Gente

14-10-1999
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O Carnaval de Marcelo

A POLÍTICA e o futebol andam muitas vezes juntos. Mas este não é propriamente o caso. Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes também estão quase sempre alinhados. Mas este não é igualmente o caso. O presidente e o líder parlamentar do PSD, unidos na política mas separados no futebol, aproveitaram a «terça-feira gorda» para irem a Braga ver o Sporting local e o Benfica disputarem um lugar na final da Taça de Portugal. Um jogo que pôs frente a frente as equipas do presidente e do líder parlamentar do PSD. Marcelo é adepto e sócio do Sporting de Braga; Marques Mendes é fervoroso defensor do Benfica, apesar de não ser sócio. A caminho do estádio, diz quem viu, o líder da bancada parlamentar, ainda a viver a goleada imposta ao Sporting (de Lisboa) no sábado passado, parecia imbuído do espírito de grande potência. No fim, foi Marcelo quem fez um Carnaval com a eliminação dos «encarnados»; enquanto Marques Mendes lá lembrava que, afinal, o seu distrito de eleição é... Braga.

O «convite» de Laurentino

PRECISAMENTE por ter sido eleito pelo círculo de Braga, Marques Mendes foi um dos convidados pela Associação Comercial daquela cidade minhota para participar nas iniciativas promovidas por esta entidade no «Dia dos Namorados». Um «Jantar a dois», como se pode ler no convite destinado ao líder parlamentar do PSD. Simplesmente, o dito não foi ter ao Grupo Parlamentar social-democrata, acabando no gabinete do socialista Laurentino Dias. Também eleito por Braga, e tal como Marques Mendes natural de Fafe, Laurentino Dias remeteu o convite ao seu verdadeiro destinatário. Com uma nota que Gente não resiste a transcrever: «Só pode ter sido logro de envelope. É que se assim não fosse, muito haveria de discutir-se sobre a ousadia da iniciativa político-gastronómica da Associação Comercial de Braga». Por logro ou não, lá que há muita gente a falar em «namoro» entre PS e PSD...

Expo sem borlas

AS ESTIMATIVAS oficiais apontam para que a Expo-98 seja um sucesso de bilheteira. E como mais vale prevenir... não há borlas para ninguém. Uma medida controversa. Até a comissão governamental de acompanhamento da exposição já discutiu o assunto. Um dos membros da comissão reclamou uns bilhetinhos de graça, que se justificavam, disse, porque, afinal, também estavam a trabalhar para a Expo. Só se calou quando alguém contrapôs que, assim sendo, grande parte das entradas teriam de ser dadas aos milhares de trabalhadores envolvidos nas obras.

Guia do Olhar

«DE SANTA Apolónia a Marvila, a cidade a descobrir» percorrendo o Caminho do Oriente, um programa de intervenção urbana - promovido pela Expo-98, CML e AMBELIS - «destinado à requalificação e reabilitação» da zona oriental de Lisboa. E no caminho do Oriente há também o «Guia do Olhar», uma exposição das fotografias dos alunos da AR.CO, na Antiga Fábrica de Rações do Beato. E nesta fotografia, com as suas fotografias, está a «nossa» Diane Gazeau: uma das guias que nos mostra como olhar.

Alvim sem títulos

UM OUTRO olhar e uma outra exposição está patente na Galeria Vértice, em Lisboa. Esta não é colectiva, mas antes reúne um conjunto de obras da autoria de João Trigueiros Alvim. Entre óleos e acrílicos de cores quentes, dominam os nus e as paisagens que o autor não rotula com títulos. Apesar de profissionalmente ligado aos livros e à escrita, João Alvim deixa para os olhos do público a associação das palavras que melhor cabem em cada tela.

A vitória de Maria de Belém

A MINISTRA da Saúde, Maria de Belém, tem boas razões para estar orgulhosa. Não é que tenha conseguido fazer a reforma do sector, nem melhorado consideravelmente a assistência aos doentes portugueses. Mas conseguiu arrumar os médicos, numa questão tão velha como são longínquos os tempos de Leonor Beleza na Saúde. Na semana passada aprovou, em Conselho de Ministros, a lei das convenções, que os médicos tanto criticaram, ameaçando com campanhas públicas e guerrilha privada. Maria de Belém conseguiu a sua primeira vitória, desde que é ministra. Será resultado da influência do novo secretário de Estado ou habilidade política para aproveitar as cisões internas que se vivem no momento na classe médica? O futuro o dirá.

