JORNAL PUBLICO: Com o coração em Bruxelas

06-10-1999
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15/07/95

José Gama em trânsito para o Parlamento Europeu

Com o coração em Bruxelas

O presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Gama, não colocou condições a Fernando Nogueira para aceitar encabeçar a lista do PSD por Bragança, mas o mais certo é que não chegue a trocar a autarquia pela Assembleia da República. O que Gama confessa continuar a desejar ardentemente é ir para Bruxelas ou Estrasburgo. O desejo é antigo e só não o concretizou ainda porque, ironicamente, Fernando Nogueira não terá colocado muito empenho nisso. Ao líder do PSD é mesmo atribuída a principal responsabilidade pelo facto de o autarca não integrar em lugar ilegível a lista da candidatos do PSD nas últimas eleições para o Parlamento Europeu (foi o décimo quinto). Gama também gostaria de ter sido indicado para o Comité das Regiões, ele que é, como frisa, o presidente de Câmara de cidades da Península Ibérica eleito com maior percentagem de votos - "Não se lembraram de mim".

Mas os dissabores de José Gama não ficam por aqui. Em 12 de Abril do ano passado, o autarca candidatou-se a três direcções-gerais dependentes do Parlamento Europeu. Com a morte de Jorge Campinos, Portugal passou a ser o único estado-membro da UE que não detém nenhuma direcção-geral, sendo ponto assente que uma daquelas direcções-gerais irá ser exercida por um português. Gama - que foi eurodeputado pelo CDS entre 1987 e 1989 e integrou a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa entre 1983 e 1986 - viu aqui a sua chance, até porque, com os compromissos políticos estabelecidos no Parlamento Europeu, o Grupo Liberal, a que pertencem os Eurodeputados do PSD, tem alguma margem de manobra no processo de escolha. Só que, em vez de Gama, o PSD (nomeadamente António Capucho) parece estar a apoiar o antigo secretário-geral do partido, Nunes Liberato, que se candidatou à Direcção de Infraestruturas e Serviços Internos.

Com a disputa pela liderança do PSD, José Gama considerou ter chegado o momento para servir a sua vingança. Quando se pensava que o autarca iria seguir a mesma orientação de amigos como Vieira de Carvalho e Silva Peneda no apoio a Nogueira, Gama apostou em Durão Barroso e deu a cara por ele. Mas perdeu.

E quando os nomes de Silva Peneda e Paulo Mendo começaram a ser falados para encabeçarem a lista do PSD por Bragança, a escolha das bases acabou, no entanto, por recair, por unanimidade,em José Gama. Desta vez, Nogueira foi pragmático e acabou por deixar cair o seu grande amigo Peneda (que se disse sempre disponível para ser o número um por aquele distrito) e convidou o autarca de Mirandela. Este aceitou pelo prestígio do cargo, mas na esperança de que depois de Outubro, caso o PSD vença as eleições, Nogueira não se esqueça de que o seu coração está em Bruxelas e não em Lisboa.

Pedro Garcias

15/07/95

José Gama em trânsito para o Parlamento Europeu

Com o coração em Bruxelas

O presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Gama, não colocou condições a Fernando Nogueira para aceitar encabeçar a lista do PSD por Bragança, mas o mais certo é que não chegue a trocar a autarquia pela Assembleia da República. O que Gama confessa continuar a desejar ardentemente é ir para Bruxelas ou Estrasburgo. O desejo é antigo e só não o concretizou ainda porque, ironicamente, Fernando Nogueira não terá colocado muito empenho nisso. Ao líder do PSD é mesmo atribuída a principal responsabilidade pelo facto de o autarca não integrar em lugar ilegível a lista da candidatos do PSD nas últimas eleições para o Parlamento Europeu (foi o décimo quinto). Gama também gostaria de ter sido indicado para o Comité das Regiões, ele que é, como frisa, o presidente de Câmara de cidades da Península Ibérica eleito com maior percentagem de votos - "Não se lembraram de mim".

Mas os dissabores de José Gama não ficam por aqui. Em 12 de Abril do ano passado, o autarca candidatou-se a três direcções-gerais dependentes do Parlamento Europeu. Com a morte de Jorge Campinos, Portugal passou a ser o único estado-membro da UE que não detém nenhuma direcção-geral, sendo ponto assente que uma daquelas direcções-gerais irá ser exercida por um português. Gama - que foi eurodeputado pelo CDS entre 1987 e 1989 e integrou a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa entre 1983 e 1986 - viu aqui a sua chance, até porque, com os compromissos políticos estabelecidos no Parlamento Europeu, o Grupo Liberal, a que pertencem os Eurodeputados do PSD, tem alguma margem de manobra no processo de escolha. Só que, em vez de Gama, o PSD (nomeadamente António Capucho) parece estar a apoiar o antigo secretário-geral do partido, Nunes Liberato, que se candidatou à Direcção de Infraestruturas e Serviços Internos.

Com a disputa pela liderança do PSD, José Gama considerou ter chegado o momento para servir a sua vingança. Quando se pensava que o autarca iria seguir a mesma orientação de amigos como Vieira de Carvalho e Silva Peneda no apoio a Nogueira, Gama apostou em Durão Barroso e deu a cara por ele. Mas perdeu.

E quando os nomes de Silva Peneda e Paulo Mendo começaram a ser falados para encabeçarem a lista do PSD por Bragança, a escolha das bases acabou, no entanto, por recair, por unanimidade,em José Gama. Desta vez, Nogueira foi pragmático e acabou por deixar cair o seu grande amigo Peneda (que se disse sempre disponível para ser o número um por aquele distrito) e convidou o autarca de Mirandela. Este aceitou pelo prestígio do cargo, mas na esperança de que depois de Outubro, caso o PSD vença as eleições, Nogueira não se esqueça de que o seu coração está em Bruxelas e não em Lisboa.

Pedro Garcias

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