Onde estava vossa excelência quando o Código foi aprovado? Será que faltou a esse Conselho de Ministros?", perguntou Monteiro, para logo concluir: "É batota dizer hoje, para captar votos do povo, coisas diferentes das que se disseram ao longo de 10 anos. Os batoteiros têm de ser penalizados".

A António Guterres, o líder do PP deixou outra pergunta "incómoda", desta vez sobre matéria europeia. "Onde estava vossa excelência, senhor engenheiro, quando pedimos que os portugueses fossem consultados em referendo para decidir que União Europeia desejavam?", mais uma vez o próprio Monteiro encarregou-se de dar a resposta: "O engenheiro Guterres andava entretido a preparar um referendo para saber quem era o director da RTP. Que rico candidato a primeiro-ministro, que não sabe distinguir o essencial do que não é essencial". Retomando uma ideia antiga, Monteiro comparou ainda PS e o PSD "a duas faces da mesma moeda".

No início do seu discurso, Manuel Monteiro tinha avisado que não estava disposto "a entrar em despiques" mediáticos com o PS e o PSD, que ontem à noite realizaram em Faro dois comícios separados por menos de 300 metros. Por isso mesmo, não admirou que tivesse optado por concluir o seu comício/festa da Apúlia alguns minutos antes das 20h, perdendo por isso a oportunidade de entrar em directo nos telejornais. "Não sou cínico", justificou Monteiro. Mesmo assim, o líder do PP acabou por entrar em directo, embora fugazmente, no telejornal da RTP (Canal 1). As câmaras da televisão, no entanto, não chegaram a captar o momento do encerramento do comício, em que Monteiro teve a seu lado no palco diversos cabeças-de-lista do Partido Popular, entre os quais Nobre Guedes (Lisboa), Lobo Xavier (Porto) e Paulo Portas (Aveiro).

Rui Baptista

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