A ascensão no Rato

ANTÓNIO Guterres marcou definitivamente o seu mandato com a célebre frase «No jobs for the boys». Primeiro, foi a reacção no PS e as «guerras» no Governo, entre filiados e independentes. Depois, as lutas pelos diversos lugares que se seguem na hierarquia do Estado e demais cargos na dependência directa e indirecta do poder central. A seguir, as «denúncias» da oposição - primeiro do PCP, agora do PSD. As cenas do próximo capítulo apontam para o... PS. Onde os ânimos prometem não arrefecer e (quase) tudo serve de pretexto para alimentar as desavenças. Até mesmo a saída do elevador do Metropolitano estrategicamente colocada em frente à porta principal da sede nacional do partido. Já há quem diga que o elevador é a única forma de muitos socialistas «ascenderem» no Largo do Rato.

A sondagem sem Portas

NO PASSADO dia 20 de Fevereiro, o «Diário de Notícias» publicou e a TSF divulgou uma sondagem na qual se perguntava se tinham futuro uma série de personalidades da esquerda e da direita da política portuguesa. A consulta - o «Barómetro de Futuros» - foi encomendada à Universidade Moderna, cujo Centro de Sondagens é dirigido por Paulo Portas que, curiosamente, não aparece entre as treze personalidades de direita escolhidas. Apesar de a maioria «dos da direita» serem oriundos do PSD, lá estão Freitas do Amaral, Manuel Monteiro, Maria José Nogueira Pinto e António Lobo Xavier, todos com saldo negativo em relação a futuros protagonismos. Só Portas, indiscutivelmente uma personalidade de direita, não aparece. Porquê? Aqui as más línguas dividem-se: terá sido por excesso de modéstia ou, antes, pelo receio de uma modéstia de resultados?

Um enigma

UM DESTACADO militante do CDS/PP, evidentemente «alinhado» e obviamente benfiquista, desabafava um destes dias: «O Paulo Portas é o Vale e Azevedo do PP. Agora só espero é que a Maria José Nogueira Pinto não seja o Luís Tadeu. Quanto ao Abílio Rodrigues é, seguramente, o Telmo Correia.» Gente só dá uma dica para descodificar a enigmática frase: o resultado das últimas eleições do clube das «águias» não deu a este popular a menor felicidade.

AR(es) de Andorra

JÁ SE sabia, de experiência feita em anos anteriores: jornalista que procurasse um político pelo Carnaval arriscava-se a ouvir o telemóvel responder em Andorra-a-Velha. Este ano, como a Assembleia fechou a semana inteira, para os senhores deputados brincarem na neve, o caso agravou-se. Em termos tais que até se fez uma tentativa para reunir a conferência de líderes em Andorra, tal a densidade de parlamentares portugueses, por metro quadrado, vista ao redor. E se não se chegou a concretizar, foi simplesmente porque a sala pretendida fora reservada a um suposto congresso médico, financiado por uma conhecida multinacional de medicamentos. A última vez que alguém atendeu o telemóvel, era já quarta-feira de Cinzas, ouvia-se mais, em fundo, o deslizar de esquis do que a pregação das maravilhas de tal ou tal novo medicamento.

O crítico Martins

ALBERTO Martins faz parte da lista de deputados socialistas comummente designados por «críticos». «Sampaísta», está frequentemente em rota de colisão com as teses da linha dominante no Governo, no partido e na bancada do PS. Ainda na reunião do Grupo da semana passada Martins se levantou para se insurgir contra a «varridela» de deputados alegadamente prevista no Rato para as próximas eleições. Fê-lo dizendo que não acreditava que tais notícias tivessem origem em «fontes socialistas» e até falou na condição de «crítico de teatro».

Artista topo de Gama

FICOU célebre por ter levado o Metro - mais conhecido por «centímetro» - a Mirandela. Agora eis a sua última obra (marcadamente «naif»), desenhada na recente audição do presidente do Tribunal Constitucional na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais. Falamos de José Gama, deputado do PSD que nas últimas eleições foi candidato à presidência da Câmara de Coimbra. Aquele que se dizia candidato «topo de Gama». Mas artista... será que também?

Prevenção esfumada

SABIA que existe um organismo do Estado responsável pela campanha antitabaco? Existe e chama-se Conselho de Prevenção do Tabagismo. Foi criado há anos, mas é como se não existisse. Apesar de ser da sua competência, por exemplo, definir quais são as placas ou sinais que estabelecem que num determinado local é «Proibido fumar». Foi para desfazer esta dúvida (sobre os indicadores da proibição) que Gente procurou contactar tal organismo. Primeiro, tentámos junto do Ministério da Saúde, mas, deste, remeteram-nos para a Direcção-Geral da Saúde. Depois, contactada esta, disseram-nos que a informação só podia ser dada pela Administração Regional de Saúde. Finalmente, nesta, alguém esclareceu Gente de que nem valia a pena tentar, uma vez que o Conselho tem apenas uma secretária e, essa, estava doente.

