Facções rivais medem forças no PP

08-09-1999
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Maria José Nogueira Pinto

«A subscrição dessa moção não me torna candidata», declarou Maria José Nogueira Pinto, considerando fundamental a «discussão de ideias», prévia ao aparecimento de candidatos. «Ou se discutem ideias ou, então, qualquer um pode ser presidente do partido», acrescentou. Mais: «Há os que querem ser candidatos a líder de qualquer maneira e há quem prefira colaborar numa clarificação indispensável à sobrevivência do PP».

Desta forma, Nogueira Pinto deixa clara a sua intenção de apenas assumir a candidatura se o partido estiver interessado na «clarificação do rumo que quer seguir, de uma linha de fundo e de estratégia» e com a garantia de que «não se arrependerá 24 horas depois de o ter feito».

Sem adiantar mais pormenores sobre o documento, e do qual não revelou nem o título nem qualquer dos outros indispensáveis signatários (pelo menos, mais 99), a líder parlamentar classificou-o como «uma moção de clarificação» e «não de ruptura» – como Luís Nobre Guedes qualificou o texto que, por sua vez, defenderá no Congresso e que, afirmou o ex-deputado, «com toda a discrição, sem publicidade e, principalmente, contra ninguém» irá discutir no próximo mês com militantes de todo o país.

Embora recusando qualquer resposta a Guedes, Nogueira Pinto defendeu que «não há moções de ruptura» porque ou se está «em consonância com os Estatutos do partido e em ruptura com o discurso do partido, ou se está em ruptura com este e está-se, então, em consonância com os estatutos». E deu o exemplo: o partido com o discurso mais anti-europeísta é aquele que tem proclamado nos seus estatutos que um dos seus «fins» é «defender o ideal da união política da Europa» (sic ). Para si «este exemplo é paradigmático do estado em que se encontra o PP».

Vitória de Nobre Guedes em Lisboa agita populares

Umas eleições que estão a «incendiar» o Partido Popular, com acusações de que Telmo Correia teria dado indicações de voto em Nobre Guedes, declarado opositor de Monteiro. Um elemento da Comissão Política Nacional acusa Telmo Correia de «ter mandado votar» em Nobre Guedes, o que qualifica de «suicídio político» do líder da concelhia. Em causa, para este membro da CPN, está a «credibilidade pessoal» do presidente da concelhia de Lisboa e a sua «possibilidade de disputar a liderança do partido».

São acusações refutadas por Telmo Correia: «Agrada-me o facto de figuras nacionais serem eleitas na minha concelhia», explica. Sentimento que se aplica no caso de Nobre Guedes e Narana Coissoró (igualmente eleito delegado ao Congresso por Lisboa) como, prossegue, se aplicaria «no que respeita a qualquer outra figura nacional como, por exemplo, Morais Leitão ou Maria José Nogueira Pinto». Porque, defende, é preciso «fazer algumas mudanças no partido», que não pode continuar a viver «dividido, como as famílias sicilianas».

Mas um elemento ligado ao Grupo da Lousã reflecte as dúvidas face a esta posição: «Havendo uma grande tensão entre estes dois grupos (monteiristas e portistas) há muita gente que não percebe como foi Luís Nobre Guedes o nome mais votado, sendo Telmo Correia presidente da concelhia». E o membro da Comissão Política atrás citado acusa Telmo Correia de ter praticado um «golpe de Estado interno», que, porém, «teve o condão de desencadear uma grande movimentação interna» que vai servir para engrossar a oposição a Guedes. Movimento que, acredita este elemento, se poderá reflectir «já amanhã», na reunião do Grupo de Reflexão da Lousã - herdeiro do ex-Movimento das Bases, dizem os seus promotores, que contribuiu para a eleição de Manuel Monteiro no último congresso popular.

Manuel Andrade, um dos principais impulsionadores deste grupo, e um «fiel» de Telmo Correia, tem uma visão diferente. Acredita que a «exclusão é perniciosa» para o PP, sendo «nesse sentido» que vê a eleição de Nobre Guedes, apesar de ter ficado «triste» por pessoas que se «empenharam» na concelhia de Lisboa «não terem alcançado uma votação mais expressiva». Manuel Andrade diz não poder «nunca» acusar Telmo Correia «de traidor», adiantando que na reunião de amanhã, se para tal for interpelado, irá defender que continua a acreditar que este «seria um óptimo presidente» para o partido.

Por seu lado, Diogo Pacheco de Amorim, outro dos promotores do Grupo de Reflexão, considera «muito provável» que amanhã uma «maioria esmagadora» apoie uma eventual candidatura de Nogueira Pinto, porque Telmo Correia teve «todos os incentivos» a candidatar-se e «entendeu não o fazer».

