Durão passa ao ataque

04-09-1999
marcar artigo

O PSD vai colocar nas ruas um novo cartaz, na próxima semana, prosseguindo a campanha «agressiva» - na qualificação do novo secretário-geral, José Luís Arnaut - que iniciou no passado domingo com o «slogan» «A rosa murchou». A campanha - que está a ser idealizada há quase um mês, logo que Durão Barroso anunciou a sua candidatura à liderança do partido - vai manter-se em cartaz até às legislativas, estando previsto um novo «outdoor» em meados do mês que vem. O novo cartaz vai ser acompanhado de um gigantesco «mailing»: quase cinco milhões de exemplares de uma carta aberta de Durão Barroso aos portugueses vão chegar às caixas de correio nas próximas semanas. No texto, o novo líder do PSD pede um contributo para a elaboração do Programa de Governo com que pretende apresentar-se às legislativas em Outubro próximo - uma primeira resposta a quem lhe criticou ter-se apresentado em Coimbra sem quaisquer propostas concretas e a descodificação do «trabalho sério e não uma reunião-espectáculo» (numa alusão indirecta aos Estados-Gerais do PS) a que se referiu no final do seu discurso de encerramento do Congresso. Segundo apurou o EXPRESSO, Durão Barroso não vai contar apenas com as opiniões dos portugueses em geral para o seu Programa. O novo responsável máximo dos sociais-democratas ficou agradavelmente surpreendido com a qualidade de alguns documentos elaborados pela Comissão Consultiva para os Assuntos Governativos criada por Marcelo Rebelo de Sousa e pretende aproveitar muito desse trabalho já realizado. O resultado final, de acordo com a veemente promessa de Barroso, será tornado público em 120 dias - que começaram a contar do passado domingo -, ou seja, na quinta-feira dia 2 de Setembro. Secretário-geral de porta aberta Entretanto, José Luís Arnaut quer fazer a diferença em relação aos seus antecessores na secretaria-geral do PSD, isto é, nas suas palavras, «preocupar-se mais com o partido e menos com a comunicação social». Será contratado um assessor de imprensa profissional, a quem ficará atribuída a missão de porta-voz oficial. Além disso, Arnaut conta ter constituída uma equipa de três ou quatro adjuntos até ao princípio da próxima semana, em quem conta delegar funções por forma a poder ficar liberto para a organização das duas campanhas eleitorais e para «receber todos quantos queiram falar com o secretário-geral». A esta nova intenção de relacionamento do secretário-geral com o partido - que poderá ajudar a superar um certo descontentamento das distritais pela forma como foram compostos os novos órgãos nacionais -, soma-se uma forte campanha de angariação de novos militantes. É o contraponto com a «limpeza» dos ficheiros levada a cabo, há dois anos, por Rui Rio. Apelo às bases Simultaneamente, o «novo PSD» está a apostar na recolha de fundos junto das bases. A campanha começou no final da reunião de Coimbra e, segundo soube o EXPRESSO, os contributos financeiros têm estado a chegar «generosamente» aos cofres da São Caetano à Lapa e constituirão uma das fontes para o pagamento da campanha que já está nas ruas. Outra das fontes de financiamento, pelo menos no respeitante à propaganda para as eleições europeias, será o Partido Popular Europeu. Recorde-se, a este respeito, que Marcelo Rebelo de Sousa já cedeu o seu lugar de vice-presidente do PPE ao seu sucessor no PSD. A substituição deverá formalizar-se na próxima reunião do «Bureau» da organização. E, depois das europeias, Durão Barroso vai partir para a estrada, cumprindo a promessa feita aos delegados de «estar por todo o país, com todos os portugueses». Os moldes dessa campanha ainda não estão definidos, mas já se sabe que o presidente do PSD não quer limitar a sua presença a iniciativas partidárias. Na organização da «volta do líder» haverá uma grande participação das distritais: José Cesário (presidente do PSD/Viseu) e Miguel Relvas (responsável do PSD/Santarém), cuja fidelidade Durão Barroso premiou com os lugares de vogais na Comissão Política, são já presença assídua na sede nacional do PSD. Curiosamente, tanto a Comissão Política como o Conselho Nacional de Durão Barroso têm uma forte componente autárquica. Entre os vogais da CPN, contam-se dois presidentes de Câmara (Francisco Araújo, de Arcos de Valdevez, e Isabel Soares, de Silves), um presidente de Junta de Freguesia (João Sá, um dos «criadores» do recente concelho da Trofa) e dois vereadores (Jorge Costa, de Gondomar) e David Justino (de Oeiras). Já na lista para o Conselho Nacional, entre os 33 eleitos por Barroso, encontram-se nove presidentes de Câmara: além dos autarcas da Figueira da Foz, de Gondomar e de Oeiras (Santana Lopes, Valentim Loureiro e Isaltino Morais), os edis das Caldas da Rainha (Fernando Costa), Vila Verde (José Manuel Fernandes), Lagoa (Joaquim Piscarreta), Valpaços (Francisco Tavares), Sertã (Álvaro Aires) e Poiares (Jaime Soares). CRISTINA FIGUEIREDO Derrota eleitoral não implica saída DE ACORDO com o Painel EXPRESSO/Euroexpansão, Durão Barroso pode estar tranquilo: 77% dos portugueses consideram que se deve manter como presidente do PSD mesmo que os socialistas ganhem as eleições legislativas com maioria absoluta. Percentagem que sobe para 83% se conseguir evitar uma maioria absoluta ao PS. Apesar de 82% considerarem que Durão tem mais hipóteses, nestas eleições, do que Marcelo, o que é certo é que a maioria do eleitorado (51%) não acredita que ele as possa vencer. Curiosamente, registe-se que 62% dos inquiridos concordam com o afastamento de Leonor Beleza.

