Candidatos à espera do dia 13

16-09-1999
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Joaquim Vairinhos (número 12 da lista do PS): «Posso ser útil nas questões do ambiente e turismo e fazer até 'lobby' com outros países do Mediterrâneo»

O QUE poderão ter em comum Joaquim Vairinhos (do PS), Fernando Reis (PSD), Luís Queiró (PP) e Joaquim Miranda (PCP)? Segundo as actuais expectativas de voto, expressas nas sondagens que têm sido publicadas, podem ser considerados os candidatos para quem o voto dos portugueses será verdadeiramente decisivo no próximo dia 13 de Junho, nas eleições para o Parlamento Europeu (PE). Actualmente, o PS conta com 10 eurodeputados, o PSD nove, o PP três e o PCP outros três. Espera-se que os socialistas possam eleger agora pelo menos 12 eurodeputados. Nesse cenário, o PSD poderá ter nove e o PCP e o PP dois. Dois autarcas e dois deputados Joaquim Vairinhos (55 anos) é presidente da Câmara de Loulé há nove anos e concorre precisamente no 12º lugar da lista do PS.

Fernando Reis (número 9 da lista do PSD): «Votaria em Mário Soares para presidente do PE, da mesma forma que penso que ele votaria em Pacheco Pereira»

Outro autarca, Fernando Reis (49 anos), preside ao município de Barcelos também há nove anos e é o nono dos candidatos do PSD. Luís Queiró (45 anos), deputado e actual líder da bancada do PP na Assembleia da República, é o nome que o seu partido propõe, logo a seguir ao líder, Paulo Portas. Finalmente, Joaquim Miranda (49 anos), o segundo dos candidatos do PCP, é o deputado português mais antigo no Parlamento Europeu, sendo apontado como um dos mais influentes e grande especialista das questões orçamentais. Apenas Fernando Reis não se manifesta chocado com a ideia de poder estar nessa «zona cinzenta» de candidatos que aguardam com expectativa a decisão do eleitorado (como refere, «o objectivo do PSD é ganhar as eleições, mas os eleitores é que dizem o que querem...»). Já Joaquim Vairinhos, fiel aos objectivos do seu partido, que estabeleceu como meta a eleição de 13 deputados, considera que as atenções deveriam recair, antes, em Manuel dos Santos, o 13º candidato. Da mesma forma, Luís Queiró responde que o entrevistado deveria ser Ribeiro e Castro, o terceiro na lista do PP, pois acha que o partido elegerá sem problemas dois eurodeputados. E Joaquim Miranda sublinha que «o PCP está até mais bem colocado que há cincos anos» - ou seja, pelo menos espera assegurar os três actuais lugares no PE.

Luís Queiró (número 2 da lista do CDS/PP): «Sempre que estiver em causa a transferência de poderes de soberania, é preciso consultar os portugueses»

Feita a ressalva, que discurso irão assumir durante a campanha eleitoral? «Ser um agente da minha região em Bruxelas e ser um deputado do PE na minha região» é o lema do presidente da Câmara de Loulé, também membro do Comité das Regiões da UE. Joaquim Vairinhos afirma que, como autarca, tem «sentido bem a influência positiva dos fundos comunitários no Algarve. Tendo em conta essa experiência, sinto que posso ser útil nas questões de ambiente e turismo, fazendo até 'lobby' com outros países do Mediterrâneo», afirma, garantindo que se for eleito vai mesmo abandonar a Câmara de Loulé. E manifesta a certeza de que «pelo menos 50% das pessoas irão votar» no dia 13. Por seu turno, Fernando Reis é vice-presidente da comissão política do PSD e um dos mais fortes apoiantes de Durão Barroso. Vai no terceiro mandato na Câmara de Barcelos e afirma não ser «daqueles que pensam que Portugal está na Europa só para sacar dinheiro». Tal como Vairinhos, os seus esforços vão concentrar-se nos temas que mais dizem respeito à sua região: vai «estar muito atento à política agrícola, aos têxteis e ao comércio». E, se for eleito, votaria em Soares para presidente do PE? «Sim, da mesma forma que penso que Mário Soares votaria em Pacheco Pereira se tal se proporcionasse». «Defender o europeísmo, sem perder a soberania» é o lema do PP que Luís Queiró irá salientar em campanha. «Apostamos na reforma das instituições da UE e no reforço dos poderes do Conselho. A Europa tem de ser um somatório articulado dos interesses de todos os países», afirma Queiró. PP e PCP «vigilantes»

