Regionalização divide o PS em cinco

26-08-1999
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Mário Soares e Fernando Gomes: entre as opiniões radicais destes dois amigos, há no PS mais três posições matizadas

Para além da divisão básica entre regionalistas e anti-regionalistas (Mário Soares, Almeida Santos, António Arnaut, Manuel Alegre, José Lamego, Rui Vilar e Victor Constâncio, entre outros), o PS enfrenta o problema de o campo regionalista não falar a uma só voz, estando dividido em quatro grandes grupos.

António Figueiredo, José Reis e Vital Moreira são os expoentes da facção tecnocrática que chegou à Regionalização pelo caminho técnico e não político.

Defendem que a reforma administrativa deve ter como guião o figurino das cinco regiões-plano, desenhadas há três décadas, no marcelismo.

No estabelecimento das fronteiras preconizam o primado do dinamismo económico sobre o da organização distrital. A não aceitação dos seus mapa e princípios poderá levar este grupo a defender o Não do referendo. Vital Moreira já atravessou este rubicão e anunciou que votará não por considerar que o mapa aprovado é «incoerente, favorece a bipolarização do País e é um 'conimbricídio'».

Jorge Lacão e José Junqueiro são os paladinos dos que defendem o actual mapa de oito regiões, traçado com base nos distritos, e que tem levantado protestos nas populações fronteiriças. Municípios do Douro Sul (como Meda e Foz Côa) recusam que o rio divida a Beira Interior de Trás-os-Montes e Alto Douro. E, no Litoral, um número importante de concelhos do distrito de Aveiro (Feira, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Arouca, Vale de Cambra) quer ficar ligado ao Porto, na região do Entre-Douro-e-Minho.

Ludgero Marques e Américo Amorim já se deram à maçada de se deslocar expressamente a Lisboa para tentar convencer o Governo a mexer no mapa.

A região «lacónica»

O grupo liderado por Lacão (em honra de quem os adversários denominaram «lacónica» a região de Ribatejo/Estremadura) tem sido deixado em roda livre por Guterres e acredita que a aliança PS/PC será suficiente para garantir a vitória do sim no referendo.

João Cravinho é a face mais visível de um grupo que cada dia foi engrossando, e cuja posição se pode resumir numa frase: «Em que alhada nos metemos! Como é que vamos conseguir descalçar esta bota?» Não são propriamente anti-regionalistas mas acham que neste momento a Regionalização pode fazer mais mal do que bem ao partido, pelo que rezam para que um daqueles incidentes em que a política é fértil permita manter o dossier congelado até ao próximo milénio.

Por último, está o grupo de Fernando Gomes. Pragmático, o presidente da Câmara do Porto defende as cinco regiões, mas acha melhor do que nada o mapa das oito de Lacão, elaborado numa lógica distrital. Para já, conseguiu evitar que o Entre-Douro-e-Minho ficasse dividido em duas regiões.

Entretanto, faltam 35 dias para o 25 de Abril de 98, que pode ser fatídico para Jorge Coelho, já que o homem-forte do aparelho socialista declarou que se demitirá de todos os cargos se o processo da regionalização não estiver concluído nessa data. Estará?

Jorge Fiel

Mário Soares e Fernando Gomes: entre as opiniões radicais destes dois amigos, há no PS mais três posições matizadas

Para além da divisão básica entre regionalistas e anti-regionalistas (Mário Soares, Almeida Santos, António Arnaut, Manuel Alegre, José Lamego, Rui Vilar e Victor Constâncio, entre outros), o PS enfrenta o problema de o campo regionalista não falar a uma só voz, estando dividido em quatro grandes grupos.

António Figueiredo, José Reis e Vital Moreira são os expoentes da facção tecnocrática que chegou à Regionalização pelo caminho técnico e não político.

Defendem que a reforma administrativa deve ter como guião o figurino das cinco regiões-plano, desenhadas há três décadas, no marcelismo.

No estabelecimento das fronteiras preconizam o primado do dinamismo económico sobre o da organização distrital. A não aceitação dos seus mapa e princípios poderá levar este grupo a defender o Não do referendo. Vital Moreira já atravessou este rubicão e anunciou que votará não por considerar que o mapa aprovado é «incoerente, favorece a bipolarização do País e é um 'conimbricídio'».

Jorge Lacão e José Junqueiro são os paladinos dos que defendem o actual mapa de oito regiões, traçado com base nos distritos, e que tem levantado protestos nas populações fronteiriças. Municípios do Douro Sul (como Meda e Foz Côa) recusam que o rio divida a Beira Interior de Trás-os-Montes e Alto Douro. E, no Litoral, um número importante de concelhos do distrito de Aveiro (Feira, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Arouca, Vale de Cambra) quer ficar ligado ao Porto, na região do Entre-Douro-e-Minho.

Ludgero Marques e Américo Amorim já se deram à maçada de se deslocar expressamente a Lisboa para tentar convencer o Governo a mexer no mapa.

A região «lacónica»

O grupo liderado por Lacão (em honra de quem os adversários denominaram «lacónica» a região de Ribatejo/Estremadura) tem sido deixado em roda livre por Guterres e acredita que a aliança PS/PC será suficiente para garantir a vitória do sim no referendo.

João Cravinho é a face mais visível de um grupo que cada dia foi engrossando, e cuja posição se pode resumir numa frase: «Em que alhada nos metemos! Como é que vamos conseguir descalçar esta bota?» Não são propriamente anti-regionalistas mas acham que neste momento a Regionalização pode fazer mais mal do que bem ao partido, pelo que rezam para que um daqueles incidentes em que a política é fértil permita manter o dossier congelado até ao próximo milénio.

Por último, está o grupo de Fernando Gomes. Pragmático, o presidente da Câmara do Porto defende as cinco regiões, mas acha melhor do que nada o mapa das oito de Lacão, elaborado numa lógica distrital. Para já, conseguiu evitar que o Entre-Douro-e-Minho ficasse dividido em duas regiões.

Entretanto, faltam 35 dias para o 25 de Abril de 98, que pode ser fatídico para Jorge Coelho, já que o homem-forte do aparelho socialista declarou que se demitirá de todos os cargos se o processo da regionalização não estiver concluído nessa data. Estará?

Jorge Fiel

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