Desconhecidos A NOVA direcção do PSD é, com excepção de António Capucho, absolutamente desconhecida para a maioria dos portugueses. Uma ignorância que parece confirmar que Durão Barroso, de facto, renovou o órgão máximo de direcção do seu partido.

Capucho é o único que os membros do Painel EXPRESSO/Euroexpansão conhecem de facto (85 % sabem quem é o ex-secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa e apenas 15 % desconhecem o seu nome). José Luís Arnaut surge a seguir, embora praticamente metade do eleitorado nunca dele tenha ouvido falar. Diogo Vasconcelos, um dos dirigentes da Associação Nacional de Jovens Empresários, é o mais conhecido dos desconhecidos, acompanhado de perto por Tavares Moreira e Eduarda Azevedo, que chegaram a exercer funções no governo de Cavaco Silva, tendo o último sido, ainda, governador do Banco de Portugal. Nuno Morais Sarmento, um dos homens-fortes de Barroso, e Fernando Reis, actualmente candidato a Estrasburgo, encerram a lista.

No PSD, estes dirigentes são mais conhecidos, apesar da diferença não ser muito significativa em relação ao todo nacional. T.O.

Viragem no PSD muda xadrez político

Durão passa ao ataque

Quem é quem na direcção do PSD

O «choque» de Cavaco Silva

Tavares Moreira em xeque

«O PSD fará tudo para formar governo o mais depressa possível»

