Por um punhado de votos

24-08-1999
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Aplausos para os «pais» da lei do aborto: do apoio de Manuel Alegre dependeu o êxito da iniciativa de Sérgio Sousa Pinto

O processo legislativo sobre o aborto ficou, no entanto, suspenso do resultado de outra batalha: o referendo. Ele só pode ser convocado por decisão maioritária da Assembleia, o que pressupõe um eventual e prévio acordo entre o PS e o PSD. A não vingar o referendo, a lei aprovada na generalidade irá de novo a votos, no Parlamento, para a contagem final e de especialidade: presumivelmente, no próximo dia 19 e com repetição do «score».

O debate desta semana já contou mais, aliás, para demarcar os terrenos dessa batalha final, logo iniciada e plenamente em curso.

Contagem iniciou-se há um ano

O médico socialista renunciou, logo a seguir, ao mandato de deputado, para presidir à comissão instaladora do Hospital de Vila da Feira. E foi, exactamente, com a sua saída de S. Bento que o grupo parlamentar do PS iniciou as operações aritméticas conducentes à garantia do resultado de quarta-feira passada. Então e em simultâneo foi derrotada a primeira tentativa da JS, por apenas um voto: 112 contra e 111 a favor.

Saindo Monteiro, que se absteve a 20 de Fevereiro, ficou a saber-se que o seu substituto era favorável à liberalização. Logo, restabelecera-se um empate. A seguir, saiu Carlos Zorrinho, outro oponente, para um importante cargo político no Alentejo.

E quem lhe seguia na lista do PS/Évora cedo comunicou que não votaria contra. O bloco do «sim» passou a maioritário, o que foi confirmado pelas substituições obrigatórias, decorrentes das eleições autárquicas. O punhado de votos, que aprofundou a diferença, já foi garantido por negociações no interior da bancada socialista: a redução de 12 para 10 semanas convenceu os deputados Artur Lopes, Matos Leitão e Manuel Varges a mudarem o «não» de há um ano pela «abstenção».

E o saldo das operações ainda melhorou com a ausência de Júlio Faria e Miguel Ginestal (tinham votado contra) e de José Junqueiro, uma suposta abstenção. Só eles, aliás, junto com Mafalda Troncho, de Évora, não deram a cara em S. Bento.

Alijaram, assim, o ónus da opção por qualquer dos campos, num debate que vai continuar, presumivelmente, até ao referendo.

Daniel Reis

Aplausos para os «pais» da lei do aborto: do apoio de Manuel Alegre dependeu o êxito da iniciativa de Sérgio Sousa Pinto

O processo legislativo sobre o aborto ficou, no entanto, suspenso do resultado de outra batalha: o referendo. Ele só pode ser convocado por decisão maioritária da Assembleia, o que pressupõe um eventual e prévio acordo entre o PS e o PSD. A não vingar o referendo, a lei aprovada na generalidade irá de novo a votos, no Parlamento, para a contagem final e de especialidade: presumivelmente, no próximo dia 19 e com repetição do «score».

O debate desta semana já contou mais, aliás, para demarcar os terrenos dessa batalha final, logo iniciada e plenamente em curso.

Contagem iniciou-se há um ano

O médico socialista renunciou, logo a seguir, ao mandato de deputado, para presidir à comissão instaladora do Hospital de Vila da Feira. E foi, exactamente, com a sua saída de S. Bento que o grupo parlamentar do PS iniciou as operações aritméticas conducentes à garantia do resultado de quarta-feira passada. Então e em simultâneo foi derrotada a primeira tentativa da JS, por apenas um voto: 112 contra e 111 a favor.

Saindo Monteiro, que se absteve a 20 de Fevereiro, ficou a saber-se que o seu substituto era favorável à liberalização. Logo, restabelecera-se um empate. A seguir, saiu Carlos Zorrinho, outro oponente, para um importante cargo político no Alentejo.

E quem lhe seguia na lista do PS/Évora cedo comunicou que não votaria contra. O bloco do «sim» passou a maioritário, o que foi confirmado pelas substituições obrigatórias, decorrentes das eleições autárquicas. O punhado de votos, que aprofundou a diferença, já foi garantido por negociações no interior da bancada socialista: a redução de 12 para 10 semanas convenceu os deputados Artur Lopes, Matos Leitão e Manuel Varges a mudarem o «não» de há um ano pela «abstenção».

E o saldo das operações ainda melhorou com a ausência de Júlio Faria e Miguel Ginestal (tinham votado contra) e de José Junqueiro, uma suposta abstenção. Só eles, aliás, junto com Mafalda Troncho, de Évora, não deram a cara em S. Bento.

Alijaram, assim, o ónus da opção por qualquer dos campos, num debate que vai continuar, presumivelmente, até ao referendo.

Daniel Reis

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