Joaquim Miranda (número 2 da lista da CDU): «É necessário haver deputados como os do PCP, que têm tido uma intensa actividade na defesa dos interesses dos portugueses»

Completamente contra a ideia de um euroimposto e de um exército europeu (isso «implicaria uma lógica de construção europeia com a qual não concordamos»), o deputado reivindica para o PP um papel de «vigilante»: «Sempre que estiver em causa um problema de transferência de poderes de soberania, é preciso consultar primeiro os portugueses». Queiró não acredita que a candidatura de Soares a presidente do PE se concretize («as suas hipóteses são nulas»). Mas, se vier mesmo a acontecer, «merecerá, em princípio, o acordo do PP, dentro de um princípio de reciprocidade» - ou seja, tendo a garantia de que Soares teria «o mesmo gesto em situações semelhantes com candidatos de outros partidos». Joaquim Miranda, que está em Bruxelas desde 1986, após a adesão de Portugal, vai tentar mostrar aos eleitores «a profunda ligação entre o quotidiano e as decisões tomadas em Bruxelas». Por isso mesmo, é necessário «haver deputados como os do PCP no PE, que têm tido uma intensa actividade (em todos os domínios e reconhecida unanimemente) na defesa dos interesses dos portugueses». O candidato comunista pretende alertar para a necessidade de rejeitar reformas das instituições que conduzam a uma Europa federalista, bem como medidas que façam da Europa um bloco político-militar (como o euroimposto ou o exército comum). Pelo contrário, salienta, é preciso um maior poder do PE relativamente à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu. Sobre Soares, Joaquim Miranda afirma apenas que não enjeita a ideia de vir a ter «uma atitude positiva», no caso de se candidatar a presidente. ANA PAULA AZEVEDO

Joaquim Vairinhos (número 12 da lista do PS): «Posso ser útil nas questões do ambiente e turismo e fazer até 'lobby' com outros países do Mediterrâneo»

O QUE poderão ter em comum Joaquim Vairinhos (do PS), Fernando Reis (PSD), Luís Queiró (PP) e Joaquim Miranda (PCP)? Segundo as actuais expectativas de voto, expressas nas sondagens que têm sido publicadas, podem ser considerados os candidatos para quem o voto dos portugueses será verdadeiramente decisivo no próximo dia 13 de Junho, nas eleições para o Parlamento Europeu (PE). Actualmente, o PS conta com 10 eurodeputados, o PSD nove, o PP três e o PCP outros três. Espera-se que os socialistas possam eleger agora pelo menos 12 eurodeputados. Nesse cenário, o PSD poderá ter nove e o PCP e o PP dois. Dois autarcas e dois deputados Joaquim Vairinhos (55 anos) é presidente da Câmara de Loulé há nove anos e concorre precisamente no 12º lugar da lista do PS.

Fernando Reis (número 9 da lista do PSD): «Votaria em Mário Soares para presidente do PE, da mesma forma que penso que ele votaria em Pacheco Pereira»

Outro autarca, Fernando Reis (49 anos), preside ao município de Barcelos também há nove anos e é o nono dos candidatos do PSD. Luís Queiró (45 anos), deputado e actual líder da bancada do PP na Assembleia da República, é o nome que o seu partido propõe, logo a seguir ao líder, Paulo Portas. Finalmente, Joaquim Miranda (49 anos), o segundo dos candidatos do PCP, é o deputado português mais antigo no Parlamento Europeu, sendo apontado como um dos mais influentes e grande especialista das questões orçamentais. Apenas Fernando Reis não se manifesta chocado com a ideia de poder estar nessa «zona cinzenta» de candidatos que aguardam com expectativa a decisão do eleitorado (como refere, «o objectivo do PSD é ganhar as eleições, mas os eleitores é que dizem o que querem...»). Já Joaquim Vairinhos, fiel aos objectivos do seu partido, que estabeleceu como meta a eleição de 13 deputados, considera que as atenções deveriam recair, antes, em Manuel dos Santos, o 13º candidato. Da mesma forma, Luís Queiró responde que o entrevistado deveria ser Ribeiro e Castro, o terceiro na lista do PP, pois acha que o partido elegerá sem problemas dois eurodeputados. E Joaquim Miranda sublinha que «o PCP está até mais bem colocado que há cincos anos» - ou seja, pelo menos espera assegurar os três actuais lugares no PE.