O Carnaval de Marcelo

A POLÍTICA e o futebol andam muitas vezes juntos. Mas este não é propriamente o caso. Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes também estão quase sempre alinhados. Mas este não é igualmente o caso. O presidente e o líder parlamentar do PSD, unidos na política mas separados no futebol, aproveitaram a «terça-feira gorda» para irem a Braga ver o Sporting local e o Benfica disputarem um lugar na final da Taça de Portugal. Um jogo que pôs frente a frente as equipas do presidente e do líder parlamentar do PSD. Marcelo é adepto e sócio do Sporting de Braga; Marques Mendes é fervoroso defensor do Benfica, apesar de não ser sócio. A caminho do estádio, diz quem viu, o líder da bancada parlamentar, ainda a viver a goleada imposta ao Sporting (de Lisboa) no sábado passado, parecia imbuído do espírito de grande potência. No fim, foi Marcelo quem fez um Carnaval com a eliminação dos «encarnados»; enquanto Marques Mendes lá lembrava que, afinal, o seu distrito de eleição é... Braga.

O «convite» de Laurentino

PRECISAMENTE por ter sido eleito pelo círculo de Braga, Marques Mendes foi um dos convidados pela Associação Comercial daquela cidade minhota para participar nas iniciativas promovidas por esta entidade no «Dia dos Namorados». Um «Jantar a dois», como se pode ler no convite destinado ao líder parlamentar do PSD. Simplesmente, o dito não foi ter ao Grupo Parlamentar social-democrata, acabando no gabinete do socialista Laurentino Dias. Também eleito por Braga, e tal como Marques Mendes natural de Fafe, Laurentino Dias remeteu o convite ao seu verdadeiro destinatário. Com uma nota que Gente não resiste a transcrever: «Só pode ter sido logro de envelope. É que se assim não fosse, muito haveria de discutir-se sobre a ousadia da iniciativa político-gastronómica da Associação Comercial de Braga». Por logro ou não, lá que há muita gente a falar em «namoro» entre PS e PSD...

Expo sem borlas

AS ESTIMATIVAS oficiais apontam para que a Expo-98 seja um sucesso de bilheteira. E como mais vale prevenir... não há borlas para ninguém. Uma medida controversa. Até a comissão governamental de acompanhamento da exposição já discutiu o assunto. Um dos membros da comissão reclamou uns bilhetinhos de graça, que se justificavam, disse, porque, afinal, também estavam a trabalhar para a Expo. Só se calou quando alguém contrapôs que, assim sendo, grande parte das entradas teriam de ser dadas aos milhares de trabalhadores envolvidos nas obras.

Guia do Olhar

«DE SANTA Apolónia a Marvila, a cidade a descobrir» percorrendo o Caminho do Oriente, um programa de intervenção urbana - promovido pela Expo-98, CML e AMBELIS - «destinado à requalificação e reabilitação» da zona oriental de Lisboa. E no caminho do Oriente há também o «Guia do Olhar», uma exposição das fotografias dos alunos da AR.CO, na Antiga Fábrica de Rações do Beato. E nesta fotografia, com as suas fotografias, está a «nossa» Diane Gazeau: uma das guias que nos mostra como olhar.

Alvim sem títulos

UM OUTRO olhar e uma outra exposição está patente na Galeria Vértice, em Lisboa. Esta não é colectiva, mas antes reúne um conjunto de obras da autoria de João Trigueiros Alvim. Entre óleos e acrílicos de cores quentes, dominam os nus e as paisagens que o autor não rotula com títulos. Apesar de profissionalmente ligado aos livros e à escrita, João Alvim deixa para os olhos do público a associação das palavras que melhor cabem em cada tela.

A vitória de Maria de Belém

A MINISTRA da Saúde, Maria de Belém, tem boas razões para estar orgulhosa. Não é que tenha conseguido fazer a reforma do sector, nem melhorado consideravelmente a assistência aos doentes portugueses. Mas conseguiu arrumar os médicos, numa questão tão velha como são longínquos os tempos de Leonor Beleza na Saúde. Na semana passada aprovou, em Conselho de Ministros, a lei das convenções, que os médicos tanto criticaram, ameaçando com campanhas públicas e guerrilha privada. Maria de Belém conseguiu a sua primeira vitória, desde que é ministra. Será resultado da influência do novo secretário de Estado ou habilidade política para aproveitar as cisões internas que se vivem no momento na classe médica? O futuro o dirá.