Guterres perde liderança

Líder decidido contra líder tolerante

Candidatos evitam fasquias

PS aposta nos frente-a-frente

Vitorino larga tudo por Bruxelas

Durão sob controlo

A nova esperança

O PSD vai colocar nas ruas um novo cartaz, na próxima semana, prosseguindo a campanha «agressiva» - na qualificação do novo secretário-geral, José Luís Arnaut - que iniciou no passado domingo com o «slogan» «A rosa murchou». A campanha - que está a ser idealizada há quase um mês, logo que Durão Barroso anunciou a sua candidatura à liderança do partido - vai manter-se em cartaz até às legislativas, estando previsto um novo «outdoor» em meados do mês que vem. O novo cartaz vai ser acompanhado de um gigantesco «mailing»: quase cinco milhões de exemplares de uma carta aberta de Durão Barroso aos portugueses vão chegar às caixas de correio nas próximas semanas. No texto, o novo líder do PSD pede um contributo para a elaboração do Programa de Governo com que pretende apresentar-se às legislativas em Outubro próximo - uma primeira resposta a quem lhe criticou ter-se apresentado em Coimbra sem quaisquer propostas concretas e a descodificação do «trabalho sério e não uma reunião-espectáculo» (numa alusão indirecta aos Estados-Gerais do PS) a que se referiu no final do seu discurso de encerramento do Congresso. Segundo apurou o EXPRESSO, Durão Barroso não vai contar apenas com as opiniões dos portugueses em geral para o seu Programa. O novo responsável máximo dos sociais-democratas ficou agradavelmente surpreendido com a qualidade de alguns documentos elaborados pela Comissão Consultiva para os Assuntos Governativos criada por Marcelo Rebelo de Sousa e pretende aproveitar muito desse trabalho já realizado. O resultado final, de acordo com a veemente promessa de Barroso, será tornado público em 120 dias - que começaram a contar do passado domingo -, ou seja, na quinta-feira dia 2 de Setembro. Secretário-geral de porta aberta Entretanto, José Luís Arnaut quer fazer a diferença em relação aos seus antecessores na secretaria-geral do PSD, isto é, nas suas palavras, «preocupar-se mais com o partido e menos com a comunicação social». Será contratado um assessor de imprensa profissional, a quem ficará atribuída a missão de porta-voz oficial. Além disso, Arnaut conta ter constituída uma equipa de três ou quatro adjuntos até ao princípio da próxima semana, em quem conta delegar funções por forma a poder ficar liberto para a organização das duas campanhas eleitorais e para «receber todos quantos queiram falar com o secretário-geral». A esta nova intenção de relacionamento do secretário-geral com o partido - que poderá ajudar a superar um certo descontentamento das distritais pela forma como foram compostos os novos órgãos nacionais -, soma-se uma forte campanha de angariação de novos militantes. É o contraponto com a «limpeza» dos ficheiros levada a cabo, há dois anos, por Rui Rio. Apelo às bases Simultaneamente, o «novo PSD» está a apostar na recolha de fundos junto das bases. A campanha começou no final da reunião de Coimbra e, segundo soube o EXPRESSO, os contributos financeiros têm estado a chegar «generosamente» aos cofres da São Caetano à Lapa e constituirão uma das fontes para o pagamento da campanha que já está nas ruas. Outra das fontes de financiamento, pelo menos no respeitante à propaganda para as eleições europeias, será o Partido Popular Europeu. Recorde-se, a este respeito, que Marcelo Rebelo de Sousa já cedeu o seu lugar de vice-presidente do PPE ao seu sucessor no PSD. A substituição deverá formalizar-se na próxima reunião do «Bureau» da organização. E, depois das europeias, Durão Barroso vai partir para a estrada, cumprindo a promessa feita aos delegados de «estar por todo o país, com todos os portugueses». Os moldes dessa campanha ainda não estão definidos, mas já se sabe que o presidente do PSD não quer limitar a sua presença a iniciativas partidárias. Na organização da «volta do líder» haverá uma grande participação das distritais: José Cesário (presidente do PSD/Viseu) e Miguel Relvas (responsável do PSD/Santarém), cuja fidelidade Durão Barroso premiou com os lugares de vogais na Comissão Política, são já presença assídua na sede nacional do PSD. Curiosamente, tanto a Comissão Política como o Conselho Nacional de Durão Barroso têm uma forte componente autárquica. Entre os vogais da CPN, contam-se dois presidentes de Câmara (Francisco Araújo, de Arcos de Valdevez, e Isabel Soares, de Silves), um presidente de Junta de Freguesia (João Sá, um dos «criadores» do recente concelho da Trofa) e dois vereadores (Jorge Costa, de Gondomar) e David Justino (de Oeiras). Já na lista para o Conselho Nacional, entre os 33 eleitos por Barroso, encontram-se nove presidentes de Câmara: além dos autarcas da Figueira da Foz, de Gondomar e de Oeiras (Santana Lopes, Valentim Loureiro e Isaltino Morais), os edis das Caldas da Rainha (Fernando Costa), Vila Verde (José Manuel Fernandes), Lagoa (Joaquim Piscarreta), Valpaços (Francisco Tavares), Sertã (Álvaro Aires) e Poiares (Jaime Soares). CRISTINA FIGUEIREDO Derrota eleitoral não implica saída DE ACORDO com o Painel EXPRESSO/Euroexpansão, Durão Barroso pode estar tranquilo: 77% dos portugueses consideram que se deve manter como presidente do PSD mesmo que os socialistas ganhem as eleições legislativas com maioria absoluta. Percentagem que sobe para 83% se conseguir evitar uma maioria absoluta ao PS. Apesar de 82% considerarem que Durão tem mais hipóteses, nestas eleições, do que Marcelo, o que é certo é que a maioria do eleitorado (51%) não acredita que ele as possa vencer. Curiosamente, registe-se que 62% dos inquiridos concordam com o afastamento de Leonor Beleza.

Desconhecidos A NOVA direcção do PSD é, com excepção de António Capucho, absolutamente desconhecida para a maioria dos portugueses. Uma ignorância que parece confirmar que Durão Barroso, de facto, renovou o órgão máximo de direcção do seu partido.

Capucho é o único que os membros do Painel EXPRESSO/Euroexpansão conhecem de facto (85 % sabem quem é o ex-secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa e apenas 15 % desconhecem o seu nome). José Luís Arnaut surge a seguir, embora praticamente metade do eleitorado nunca dele tenha ouvido falar. Diogo Vasconcelos, um dos dirigentes da Associação Nacional de Jovens Empresários, é o mais conhecido dos desconhecidos, acompanhado de perto por Tavares Moreira e Eduarda Azevedo, que chegaram a exercer funções no governo de Cavaco Silva, tendo o último sido, ainda, governador do Banco de Portugal. Nuno Morais Sarmento, um dos homens-fortes de Barroso, e Fernando Reis, actualmente candidato a Estrasburgo, encerram a lista.

No PSD, estes dirigentes são mais conhecidos, apesar da diferença não ser muito significativa em relação ao todo nacional. T.O.

Viragem no PSD muda xadrez político

Durão passa ao ataque

Quem é quem na direcção do PSD

O «choque» de Cavaco Silva

Tavares Moreira em xeque

«O PSD fará tudo para formar governo o mais depressa possível»

Guterres perde liderança

Líder decidido contra líder tolerante

Candidatos evitam fasquias

PS aposta nos frente-a-frente

Vitorino larga tudo por Bruxelas

Durão sob controlo

A nova esperança

marcar artigo