Luís Queiró (número 2 da lista do CDS/PP): «Sempre que estiver em causa a transferência de poderes de soberania, é preciso consultar os portugueses»

Feita a ressalva, que discurso irão assumir durante a campanha eleitoral? «Ser um agente da minha região em Bruxelas e ser um deputado do PE na minha região» é o lema do presidente da Câmara de Loulé, também membro do Comité das Regiões da UE. Joaquim Vairinhos afirma que, como autarca, tem «sentido bem a influência positiva dos fundos comunitários no Algarve. Tendo em conta essa experiência, sinto que posso ser útil nas questões de ambiente e turismo, fazendo até 'lobby' com outros países do Mediterrâneo», afirma, garantindo que se for eleito vai mesmo abandonar a Câmara de Loulé. E manifesta a certeza de que «pelo menos 50% das pessoas irão votar» no dia 13. Por seu turno, Fernando Reis é vice-presidente da comissão política do PSD e um dos mais fortes apoiantes de Durão Barroso. Vai no terceiro mandato na Câmara de Barcelos e afirma não ser «daqueles que pensam que Portugal está na Europa só para sacar dinheiro». Tal como Vairinhos, os seus esforços vão concentrar-se nos temas que mais dizem respeito à sua região: vai «estar muito atento à política agrícola, aos têxteis e ao comércio». E, se for eleito, votaria em Soares para presidente do PE? «Sim, da mesma forma que penso que Mário Soares votaria em Pacheco Pereira se tal se proporcionasse». «Defender o europeísmo, sem perder a soberania» é o lema do PP que Luís Queiró irá salientar em campanha. «Apostamos na reforma das instituições da UE e no reforço dos poderes do Conselho. A Europa tem de ser um somatório articulado dos interesses de todos os países», afirma Queiró. PP e PCP «vigilantes»

Joaquim Miranda (número 2 da lista da CDU): «É necessário haver deputados como os do PCP, que têm tido uma intensa actividade na defesa dos interesses dos portugueses»

Completamente contra a ideia de um euroimposto e de um exército europeu (isso «implicaria uma lógica de construção europeia com a qual não concordamos»), o deputado reivindica para o PP um papel de «vigilante»: «Sempre que estiver em causa um problema de transferência de poderes de soberania, é preciso consultar primeiro os portugueses». Queiró não acredita que a candidatura de Soares a presidente do PE se concretize («as suas hipóteses são nulas»). Mas, se vier mesmo a acontecer, «merecerá, em princípio, o acordo do PP, dentro de um princípio de reciprocidade» - ou seja, tendo a garantia de que Soares teria «o mesmo gesto em situações semelhantes com candidatos de outros partidos». Joaquim Miranda, que está em Bruxelas desde 1986, após a adesão de Portugal, vai tentar mostrar aos eleitores «a profunda ligação entre o quotidiano e as decisões tomadas em Bruxelas». Por isso mesmo, é necessário «haver deputados como os do PCP no PE, que têm tido uma intensa actividade (em todos os domínios e reconhecida unanimemente) na defesa dos interesses dos portugueses». O candidato comunista pretende alertar para a necessidade de rejeitar reformas das instituições que conduzam a uma Europa federalista, bem como medidas que façam da Europa um bloco político-militar (como o euroimposto ou o exército comum). Pelo contrário, salienta, é preciso um maior poder do PE relativamente à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu. Sobre Soares, Joaquim Miranda afirma apenas que não enjeita a ideia de vir a ter «uma atitude positiva», no caso de se candidatar a presidente. ANA PAULA AZEVEDO

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