A ascensão no Rato

ANTÓNIO Guterres marcou definitivamente o seu mandato com a célebre frase «No jobs for the boys». Primeiro, foi a reacção no PS e as «guerras» no Governo, entre filiados e independentes. Depois, as lutas pelos diversos lugares que se seguem na hierarquia do Estado e demais cargos na dependência directa e indirecta do poder central. A seguir, as «denúncias» da oposição - primeiro do PCP, agora do PSD. As cenas do próximo capítulo apontam para o... PS. Onde os ânimos prometem não arrefecer e (quase) tudo serve de pretexto para alimentar as desavenças. Até mesmo a saída do elevador do Metropolitano estrategicamente colocada em frente à porta principal da sede nacional do partido. Já há quem diga que o elevador é a única forma de muitos socialistas «ascenderem» no Largo do Rato.

A sondagem sem Portas

NO PASSADO dia 20 de Fevereiro, o «Diário de Notícias» publicou e a TSF divulgou uma sondagem na qual se perguntava se tinham futuro uma série de personalidades da esquerda e da direita da política portuguesa. A consulta - o «Barómetro de Futuros» - foi encomendada à Universidade Moderna, cujo Centro de Sondagens é dirigido por Paulo Portas que, curiosamente, não aparece entre as treze personalidades de direita escolhidas. Apesar de a maioria «dos da direita» serem oriundos do PSD, lá estão Freitas do Amaral, Manuel Monteiro, Maria José Nogueira Pinto e António Lobo Xavier, todos com saldo negativo em relação a futuros protagonismos. Só Portas, indiscutivelmente uma personalidade de direita, não aparece. Porquê? Aqui as más línguas dividem-se: terá sido por excesso de modéstia ou, antes, pelo receio de uma modéstia de resultados?

Um enigma

UM DESTACADO militante do CDS/PP, evidentemente «alinhado» e obviamente benfiquista, desabafava um destes dias: «O Paulo Portas é o Vale e Azevedo do PP. Agora só espero é que a Maria José Nogueira Pinto não seja o Luís Tadeu. Quanto ao Abílio Rodrigues é, seguramente, o Telmo Correia.» Gente só dá uma dica para descodificar a enigmática frase: o resultado das últimas eleições do clube das «águias» não deu a este popular a menor felicidade.

AR(es) de Andorra

JÁ SE sabia, de experiência feita em anos anteriores: jornalista que procurasse um político pelo Carnaval arriscava-se a ouvir o telemóvel responder em Andorra-a-Velha. Este ano, como a Assembleia fechou a semana inteira, para os senhores deputados brincarem na neve, o caso agravou-se. Em termos tais que até se fez uma tentativa para reunir a conferência de líderes em Andorra, tal a densidade de parlamentares portugueses, por metro quadrado, vista ao redor. E se não se chegou a concretizar, foi simplesmente porque a sala pretendida fora reservada a um suposto congresso médico, financiado por uma conhecida multinacional de medicamentos. A última vez que alguém atendeu o telemóvel, era já quarta-feira de Cinzas, ouvia-se mais, em fundo, o deslizar de esquis do que a pregação das maravilhas de tal ou tal novo medicamento.

O crítico Martins

ALBERTO Martins faz parte da lista de deputados socialistas comummente designados por «críticos». «Sampaísta», está frequentemente em rota de colisão com as teses da linha dominante no Governo, no partido e na bancada do PS. Ainda na reunião do Grupo da semana passada Martins se levantou para se insurgir contra a «varridela» de deputados alegadamente prevista no Rato para as próximas eleições. Fê-lo dizendo que não acreditava que tais notícias tivessem origem em «fontes socialistas» e até falou na condição de «crítico de teatro».

Artista topo de Gama

FICOU célebre por ter levado o Metro - mais conhecido por «centímetro» - a Mirandela. Agora eis a sua última obra (marcadamente «naif»), desenhada na recente audição do presidente do Tribunal Constitucional na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais. Falamos de José Gama, deputado do PSD que nas últimas eleições foi candidato à presidência da Câmara de Coimbra. Aquele que se dizia candidato «topo de Gama». Mas artista... será que também?

Prevenção esfumada

SABIA que existe um organismo do Estado responsável pela campanha antitabaco? Existe e chama-se Conselho de Prevenção do Tabagismo. Foi criado há anos, mas é como se não existisse. Apesar de ser da sua competência, por exemplo, definir quais são as placas ou sinais que estabelecem que num determinado local é «Proibido fumar». Foi para desfazer esta dúvida (sobre os indicadores da proibição) que Gente procurou contactar tal organismo. Primeiro, tentámos junto do Ministério da Saúde, mas, deste, remeteram-nos para a Direcção-Geral da Saúde. Depois, contactada esta, disseram-nos que a informação só podia ser dada pela Administração Regional de Saúde. Finalmente, nesta, alguém esclareceu Gente de que nem valia a pena tentar, uma vez que o Conselho tem apenas uma secretária e, essa, estava doente.

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