Mário Ramires e Teresa Oliveira

Maria José Nogueira Pinto

«A subscrição dessa moção não me torna candidata», declarou Maria José Nogueira Pinto, considerando fundamental a «discussão de ideias», prévia ao aparecimento de candidatos. «Ou se discutem ideias ou, então, qualquer um pode ser presidente do partido», acrescentou. Mais: «Há os que querem ser candidatos a líder de qualquer maneira e há quem prefira colaborar numa clarificação indispensável à sobrevivência do PP».

Desta forma, Nogueira Pinto deixa clara a sua intenção de apenas assumir a candidatura se o partido estiver interessado na «clarificação do rumo que quer seguir, de uma linha de fundo e de estratégia» e com a garantia de que «não se arrependerá 24 horas depois de o ter feito».

Sem adiantar mais pormenores sobre o documento, e do qual não revelou nem o título nem qualquer dos outros indispensáveis signatários (pelo menos, mais 99), a líder parlamentar classificou-o como «uma moção de clarificação» e «não de ruptura» – como Luís Nobre Guedes qualificou o texto que, por sua vez, defenderá no Congresso e que, afirmou o ex-deputado, «com toda a discrição, sem publicidade e, principalmente, contra ninguém» irá discutir no próximo mês com militantes de todo o país.

Embora recusando qualquer resposta a Guedes, Nogueira Pinto defendeu que «não há moções de ruptura» porque ou se está «em consonância com os Estatutos do partido e em ruptura com o discurso do partido, ou se está em ruptura com este e está-se, então, em consonância com os estatutos». E deu o exemplo: o partido com o discurso mais anti-europeísta é aquele que tem proclamado nos seus estatutos que um dos seus «fins» é «defender o ideal da união política da Europa» (sic ). Para si «este exemplo é paradigmático do estado em que se encontra o PP».

Vitória de Nobre Guedes em Lisboa agita populares

Umas eleições que estão a «incendiar» o Partido Popular, com acusações de que Telmo Correia teria dado indicações de voto em Nobre Guedes, declarado opositor de Monteiro. Um elemento da Comissão Política Nacional acusa Telmo Correia de «ter mandado votar» em Nobre Guedes, o que qualifica de «suicídio político» do líder da concelhia. Em causa, para este membro da CPN, está a «credibilidade pessoal» do presidente da concelhia de Lisboa e a sua «possibilidade de disputar a liderança do partido».

São acusações refutadas por Telmo Correia: «Agrada-me o facto de figuras nacionais serem eleitas na minha concelhia», explica. Sentimento que se aplica no caso de Nobre Guedes e Narana Coissoró (igualmente eleito delegado ao Congresso por Lisboa) como, prossegue, se aplicaria «no que respeita a qualquer outra figura nacional como, por exemplo, Morais Leitão ou Maria José Nogueira Pinto». Porque, defende, é preciso «fazer algumas mudanças no partido», que não pode continuar a viver «dividido, como as famílias sicilianas».

Mas um elemento ligado ao Grupo da Lousã reflecte as dúvidas face a esta posição: «Havendo uma grande tensão entre estes dois grupos (monteiristas e portistas) há muita gente que não percebe como foi Luís Nobre Guedes o nome mais votado, sendo Telmo Correia presidente da concelhia». E o membro da Comissão Política atrás citado acusa Telmo Correia de ter praticado um «golpe de Estado interno», que, porém, «teve o condão de desencadear uma grande movimentação interna» que vai servir para engrossar a oposição a Guedes. Movimento que, acredita este elemento, se poderá reflectir «já amanhã», na reunião do Grupo de Reflexão da Lousã - herdeiro do ex-Movimento das Bases, dizem os seus promotores, que contribuiu para a eleição de Manuel Monteiro no último congresso popular.

Manuel Andrade, um dos principais impulsionadores deste grupo, e um «fiel» de Telmo Correia, tem uma visão diferente. Acredita que a «exclusão é perniciosa» para o PP, sendo «nesse sentido» que vê a eleição de Nobre Guedes, apesar de ter ficado «triste» por pessoas que se «empenharam» na concelhia de Lisboa «não terem alcançado uma votação mais expressiva». Manuel Andrade diz não poder «nunca» acusar Telmo Correia «de traidor», adiantando que na reunião de amanhã, se para tal for interpelado, irá defender que continua a acreditar que este «seria um óptimo presidente» para o partido.

Por seu lado, Diogo Pacheco de Amorim, outro dos promotores do Grupo de Reflexão, considera «muito provável» que amanhã uma «maioria esmagadora» apoie uma eventual candidatura de Nogueira Pinto, porque Telmo Correia teve «todos os incentivos» a candidatar-se e «entendeu não o fazer».

Mário Ramires e Teresa Oliveira

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